Manual de Uma Adolescente Grávida escrita por Baby Boomer


Capítulo 9
Dica 9 - Sono


Notas iniciais do capítulo

OI GENTE! Prontos pra intrigas? ♥ amo vcs e espero que gostem do chapter.



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POV Peeta

— É muito gordinho! – Glimmer exclamou, olhando para o bebê em meus braços.

— Katniss, era por isso que você tava uma bola! – falou Clove.

— Isso mesmo, Clove! Que reconfortante! – Cato disse, segurando a câmera.

— Meu neto! Olha meu neto, Haymitch! – minha mãe exclamava.

Noah estava nem aí para eles, totalmente no foda-se para essas pessoas que o babavam. Ele só queria saber de sua chupeta e de olhar pra mim com seus grandes olhos acinzentados.

— Ele é a cara de Peeta – falaram.

— Peeta, abaixa aí, quero ver meu sobrinho e primo – Prim pediu e assim o fiz. Ela olhou encantada para o pedacinho de gente em meus braços.

Não demorou muito para a enfermeira expulsar nossos amigos do quarto, por causa da bagunça e do barulho, visto que Katniss tinha que descansar. Então ficou só a família ali, com Prim pedindo para segurar o sobrinho um pouquinho. Eu deixei e minha mãe ficou supervisionando enquanto ela ficava com ele.

Aproveitei para ir ficar com Katniss um pouco, meio sonolenta.

— Nunca vi tanto amor por metro quadrado assim – ela murmurou.

Eu ri e dei um beijo carinhoso em sua bochecha.

— Você foi incrível, Borboletinha.

— Eu pari aos quinze anos, Peeta. Eu engravidei aos quinze anos, só posso ser mesmo incrível, né?

Nós dois rimos do comentário e eu deixei que ela dormisse. Prim foi embora com meu pai e meu tio, que preferiram deixar Katniss sob companhia das mulheres, que já haviam passado por isso e eu aproveitei que elas estavam cuidando de Noah para ir preencher as informações sobre o nascimento dele, para que fizessem a certidão de nascimento.

E lá fui eu para a recepção.

— Menino ou menina? – um outro pai falou ao meu lado, preenchendo a mesma ficha que eu.

— Menino. Noah – respondi. – Quatro quilos e 51 centímetros.

— Puxa! – o cara exclamou. – Parabéns, cara!

— Obrigado – sorri, meio incrédulo de que era pai.

— A gente fica sem acreditar, né?

Eu assenti, parando pra assimilar.

— Eu tenho dezesseis anos, faço dezessete em agosto. Minha namorada tem quinze e completa dezesseis só em setembro. É um pouco surreal, eu admito, mas eu estou feliz e orgulhoso.

                                                      ∞                                                  

— Peeta, ele dormiu – sussurrou Katniss, se sentando lentamente para me dar o bebê, que tinha os olhos cinzentos cobertos pelas delicadas pálpebras.

Tentei ao máximo segurá-lo com jeito e fiz isso de maneira mediana, porque ele acabou despertando do sono por um segundo, mas bastou eu balançá-lo um pouco para ele voltar a dormir. Noah era lindo, forte e parrudo, mas muito frágil e molinho. Não dava pra explicar. Eu tinha medo de quebrá-lo, parecia que era de vidro.

Coloquei meu filho no bercinho ao lado da cama de Katniss e dei um beijo em sua testinha.

— Pode me dar o computador, por favor? – ela pediu, ainda sussurrando. Sua mãe também dormia, pois era madrugada, e a minha assistia Netflix pelo celular com os fones de ouvido, toda esparramada no sofá do quarto.

Com o computador no colo, Katniss e eu assistimos ao vídeo do parto surpresa e vimos os milhares de comentários dizendo desde “eu não fazia ideia! Parabéns, papais!” até “eu sabia! Estava óbvio!”. O nascimento de Noah estava entre os assuntos mais comentados do Twitter e no Facebook, o fandom e a nossa página estava repleta de comentários e muito agitada. Aproveitei para postar uma selfie de nós três e não demorou muito para alcançarmos milhares de curtidas.

POV Katniss

Eu procurei cochilar um pouco e não percebi quando Peeta pediu para sua mãe trocar a fralda de Noah, de tão cansada que estava. Mais tarde, a enfermeira veio me ajudar de novo a dar de mamar para ele, mas eu ainda não havia pegado a manha sozinha, pois mal sabia segurar o bebê sem deixar o pescoço pender pro lado nem fazê-lo se sentir confortável. Pra completar, o meu mamilo era afunilado e ficava difícil de ele pegar. Findaram tendo que extrair o leite com a bombinha e dar numa mamadeira, porque ele não conseguia pegar o peito de novo. Perguntei à enfermeira se era normal isso, ele pegar da primeira vez e não da segunda e ela disse que era, porque ele já havia provado chupeta e isso complicava um pouco as coisas.

— Os seguranças do hospital vão fazer o possível pra que a gente consiga fugir dos fãs e das entrevistas ilesos – ouvi Peeta sussurrar para minha mãe, quando já estava no fim do dia após o nascimento e já era hora de ir pra casa.

Dava pra ouvir os fãs gritando lá de baixo, na entrada do hospital.

Na hora da passagem pela porta, Peeta era quem segurava Noah em seu bebê conforto, que fazia meu bebê dormir tranquilo e profundamente, nem ligando para a barulheira e gritaria da nossa legião. Eu odiava admitir isso, mas meu filho puxado minha carranca, sempre com uma cara meio rabugenta e de “foda-se”, mas era só a cara mesmo, porque ele era um doce, um doce bebê que vomitava demais por causa do refluxo.

Mãos agarravam meus braços e pessoas pediam para eu me esgueirar para uma foto, coisa que eu realmente fiz. Só não tive tempo de dar atenção às câmeras de revistas e seus respectivos jornalistas. Eu sabia que Madge já havia recebido mil e um pedidos para fazermos entrevistas ao vivo na rede de televisão e rádio.

— Katniss, uma palavrinha! Katniss, Peeta, uma foto para a revista! Somos seus fãs! Eu engravidei por causa de vocês! Peeta, me engravida também! Deixa a gente ver o bebê!

Consegui entrar no carro com muito esforço e ainda sofri alguns danos de unhas, mas tudo bem, não era eu quem importava agora.

— Ele está bem? – perguntei, vendo Peeta amarrar o bebê conforto de Noah no banco do carro.

— Ele não tá nem aí pra nossa fama. Está despreocupado. A cara de quem não vai se preocupar com falta de fama na vida.

Tia Effie tirou uma foto de Peeta com Noah e pediu para eu ir tirar uma foto também, mas eu me recusei, porque estava monstruosa e já havia tirado muitas fotos assim, que iriam pra revistas, etc.

Mesmo assim, quando cheguei em casa com minha mais nova família, vi minha foto na capa de uma revista de fofoca que Prim segurava. A manchete era “Nove meses de segredo” e tinha eu segurando Noah nos braços de jeito desengonçado. Claro que nas fotos do Facebook e do Youtube nós líamos coisas como “ah, vai aprender a segurar criança, Katniss!”, “você não leva jeito”, “Peeta é melhor que você”. Mas essas coisas eu relevava.

— Peeta, você vai me ajudar a pôr as coisas pra lavar e a Katniss vai com a minha irmã lá pra cima tentar amamentar o Noah – minha tia disse, empurrando o filho para a lavanderia com tapinhas no bumbum que me fizeram rir.

Subi a escada com certa lentidão e adentrei ao meu quarto, onde minha mãe colocou Noah em cima da cama e deixou que Prim se aproximasse enquanto eu tomava um banho e trocava de roupa.

— Ele é tão pequeno! – Prim exclamou.

— Isso é porque você não viu um recém-nascido com tamanho normal. Noah é grande para um recém-nascido – respondi.

— Então é normal um bebê menor que ele? É tão pequeno! Como pode?

— Um dia você verá, Prim – minha mãe respondeu, ajeitando a cadeira de amamentação para que eu me sentasse ali.

Peguei Noah morrendo de medo de quebrá-lo e procurei a melhor posição para amamentá-lo, coisa que levei uns cinco minutos para achar. Infelizmente, Noah não conseguia sustentar a sucção, ficava perdendo meu mamilo o tempo inteiro.

— Ué, será que não está saindo leite? – minha mãe perguntou, apertando meu mamilo.

Na mesma hora, foi jorrado um jato de leite na cara de Prim. Ela me fuzilou.

— Credo, Katniss, tá que nem vaca leiteira, mas… nossa, que leite ruim! Tá bom de caprichar mais na fabricação.

— Prim, querida – minha mãe começou –, pare de reclamar e vá pegar uma almofada de amamentação lá no sótão. Está dentro de uma caixa de papelão com o nome “bebê” em cima.

— Tudo bem – ela disse. – Já sei que vou ser a ajudante, mas só continuo sendo se me deixarem trocar a fralda uma vez. Eu vi a irmã da Rue sendo trocada, então sei como se faz.

— Tudo bem, Prim – respondi –, vou deixar a fralda de cocô especialmente pra você.

Ela riu com a minha brincadeira (ela achava que eu só tava zoando) e foi buscar a bendita almofada. Adivinha? Não funcionou! Ele foi mamando aos pouquinhos e isso demorou demasiado tempo, pode crer. Depois disso, minha tia teve que ir embora com Peeta para que ele ajudasse a carregar umas sacas de farinha até a padaria e eu fiquei sozinha com minha mãe e Prim, já que meu pai estava no ateliê.

Depois de trocar três fraldas do meu filho e tentar de novo amamentar, parei por um segundo e me sentei na cama, aproveitando que ele estava dormindo, para encarar a minha realidade. Havia um berço no meu quarto, um berço com um bebê dentro, vestindo roupinhas fofas e fraldas descartáveis. Havia também uma banheira, uma cômoda cheia de coisas de bebê, hastes flexíveis, lenços umedecidos e uma porrada de outras coisas que eu nem sabia pra que serviam.

Ainda nem havia escurecido e eu já estava exausta, morta e petrificada, além de ter filmado praticamente cada passo do meu dia.

— Como viemos parar nisso? – me perguntei e olhei para meu mural de fotos, em que eu estava com meu batom roxo e minhas amigas do ensino fundamental em festas, no shopping, em uma viagem que fizemos para a Califórnia… tudo aquilo era passado. Quando duvidaram da minha gravidez, nem quiseram mais bater papo comigo, mesmo sabendo que eu fiquei sexualmente ativas muito depois delas próprias. Meu All Star de cano longo aparecia em todas as fotos, minhas luvas pretas, meu piercing no umbigo… meu cabelo com mechas coloridas… Eu poderia ter tudo isso de novo?

O quão estranho seria eu aparecer na creche do meu filho com um visual desse? Iam me julgar louca ou irresponsável? Delinquente ou imatura?

Eu havia mudado, eu estava mudando. Eu mudaria muito. Tudo graças ao óvulo que deixou ser penetrado por um espermatozóide, graças a uma prima que quis perder a virgindade com o seu próprio primo. Noah era uma maldição? Não, mas também não era uma benção em todos os sentidos.

O choro foi o que me tirou do transe.

Fui até o berço e peguei Noah no colo, buscando não deslocar seu pescoço molenga.

— Filho, pelo amor de Deus, me dá um sinal. O que você quer? Não dá pra eu adivinhar. Eu acabei de te alimentar, você já tomou banho, trocou de roupa, de fralda, já vomitou e gofou em cima de mim… o que mais falta? O que eu não estou te dando?

Balancei ele no meu colo um pouco, tentando fazer com que parasse de chorar, e nada funcionava. Absolutamente nada, nem uma troca de posições. Então comecei a chorar junto, que nem uma louca. Seria cólica? Minha mãe poderia decifrar, mas eu não queria aperrear ela por não conseguir acalmar meu próprio filho.

— Será que não é refluxo? – a voz de Gale soou da porta.

Eu funguei e tentei equilibrar o gorducho do Noah em um único braço para poder enxugar minhas lágrimas com o outro.

— Eu tinha refluxo quando era do tamanho dele.

Meu ex se aproximou de mim por um momento e, com as mãos, colocou meus braços numa posição em que Noah ficava de pé, com a barriga encostada no meu seio e a bochecha apoiada em meu ombro. O choro foi diminuindo até cessar completamente.

— Sempre funciona – ele sorriu.

— Gale, eu… eu nem sei como agradecer – falei, alisando as costas do meu filho e pondo a mão no seu pescocinho, pra não pender pro lado. – Agora já sei a posição. Que surpresa a sua visita.

— Vim ver como você estava. A notícia da gravidez… me chocou um pouco. Eu não sabia até você gritar pra escola ouvir.

Suspirei e me sentei na cadeira de amamentação/balanço. Gale sentou na ponta da minha cama de casal.

— Ele vai tomar vacinas essa semana? – perguntou.

— Vai – respondi. – Mas acho que Peeta quem vai levar.

— Você e seu primo… quem diria…

O fuzilei por um momento.

— O que quer dizer com isso? – meu tom era defensivo.

— Nada, eu só nunca imaginei que vocês dois pudessem… enfim… pelo menos foi com uma pessoa melhor do que eu.

— Concordo – murmurei baixinho, não deixando ele ouvir. Então tive câimbra no ombro. – Ai! Merda!

O bebê desmoronou um pouco da posição e começou a chorar, e o desastre teria sido maior se Gale não tivesse pegado ele de mim a tempo.

— Merda de ombro! – praguejei. – Que inútil eu sou, não consigo segurar meu próprio filho.

Então olhei para um admirado Noah prestando atenção nas caretas de Gale, que segurava meu pequeno com manha.

— Você… você tem jeito. Como pode ter jeito? Você não pode ter jeito!

— Por quê? – ele perguntou, quase rindo da minha cara abismada. – Por que sou um brutamontes insensível?

— Também, mas… você andou praticando isso, Gale! Você é pai e eu não estou sabendo?

— Não – ele riu. – É que… minha mãe era alcoólatra e eu tive que cuidar dos meus irmãos pequenos, até mesmo recém-nascidos. Mas aí eu insisti para que ela se tratasse e tudo melhorou, mas já era tarde demais e eu já havia sido considerado o pioneiro da casa, quem fazia tudo.

Eu já ia comentar alguma coisa, que não fazia ideia que aquilo havia acontecido com ele, mas Peeta chegou bem na hora.

— O que esse cara tá fazendo com nosso filho, Katniss? Ele é… ele é imundo… por que você está deixando?

— Peeta, meu ombro estava doendo e Gale pegou Noah bem na hora em que eu ia…

— Dane-se seu ombro! É melhor um ombro doendo do que esse cara segurando nosso filho!

Peeta tirou Noah dos braços de Gale com avidez.

— Acho melhor eu ir indo – meu ex comentou, se levantando.

— Acho bom – falou meu primo, ríspido.

— Fica bem, Katniss.

E saiu, deixando eu e minha perplexidade sozinhas com Peeta.

— O que houve contigo, Peeta? – perguntei, me levantando.

— Não quero Noah perto dele.

— Você não decide sozinho quem vai ficar perto dele! É meu filho também!

Ele tentou falar alguma coisa, mas eu comecei a falar mais alto, para fazê-lo me ouvir.

— Katniss, me escuta, eu…

— Não, me escuta você! Você devia estar com raiva de mim por ficar sozinha num quarto com meu ex-namorado, mas essa eu vou deixar passar. Agora expulsar um amigo meu da minha casa só porque ele estava segurando nosso filho é algo que eu não vou admitir nunca. Ouviu bem? Eu sou sua prima, sou sua namorada, tive um filho com você, mas eu não vou aturar isso!

— Borboletinha, você está cansada, não devíamos discutir agora.

— Não estou cansada, eu estou exausta, cheia de vômito na roupa, com cheiro de leite azedo e com os ombros e costas me matando! Você não estava aqui o dia todo, eu que cuidei do nosso filho, então eu decido quem pode vê-lo e segurá-lo.

Bufei e fui tomar banho, não querendo ouvir o que Peeta tinha a falar. Só queria pensar na minha cama e no tanto de vezes que eu teria que acordar para cuidar do meu filho. Infelizmente, todas as vezes fui eu, porque Peeta tinha um sono pesado demais para conseguir acordar e ir pegar Noah no berço. Mesmo caindo de sono, eu ia.

Lição do dia: aprenda que ficará com sono cronicamente.


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Notas finais do capítulo

COMENTEM, VIUUUU, PRIMPOLHOS? BEIJO GRANDE ♥
ESPERO QUE TENHAM GOSTADO!



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