Manual de Uma Adolescente Grávida escrita por Baby Boomer


Capítulo 2
Dica 2 - Inseguranças


Notas iniciais do capítulo

♥ Oi amores! ♥
Espero que os fantasminhas apareçam, viu? Liamdos!
E aí? Já conferiu o trailer da fanfic? https://www.youtube.com/watch?v=9AwQV_v3y_I



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POV Katniss

Como sempre, ele me deu um beijinho na ponta do nariz antes de ir para sua sala de aula.

— Se cuida, viu? Em dobro. Nada de skate. – Ele riu da minha carranca. – Levo você para o parque depois da aula, pra cumprirmos as tradições das sextas-feiras, não é? Estou com o carro do meu pai hoje.

Ah, sim. Toda sexta-feira nossos pais nos levavam para o parque central e isso se perpetuou de uma maneira quase tradicional.

— Claro – concordei. – Não é porque eu estou grávida que…

Percebi que havia falado alto demais a palavra “grávida”.

— Enfim… nada mudou, Peeta. Ainda somos os mesmos primos de antes, só que agora compartilharemos um bebê — sussurrei. – É claro que eu não vou deixar de cumprir nossa tradição. Estou grávida, não doente.

Ele fitou o chão por uns instantes e olhou pra mim subitamente.

— Tem razão. Foi só paranóia minha. Tchau, Marrentinha.

— Vejo você mais tarde – falei, vendo ele se distanciar. Ele apenas deu uma piscadela antes de se enturmar com alguns de seus amigos, tipo Finnick Odair, um loiro fortão e bonitão (quase superava Peeta).

Eu não era lá muito feia, mas acho que o nível de beleza de Peeta nem chegava perto de se igualar ao meu. Ele era cheiroso, penteado, forte e aqueles olhos azuis, aquele cabelo loiro… Epa! O que você está pensando, Katniss? Enfim, eu tinha cabelos escuros, olhos meio sem vida e um estilo próprio que assustava a alguns. Eu só vivia de All Star e roupas escuras. Raramente usava um salto-alto, vestido ou saia. Eu não era delicada a esse ponto, longe disso.

Então lá vinha Madge, que já sabia de tudo e mais um pouco sobre minha situação.

— Como foi a consulta de ontem?

— Está tudo bem – afirmei vagamente. Madge queria mais, é claro. – Meus pais perpetuaram a ideia do grupo de apoio. Vai ser amanhã à tarde. Nem sei como vou fazer pra enfrentar essa situação, mas não tem jeito…

— Ah… quem sabe você não acha legal?

Bufei.

— Você acha mesmo que vai ter mais alguém lá grávida do primo?

— O quê? Fala no meu ouvido, não estou ouvindo.

Repeti tudo no ouvido dela e tudo que ela pôde fazer foi me dar um abraço.

— Eu não sei como posso te ajudar com isso, Kat, mas qualquer coisa tamo junto. Vamos para o cinema nesse fim de semana, viu?

Despedi-me de Mad e fui seguindo para a minha sala de aula, mas findei topando com Gale no meio do caminho.

— Katniss! – Recebi um beijo na bochecha. – Como andam as coisas? Não têm respondido às minhas mensagens…

— Hm… as coisas andam meio complicadas, Gale, e em breve você descobrirá por quê.

— Não me diga que você ainda está chateado comigo por ter explodido seu coelho com aquele foguete de brinquedo… Eu não sabia que ele estava ali, poxa.

— Não, não não… não tem nada a ver com meu coelho. Um coelho é um grão de areia se comparado ao tamanho do problema que eu estou enfrentando agora.

— Qual a proporção?

— Bola de futebol, não… basquete. Pois é, bem maior que um grão de areia. Mas, se quer saber, esse grão de areia tem uma magnitude enorme, uma vez que você me fez catar as vísceras do pobre Bunny pelo jardim inteiro.

Gale começou a rir e estranhar minha seriedade.

— Bola, Gale, bola! Minha vida agora é baseada em bolas.

Eu vou virar uma bola e tem uma bolinha crescendo dentro de mim, dependente das minhas forças bolíferas. Quem causou minha gravidez foi o que estava dentro das bolas de Peeta e, poxa, eu ando tendo desejo de comer muito bolo. Então, bolas… muitas bolas em minha vida.

— Você não tá gorda, Kat. Não me faça acreditar que está anoréxica.

— Huuum… – choraminguei, indo para a sala onde o professor careca dava aula. Ponto negativo? A cabeça dele parecia uma bola!

Lição do dia: aceite que serás uma bola.

Peeta quem falou de nossa história para as pessoas do grupo. Eu não consegui abrir a boca no começo, mas meus ouvidos estavam bem atentos aos que os outros diziam. Clove e Cato tinham dezessete e iam ter um menino. A gravidez dela estava rondando os quatro meses, quase cinco. Já Glimmer e Marvel iam ter gêmeas que estavam previstas para nascerem em quatro meses. Foram esses dois casais de desconhecidos que mais chamaram minha atenção.

Porém, entretanto, todavia… para surpresa minha e de Peeta, Finnick e Annie estavam lá. Parecia que Finnick, o amigo de Peeta, havia escondido de todo mundo que sua namorada estava grávida de três meses. Imaginei que eles iriam se acertar depois, porque não deu tempo divagar o assunto porque, bem…:

— Katniss? Por que não divide com a gente o que você está sentindo? – o mediador pediu.

Eu suspirei fundo e dei entrelacei meu olhar com o de Peeta, que sorriu com os lábios.

— Há uma semana descobri que vou ser mãe. E há pouca horas caiu a minha ficha de que eu vou ser mãe aos quinze anos e isso é loucura. Todos vocês aqui tem de dezesseis anos para cima e eu sou a caçula. Meu bônus é: eu estou grávida do meu primo. Não que isso seja uma coisa ruim, é só que…

Peeta fez sinal para que eu continuasse.

— Eu tenho vergonha. Vergonha de estar grávida aos quinze, vergonha de ter feito sexo com meu primo e vergonha por ter decepcionado minha família. Eu sempre quis filhos. A maioria das meninas da minha idade sonha com uma faculdade em primeiro lugar, e a família fica em segundo plano, mas eu sempre fugi desse padrão. Para mim, mais importante que a faculdade, são filhos. Porém, agora é a coisa que eu mais temo. Eu não esperava que na prática seria assim tão aterrorizante, que eu iria me sentir tão despreparada. Poxa, todos esperam que eu me forme, me case e só então tenha filhos. Fugir desse padrão é, no mínimo, vergonhoso.

— Você já pensou em adoção? – Clove perguntou com um sorriso de orelha a orelha enquanto alisava sua barriga.

— Peeta e eu ainda não decidimos isso, vamos esperar mais um pouco… nos acostumarmos com a ideia – respondi –, com o fato de as pessoas nos acharem irresponsáveis. Mas é um milagre, sabem? Eu vou virar uma bola, um planeta de tão gorda, e isso é até aceitável, considerando que eu vou ter um pedacinho de gente dentro de mim. É tão inacreditável isso. Eu me sinto tão poderosa em poder dizer que crio uma vida dentro de mim.

Glimmer esboçou um sorriso e beijou Marvel.

— O importante, Katniss, é você procurar aproveitar isso, aproveitar o poder de ser mãe. Não adianta se enfezar, ficar com raiva das estrias ou dos enjoos e chutes, o importante é tentar gostar de ser mãe, para não tornar a tarefa um fardo.

Assenti em concordância. Ela tinha completa razão.

— Quando você sentir o primeiro chute vai saber o que é isso – Glimmer comentou. – Eu sou chutada demais. Parece que tem uma guerra aqui dentro. Meu Deus. Nunca bote duas meninas para disputarem alimento, espaço e para beberem do mesmo xixi, porque minha nossa senhora… elas vão nascer é deformadas de tanto se baterem.

Assim que saímos da sala onde ocorria as reuniões – numa escola municipal de Denver –, evitei olhar para Peeta, porque agora estava arrependida de ter dito que tinha vergonha de ter transado com ele, mas ele acabou me puxando pelo braço.

— Katniss, eu não estou chateado, tá? – ele falou. – Eu entendo que você pediu sem pensar, entendo que foi um erro ter tido aquela noite comigo. Não precisa me evitar por te dito a verdade.

— Desculpa – falei, abraçando-o. – Desculpa ter te metido nessa. Você merecia um futuro tão melhor que isso.

Ele suspirou fundo e respondeu:

— Eu estando ao seu lado, meu futuro não poderia ser melhor.

— Você diz isso porque ainda não conheceu a garota. Quando se apaixonar, nem vai mais querer saber da sua prima irritante. Eu aposto.

Peeta desvencilhou do abraço e me olhou meio tristonho.

— Vamos. Devem estar esperando a gente na sua casa.

Casa. Acabei dizendo ao núcleo familiar que Peeta e eu decidimos continuar com o grupo, porque não ia matar ir para ele e, afinal, só nos faria bem. Depois disso, meu primo me ajudou com a tarefa de matemática e eu o ajudei com História. Ele estava um ano na minha frente, mas História fala sobre o passado, então a gente sempre estuda a mesma coisa.

— Esse cheiro de comida… tá me deixando enjoada. Deve ser o ensopado da minha mãe – falei.

Peeta rapidamente estendeu um cesto de lixo furado para mim, se tocando muitos segundos depois de que seria inútil. Eu ri até a barriga começar a doer.

— Seu doido – murmurei, me deitando na cama por causa de uma sonolência anormal e fora de hora. – Vou dormir.

— Não, Kat, tem que jantar primeiro.

— Hm… não quero – balbuciei, inconscientemente puxando-o pela mão para se deitar comigo ali, de conchinha. – Me deixa dormir um pouco e deixa de ser chato.

Ele riu e beijou meu ombro com delicadeza, enlaçando meu corpo com seu braço forte em uma conchinha aconchegante. Ouvi murmúrios ao acordar, mas fingi continuar dormindo.

— Peeta, ela vai ficar muito irritadiça – minha mãe falava. – Você tem que ter paciência, tudo bem? Mas me diz… as intenções de vocês são… quais?

— Tia Clara, vou ser bem sincero… eu não sei. Como pai da criança, sei que meu único dever é cuidar do meu filho, mas, como primo, sinto a necessidade de cuidar da Kat o melhor possível.

— Como primo?

Ele demorou a responder.

— Sim, como… primo.

— Katniss? – Prim me cutucou.

— Hm?

— Você tá mesmo grávida?

Sentei-me na cama e percebi já ser de manhã. Prim havia trazido café-da-manhã para mim. Torradas, ovo, frutas e suco.

— Estou. Gravidíssima. Ainda não dá pra perceber, né?

Ela sacudiu a cabeça e eu fui direto para o espelho do meu quarto me olhar, levantando a blusa. Minha barriga estava um pouquinho – só um pouquinho – pontuda. Bufei e voltei para a cama, com o intuito de devorar toda a comida e a própria bandeja.

— Katniss… como você…? É tipo como ensinam a gente na escola?

— Você já estudou reprodução humana, Prim?

Ela assentiu.

— É assim mesmo – concordei. – Só que a sua irmã aqui não usou método contraceptivo e deu nisso. Você vai ser titia.

— Então você não quis ficar grávida? – Sacudi a cabeça. – Então por que quis reproduzir?

Eu comecei a rir.

— Vai perguntar isso pra mamãe que ela te explica melhor que eu.

— Mamãe diz que você é muito nova pra namorar e muito mais nova ainda pra ter um bebê. Ela está confusa sobre o que está acontecendo entre você e Peeta.

Eu lancei a ela um olhar curioso.

— Eu também estou.

— Você vai ficar com o bebê? – perguntou ela, sentando-se na minha cama com um movimento que fez seus cabelos loiros brilhantes esvoaçarem.

Suspirei.

— Ainda não sei. E por que diabos as pessoas desse roteiro ficam me perguntando isso, hein, produção? Já não basta eu ter que ficar grávida aos quinze? Tem que fazer eu responder a mesma pergunta mil vezes?

Prim olhou para cima.

— Te botaram pra ser esquizofrênica agora, Katniss?

— Bolas…

— Bolas?

— Longa, longa, longa história…

Minha mãe entrou no quarto minutos depois que Prim levou minha bandeja vazia e se sentou na ponta da cama, olhando-me com aquele olhar que mãe dá quando precisa falar algo sério. Estavam todos olhando assim pra mim ultimamente.

— Ainda tá com raiva? – Bufei, mesmo não estando em posição de fazer isso.

— Não. Não estou com raiva. Nunca estive – ela esclareceu, segurando minha mão. – Eu só estou triste. Não queria que sua vida seguisse esse rumo, minha filha. Eu e seu pai estamos dispostos a intercalar os dias no ateliê para que a gente possa cuidar do seu filho enquanto você vai para a faculdade, e tenho certeza de que seus tios farão o mesmo com a padaria.

Franzi o cenho.

— Eu… eu não havia pensado nisso.

Minha mãe suspirou, sem falar nada, e eu parei para analisar melhor a situação.

— Se eu ficar com esse bebê, eu… eu não quero ficar longe dele por anos, mamãe. Tem que ser em alguma faculdade de Denver ou… droga!

E então comecei a chorar, exatamente como eu estava fazendo há dias, todas as noites. Então meu pai entrou no quarto com o olhar baixo e os passos leves, com medo de machucar meus soluços, com medo de fazer sangrar meus medos e minhas inseguranças.

— É o fim da minha vida, não é? – perguntei.

Eles disseram que não, que tudo dependia de como eu encararia a situação. Apesar de decepcionados, eu sabia que eles me apoiariam nessa, independentemente do que eu decidisse. Mas… algo, algo muito estranho em meu peito dizia que eu deveria ficar com aquele bebê. Quando eu imaginava que aquele serzinho era parte de Peeta… isso me enchia o peito de alegria e… droga! Ele é seu primo, Katniss!

Infelizmente, algo dentro de mim me fazia dizer que não era, ele não era só isso.


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Notas finais do capítulo

E aí? Querem um POV Peeta?
COMENTA SIM
OU NÃO.
UHUUUUUUUL! COMEEENTEM, COMENTEM, LÁ LÁ LÁ LÁ LÁ! (doida aki o/)



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