Registro Panorâmico escrita por Titi


Capítulo 6
Comitê


Notas iniciais do capítulo

Postando dois capítulos num só dia, espero que gostem!
Hoje haverá aquela reuniãozinha civilizada... Ou quase isso...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/688554/chapter/6

—Você ficou maluca? Por que disse aquilo?! Como que eu vou olhar na cara do Hebrom agora? –eu gritava com a Mari enquanto ela dirigia.

Edgar esqueceu de vir me buscar, eu teria que passar a noite ali, por não saber o caminho de casa.

—É simples! Só usar os olhos.

—Puxa! Engraçadão! Me lembre de rir depois!

—Fala sério, Quésia. Para de ser acanhada. Você vai acabar se dando mal por isso.

—Já me dei mal! Tá feliz agora?!

—Por que está tão preocupada com o que aquele garoto vai pensar? –não tive tempo pra responder. –Além do mais, se ele realmente gosta de você, não vai parar de falar contigo!

—Já chega! –pulei no pescoço dela, e ela começou a rir. Isso fez com que o carro perdesse o controle. Ela acabou nos levando pra outra mão da rua, e nós quase sofremos um acidente. Por sorte, Marisa conseguiu desviar.

—Volta pra cozinha! –o homem que teria seu carro arranhado gritou.

—Costura a matraca, seu machista! –ela devolveu o carinho. –Odeio esses homens que dirigem! –voltou a olhar pra frente.

—Meu irmão é taxista.

—Uau... Legal... –fingiu não ter dito nada.

—Não fica com remorso, eu também odeio ele...

—Você não presta, garota. –ela voltou a rir.

—Por que apareceu pra me buscar?

—Ah, eu estava saindo da escola para visitar meu avô e acabei te encontrando... Eu fui discutir uma proposta de emprego que me deram. Mas onde você tá morando agora?

Proposta de emprego... Seria estupidamente melhor ela voltar a me dar aulas. Menos a parte do Hebrom ser da minha sala.

—Só vire à esquerda. Tá bem perto... Eu acho.

—Você não sabe onde é?

—Não muito... Ah! É ali. –apontei pra casa azul. Meu irmão estava pintando-a por dentro, e foi olhar quem pela janela por causa do barulho do carro.

—Você mora ali?!

—Sim, por quê?

—N-Nada... –ela fez uma cara estranha e aos poucos foi se abaixando no banco. Logo depois estacionou e eu saí do carro.

—Quésia? Quem te trouxe? Desculpa, eu esqueci mesmo... –ele olhou assustado para mim.

—A Marisa! –respondi na hora em que a mulher saiu do carro.

—Você?! –meu irmão apontou pra ela e se desequilibrou da escada em que estava.

—Toma cuidado! Espera... Você conhece a Mari?

—Infelizmente sim! Essa louca quase destruiu minha vida! –Edgar respondeu forçando lágrimas nos olhos.

—Ah, qual é? Não foi de propósito! –ela se desculpou, meio que ignorando a atuação barata dele.

—O quê? –perguntei.

—Nossos carros se bateram sem querer. Ano passado.

—Sem querer?! Até parece! –Cortês desceu a escada e veio pra fora.

—Claro que foi sem querer! Eu não tinha sequer razão pra fazer aquilo!

—Você é uma mulher sem coração! Eu gastei o triplo do meu salário pra consertar o meu bebê! A Quésia quase não foi adotada por sua causa! –Edgar tava quase em prantos.

—Ridículo! Você que estava falando no celular! E também, eu acharia bem melhor ela ficar no orfanato do que ser cuidada por você.

—Por favor, me lembrem de nunca mais andar de carro se forem vocês estiverem dirigindo. –segurei a maçaneta da porta de casa.

—Avá, Quésia! Eu dirijo bem! Essa daí que é uma desgovernada! Mulher no volante, perigo constante!

—Olha, se machismo desse rasteira, você viveria com a cara ralada! –a Marisa se estressou.

—Feminismo não é tão bom quanto você pensa!

—Apesar de discordar desse seu comentário, eu não sou feminista. Só quero respeito!

—Tô subindo. Quando cansarem de flertar, me chamem. –bocejei e fui pra dentro. Eles fazem um casal bonitinho... Eu pensando isso parece até que é vingança pelo o que ela fez comigo na saída da escola...

Fiquei no quarto pelo resto do dia. Não tinha nada pra fazer. Eu já tinha lido todos os livros da casa, e nem fazia tanto tempo que eu morava nela. Peguei o notebook pra me distrair. Também não tinha nada pra fazer ali... Criei uma conta numa rede social, mas eu não soube o que fazer depois. Fiquei encarando a tela por um bom tempo. Até que só por curiosidade, eu pesquisei pelo Hebrom e acabei encontrando a página dele. E já que não tinha nada melhor pra fazer, comecei a olhar as fotos.

—Então você falou mesmo com ele? –meu irmão falou atrás de mim e eu tomei um susto.

—Dá pra você pelo menos avisar antes de aparecer aqui?! –joguei um travesseiro nele.

—Pensei que você não soubesse o nome dele.

—De... De quem?

—Não se faça de tonta.

—Eu descobri hoje! E não tem nada demais...

—Tá gostando dele?

—Claro que não! Agora some daqui! –empurrei o Cortês pra fora do quarto.

—Tudo bem, mas só não fica babando muito pelas fotos do garoto, porque sou eu quem precisa levar as roupas pra lavanderia.

—Cala a boca! –bati a porta.

—Ao menos ele não vai ser um cunhado feio.

Afundei a cara no travesseiro. Ainda deu pra ouvir os risos de deboche do meu irmão descendo as escadas. O hobby dele, com toda a convicção do mundo, é me irritar.

Não quis almoçar. Assisti um pouco de televisão e depois de um tempo, eu tomei banho e botei um pijama. Voltei a usar a internet, por não ter outra coisa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O jogo pareceu ter virado, mas a zoeira do Edgar é imbatível.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Registro Panorâmico" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.