O Coração de um Nerd escrita por LivyBennet


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Voltando à ativa pós-coronga!

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POV. GREG (Midtown Manhattan - 1986)

“Você conversou com ele?” Meggie perguntou enquanto virava a cabeça pra me olhar de lado.

Era terça à tarde. Ela tinha ido trabalhar pela manhã apenas para resolver algumas pendências de alguns contratos e veio pra minha casa logo depois. Me encontrou mofando no sofá, já que era meu dia de folga da biblioteca. Óbvio que ela me arrastou pra fora de casa e, naquele momento, andávamos pelo Bryant Park, sua mão esquerda bem segura na minha.

Soltei um suspiro alto, sabendo exatamente que ela se referia ao Chris.

“Não como eu gostaria”, ela pareceu entender meu tom e assentiu.

Chris tinha me ligado na noite anterior para contar sobre o estágio da Lizzy. O tom de voz dele não era dos melhores. Eu fiquei feliz de saber que eles conversaram e se resolveram de forma civilizada, sem fazer birra. Lizzy me ligou um pouco depois e contou a versão dela da história, que não diferia em quase nada da dele. Eu sabia que os dois estavam sofrendo com aquela história, mas eu sentia mais por ele daquela vez.

“Dessa vez eu dei meu melhor pra não tomar partido”, comentei e Meggie concordou.

“Eu também. Lizzy me ligou ontem à noite também pra me contar tudo e ficou surpresa de Dan não ter me falado nada.”

Franzi o cenho em descrença.

“Ele não te falou nada? Como assim?” Ela negou.

“Não, ele não falou. Vou até tirar essa história a limpo com ele depois. Ele é meu irmão, então eu conheço bem a peça.”

“Acha que ele tem segundas intenções com isso?”

Meggie riu de deboche.

“É o Dan, ele sempre tem segundas intenções.”

Fiquei alguns instantes em silêncio tentando processar aquela informação.

“De toda forma, ele pode ter as intenções dele, mas a decisão de ir foi da Lizzy. Ela escolheu.”

“Acha que foi o fato de ela ter escolhido que magoou mais o Chris?”

Pensei por alguns momentos, mas acabei negando com a cabeça.

“Acho que não. Pelo que ele falou, ele ficou mais frustrado pelo tempo separados já que eles acabaram de ficar juntos. Eu o conheço a quatro anos; Chris não seria egoísta assim, principalmente em relação à Lizzy. Ele tem seus ciúmes, mas confia nela.”

“Isso é ótimo, considerando todos os problemas de comunicação que eles tiveram.”

Concordei assentindo.

“Espero que eles nunca passem por aquilo de novo.” 

Continuamos andando em silêncio por mais algum tempo e olhando distraídos a vista do parque, até que Meggie me puxou pela mão e nos guiou até um dos bancos do parque. Observei-a e ela tinha um olhar divertido no rosto. 

“O que foi?”

“Lembra desse lugar?”

Olhei ao redor rapidamente e sorri com a lembrança.

“Claro. Foi onde a gente resolveu os nossos problemas de comunicação.” Ela riu com a referência, mas logo ficou com uma expressão pensativa.

“Me pergunto qual a diferença entre nós e eles. Nos resolvemos relativamente rápido se comparados a eles.”

Dei de ombros levemente, mas pensei no assunto a sério pela primeira vez na vida.

“Acho que… somos mais simples porque não éramos amigos antes. Eles tiveram que comprometer quatro anos de amizade pra isso. Quando se é amigo por tanto tempo, os sentimentos se confundem. Falo isso porque teve um tempo que eu…” desviei os olhos e sorri um pouco envergonhado com o que ia revelar, “...tive uma leve queda pela Lizzy.”

“O QUÊ?”

“M-mas isso é passado, bem passado. Hoje a Lizzy é uma irmã pra mim, e v-você é a garota que eu gosto.” Me apressei em esclarecer, não querendo que ela tivesse uma ideia errada do que eu tinha acabado de falar.

Ergui os olhos para os dela e notei sua expressão séria, sentindo meu coração gelar. Até que ela começou a rir de leve e se aproximou, beijando meu rosto suavemente.

“Tudo bem, Greg. Eu entendo. Até porque não conheço um único garoto que conheça a Lizzy que não tenha tido uma queda por ela.”

Suspirei visivelmente aliviado.

“Obrigado por entender.”

Ela sorriu mais abertamente e encostou os lábios nos meus em um leve beijo, logo se afastando. E então retornou ao assunto.

“Eles ainda estão em segredo né?” Assenti. “O que acha que os pais deles vão dizer quando souberem?”

“Sei lá. O que acha que seu pai vai dizer quando souber de nós?” Observei suas bochechas ficarem num leve tom de rosa e sorri internamente. Adorava deixá-la sem graça. “Eu sei que o Chris quase sempre teve uma boa relação com o sr. Jackson e depois a sra. jackson começou a gostar dele. E a dona Rochelle sempre foi louca pela Lizzy, então acho que não vai ter muito problema com isso.”

Meggie assentiu levemente, mas seus olhos estavam longe e sua mente parecia mais longe ainda.

“Meg?” Ela me olhou como se despertasse de um sonho. “Estava pensando em quê?” Ela suspirou meio triste e brincou levemente com meus dedos que ainda segurava.

“Estava pensando que não sei se nossos pais vão ser tão receptivos em relação a nós.”

“Acredito que meu pai não vá ligar muito, mas gosto da privacidade de ele não saber.” Notei sua expressão triste. “Você acha que seu irmão e o seu pai não vão gostar?”, perguntei com cautela e um pouco preocupado.

“Suspeito que o Dan já saiba, mas se faz de cego. Já o meu pai… eu não sei”, ela disse a última parte baixinho, ainda sem me olhar.

Abaixei os olhos pro chão, agora mais preocupado ainda com a resposta dela. Me perguntei se a má aceitação teria alguma coisa a ver com ela ser rica e eu não, mas preferi não comentar pra que ela não se ofendesse. Eu sabia que ela não pensava assim. Ou talvez fosse nossa diferença de idade. Três anos não me parecia muito tempo, mas logo pareceria quando ela fosse maior de idade e eu não.

Mordi levemente o interior da minha bochecha, ainda remoendo aquilo com uma sensação ruim. Não queria ser motivo de briga ou confusão na família dela. Eu sabia que sua relação com o pai não era das melhores, então nem me atrevia a imaginar o que ele acharia de nós juntos. Talvez ele quisesse nos separar, e eu nunca faria Meggie escolher entre mim e a família. Nunca.

De repente, senti sua mão acariciar meu rosto de leve e meus olhos foram até os dela. Sua expressão estava um pouco mais suave e menos preocupada, e seu rosto tinha um pequeno sorriso.

“A gente não precisa se preocupar com isso agora não é?” Assenti, mas ainda estava preocupado. “Acho melhor ficar só entre nós dois, o máximo que der. Não quero meu pai se metendo entre nós.” Assenti novamente, retornando o carinho que ela me fazia.

Seus olhos ficaram fixos nos meus, e eu lhe retornei um leve sorriso de conforto. Puxei-a levemente para mim e beijei seus lábios de forma carinhosa. Pouco depois, separei o beijo e a abracei, sentindo seus braços rodearem meu tronco. Beijei o alto da sua cabeça e ouvi um suspiro baixo dela.

Eu queria aquilo, sempre. Não queria ficar longe dela nunca. Queria dizer que tudo ia dar certo, que não tinha intenção de desistir dela, mas não sabia até quando isso seria uma decisão só nossa.

***


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Notas finais do capítulo

Ficaram tensos? Aqui ficamos!

Próxima Leitura: Todo Mundo Odeia Despedidas - Parte 1



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