Dia 7 de outubro, sexta-feira, 19h30

Na casa de Sasori...

— Estranhei quando vi que era você... – Falou Sasori encarando Itachi.

— Precisava ter uma conversinha com meu empresário.

— Claro. Pode entrar! Fique à vontade. – Disse Sasori caminhando lado a lado com o moreno.

— Você já tá totalmente recuperado?

— Estou. Desculpe ter me afastado da banda ns últimos meses. Acabei gerenciando os shows de vocês, mas não acompanhei nenhuma atividade então realmente estou em falta. Se é disso que veio reclamar, eu tenho total consciência.

— Não é disso que eu vim falar. Você é um excelente empresário. Tivemos shows e aparições na Tv durante todo o tempo. Às vendas do primeiro disco também vão bem, mas eu vim aqui para falar de algo pessoal.

— O que?

— Do meu irmão. Eu sei que chantageou Sasuke.

— Eu e o seu irmão nos resolvemos. Nós temos um acordo. Ele lhe falou dessa parte?

— Falou. Na verdade, ele não sabe que eu vim aqui falar com você. Se soubesse, me matava.

— Que bom que sabe que eu e seu irmão chegamos a um acordo de cavalheiros.

— Vocês duelam pelo amor de uma mulher que já fez a escolha. Sakura ama o meu irmão da mesma forma que ele a ama. E ele pode esperar os seis meses que você pediu e nada vai mudar.

— É só isso que veio me dizer?

— Só! Pra ver se cai a sua ficha que a Sakura só vai te odiar quando souber a verdade.

— Eu conheço a Sakura. Ela odiaria seu irmão não a mim. Afinal, o que eu fiz?

— Chantagem!

— Que provas você tem? É a palavra de um contra a do outro. E eu ainda tenho dois meses. Logo a Sakura verá que eu sou o homem da vida dela. Ela está redescobrindo isso nos últimos meses. Sasuke será só uma boa lembrança.

— Se você acha...

— Espero que a nossa relação profissional não seja abalada por causa do seu irmão.

— Não será. Não se preocupe.

— Ótimo! Se é isso peço que vá embora, porque a minha Sakura está para chegar!

Sasori então levou Itachi até a porta de sua casa. Hoje era o dia em que Sakura o visitaria. Depois de ouvir as provocações do Uchiha mais velho, Sasori só repetia em sua cabeça “ela precisa ser minha hoje”. Só assim teria algum tipo de paz.

[...]

Quando Sakura chegou à casa de Sasori, foi recebida com um cálido beijo nos lábios que a pegou de surpresa. No entanto, não retrucou. Andava carente e Sasori supria, de certa forma, os carinhos de que tanto sentia falta. O produtor musical havia preparado um jantar romântico. Sakura achou fofo. O que deixou a médica com um pé atrás havia sido a proposta após a refeição.

— Acho que eu não entendi o que você falou... – Sakura disse.

— Quero que durma aqui esta noite. Comigo. – Enfatizou a última palavra e os seus olhos estavam presos em Sakura que não sabia muito bem como reagir.

— Nós já conversamos sobre isso antes e o nosso trato era nada de sexo.

— Você quer tanto quanto eu. – Falou tranquilamente com uma voz sensual e Sakura ficou arrepiada.

Por um instante, ela ponderou se ele tinha razão. Depois de não conseguir dar uma resposta malcriada à altura da insinuação, percebeu que ele tinha razão. Nos últimos meses, eles haviam recuperado alguma coisa do que perderam após o traumático fim do namoro. Sakura se sentia atraída por Sasori. Até a frequência dos beijos roubados tinham aumentado e nenhuma vez ela parou para reclamar com o “amigo”. No fim, Sasori sabia o que estava fazendo muito mais do que ela. Sakura se deixou manipular. O por que? Talvez ela ainda amasse esse homem, mesmo com a história tendo tido um final ruim. Sasori estava ali tentando reescrever a história deles, reconstruir o casal que um dia foram.

— Eu... – Mas antes que Sakura dissesse alguma coisa Sasori a beijou.

— Você vai gostar. – Sussurou Sasori no ouvido de Sakura e em seguida mordiscou a sua orelha. Foi o suficiente para que a médica soltasse o primeiro gemido.

Depois do ataque, Sasori voltou a beijar Sakura num ritmo intenso enquanto explorava seu corpo com as mãos. O ruivo sentia muita falta daquele corpo. Seus sonhos nunca eram fiéis a realidade. Gentilmente, ele a carregou para o quarto no colo e a deitou na cama, ficando por cima dela. Aos poucos, estavam despidos. Sakura correspondia aos carinhos do ruivo, mas num lampejo de lucidez em meio a tanto desejo, ela o freou.

— Desculpa, Sasori, mas eu não posso. – Sakura disse já se soltando dos braços do ruivo que ficou impaciente.

— Por que? – Ele a encarou chateado, enquanto ela catava as roupas jogadas no chão e se vestia.

— Não tá certo.

— Você e eu somos solteiros, Sakura.

— Meu coração pertence à outra pessoa. – Ouvir aquilo foi como se ela cravasse um punhal no coração de Sasori. Já sem clima nenhum para prosseguirem, o ruivo também se vestiu.

— Eu tenho certeza que eu posso conquistar o seu coração de novo. - Falou confiante e Sakura sorriu.

— Eu também não dúvido. Acho que você percebeu que eu caio fácil no seu charme né? – Os dois riram.

— Pudíamos ter ido até o final pelo menos e só aí você lembrar que seu coração pertence a outro. – Reclamou.

— Quem sabe outro dia? – Beijou o ex na bochecha.

— Vou cobrar como uma promessa, viu?

— Que dramático! – Revirou os olhos, mas Sasori logo a segurou pela cintura.

— Sou um homem apaixonado e por isso não meço meus atos!

— Deixa eu resolver meus problemas, Sasori? Não se torne mais um.

— Você acha que eu posso voltar a ser o Sasori ciumento e agressivo de antes?

— Sinceramente? Eu acho que você melhorou muito! Mas eu gosto do Sasuke ainda. Não posso ignorar isso.

— Tá bom! Serei paciente, mas saiba que eu te amo e estou esperando por você! – Falou sério e Sakura o abraçou.

Assim que Sakura deixou sua casa, Sasori tomou um banho gelado para se acalmar. Foi por muito pouco que ela não tinha sido sua. Sabia que faltava pouco tempo para seu prazo acabar. Dois meses. Sendo que depois do prazo, Sasuke poderia contá-la sobre a chantagem e talvez ela voltasse a sentir raiva dele. Então, Sasori resolveu se antecipar. Não deixaria que Sakura caísse nos braços de Sasuke tão facilmente. Se ele mesmo contasse a verdade para a amada e se mostrasse arrependido, ela o entenderia. Estavam ligados emocionalmente de novo. Com sorte, ela ficaria contra Sasuke por ser capaz de abandoná-la.

[...]

No dia seguinte, Sasori procurou Sakura com o coração na mão. Havia resolvido terminar com seu prazo e deixar nas mãos da amada a decisão. No tempo que passaram juntos ele relembrou os motivos pelos quais se apaixonou por Sakura e um deles era a mulher determinada que ela era. Sasori havia entendido que enquanto ela amasse Sasuke, ele não teria sua chance. Então resolveu jogar limpo, torcendo para que ela o perdoasse.

— O que faz aqui Sasori?

— Queria ter uma conversa com você?

— Sobre o mesmo assunto de ontem?

— Não. É outra coisa. – Disse e Sakura ficou curiosa.

— Quer ir ao meu apartamento para conversarmos lá?

— Quero.

Ao chegarem ao apartamento, Sakura ofereceu água para Sasori que parecia estar nervoso.

— Acho que o assunto é sério mesmo... você está tremendo. – Constatou Sakura, sentando-se ao lado do ruivo.

— Tem a ver com você, comigo e com o Sasuke.

— O que tem o Sasuke?

— Depois de ontem, eu fiquei pensando e acho injusto você não saber a verdade.

— Que verdade? – Perguntou nervosa.

— Eu e ele tínhamos um trato. Se ele ficasse longe de você por seis meses, eu não acabaria com a carreira do irmão dele. Pensei que ele não fosse topar de cara, mas ele nem pestanejou. Estava muito confiante no seu amor por ele. Depois de ontem, eu vi que você realmente o ama e por isso decidi por fim no trato. Caso queira correr pros braços dele agora, você pode ir. Eu não farei nada contra a Akatsuki. Sei que foi horrível o que fiz, mas eu só era um homem apaixonado desesperado por uma chance. – Após Sasori terminar de falar, Sakura deu um tapa na cara dele.

— Vocês dois me trataram como um objeto! – Falou chorando.

— Eu me arrependi, tá bom? Isso é verdade!  - Segurou nos dois braços da médica, fazendo com que ela o encarasse por meio das lágrimas.

— Eu não quero mais saber de você nem dele! – Cuspiu Sakura e abriu a porta para que Sasori fosse embora.

— Tudo que eu fiz foi por amor, Sakura! Uma hora ou outra você ia descobrir a verdade, então preferi contar e por fim nesse plano. Nos últimos meses, eu pude me lembrar do quão maravilhosa você é e sei que merece o melhor. Talvez o melhor não seja eu, mas meu amor é sincero.

— Amor sincero?

— Sim, é sincero. Nunca deixou de ser. Eu sou todo errado, mas meu amor por você é verdadeiro.

— Vá embora!

— Eu vou e não vou te procurar! Sei que precisa de um tempo para dirgerir tudo...

Sakura então fechou a porta com raiva. Como Sasori pode ter manipulado ela com ajuda de Sasuke? Como Sasuke teve coragem de ceder a chantagem? Ela não sabia o que pensar. Ligou então para Konan e a amiga se prontificou a ir vê-la para ajudá-la a digerir a história.

— O Sasori te contou sobre o trato com o Sasuke? – Falou Konan incrédula com a atitude do ruivo.

— Contou! Ele disse que uma hora eu ia descobrir mesmo e que preferia que fosse pela boca dele. Eu nem sei de quem sinto mais raiva!

— Olha, os dois erraram. Só que eu tenho que defender o Sasuke, afinal ele fez isso pra não destruir os sonhos do irmão e dos amigos. Se tem uma coisa que o moreno não foi é egoísta! Coisa que o Sasori sempre foi! O ruivo sempre pensa em si mesmo antes de qualquer coisa!

— Eu sei, mas ...

— Você ama o Sasuke, Sakura! E ele também te ama! Ah se você pudesse ouvir as músicas lindas que ele escreveu pra você e com ajuda do Itachi conseguiu musicar!

— Não quero música nenhuma! Eu só queria que ele tivesse sido sincero comigo!

— É melhor você falar com ele, amiga! Não o julgue antes de conversar! Sasori pode dar seu ponto de vista, então escute o Sasuke também!

— Ok. Eu vou procurá-lo amanhã! Hoje eu to de cabeça cheia e já é muito tarde!