Registro Panorâmico escrita por Titi


Capítulo 20
Oposta


Notas iniciais do capítulo

Aproveitando que cheguei mais cedo da escola, postando mais cedo também!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/688554/chapter/20

Fatos psíquicos da Quésia

Hebrom disse que viria aqui em casa... Eu me arrumei, mas não foi nada demais. Eu só tentei não parecer tão doente assim. Eu tinha voltado a falar normal! Quando eu terminei, eu vi que ele havia me mandado uma mensagem...

Hebrom: Qué, desculpe. Eu não vou poder te visitar. Minha mãe acabou d me ligar dizendo q eu preciso ir direto pra casa... Espero te ver amanhã na igreja! ♥ Espero que vc esteja melhor. Eu te mando o endereço por aqui quando chegar lá o/



Parece que o esforço foi pra nada... Me joguei na cama e fitei o teto. Edgar entrou no quarto e perguntou o motivo de eu estar menos feia.

—Ele disse que viria aqui. –respondi.

—Ele? Ah! Ele... –meu irmão estava com cara de quem estava tentando controlar sua zoeira, mas do nada ele ficou sério. –Então... Você realmente gosta dele? –sentou no meu puff que estava no chão.

—Acho que sim...

—Hm... –me olhou por alguns segundos, levantou e deu as costas.

—Ei! Agora é aquele momento em que você dá uma de irmão conselheiro e me diz o que eu deveria fazer em relação a isso!

—Hahahahaha! E você acha que vou te dar conselho amoroso? Eu não vou com a tua cara, mas não é pra tanto, né, Qué? Não arrumo namorada nem pra mim... Te vira. –saiu do quarto com as mãos nos bolsos.

Tipo... Olhando por esse lado... Eu realmente deveria até agradecer por ele não me ajudar.

Acordei uma hora antes do que eu havia combinado comigo mesma. Deve ter sido a ansiedade. A minha pessoa estava um pouco menos pior do que ontem. Até consegui parar de me arrastar e voltar a andar...

Eu falei com a Marisa sobre algumas coisas da vez que ela veio aqui... Ela disse até que viria ajeitar o meu cabelo hoje de manhã... E pior que a doida veio mesmo. Ontem eu tive bastante tempo pra pensar em tudo que aconteceu até o presente momento. Eu tive preconceito do Hebrom e olha como eu estou agora... Me arrumando pra encontrar com ele numa igreja... Isso soa um pouco estranho, tipo... Ah, deixa pra lá. Que bom que a Ávila não pode ouvir meus pensamentos, senão eu estaria sendo trolada agora mesmo.

—Não puxa tanto! Tá machucando! –reclamei colocando as mãos na cabeça.

—Você não desembaraça essa juba! Agora sofra!

—Do jeito que você tá fazendo, não vai nem mais sobrar cabelo...

—Ah, queridinha, não tenho nada a ver se depois de tanto tempo você não aprendeu a fazer certas coisas sozinha. Te ensinar eu ensinei. Você quem não quis aprender. E se quiser ir toda descabelada, é só avisar que eu paro.

Fiquei quieta... A Mari é um pouco agressiva quando se trata de beleza, isso desde sempre. Ela quase deu um ataque de pelanca quando eu escolhi a roupa sem a sua ajuda.

—Pronto! Terminei! Só falta pentear.

—Ué!

—“Ué” o quê, Quésia? Nem vai demorar tanto...

Depois de todo aquele tempo que eu gastei pensando, uma coisa não parava de martelar na minha cabeça, e eu não sabia o motivo. Aquela menina de cabelo castanho escuro no ponto de ônibus... Quem era? Pelo que eu consegui perceber, Hebrom não tem namorada... Será que é amiga dele? E se ela não for com a minha cara...? Com certeza o Salamander vai preferir a menina que ele conhece há mais tempo... Que, no caso, é ela.

—Agora sim! Pode olhar! –Marisa colocou o espelho na minha frente. –O que achou?

—Eu tinha até esquecido que meu cabelo tinha essas ondinhas...

—Se não fosse ondulado, seria o que?

—Piaçava torta.

—Mereço! Só fala besteira essa daqui! Dai-me paciência! Seu cabelo é lindo, o problema é que você não sabe cuidar.

—Ou seja, ele é feio.

—Vou embora antes que role homicídio por aqui. Vai usar aquela roupa mesmo?

—É...

—Tá, então eu vou esperar lá embaixo pra ver como ficou.

Fiquei um tempo me olhando no espelho. Deve ter sido uma daquelas raras vezes em que eu não me sentia feia. Mas aí eu lembrei que comparando com as outras meninas, eu continuava a mesma coisa... Não dá pra eu competir com a garota do ponto de ônibus... Eu acho... Muito provavelmente, porque eu nem cheguei a ver o rosto dela.

Troquei a roupa, botei as coisas que eu queria levar na bolsa e desci.

—Caramba! Oi, gata, você viu minha irmãzinha maltrapilha por aí? –Edgar comentou. Ele estava sentado numa ponta do sofá, lendo jornal, e a Marisa estava na outra.

—Nem estou tão diferente assim...

—Claro que tá, Quésia, senão eu não teria te bajulado! Você acha mesmo que seu irmão é um canalha que fica iludindo as novinhas?

—Ai, garoto, cala a boca! Já sei com quem ela aprendeu a falar asneira! Não liga não, Qué, isso é recalque dele. Você é uma beleza!

—Ó, só, tia, se mete na intimidade de família não, falou? Ela sabe que eu estou brincando. Vai lá, menina sedutora. E só volte se alguém te elogiar.

—Parece que alguém vai dormir na rua essa semana... –falei.

—Tu fala um monte de asneira mesmo, hein?! Ô, Marisa, ela não aprendeu essas coisas comigo não, quando eu comprei, já veio com esse defeito.

—Sei... –ela agiu como se não soubesse que era verdade.

—Enfim, pra onde a senhorita pensa que vai mesmo? Você não me contou nada.

—Hebrom me chamou pra ir à igreja com ele...

—Hm... Igreja... Mas vocês já vão se ca... –não deixei ele terminar a piadinha.

—Edgar, você sabe que a Marisa está solteira, não sabe?

—O que tem isso? –ela pegou o bonde andando.

—Vamos mudar de assunto... –Cortês virou o rosto. –Só deixa o endereço na porta da geladeira, caso aconteça alguma coisa, gracinha.

—Tá. –peguei um pedaço papel, escrevi o nome da igreja e a rua. Coloquei onde ele pediu e saí.

Por incrível que pareça, o Hebrom estava dentro de um carro me esperando. Quando me notou, veio falar comigo.

—Conseguiu ficar mais linda, achei que não era possível. –sorriu.

—V-Você também está muito elegante! –“ Muito elegante” ... de onde eu tirei isso? Lá vou eu estragar tudo.

Ele estava com o mesmo tipo de roupa que usa geralmente. Sempre o vejo bem arrumado... Ele repentinamente segurou a minha mão, dizendo “Vamos!” e entrou comigo no carro.

Um homem bem moreno, com o mesmo tipo de cabelo que o Hebrom, mas um pouco mais curto era quem estava no volante.

—É... Oi? –ele disse sorrindo.

—Oi! –eu respondi e olhei pro Salamander, que não parava de me fitar. Até que o garoto disse:

—Ah, eh! Qué, esse é o meu pai!

—Prazer!

—O prazer é todo meu. Ramon. E você é... Quésia, certo?

—Isso.

—Ela é realmente muito bonita, filho.

—Sim, ela é. –Hebrom segurou a minha mão com mais força, ainda sorrindo.

Eu recuei um pouco com aquela cena. O garoto percebeu e soltou:

—Desculpe!

—Não, não tem problema. Não machucou. –peguei a mão dele de volta.

Ele me olhou com uma cara tipo “Que isso, minha filha?”... Acho que eu estou confundindo as coisas... Mas por outro lado, ele não reclamou em momento nenhum, nem tentou ficar longe de mim. Mas ainda por outro lado, ele é quem havia segurado minha mão primeiro... Seja o que for... Acho que ele só quer me converter a religião dele mesmo e pronto... Eu não devia ter vindo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ué... Desilusão?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Registro Panorâmico" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.