A água morna do chuveiro caía sobre meu corpo, e sobre o corpo do garoto que estava envolto em meus braços. Seu rosto enterrado em meu peito, suas mãos recolhidas ao próprio peito, com o corpo colado ao meu, buscando proteção. Eu o abraçava, com uma de minhas mãos em sua cabeça fazendo-lhe um cafuné.

— Kisame. - Ouvi o menor me chamar, sem olhar para cima.

— Sim, Itachi? - Falei.

— Não, nada. Só checando se você ainda estava aqui.

Eu apertei mais o abraço. Ele enterrou mais a cabeça em meu peito.

— Nos meus sonhos eu chamo e você não responde. - Ele falou coma voz abafada. Eu segurei seu queixo e levantei a sua cabeça.

— Mas você não está sonhando. - Falei, lhe dando um selinho. - Não mais.

Assim que eu disse isto, ele ficou na ponta do pé e me beijou de novo. Eu aprofundei o beijo, pedindo passagem com a língua que ele imediatamente concedeu, passando seus braços ao redor de meu pescoço, tentando aumentar mais a sua altura, quase se apoiando apenas nos seus dedões. Eu levanto seu pequeno corpo, fazendo com que nossas cabeças fiquem na mesma altura, e ele envolve minha cintura com suas pernas para não cair. Como se eu fosse deixar ele cair.

Logo nós dois ficamos sem ar e afastamos nossos lábios, mas não nossos rostos. Ele logo deixa a cabeça cair apoiando a testa em meu ombro. Seus braços me abraçam fortemente, com uma de suas mãos em minha cabeça apertando meus cabelos.

— Acho melhor irmos dormir agora. - Eu falei, e ele afirmou com a cabeça.

Eu o pus no chão de novo e fechei a água do chuveiro. Nós saímos do boxe, nos enxugamos, e saímos do banheiro para o quarto que dividíamos. Começamos a vestir os pijamas. Itachi terminou primeiro, e se deitou em uma das camas de frente para a parede. Quando eu terminei, me deitei na mesma cama que ele, abraçando-o por trás. Ele se ajeitou e caiu no sono. Depois de alguns segundos eu caí no sono também.

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Tudo que minha visão conseguia focar era o sangue do meu clã presente na minha espada e em minhas mãos. Comecei a virar meus olhos para cima, e vi os corpos de meus pais mortos no chão. Sentia meu coração apertar contra meu peito. E por fim vi Sasuke. Com oito anos. Sua cara assustada. Minha respiração começou a ficar pesada. Antes de eu dizer qualquer coisa, eu ouvi sua voz trêmula.

— Por quê... - Seu corpo cresceu, agora tinha 13, sua expressão era de raiva - Fez... - Agora ele tinha 16. Seus olhos eram frios, porém com ódio transparecendo. Me doía vê-lo com os mesmos olhos que eu havia forjado para esconder minha dor. - Isso...?

Ele posicionou a espada em uma posição de ataque. Eu tentei gritar seu nome, mas minha voz se recusava a sair. Eu fechei os olhos quando Sasuke me atacou. Mas eu não senti nada. Sentia água caindo em minhas costas, e dois braços me abraçando. Abri os olhos e vi a pele azul de Kisame. Então eu havia caído no sono durante o banho. Cheguei mais perto dele, e chamei.

— Kisame.

Silêncio.

— Kisame. 

Senti os seus braços me soltando, e a água parou de cair.

— Kisame.

Chamei uma última vez. Silêncio. Olhei para cima.

No momento que minha cabeça começou a virar, o mundo se dissolveu até ficar tudo branco. Via a silhueta de Kisame, perto do horizonte. Ele vestia a capa da Akatsuki e portava Samehada em suas costas, andando para o horizonte. Eu podia sentir a capa da Akatsuki em meu próprio corpo.

Quiz gritar, mas não consegui. Tentei caminhar em sua direção, mas meus pés não se moveram. Caí de joelhos no chão branco. Ouvia uma voz ao longe, e meu corpo tremia. Não. Ele estava sendo chacoalhado por alguém. A voz chamava meu nome, pedindo para eu acordar. Fechei meus olhos. Acordar? Do quê? Para quê? Quando abri meus olhos, estava deitado na cama, suado e tremendo, junto a Kisame que me chacoalhava com uma expressão preocupada.

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Estava dormindo quando fui acordado pelo menor que se mexia enquanto dormia. Ele murmurava algumas palavras que eu não entendia, e logo começou a se debater em meus braços, sua voz ficara cada vez mais alta. Ficou claro que Itachi estava tendo um pesadelo. Comecei a chacoalhá-lo, e chamar pelo seu nome, tentando acordá-lo.

Quando seus olhos se abriram, ele imediatamente se sentou na cama em um pulo. Sua respiração estava ofegante, e seu corpo tremia. Suas mãos começaram a arranhar seus braços, seus olhos olhando o quarto como se estivesse procurando por algo. Eu segurei seus ombros com minhas mãos, e imediatamente ele parou de tremer.

— Kisame? - Ele falou.

— Estou aqui. - Eu falei, o puxando para meu colo, o envolvendo com meus braços.

Ele encostou a cabeça em meu ombro, e segurou minha camisa com força. Ficamos assim até ele acalmar. Quando ele se acalmou, eu falei, acariciando sua cabeça.

— Outro pesadelo?

— O mesmo de sempre. - Itachi falou enquanto escorregava para fora de meu colo, deitando novamente na cama, de frente para mim.

Deitei também, de frente para ele, e entrelacei nossas mãos. Eu o olhava nos olhos, e ele me encarava de volta.

— Vai voltar a dormir? - Falei.

— Não. E mesmo se eu quisesse, não conseguiria. - Ele disse.

— Você deveria dormir mais. Amanhã vamos ter uma missão...

— Eu sei, eu sei...

— ... Você tem medo de ter outro pesadelo, né? - Ele relutantemente acenou afirmativamente com a cabeça. - Não vai ter. Eu vou te proteger.

— E como vai fazer isto? - ele perguntou, me fazendo parar para pensar um pouco. Por fim sorri, empurrei seus ombros o deitando de barriga para cima, fiquei por cima dele, e falei:

— Te fazendo cócegas.

— Como é que é?

— Te fazendo cócegas. Assim. - Assim que eu falei isto, comecei a fazer cócegas nele.

Itachi começou a rir involuntariamente, enquanto meus dedos brincavam com suas costelas. 

— Kisame! Haha... Pare com haha, isso! - Ele falou entre risadas. Seus braços tentavam em vão me parar. Quando eu finalmente parei, me deitei ao seu lado na cama de novo. Ele parou de rir.

— Seu tubarão bobo. - Ele falou sorrindo para mim.

Eu sorri de volta, apreciando seus lábios sorridentes. Era tão raro vê-lo sorrir que aquilo se tornara um tesouro para mim. Eu segurei seu rosto fazendo carinho em sua bochecha com meu polegar.

— Eu te amo, sabia? - Itachi falou, retribuindo o carinho que eu lhe fazia em seu rosto no meu.

— Eu também te amo, Itachi. - Eu falei deixando um beijo em sua testa.

Ele chegou seu corpo mais para perto do meu apoiando sua cabeça em meu peito, e eu o envolvi com meus braços. Eu fiquei fazendo-lhe um cafuné, até eu perceber que ele havia dormido de novo.

— E você disse que não iria dormir de novo. - Sussurrei para não acordá-lo, e esperei o meu próprio sono vir.