Déjà vu escrita por Paulinha Almeida


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Antes de começar esse capítulo, preciso agradecer à linda da Maria Black pela recomendação inspiradora que me deu essa semana. É por causa de retornos gratificantes como esse que eu continuo escrevendo, obrigada por melhorar o meu dia ♥



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O som do celular tocando interrompeu meu sono no sábado depois do plantão. Eu não fazia ideia da hora, mas mesmo assim me parecia cedo demais para sair da cama. Puxei o aparelho sem abrir os olhos, mas com um ótimo palpite de quem seria.

—Alô? - Falei sem disfarçar minha voz de sono.

—Boa tarde, Ratinha. - A resposta confirmou minha suspeita.

—Que horas são?

—Duas da tarde, você está muito dorminhoca. - Falou animado.

Afinal, quando Harry não estava animado?

—Você estabeleceu como missão de vida me acordar todo sábado? - Perguntei me sentindo mais desperta.

—Estabeleci como missão da minha vida não deixar você perder tanto tempo da sua vida dormindo no final de semana. - Me corrigiu e eu rolei os olhos.

—Não tenho nada para fazer até umas sete da noite, não estou perdendo tempo.

—Vem ficar comigo. - Sugeriu com aquela voz que deixava difícil dizer não.

—Você já vai ter uma overdose de mim hoje a noite.

—Nunca é demais.

—Eu não estou com vontade de levantar daqui, Ursinho, minha cama está muito gostosa hoje. - Neguei com uma voz tão manhosa que internamente me lancei um olhar desconfiado.

—Então vou aí. - Decidiu por fim.

—Só por curiosidade, o que você comeu? - Perguntei coçando os olhos e reprimindo um bocejo.

—Lasanha, eu levo para você. - Se adiantou ao pedido que eu faria.

—Você é o melhor, Harry, vem logo. - Elogiei por impulso, em meio a um bocejo.

—Eu sou, é? Que bom saber. - Comentou satisfeito e eu quase consegui ver seu sorriso radiante. - Até daqui a pouco, Ratinha.

—Beijos.

Me despedi e encerrei a ligação com um sorriso enorme no rosto, me sentindo muito mais desperta do que quando o telefone tocou. Atendi a campainha, alguns minutos depois, ainda vestida apenas na minha confortável camisola de ursinhos e após a sequência de beijos de cumprimento que trocamos, me sentei no sofá para comer meu almoço que chegou junto com a visita.

Depois de elogiar a comida e agradecer a Harry por tê-la trazido, deixei o prato na pia e nos acomodamos na minha cama para o que prometia ser uma tarde preguiçosa de sábado.

—Como foi ontem com o Mike?

—Foi legal, nós fomos em um bar que tem umas mesas de sinuca e ficamos lá vendo o fiasco um do outro. - Ri da sinceridade ao falar das próprias faltas de habilidade. - E é claro que ele comentou da sua falta de educação ao desligar na cara dele.

Rolei os olhos para isso.

—Diga a ele para seguir o meu exemplo e respeitar a vez do outro, eu não interrompi vocês dois ontem.

—Ele também adorou o relato de como você atendeu minha mãe depois.

—Claro que você tinha que falar isso pra ele, né? - Constatei com desgosto. - Você conta tudo pro Michael? - Perguntei subitamente interessada em quanto da nossa vida ele sabia.

—Não todos os detalhes minuciosos, mas de uma forma geral sim. - Respondeu como se fosse a única coisa a se esperar.

—Defina o que seria a forma geral e o que seriam os detalhes minuciosos.

—Quando saí da sua casa, no primeiro dia, a primeira coisa que fiz foi ligar para ele e dizer onde eu estava, mas não contei que você tem um vocabulário bem sujo quanto está sem roupa. Ai! - Se esquivou do meu tapa, rindo.

—Não acredito que você é desses que fica se gabando no dia seguinte! - Falei falsamente decepcionada.

—Não sou, mas pra ele eu tinha que contar. Ele estava também aquele dia no bar, quando te encontrei depois da consulta, e ficou duvidando de mim quando eu disse que ainda sairia com você. - Justificou como se fosse um absurdo.

—Eu era sua diversão, seu desafio com um amigo... Cada vez melhor minha situação. - Comentei me fingindo de pensativa. - O que mais eu era? Teve uma aposta, também?

—Não chegamos a esse ponto. - Negou divertido. - E não sei por que você está com essa cara, você nem saiu da minha frente antes de contar pro Colin. - Acusou me olhando de canto.

Dei de ombros e ele negou com a cabeça.

—Qual o seu nível de detalhes?

—Mínimo, até hoje ele reclama que eu não quis dizer em que posição foi. - Ao fim da minha frase Harry gargalhou e eu acabei rindo com ele. - A que dá mais detalhes do que a gente quer saber é a Luna.

—Não consigo imaginar você numa conversa dessa. - Confessou com um sorriso alegre.

—Por que?

—Não sei, mas não consigo. - Deu de ombros, indicando que não havia uma explicação. - Ah! É menina.

—Essa sua intuição de pai é uma droga, hein? - Debochei.

—Mike me pediu para te avisar que a Lisa vai fazer o chá de bebê no fim desse mês e quer que você vá.

—Tudo bem, depois mando uma mensagem agradecendo o convite e perguntando se ela tem alguma preferência para o presente.

—Você vai? - Perguntou surpreso.

—Vou, por que?

—Também não te imagino nesses eventos.

—Você está me imaginando demais, não acha, não? E imaginando errado. - Perguntei desconfiada e ele me lançou um beijo que dizia claramente que a resposta para isso não era relevante.

Passamos o resto da tarde conversando e rindo na minha cama, num clima tão bom que eu só me convenci a sair dali porque ainda tínhamos um jantar e uma comemoração pela frente. Me espreguicei antes de jogar o edredom para o lado e me levantar.

—Vou tomar banho. - Anunciei passando por cima dele para descer da cama mais perto da porta do banheiro. - Vem também?

Sem se preocupar em responder, ele levantou e me acompanhou. Ainda enrolada na toalha, arrumei o cabelo e passei uma maquiagem leve enquanto o Harry se vestia. Já pronto para sair, ele se sentou na cama que eu conseguia ver pelo espelho à minha frente e se acomodou para me esperar.

—Agora você sai, por favor, para eu me trocar. - Informei casualmente, indo até o guarda roupas.

—Por que? - Perguntou interessado.

—Porque não quero estragar parte da surpresa. - Forcei um sorriso inocente que só deixou a expressão dele mais empolgada.

Sem nem pensar em contestar, Harry saiu do quarto e fechou a porta ao passar, me deixando sozinha. Me livrei da toalha, apanhei a lingerie totalmente branca que usaria e comecei o processo de vestir a calcinha minúscula do meu conjunto e conseguir amarrar sozinha o corselet apertado que notei, após uma olhada no espelho, deixava meu decote muito avantajado. Abri o lado do meu armário que eu nunca passava perto quando o destino não era o hospital, e tirei de lá a minha calça branca mais justa. Para finalizar sem o tom monocromático que eu não pretendia usar naquele momento, coloquei por cima uma camisa de seda azul marinho e calcei sapatos de salto também escuros.

Após conferir no espelho que nenhum pedaço da peça que eu estava por baixo poderia ser vista, abri a porta e saí para encontrá-lo na sala me esperando ansioso. Minha roupa não teria nada demais se não fosse a cor da calça e isso não passou despercebido aos seus olhos, que se demoraram ali um segundo a mais que o necessário enquanto um sorriso de compreensão cobria seu rosto.

—Devo chamar de Dra. Weasley? - Perguntou com os olhos brilhando de expectativa.

—Ainda não. - Respondi da mesma forma. - Vamos?

Assim que me aproximei, sua mão veio para o decote comportado da minha camisa e puxou, tentando espiar o que havia por baixo. Tirei a mão dele dali com um tapa suficiente para ele entender que não podia.

—Se fosse para você ver agora não precisava ter saído do quarto, Ursinho. - Repreendi, abrindo a porta e deixando-o sair primeiro.

—Chata.

—Médicos não são legais, você não sabia? - Perguntei de forma enigmática, parada do lado dele para esperar o elevador.

—Ah, é?

—Uhum. - Confirmei séria para sua expressão divertida. - Eles são sempre muito mandões e ficam bravos quando o paciente não faz o que eles querem.

—Minha médica é assim? - Sondou interessado.

—Sua médica é a pior deles. - Pisquei para ele ao final e arranquei uma gargalhada que também me fez sorrir.

O elevador chegou e eu entrei na frente, já selecionando no painel o botão que nos levaria para a garagem. Assim que as portas se fecharam, e aproveitando o fato de estarmos sozinhos, eliminei a distância entre nós e o envolvi num abraço. Encaixei meu rosto na curva do seu pescoço e distribuí alguns beijos por ali de um jeito que ele não considerava inocente.

—Você vai fazer isso o tempo todo? - Perguntou virando a cabeça para o lado e me dando mais espaço para continuar o que estava fazendo.

—Não, daqui a pouco vou precisar dirigir. - Neguei, me fazendo de desentendida.

O restaurante onde nossa reserva estava feita não era muito longe, então poucos minutos depois já estávamos passando pelas portas do lugar aconchegante e decorado propositalmente para parecer rústico. A recepcionista sorriu para nós quando nos aproximamos e procurou com eficiência no computador à frente quando disse meu nome e informei que tinha uma reserva para as nove. Ela nos guiou pelas mesas já cheia de gente e nos acomodou num local tão discreto que internamente só pude agradecer ao Ced, porque a Mione não tinha exagerado em suas qualidades para esse tipo de tarefa.

Agradecemos a ela e fomos deixados sozinhos para olhar o cardápio repleto de opções que pareciam muito apetitosas. Ficamos em silêncio por alguns minutos, escolhendo entre as diversas opções e eu ainda não tinha me decidido quando o Harry se manifestou.

—Eles têm estrogonofe de frango. - Comentou olhando com vontade para a descrição do prato.

—Era meu requisito que tivesse o prato preferido do aniversariante, e também que fosse referência nisso. - Olhei para ele por cima do menu.

—Você sabe meu prato preferido? - Perguntou surpreso.

—Se você imaginou que eu não me lembrava, imaginou errado de novo.

—Então está decidido. O que você vai querer?

—O mesmo, mas sem aqueles cogumelos esquisitos. -  Me decidi e deixei o cardápio sobre a mesa.

—Não, pode pedir os cogumelos, eu como os seus também. - Falou como se fosse um absurdo eu pedir para tirá-los.

—Tudo bem. - Concordei e acenei para o garçom anotar nossos pedidos.

Assim que ele se afastou com nossos pedidos arrastei minha cadeira mais para perto dele ao redor da mesa redonda e me debrucei como que para dizer algo em seu ouvido, mas parei meus lábios novamente em seu pescoço e sob a mesa infiltrei a mão por sua camisa para fazer carinho.

—Você não pode, Harry. - Impedi quando ele tentou fazer o mesmo por baixo da minha roupa e me afastei rindo.

—Seu conceito de justiça não é muito bom.

—Não mesmo. - Confirmei sem me afetar pela cara de pidão que ele fazia.

Nossos pratos foram trazidos pelo mesmo garçom alguns minutos depois e a primeira coisa que fiz foi separar com o garfo os cogumelos que consegui encontrar e empurrar para o canto do prato. Antes que eu terminasse de comer, Harry já tinha espetado todos eles e comido junto com a própria comida.

Dividi minha atenção entre a comida, o copo de suco na minha frente e alguns carinhos na perna dele sob a mesa, os quais eram respondidos da mesma forma e arrancavam alguns sorrisos de canto. Ao contrário da grande maioria das vezes, ele não quis conversar muito depois que terminamos de comer, então pedimos a conta logo e saímos de lá assim que terminei de pagar.

No caminho para a minha casa joguei o cabelo para o lado para facilitar seu trabalho de distribuir alguns beijos no meu pescoço enquanto eu me concentrava no trânsito, calmo devido o horário.

—Você não deveria distrair a motorista. - Repreendi, apreciando a sensação dos lábios dele no meu pescoço e a mão deslizando pela minha coxa.

—Então a motorista não deveria me distrair durante o jantar. - Argumentou sem se importar e continuou o que estava fazendo.

Estacionei o carro na garagem e antes de descer ele me puxou para um beijo que eu não neguei, mas quebrei pouco tempo depois para subirmos logo. Assim que a porta do elevador se fechou e eu apertei o botão que nos levaria ao meu andar, Harry me puxou pela mão e continuou me beijando da mesma forma, encostado na parede lateral. Quando senti sua mão descendo para a minha bunda, afastei nossas bocas o suficiente para conseguir perguntar:

—Você lembra que tem uma câmera ali atrás, né?

—Esqueci. - Trocou de lugar comigo e me prensou entre ele e a parede, sem tirar a mão do meu corpo.

Abri a porta do meu apartamento enquanto meu pescoço recebia mais uma leva de beijos, que não cessaram enquanto eu a trancava. A caminho do meu quarto ele me virou de frente e roubou mais um beijo que terminou apenas quando minha perna esbarrou na lateral da cama.

—Tira o sapato e deita aqui. - Me desvencilhei e fui até o guarda roupa.

—Só o sapato?

—Só, o resto eu mesma quero tirar. - Falei já de costas, as portas do armário abertas à minha frente.

Ainda que eu não conseguisse ver, ouvi quando ele subiu no colchão e senti seu olhar cravado nas minhas costas. Abri os botões da camisa e joguei no chão sem me virar para ele, eu sabia que dessa maneira a única coisa que Harry veria é parte do tecido branco contornando minha cintura e apenas o fim da fita que o trançava até amarrar, onde meu cabelo não alcançava, tudo isso terminando alguns centímetros acima do cós da calça branca que ele tanto gostava. Puxei de dentro do guarda roupa um dos meus jalecos e o vesti, sentindo o tecido me cobrir até o meio das coxas e fechando apenas os botões necessários para ele cobrir a peça que eu usava por baixo, mas não o decote que ela causava.

—Deixa eu ver, Gin? - A animação era evidente no pedido.

Me virei para ele juntando o cabelo no rabo de cavalo típico que eu usava apenas para trabalhar.

—Agora é Dra. Weasley. - Informei enquanto prendia os fios com o elástico enroscado no meu braço.

Chutei os sapatos para o lado e subi na cama, me arrastando até sentar sobre as pernas dele. Assim que me acomodei suas mãos foram para as minhas coxas em um carinho gostoso.

—Eu posso escolher em que dia estamos, Dra. Weasley? - Perguntou entrando na brincadeira e olhando apenas para o decote da minha roupa, não para o meu rosto.

—Em que dia você quer estar?

—Quando nos conhecemos.

—Tudo bem, então agora é sua oportunidade de fazer tudo o que pensou naquele dia.

Assim que terminei de dizer suas mãos subiram para o primeiro botão do meu jaleco, mas eu as segurei antes que desabotoasse.

—A primeira coisa que eu quis naquele dia foi tirar isso.

—E você vai, mas hoje você é o paciente e espera eu dizer quando pode. Sua médica é muito mandona, lembra? - O puxei pelas mãos para que se sentasse.

—Eu posso te beijar, doutora? - Perguntou com o rosto perto do meu e uma expressão divertida enquanto deslizava as mãos para o meu quadril, me puxando mais para perto.

—Pode. - Autorizei desabotoando sua camisa e precisei terminar a tarefa enquanto ele aproveitava a permissão.

Nos afastamos para que ele se desvencilhasse da peça e me arrastei um pouco para trás para ter acesso ao botão do seu jeans, que foi a próxima peça a ser jogada para o lado, e por último a cueca.

—Você está muito vestida. - Observou quando o empurrei para se deitar de novo e voltei a me sentar sobre ele.

—Vamos resolver isso.

—Agora?

—Daqui a pouco.

—Por que?

—Porque sou eu que mando aqui hoje. - Afirmei com um sorriso de canto que ele retribuiu com um olhar desconfiado. - Vamos brincar um pouquinho antes.

—De médico? - Perguntou esperançoso.

—Sim, mas primeiro vamos ver se você é um paciente que presta atenção nas coisas que a sua médica te ensina. - Informei me arrastando para trás e parando ajoelhada perto dos pés dele. - Você tem três chances e a cada acerto eu tiro um pouquinho de roupa, qual o nome desse osso? - Perguntei e dei um beijo ao lado do seu tornozelo, como ele fez comigo um tempo atrás.

Sua expressão de quem não fazia ideia da resposta, mas queria desesperadamente se lembrar, foi tão engraçada que eu acabei rindo.

—Ah, Gin! - Reclamou.

—Dra. Weasley, Harry. - Corrigi e ele riu dessa vez. - Qual o nome?

—Eu não lembro. - Se lamentou.

—Tente. - Incentivei, prevendo uma brincadeira muito mais divertida do que esperava.

—Tornozelo?

—Não. - Neguei rindo e o vi chutar errado mais duas vezes, dizendo pé e calcanhar. - Quero saber o nome do osso, não a parte do corpo. Esse? - Me arrastei para cima e rocei de leve os lábios em sua canela.

—Tíbia? - Falou sem nenhuma convicção, mas acertou.

—Parabéns! - Elogiei e levantei o tronco, ficando ajoelhada na cama.

Seu olhar animado se tornou quase irritado quando viu que a única coisa que eu fiz foi abrir o primeiro botão do jaleco e deixar um pouco mais do decote à mostra, mas não tirei a peça.

—Só isso, doutora? - Perguntou incrédulo.

—Temos muito a aprender ainda. - Respondi ignorando seu olhar ameaçador. - Esse aqui? - Perguntei quando cheguei ao seu joelho.

—Tem um osso no meu joelho? - Falou meio perdido e eu ri com vontade, sabendo que era melhor nem insistir. - Fêmur! - Exclamou com segurança quando lambi sua coxa.

Abri o próximo botão, restando agora apenas mais dois, e voltei a trilhar meu caminho de beijos por seu corpo. Ele errou, como era de se esperar, o osso próximo à virilha e do quadril, mas respondeu feliz quando cheguei à costela:

—Décima segunda, décima primeira... - Começou, disposto à chegar até a primeira, mas eu o interrompi.

—Vamos considerar duas. - Determinei e abri os dois botões que restavam.

—Três! - Barganhou e eu o olhei de canto. - Estou negociando, força do hábito.

—Tudo bem, três. - Concordei e joguei o jaleco sobre as roupas dele, no chão.

Eu estava ajoelhada com uma perna de cada lado dos quadris dele e seu olhar desceu devagar pelo meu corpo ao mesmo tempo em que esticou as mãos para me tocar, mas eu as segurei e entrelacei nossos dedos para mantê-las paradas.

—Veja apenas com os olhos, paciente, você não pode tocar sua médica se ela não deixar. - Expliquei para o seu olhar questionador.

—Você deveria andar vestida assim, doutora.

—Deveria? - Perguntei irônica, deslizando os dedos dele pelo meu decote.

—Só em casa. - Acrescentou depressa e me arrancou uma risada.

Sem desgrudar nossas mãos me abaixei e dei um beijo úmido em seu peito, depois me levantei o suficiente para perguntar:

—Esse?

—Peito? - Falou sem desgrudar os olhos dos meus seios.

—Não.

—Diafragma? - Tentou de novo, fazendo esforço para se lembrar.

—Isso é um músculo. Última chance.

—Esterno! - Exclamou orgulhoso, quase com alívio.

—A memória de alguém está se esforçando muito hoje. - Comentei me levantando e abrindo o botão da calça.

—E a generosidade de alguém hoje está precária. - Resmungou quando viu que eu não faria nada além disso.

—Não está não, vou te mostrar. - Puxei as mãos dele e coloquei na minha bunda. - Pode aproveitar um pouquinho.

Enquanto ele aproveitava a liberdade recém adquirida me debrucei novamente e afundei o rosto em seu pescoço, o senti se arrepiar quando passei a língua de leve por ele.

—E esse aqui? - Perguntei após uma mordida próxima ao ombro.

—Clavícula. - Afirmou sem conter um gemido.

Diante da resposta certa me levantei para recompensá-lo com o prêmio e abaixar o zíper da minha calça.

—Deixa eu abrir? - Pediu deslizando as mãos pelo meu quadril e parando sobre o fecho do meu jeans, não economizando nas carícias por ali.

Após um aceno de concordância da minha parte, Harry desceu meu zíper em movimentos propositalmente lentos, os dedos acompanhando sobre minha calcinha cada pedaço do tecido revelado. Antes de chegar ao final, puxei as mãos dele de mim de novo e prendi sob as minhas no colchão para me inclinar e continuar a expedição pelo seu braço. Ele não acertou nenhum dos ossos da mão, mas eu sabia que acertaria quando mordi de leve seu antebraço direito e perguntei qual era aquele.

—Rádio, o responsável por estarmos aqui. - Falou em meio a um sorriso cúmplice, que eu retribuí da mesma forma.

—Eu já te falei que foi muito providencial você quebrar esse braço? - Perguntei me sentando novamente nas coxas dele e o puxando para que se sentasse também.

Assim que se acomodou, me apoiei em seus ombros e fiquei de pé entre suas pernas, preparada para tirar minha calça como recompensa pelo último acerto. Harry se encostou na cabeceira da cama para olhar e eu enrosquei os dedos no cós para deslizar a peça para baixo, mas ele me interrompeu antes que eu começasse.

—Posso fazer um pedido? - Perguntou e eu levantei a sobrancelha para ele. - É meu aniversário, eu deveria poder.

—Pede. - Cedi por fim, não vendo como recusar.

—Vira de costas.

Fiz o que ele pediu e virei para o outro lado antes de começar a abaixar meu jeans lentamente. Ouvi sua respiração se acelerar enquanto eu chutava a peça para o lado e encontrei seu olhar malicioso quando me virei novamente de frente para ele e voltei a me sentar com as pernas abertas em seu colo.

—Você é muito gostosa, doutora. - Falou com a voz rouca e lambeu meu decote ao mesmo tempo em que apertava forte minha bunda.

—Você também é uma delícia, paciente. - Devolvi em meio a um gemido, arranhando sua barriga. - Vamos continuar?

—Não quero mais brincar. - Resmungou, subindo os beijos para o meu pescoço e puxando meu quadril de encontro ao dele, me fazendo ofegar.

—Para eu tirar o resto você vai ter que acertar. - Falei com esforço para a frase não sair entrecortada e o empurrei com as mãos espalmadas em seu peito. - Melhor continuar, não é?

Seus olhos faiscaram para mim, mas ele não falou nada. Tirei as mãos dele de onde estavam e coloquei ao redor do meu pescoço, como em um abraço, depois me virei para o lado e mordi de leve seu braço.

—Esse? - Perguntei encarando seu rosto sério e vi que ele estava mordendo o lábio. - Acho uma gracinha quando você faz isso, mas prefiro quando eu mordo. - Falei puxando o queixo dele na minha direção e prendendo-o entre meus dentes assim que soltou. - Qual o nome, Harry? - Repeti quando me afastei.

—Eu não faço ideia, Dra. Weasley. - Respondeu se lamentando e puxando para dentro da boca dele minha língua, que até então eu estava deslizando suavemente por seus lábios.

Me inclinei para frente e beijei sua testa antes de repetir a pergunta, cuja resposta ele também não se lembrava. Repetimos o mesmo quando beijei sua bochecha e um pouco acima do lábio, depois cheguei ao queixo:

—Última pergunta, qual o nome desse?

—Maxilar? - Arriscou fazendo um carinho gostoso na minha nuca.

—Um acerto e duas peças, qual você quer que eu tire? - Falei descendo meus beijos pelo seu pescoço.

—Você está brincando, não é? - Perguntou quase chateado.

—Se você prestasse mais atenção no que a sua médica te ensina eu já estaria sem nada há muito tempo. O prêmio para cada acerto depois de tirar a roupa seria fazer o que você quisesse, mas... - Dei de ombros para enfatizar que ele não tinha conseguido alcançar. - O que eu devo tirar? Ainda estou te deixando escolher.

Ele me olhou por um momento ponderando as possibilidades e chegou à mais óbvia delas:

—A calcinha, mas eu quero tirar.

—Tudo bem. - Concordei e fiquei em pé na frente dele para que tirasse a peça.

—Antes da uma voltinha para eu ver. - Pediu subindo as mãos pelas minhas coxas.

Atendi ao seu pedido e me virei de costas, mas antes de consegui completar a volta suas mãos seguraram minha cintura e puxaram para baixo, me deixando sentada no colo dele e com as costas apoiadas contra seu peito.

—Vamos negociar, doutora. - Determinou com os lábios próximos ao meu ouvido e subindo as mãos para os meus seios. - Eu quero que você tire tudo.

—Mas você não acertou. - Argumentei entrando na brincadeira e dando espaço para que ele me alisasse.

—É meu aniversário.

—Não é o bastante. - Teimei, vendo as mãos dele deslizarem agora pelas minhas pernas. - O que eu vou ganhar em troca?

—O que você quiser.

—Aceito sugestões.

—Quer brigadeiro? - Ofereceu, lambendo meu pescoço de um jeito bem sugestivo. - Nem preciso do doce para fazer do jeitinho que você gosta.

—Fechado. - Concordei levando a mão até minhas costas e puxando a ponta do laço que prendia meu corselet no lugar.

Antes de conseguir desatá-lo, Harry continuou meu movimento e me inclinou para frente enquanto tirava toda a fita trançada que segurava a peça no lugar. Quando minha lingeria também jazia no chão, ele segurou minha cintura de novo e me impulsionou para ficar de pé na frente dele, minha calcinha foi jogada para o lado logo depois.

Ele cumpriu a parte dele da nossa negociação, me deixando ofegante por vários minutos, antes que eu assumisse de novo o controle e o fizesse se sentar novamente para voltar ao seu colo. Eu sabia que ele considerava aquela lentidão torturante, e dessa vez era totalmente proposital. O provoquei por vários minutos, ditando exatamente o ritmo que deveríamos manter, e só deixei que ele terminasse como gostava quando me pediu por favor.

Apoiei a testa em seu ombro para acalmar minha respiração e o senti fazer o mesmo com a cabeça encostada na cabeceira onde estava encostado. Quando me senti segura para levantar e me sustentar nas próprias pernas, saí de cima dele e me deitei no colchão.

—Você estava querendo me matar? - Foi sua primeira pergunta, depois de se deitar ao meu lado.

Dei de ombros com um olhar maldoso e ele riu para mim. Puxei o elástico do cabelo para liberar meus fios e o joguei de lado também.

—Podemos comemorar meu aniversário de novo semana que vem? - Falou empolgado e eu gargalhei. - Descobri seu dom, Ratinha, e não são ossos, são comemorações.

Num movimento rápido ele se virou e me puxou para um abraço, mas um segundo depois me soltou de novo para dizer:

—Você apaga a luz.

—Você tem noção de quanto eu trabalhei em cima de você hoje? Você deveria fazer isso. - Argumentei afundando o rosto no travesseiro, com preguiça demais para levantar.

—Fui vítima de tortura psicológica, isso é muito exaustivo. - Negou se enfiando embaixo do edredom e me impedindo de fazer o mesmo. - Além disso é a comemoração do meu aniversário, vai lá e termina o serviço.

Rolei os olhos para o seu argumento, mas me levante e caminhei até o interruptor ao lado da porta. Com o quarto já totalmente escuro me aconcheguei no abraço que me aguardava, deixando a moleza e a sensação de relaxamento que eu ainda sentia me arrastarem para a inconsciência.

Acordei no dia seguinte sentindo meus cabelos sendo alisados em um cafuné gostoso que me fazia querer voltar a dormir. Em vez disso, cocei os olhos e os abri, dando de cara com o sorriso animado de um Harry já totalmente desperto.

—Bom dia. - Falou assim que o encarei.

Respondi com um grunhido e me espreguicei antes de inclinar em sua direção e dar um selinho rápido, depois levantei da cama e sumi pela porta do banheiro.

—Hoje ainda é meu aniversário? - Perguntou alto o suficiente para que eu ouvisse.

—Nem ontem era mais. - Respondi com uma risada enquanto escovava os dentes.

—Mas posso querer comemorar o fim de semana inteiro?

Terminei o que estava fazendo e voltei ao quarto, me jogando ao lado dele.

—Depende, o que você quer fazer?

—Gostei de ficar a tarde toda com você na cama ontem, quero fazer isso hoje de novo. - Sugeriu, prendendo minha mão entre as dele e fazendo carinho ao longo do meu antebraço.

—Para mim parece ótimo.

—Mas é meu aniversário, então você vai ter que fazer o que eu quiser. - Falou me olhando sugestivo.

—E o que você quer? - Perguntei da mesma forma.

—Café da manhã na cama. - Respondeu alegre, me fazendo rir.

—Sério? - Confirmei olhando de canto, porque não era bem o que eu esperava ouvir.

—Uhum.

Me inclinei sobre ele e roubei um beijo antes de levantar.

—Tudo bem, aniversariante, mas não se acostume. - Avisei com o dedo em riste.

Puxei o robe de cima da cadeira da minha penteadeira, e ainda amarrando o laço ao redor da cintura saí do quarto para atender ao seu pedido.


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Notas finais do capítulo

Olá, pessoal!
Esses dois estão muito amor, não estão? Nem tem muito o que dizer sobre esse monte de fofurices.
No próximo é o aniversário dela, porque além de tudo eles nasceram em dias próximos.
Nâo deixem de me dizer o que acharam.
Beijos e até semana que vem.

Crossover: Em Backstage Ron e Mione não estão menos fofos do que aqui, mas também não decidiram ainda o que é o relacionamento deles. Quando será que isso vai mudar, hein? Não deixem de acompanhar.
https://fanfiction.com.br/historia/692675/Backstage/