Registro Panorâmico escrita por Titi


Capítulo 24
Ignorado


Notas iniciais do capítulo

Por hoje é só, pessoal.



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Fatos psíquicos de Hebrom

Eu e meus irmãos já estávamos indo até o ponto de ônibus.

—A QUÉSIA ESTÁ ALI! –eu exclamei num desespero interno. Não esperava encontrá-la àquela hora, nem ali... Não que eu não estivesse contente, mas ela me pegou desprevenido. –Zac, o que eu faço?

—Ué... Vai falar com ela.

—Não isso... Quer dizer... O que eu falo com ela?

—Diz que ela está bonita.

—Elogia ela! –minha irmãzinha opinou.

—Cala a boca, Dileã! Foi o que eu acabei de dizer a ele!... Mereço, essa daqui ainda acha que é gente...

—Para! –ela resmungou.

—Não briguem. E... E o meu cabelo, como que está?

—Teu cabelo...? Normal, cara.

—Normal? Ah... –olhei pro vidro do carro que estava estacionado e tentei arrumar. Mas aí eu vi que tinha alguém dentro do carro... Pulei pra trás, cheio de vergonha. –Des...

—Hebrom? –era a Quésia, ela me viu. Meu rosto esquentou.

—Oi! –tentei agir naturalmente. –Você está linda... Na verdade, você é... linda...

—Ahm... Obrigada. –ela botou uma mecha cabelo atrás da orelha e eu, quase que involuntariamente, fiz a mesma coisa. Estava muito nervoso... Dei um abraço rápido nela, por falta de recurso.

—V-Você também está cheirosa.

—Sério? Eu nem estou usando perfume...

—Eu gosto do cheiro da sua pele... –os meus irmãos estavam atrás dela. Zac fez um palmface e a Di estava segurando o riso. Devo ser muito lerdo mesmo... Tantos outros elogios pra eu fazer... Só que eu não desisti de falar com ela. –Não que eu não goste da sua presença, mas... O que você tá fazendo aqui?

—É que... Meu irmão quer que eu passe a ir pra escola com você.

—Isso é sério?! –eu fiquei em êxtase. –Quer dizer... Ele deixa a gente se ver?

—Ele disse que não liga, então... Acho que sim! –ela deu um sorriso meio sem graça. –Me ensina a pegar o ônibus?

—Ah, é fácil! Muito fácil! É só gravar o nome e o ponto em que a gente costuma descer.

Qué sentou ao meu lado no banco. Nós ficamos sem assunto até chegar na escola, que foi onde eu consegui pensar em alguma coisa pra dizer:

—A minha mãe ficou meio triste de não ter te conhecido...

—Que pena. Talvez em outro momento, né? Hm... Já volto... –se retirou.

Hm? O que ela quis dizer com “Hm?”? Eu não tenho mais o que dizer... Preciso de ajuda. Comecei a olhar pro céu, eu estava em desespero... Deus, o que eu posso fazer? O que eu posso fazer? Acho que vou provocá-la, tentar fazê-la rir talvez... Isso chamou a atenção dela na maioria das tentativas. Quésia estava de costas, perto do bebedouro que tem no corredor, eu não encontrei o que dizer, mas dei o meu melhor (o que não foi tão bom assim):

—Você vem sempre aqui? –ela me deu uma cotovelada na barriga. Ter insensilibidade à dor tem suas vantagens... Não fiquei bravo. –Eu sei que a cantada é ruim, mas... Precisava disso?

—Foi mal! Eu não sabia que era você, não sabia MESMO!

—Por quê? Se soubesse que era eu, teria batido com mais força, não é?

—Para de ser bobo...

—Desculpe... Acho que eu estou te incomodando hoje...

—Não é nada disso, Salamander.

—Vai me dizer o que é? Se não quiser, não precisa... Mas não fica com essa carinha, não... Tá destruindo meus sentimentos... Não me obrigue a te fazer cócegas de novo. –agarrei ela pelas costas e ela riu. Finalmente ela riu!

—Olha, eu vou ter que jogar água nos dois se não se soltarem... Não podem ficar de intimidade dentro da escola. –o inspetor passou por ali e eu tive que soltá-la.

Fui olhar de onde ele tinha vindo e só consegui ver a Kyara virando a cara, porque não tinha mais ninguém por ali. Estava cedo.

—Ainda dá tempo de ir lá pra fora, Qué. –ela riu ainda mais com meu comentário besta.

—Vamos pra sala. –fomos andando, não tinha ninguém lá dentro.

Ela sentou em seu lugar e eu arrastei minha carteira pra ficar um pouco mais perto. Como eu esperava, ela continuou sem falar. Então eu coloquei meus braços sobre a mesa dela, deitei e fiquei encarando.

—Qual o problema? –ela perguntou.

—Ahm... Vários. Você não está falando comigo, tá bicuda, parece que não gosta de eu estar por perto...

—Eu já te disse que não é nada disso, Salamander.

—Então o que é? Me diz. Por favor... Se você puder... E quiser...

—É que eu estou pensando...

—Em quem?

—Não “Em quem?”. “Em quê?”. Naquele livro que você me deu, pra ser sincera...

—O que foi? Você não gostou...?

—Não é nada disso...

“Não é nada disso”, isso tá me deixando muito confuso. Qué voltou a ficar parada, com cara de séria... Estava me deixando preocupado... Ela vai parar de falar comigo? Acho que ela percebeu que eu estava atormentado. Disse:

—Me desculpe por não ser a amiga que você merece.

—Como assim, Qué?

—Eu deveria estar falando com você, ao invés de ficar olhando pro nada... Em casa vou poder olhar pro nada o tempo que eu quiser...

—Eu não me importo de você ficar em silêncio, desde que continue perto de mim. Ficar calada não te torna uma má amiga. Eu já disse que te amo... E tem mais essa: Até onde lembro, Deus nunca me respondeu diretamente. Eu fico feliz só de saber que Ele está perto, me ouvindo e pronto pro que der e vier... E Ele é meu melhor amigo. Você é muito mais do que eu mereço... É o que eu precisava... E o que eu queria. –levantei e segurei a mão dela.

—Isso... Isso ficou meloso demais.

—Fica calma! Vai piorar. –ri e dei um beijo lento da bochecha dela. –Sabe, Quésia... Eu tenho um estilo muito pessoal... Você combina perfeitamente com ele. –sorri.

Acredito que a gente se dê muito bem. Ela é a melhor amiga que eu poderia querer. Não é perfeita, mas... ninguém nesse mundo é.

—Yo... Eita... Péssima hora pra aparecer... Gomen.–Wendel entrou na sala e me flagrou com a mão no rosto dela, e bem próximo também. –Vocês formam um belo casal.

Quésia ficou acanhada com o comentário dele e colocou a mão sobre a minha, como se quisesse se afastar.

—Eu concordo! –falei e ela me olhou com uma feição assustada. –Mas somos só amigos. Não vejo problema em beijá-la.

—Beijar? Não tinha visto vocês se beijando... Obrigado pela informação a mais, vocês vão dar canon. Já to até shippando. Tá meio óbvio que vocês são OTP...

Eu... Não entendi quase nada do que ele disse e acho que a Quésia também não... Pelo que deu pra perceber, ela não gosta muito de sentimentalismo... Vai ser um problema. Vou tentar me conter... Eu sou bem carente em alguns aspectos.

Francisco e Ágata também entraram na sala. A garota perguntou:

—Quem são OTP?

—O Salamander e a Cortês. –Wendy respondeu.

—Hm... E o que é isso? –o primo dela também não entendeu.

—Tipo uma combinação perfeita.

—Ah, tá! Concordo. Eles juntos meio que parecem um casal dos anos 40... Têm tudo a ver. Eu gosto. –Ágata comentou.

—Não são vocês que têm que gostar... –Qué falou, não parecia nem um pouco feliz.

Depois dessa eu pedi desculpas e coloquei a carteira de volta no lugar.

—Que isso? Tá de TPM? Depois eu que sou grosso... –Francis ficou olhando pra janela como se não tivesse levado um fora.

—Não tenho TPM. Nem paciência com esse tipo de brincadeira. Parem de zoar o Hebrom, ele só está sendo gentil comigo, como ele é com todo mundo.

Ela não percebeu que eu estou caído por ela... Não fui muito esclarecedor... Essa história de tentar ser mais legal para a Quésia tá dando completamente errado. Talvez eu seja nem um pouco legal pra poder querer ser “mais”.

À medida que o tempo foi passando, as pessoas começaram a entrar na sala de aula. A Quésia continuou parada, pensando em não sei o quê... Ou não sei quem...


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Notas finais do capítulo

Sinto cheiro de ciúmes.



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