Capítulo 91 - Subindo a montanha

 No fim, Thiago acaba levando Stephany e Rodolfo junto com ele. Esse último ia meio a contragosto, mas não estava reclamando, já que sua querida Stephany também estava lá. Juntos numa missão perigosa, heim? Talvez se Stephany ficasse com medo ele poderia segurar na mão dela...bem, pelo menos era o que Rodolfo pensava, mas ela não parecia o tipo de garota que se assustava fácil. Já Thiago, não parecia o tipo de adulto mais responsável do mundo e a esperança dele era que os dois desistissem assim que chegassem na área montanhosa. E lá estavam eles.

- Bem...aqui estamos - fala Thiago, olhando para cima e vendo que tinha uma longa caminhada pela frente - É isso aí que vamos subir.

- Maneiro! - exclama Stephany, toda empolgada, enquanto Rodolfo engolia seco.

- Tem muitas pedras no caminho, né? - comenta o garoto. Thiago concorda.

- Muitas... - fala o rapaz, esperando mesmo que as crianças desistissem - E dizem ter animais selvagens no caminho...

 Era evidente o medo na cara de Rodolfo, mas Stephany estava adorando a situação. Aventura era exatamente o que ela queria.

- Nossa..muito da hora! - ela bate palmas, empolgada - Vamos lá, Thiago? Espero que esteja pronto!

- Err....- ele olha para a subida mais uma vez e volta a insistir com os meninos - Vocês não vão querer subir isso...olha só, é muito arriscado mesmo!

- Ele tem razão, Stephany! - fala Rodolfo - Não é melhor...err...voltarmos para casa?

- Ótima ideia! - concorda Thiago - Eu mesmo pago a passagem de volta para vocês. Não posso meter vocês nos meus problemas

 Mas é claro que Stephany não desistiria tão fácil e insistia em seguir Thiago.

- Deixa de ser frouxo, Rodolfo! Tem uma trilha até o topo...não é grande coisa. A gente não precisa nem de corda para subir

- Mas e os animais selvagens? - Rodolfo insistia, mas Stephany não perdia a coragem.

- Que animais selvagens..no máximo tem um monte de mosquito por aqui. Thiago! Empresta o repelente?

- Vocês não estão entendendo? A subida pode ter uma trilha, mas é totalmente abandonada! E se tiver cobras? E se vocês escorregarem, caírem e morrerem? Heim? - Thiago queria mesmo que eles fossem embora, mas aquela menina era uma peste, como todos sabem.

- Você é o adulto aqui, Thiago - ela fala - E eu confio no seu senso de responsabilidade. Aposto que não vai deixar nada acontecer com a gente

- Bem...eu... - ele fica sem graça. A garota continua.

- E eu já estou bem treinada. Lembra que já ficamos presos numa ilha deserta? (*)

- Não era tão deserta assim... - lembra o rapaz, na verdade, não querendo lembrar desse difícil episódio da sua vida.

- Que seja. Vamos logo buscar essa flor, Thiago! Você disse que ela está no topo da montanha, não é?

- Pelo que dizem, é lá que ela cresce

- Beleza! Vamos nessa! - a garota vai na frente. Thiago ainda tenta mais uma vez.

- Err...você tá falando sério mesmo, Stephany?

- É claro que tô! E estamos perdendo tempo...você não quer voltar pra casa ainda hoje?

 Thiago engole seco. Vendo agora a trilha mal feita, com mato por todos os lados, barulhos estranhos, mosquitos infernizando seu ouvido e pedras escorregadias, o lugar parecia mais assustador do que nas fotos. Na verdade, era ele que queria desistir, mas a garota já estava praticamente indo sem ele.

- Stephany! Espera aí! Cara...essa menina não tem jeito!

- Err..mas você é bom nisso, não é, Thiago? - pergunta Rodolfo - Não aceitaria uma missão tão perigosa se não tivesse experiência em trilhas

- Hã? Eu? Ah, sim...é claro! Posso fazer isso até dormindo! - mente o rapaz, não querendo deixar o menino ainda mais assustado do que já estava.

- Se é assim...então posso ficar despreocupado - tranquiliza-se Rodolfo - Com você guiando a gente isso vai ser moleza

- Moleza, né? Claro - ri Thiago, se afundando cada vez mais.

 E assim, os três, sem o mínimo de segurança, seguem pela trilha. Talvez seja importante salientar que fazer esse tipo de caminhada sem nenhum preparo inicial e sem a companhia de uma pessoa experiente é totalmente perigoso. Então...não tentem isso em casa. Dito isso, voltemos a nossa história, onde Thiago ia na frente, seguido pelas duas crianças.

- Mas fala aí, Thiago. O que você trouxe para comer? - pergunta Stephany.

- Bom...algumas barras de cereais, de chocolate e salgadinhos - fala o garoto.

- Só comida saudável - ironiza Stephany.

- Não planejo ficar aqui muito tempo. É só pegar a flor e ir para casa, não é? - responde o garoto - E...ei, não acabe com toda a água! Eu não trouxe muitas garrafas

- Tá..foi mal. Mas andar dá sede. Quer um pouco, Rodolfo? - pergunta Stephany. Ele fica vermelho.

"A mesma garrafa dela?", ele pensa, "Isso é como um beijo indireto, não é?". O garoto aceita e Thiago para de repente.

- O que foi, Thiago? - estranha a menina.

- N-Nada...pensei ter visto uma cobra...mas acho que foi só impressão. Vamos andando e cuidado onde pisam...

 Stephany faz uma cara maliciosa e depois um sinal de silêncio para Rodolfo. Ela pega um galho e se aproxima lentamente da perna de Thiago. Ele dá um pulo gigantesco.

- Hahuahahha! Calma! Era só um galho! - ri Stephany, enquanto Thiago quase tem um ataque cardíaco.

- S-Sua...isso é hora de brincar?

- Precisava ver a sua cara..impagável! - a garota continuava rindo. Thiago, irritado, continua andando. Não acreditava que aqueles meninos estavam indo junto com ele. De qualquer forma, o que ele mais queria era pegar a flor e voltar logo para casa. Só que Rodolfo percebe algo de estranho.

- Thiago.. - ele fala.

- O que foi?

- Não vimos essa árvore antes? - ele diz, apontando para uma arvore fina e sem muitas folhas próxima a um conjunto de pedras.

- Sério? - o rapaz coça a cabeça - Não é só seguir a trilha?

- Parece que não - fala Stephany - Eu lembro de uma bifurcação...acho que pegamos o caminho que volta para cá

- É...então a gente pega o outro caminho..

 E é o que eles fazem ao chegar na bifurcação. Já era quase onze da manhã nessa altura e eles andam mais um bom pedaço. Parece que agora o caminho estava certo e tudo parecia calmo, quer dizer, até Stephany perceber algo numa árvore.

- Ah! Mangas! - ela diz, apontando para uma das árvores.

- Mangas? - repete Thiago, olhando para cima.

- É. Naquela árvore. Pega umas para a gente, Thiago?

- Sei não. Não é bom comer o que a gente não conhece...

- Aquilo são mangas! Eu sei quando vejo uma, viu? - Stephany se gaba de seu conhecimento frutífero. Thiago suspira e concorda em pegar algumas. O problema é que...não havia apenas mangas naquela árvore.

- Ops!

- O que houve? - pergunta Rodolfo ao ouvir esse som - Aconteceu alguma coisa?

- Aaaah! Saiam da frente! - ele grita - Abelhas!

- Abelhas?

 Parece que o rapaz cutucou uma colmeia sem querer e um enxame foi na direção dele. A única saída seria correr e correr muito. Stephany e Rodolfo tentam não perdê-lo de vista.

- A gente não tinha visto um lago ali na frente? Se você mergulhar elas vão embora! - grita Stephany.

- É mesmo! - lembra Thiago, vendo um pouco de água na sua frente - Que sorte!

 Ele deixa a mochila para trás e mergulha na água. As abelhas desistem. Stephany e Rodolfo o alcançam.

- Você tá bem, Thiago e...ops! - Stephany para. Rodolfo vinha logo atrás dela e a garota tapa os olhos dele.

- O que foi, gente? - pergunta Thiago. Nisso, ele vê duas conhecidas também ali na água...e elas pareciam estar...tomando banho? É, já que estavam totalmente sem roupa, seria a hipótese mais provável.

- Ah! Que susto! Mas é só o Thiago! - cumprimenta Kate, com o corpo dentro da água.

- Thiago Correios - Katia parecia furiosa, para variar - O que está fazendo aqui?

 O garoto praticamente sente seu nariz sangrar. O que ele estava fazendo ali? O que elas estavam fazendo ali? Quanto mais se reza, mais assombração aparece!

(*) = ver capítulos 77 a 81