O Livro de Eileen escrita por MundodaLua


Capítulo 26
Velhos Amigos


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas bonitas, chegamos ao último capítulo. Espero que vocês gostem (desculpem qualquer erro), leiam minha avalanche emocional no fim...



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O fatídico dia se aproximava, o dia que eles entregariam o livro de volta para Eileen. Havia se passado 21 anos, com alguns bons momentos e alguns nem tanto. Se perguntassem para o mais velho ele diria que cuidar de uma adolescente era mais trabalho do que ele jamais supusera, ao que a menina provavelmente torceria o nariz. Eileen agora era uma adulta, ou assim ela se dizia. Uma excelente caçadora se perguntassem, mas, embora os dois homens e o anjo fossem perecer alegando que eles treinaram a menina muito bem, sabiam que muita daquela habilidade era natural, a menina era naturalmente boa naquilo.

Quando a hora chegou, a hora de Eileen rever seu velho amigo, Dean, Sam e Castiel já vinham conversando com ela sobre o assunto há algum tempo. No início não foi fácil, houve várias dúvidas, mas isso já era de se esperar. Não entraram em grandes detalhes, fariam isso quando ela já estivesse em posse do livro.

Quando Chuck veio trazendo o belo volume de capa verde aveludada, eles assistiram apreensivos quando a menina o tocou incerta, a face contorcida em algo entre o pavor e a curiosidade – Está falando. - Ela dissera, e quando isso não surpreendeu seus pais, ela pareceu relaxar um pouco. O início foi basicamente como havia sido com a antiga Eileen, ela pode ler as primeiras páginas e foi descobrindo sobre os Mitrahás.

Os irmãos e o anjo esperavam que a menina fosse enfrentar um grande choque ao descobrir que ela não era humana, mas para a surpresa deles, essa Eileen, já tão acostumada ao sobrenatural, pareceu aceitar muito melhor a nova informação. Foi apenas no dia em que eles resolveram contar sobre como a conheceram em sua antiga versão, que algo como estupefação se apossou dela.

A ideia de que os conhecera em outro corpo e vida a desconcertou e a deixou triste ao mesmo tempo. Ela olhou bem para aqueles rostos tão conhecidos e tentou imaginar uma vida em que ela não estava totalmente ligada a eles, uma vida onde ela os conhecera na idade em que estava agora. Parecia errado, e ela decidiu que não pensaria muito sobre aquilo, e não precisou se esforçar para isso, uma vez que o primeiro poder dera o ar da graça.

Um acidente acontecera, como da outra vez, mas dessa vez a vítima não foi um colchão, mas sim uma das estantes da biblioteca, e Eileen não chorou ou se desesperou, ela apenas encarou atônita o espeço vazio na parede por alguns segundos antes de rumar para a cozinha atrás de uma lata de coca, que ela tomou sob os olhares preocupados de seus pais.

Dean e Sam tinham os cabelos completamente brancos agora. O mais novo ainda os mantinha longos, apesar dos protestos do irmão. Cas por sua vez conservava a mesma aparência de sempre. E algo naquele conjunto era o que mantinha Eileen segura quanto ao que vinha acontecendo. Ela jamais admitira, mas ela tinha amado a sensação de ser algo diferente, assim como Castiel era. A menina sempre sentira inveja do anjo, pelo fato dele não envelhecer e dos poderes que ela tantas vezes presenciara. Agora, ela se via em um cenário onde ela também era dotada de magia, e embora estivesse um pouco assustada, a sensação de satisfação sobressaía o medo.

Ela praticou o primeiro poder por várias semanas, ajudando nas caçadas, como havia feito antes. A cada nova coisa destruída, Eileen sentia na mínima vibração de sua pele, algo dentro dela estava mudando, crescendo e se tornando mais forte e poderoso. Quando fechava os olhos e estava em silêncio, se Eileen se concentrasse, ela poderia jurar que sentia a nova essência dançando por sob sua pele. E os sonhos, esses que ela logo descobriu pelos seus pais que eram sonhos premonitórios, mas nenhum deles sabia como eles funcionavam exatamente.

Quando o segundo poder veio, ela realmente sentiu que estava ajudando nas caçadas. Além de destruir barreiras, agora ela também poderia salvar pessoas. Recém-transformados, seja por vampiros, lobisomens, ela pode salvar a todos que encontrou. Poder ajudar dessa forma a deixava cheia de alegria por várias razões, a começar pela óbvia, salvar pessoas. Mas além disso, ela conseguiria dar uma folga a Sam e Dean, que já começavam a fraquejar fisicamente. Era bom saber que ela e Castiel poderiam proteger os irmãos.

O terceiro poder, ela soube, e com essa informação veio toda a história de como sua antiga versão morrera, nunca chegou a ser alcançado. Não havia nada para prepará-los para o que viria, daquele ponto em diante as novidades começaram, e elas não deixaram por desejar.

O terceiro poder, se perguntassem a Sam, era o mais assustador de todos, não por uma questão visual, mas pelo seu efeito. A primeira vez que Eileen o colocou em prática, foi em uma perseguição a um grupo de demônios no Texas. O livro simplesmente começou a brilhar enquanto eles andavam incertos pelo subterrâneo tateando as cegas pelo covil das criaturas. A menina leu o que o poder deveria fazer, e ali um acordo mudo de que ele só seria realizado em casos extremos se fez entender entre o grupo. A terceira magia fazia com que Eileen pudesse “bagunçar” a mente das pessoas, desde criar alucinações, até infligir uma dor que não existia. Quando eles se viram cercados por um grupo de mais de 30 demônios de ordem inferior, ela soube que era o momento de começar a usar a nova magia. Logo os demônios estavam se digladiando entre si, Eileen fez com que cada uma das vis criaturas visse as demais como os irmãos, o anjo e ela.

Quando a menina realizou a magia, Castiel podia jurar que uma aura verde-escuro a envolvia, e toda a cena que se desenrolou naquele ambiente fechado e escuro os assustou de tal maneira, que eles raramente falaram sobre. Foi a primeira vez que Eileen de fato os deixou aterrorizados. Se por um lado, poder sair de um possível embate com demônios ileso era um cenário perfeito de caçada, por outro, assistir a todos eles se estripando e assassinando de uma maneira tão brutal, causou impressão para uma vida.

O quarto poder poderia ser comparado ao terceiro e alguns diriam que eles tinham semelhanças, mas sua magnitude e efeitos eram, na opinião de Castiel, muito diferentes. Ele veio depois de semanas conturbadas com o terceiro poder, e algumas situações que os irmãos e o anjo jamais seriam capazes de esquecer. Eileen parecia aumentar em força a cada minuto, mas seu semblante se torno duro e entristecido no período em que esperavam que o quarto poder viesse. A menina não gostava da expressão que seus pais faziam quando ela usava seu poder de número três, e esperava poder dominá-lo logo. Portanto, quando o número quatro veio, ela se sentiu aliviada.

A quarta magia consistia em poder “trazer o caos”, assim como ela podia mexer com a cabeça das pessoas, esse poder permitia que Eileen fosse capaz de trazer destruição ao ambiente envolta dela. Fosse por meio de fogo, alterando o clima, criando terremotos e outras catástrofes. Eileen chegara a formar um tornado certa vez, um pequeno, que derrubou um Djinn que atacara uma cidadezinha a oeste do Kansas. A menina podia gerar tempestades, abrir crateras, toda a sorte de acontecimentos destrutivos.

Foram semanas interessantes as que precederam o quarto poder. A menina tinha que regrá-lo ao máximo, já que qualquer descuido ou exagero significava a chance de machucar pessoas inocentes.

Além dos poderes a menina vinha desenvolvendo suas visões, o teletransporte e a leitura de mente. Eles a entregaram a mesma luva que a antiga Eileen usava, quando ela já não podia mais tocar nas pessoas sem que acabasse entrando em suas mentes. Foi um momento emocional e a menina achou que o mais velho começaria a chorar, ele colocou a culpa dos olhos marejados na idade.

Quando restou apenas o último poder, o grupo começou a sentir a tensão crescente que geralmente sentimos ante ao desconhecido. A cada novo dia, a ansiedade de Eileen crescia ante a perspectiva de que talvez fosse naquele momento que a quinta magia se tornaria legível em seu livro. E logo a espera findou, e a longa jornada da menina e seu livro começaram seu rumo ao fim.

— Dean! Sam! Cas! - Eileen chamou a plenos pulmões de seu quarto no bunker. Estavam há alguns dias sem qualquer ação, apenas esperando e treinando a quarta magia da maneira mais suave que conseguiam.

Os irmãos correram em direção ao quarto dela da melhor forma que os joelhos cansados permitiram. Castiel simplesmente apareceu a trinta centímetros da cama da menina. Eileen estava sentada numa velha poltrona que ela havia achado escondida no depósito dos homens das letras, o livro em mãos brilhando daquela maneira sobrenatural e mágica. O espanto no rosto dela foi toda a informação que eles precisaram. - Sobre o que ele é? - Perguntou o mais novo.

A menina não respondeu num primeiro instante. Ela lia cuidadosamente cada uma das palavras, que agora eram totalmente legíveis, querendo ter certeza de que estava entendendo direito. - É melhor vocês sentaram. - Ela apontou a cama, Dean e Sam se acomodaram da melhor maneira, Casitel permaneceu em pé, o cenho franzido ao extremo. - Isso não pode estar certo. - Ela balbuciou enquanto lia mais uma vez.

— Eileen. - Castiel chamou, o tom de seriedade e nervosismo em sua voz fez com que o mais velho observasse o amigo, que depois de todos aquele tempo, apesar de ter aprendido a maioria das nuances de ser um humano, continuava com a mesma personalidade de soldado de quando se conheceram – O que está escrito?

A menina levantou os olhos com lentidão, seus gigantes castanhos não mais brilhavam, mas pareciam opacos e assustados. - Aqui diz que a última magia é a de controle. Eu vou poder dominar o fogo verde completamente e poder usá-lo como eu quiser. “O fogo verde destruidor, vindo das chamas de uma estrela morta, cujo brilho etéreo pode hipnotizar, afogar, queimar. Ele é seu novamente, para que só você possa dominá-lo, Cimmeris, essa é a última etapa. Sem treino ou prática, basta dizer a palavra, e nós seremos um novamente, essência mágica e essência da personalidade, como foi uma vez, e como sempre deverá ser daqui para frente”. - Disse, e o entendimento daquelas palavras atingiu seus três espectadores quase que imediatamente.

— Sem treino? - Dean perguntou, a voz mais alta do que pretendia. Ele não esperava que aquele momento aconteceria assim, minutos depois dele ter tomado algumas cervejas e assistido antigos animes de conteúdo duvidoso no notebook de Sam.

— Vai ser fácil assim? - Foi a vez do mais novo perguntar.

— Parece que sim. - Eileen disse. Ela estava a uma palavra de distância de voltar a ser um antigo ser criado pelo universo, e naquele momento todo o peso da realidade caiu nos ombros dela. Enquanto tudo aquilo fora somente sobre treinar os poderes com a perspectiva de algo maior no futuro, Eileen não pensou nas proporções daqueles acontecimentos. Não fora somente poderes legais e superforça, ela não era humana, ela nem mesmo era mais jovem que seus pais. Cimmeris era mais velha que Dean, Sam e até mesmo Castiel. Provavelmente vira várias civilizações nascerem e morrerem. A menina sentiu suas mãos começarem a tremer, e logo um par de mãos maiores se puseram sobre as dela, e um par de intensos olhos azuis se fixaram nos castanhos.

— Você consegue. - Disse apenas, como se tivesse lido a mente de Eileen – Nós ainda estaremos aqui quando terminar. - E então ele sorriu, coisa que ele geralmente só fazia ao redor da menina.

Eileen deu um último aperto nas mãos do anjo, e se preparou para dizer a palavra que definiria seu futuro, mas naquele momento algo inesperado aconteceu, um outro homem apareceu na sala.

— Professor? - Ela perguntou em um grito, pulando em sua poltrona. O mesmo professor que ela não via há quanto tempo? Uns cinco anos? Provavelmente – O que…?

Dean explicou e Sam ajudou. No fim Eileen nem mesmo conseguiu se sentir surpresa, ela apenas encarou aquele homem a sua frente se perguntando como ela nunca notara antes.

— Eu pensei em manter mais um par de olhos nela. - Lúcifer disse e deu de ombros – Até que esse momento chegasse. - E fez um gesto com os braços indicando que o momento era o de Eileen virar Cimmeris.

— Ótimo, estamos todos aqui. - Resmungou Sam, infeliz com o novo participante.

Eileen pousou seus olhos no livro uma vez mais, pensando que a situação não poderia se tornar mais estranha. Soltou a respiração e sentiu seu corpo afundar na poltrona, seus ombros se soltando e toda a tensão do corpo indo embora. Olhou a palavra no livro, pensando que toda aquela inacreditável aventura culminara para aquele momento em especial, e então ela disse – Vihridi. A visão de Eileen foi inundada por um vivo tom de verde. Sua última lembrança corpórea antes de apagar, foi a de tombar no chão de seu quarto.

Tudo que ela via ao seu redor agora, era como um sonho. Eileen assistiu a um filme borrado e difuso que mostrava suas antigas vidas na Terra. A menina se lembrou de tudo em um assalto de memória. Desde a época mais remota, até os tempos da história antiga, primeiro na China, como uma guerreira, depois na Grécia. Logo ela estava no Egito, e então em Roma.

Eileen viu a si mesma sendo julgada em Salem, uma menina de cabelos ruivos, e olhos castanhos, queimando em brasa por pecados que ela não cometera. Sempre lutando, sempre em corpos femininos. Ela lutara pelo direito das mulheres na Inglaterra, fora uma parteira no Brasil. Tantas vidas, tantas lembranças, de pessoas e de momentos. Pais, mães, amigos, alguns amores, mas nenhum filho. As informações tomando espaço numa mente que já não era mais humana e limitada, mas sim numa consciência que poderia abraçar a memória do universo sem esquecer nem um segundo.

E então ela se lembrou de Eileen, seu último eu. Lembrou-se de tudo, do medo, da descoberta do livro e posteriormente dos irmãos. Reviveu a cena no quarto do motel onde ela usou o primeiro poder pela primeira vez. Viu o carro assombrado uma vez mais, e seu dono procurando vingança, viu Pâmela que parecia sempre saber de tudo. Holmes e Watson, Lúcifer, Crowley, Amara, estava tudo lá, e agora as memórias eram dela uma vez mais.

E então vieram as lembranças de Cimmeris, aquelas de antes, quando ela e suas irmãs vagavam pelo universo. E a menina sentiu que estava sorrindo, gargalhando na verdade. Receber aquelas memórias de volta, memórias de universos fantásticos e criaturas incríveis, de terras muito além do pequeno planeta no qual ela fora fadada a morar, a fizeram sentir um júbilo extremo. Ela viu suas irmãs, seus verdadeiros rostos, e sentiu uma vez mais a força da união entre os Mitrahás.

Quando Eileen acordou, ela sentiu tudo diferente, mas, ao mesmo tempo, não tão diferente do que ela imaginou que seria. - Você está bem? - Ouviu a voz de Dean e se virou, encontrando os olhos verdes e cansados do mais velho. Sua mente, agora carregada de tantas lembranças, mas ainda atrelada a essa realidade, se permitiu sorrir. Os olhos preocupados pousados sobre ela não relaxaram ante ao sorriso, e ela soube que havia algo errado.

A menina se ergueu, e viu o que havia de diferente. Uma aura verde a rodeava, tomando a forma de seu corpo. Ela se levantou com cautela e se dirigiu até o espelho de corpo no canto de seu quarto. O que ela encontrou trouxe novamente aquela sensação de felicidade, porque pela primeira vez, o que ela via era ela de verdade. Os cabelos antes pintados de verde, agora eram naturalmente daquela cor, até mesmo as sobrancelhas. Seus olhos, por um segundo não tinham nem íris nem pupila, eram completamente pintados em um tom quase preto de verde, mas voltaram ao seu castanho habitual sob o comando da menina. As unhas eram longas e pontudas, e a pele marcada de pequenas cicatrizes.

— Perfeito. - Ela soltou, virando-se para encarar os demais. Lúcifer e Castiel pareciam maravilhados. O anjo caído em especial, parecia prestes a se ajoelhar diante de Cimmeris. Dean e Sam não compartilhavam da fascinação de seus colegas emplumados, ainda preocupados.

— Eileen ou Cimmeris… - Começou o mais velho, e a menina o olhou da mesma forma que Castiel fizera naquela noite no galpão, com dúvida e um que de admiração, como se fosse a primeira vez que ela o estava vendo – Como a gente deve te chamar? - Mas havia algo na voz dele, ela sentiu, algo como dor.

— Vocês três podem me chamar de Eileen. - Ela disse sorrindo para os irmãos e o anjo – Dean, eu sei o que você está pensando, mas nada nesse mundo vai me fazer gostar menos de você. - E então ela sorriu mais, esperando poder passar a veracidade de seus sentimentos. Era óbvio que ela se sentia diferente, mais poderosa e sábia, sem falar em mais velha, com todas aquelas lembranças. Mas sua personalidade e sentimentos daquela vida estavam tão vivas dentro dela, não, ela jamais os esqueceria e jamais deixaria de adorá-los.

— Você voltou. - Lúcifer pareceu acordar de um sonho, olhando Eileen como se ela fosse um porto de salvação.

— Há quanto tempo Lúcifer. - Disse, agora ela o conhecia, não pelas lembranças de Eileen, mas pelas de Cimmeris. Eles não se abraçaram, ela apenas fez um gesto de cabeça que o anjo espelhou. Mas em seus olhos havia uma promessa de conversas futuras, e como se naqueles segundos em que ficaram se olhando, tivessem falado por telepatia, Lúcifer de despediu e desapareceu – Eu sei o que Lúcifer fez, mas comigo aqui ele não vai causar mais nenhum mal.

— Você se lembra? - Sam perguntou esperançoso.

— De tudo. - Ela respondeu dando um largo sorriso.

— E como você se sente? Com todas as memórias?

— Ótima, como quando você finalmente lembra do significado de uma palavra que você sabe que sabe, mas o cérebro não ajuda a trazer a memória de volta.

— E o que você vai fazer agora? - Dean perguntou, o semblante tristonho.

— Me reunir com minhas irmãs, eu sinto que elas também estão de volta. - Disse isso, e todos pareceram notar, pela primeira vez, que ela estava acendendo e apagando a chama esverdeada do indicador dela, um costume que Cimmeris sempre teve.

— Certo… - O mais velho pareceu se entristecer ainda mais, arqueando os ombros e parecendo muito mais velho.

— Hei! - Ela começou, indo até ele e passando um braço pela cintura de Dean, arranhando suas longas unhas sobre o casaco que ele usava – Eu consigo me teletransportar lembra, nós vamos nos reunir, mas isso não quer dizer que eu não vá voltar. Você não vai se livrar de mim tão fácil. Além do mais, nós somos imortais, quando eu disser para elas que vou ficar com vocês pelo tempo que eu quiser, elas vão entender. Minhas irmãs e eu sempre vivemos nos melhores termos possíveis, tudo de que vamos precisar é de algum tempo para digerir o que aconteceu e matar a saudade. Elas podem até fazer uma visita se vocês permitirem.

Com essa última fala o mais velho não suportou, virou-se para abraçá-la e deixou-se chorar. O mais novo se juntou ao abraço, e logo até mesmo Castiel ajudou a compor o bolinho que eles formavam. - Nós vamos adorar conhecê-las. - O anjo disse, e quando a menina viu lágrimas nos olhos dele, ela agitou a mão, e um breve calor tocou o rosto de Cas, apagando as lágrimas. - Controle do fogo verde. - Eileen disse sorrindo.

— E o livro? - Sam perguntou, tinha a cabeça de cabelos grisalhos repousando no topo da cabeça de Eileen.

— Ele se juntou a mim, é meramente um espectro agora. - Dizendo isso, ela se soltou do abraço, com mais um gesto de mão o volume de capa verde apareceu, mas ele não parecia mais corpóreo, era como se eles estivessem vendo um holograma.

— É claro que o objeto do Mitrahá nerd tinha que ser um livro. - O mais velho soltou, enxugando o rosto úmido. Seu gracejo rendeu um soco no braço dado com mais força do que o pretendido, e um “Desculpe” foi dito, mas entre gargalhadas.

— Você precisa ir ver suas irmãs agora? - Castiel perguntou.

— Não, eu consigo sentir, elas também estão tendo que conversar com entes queridos. Vou sugerir que esperemos uma semana até nos vermos. - E então ela ficou em silêncio por alguns segundos – Feito, uma semana até nossa festa do pijama. Todo esse tempo, e é como se nós estivéssemos sem nos ver há só um dia.

— Bem, se você tem todo esse tempo, que tal nos contar do que você se lembrou? - Sam sugeriu, e todos concordaram que seria interessante ouvir as histórias que Eileen poderia contar de sua época antes de chegar na Terra. Transferiram a conversa para a biblioteca, onde sentados nas cadeiras, munidos de cervejas e refrigerante, ouviram durante a noite inteira, fascinados, e felizes. Dean estava estourando de felicidade em saber que a menina não iria embora, sentimento compartilhado por Sam e Castiel. Era um alívio também, sentir que ela não mudara com eles, e enquanto Eileen falava sobre Orcs (sujos e nojentos Orcs, segundo ela) que viviam em uma dimensão não muito distante da Terra, ela ainda conservava seu entusiasmo infantil e humor.

Eles não ousavam supor o que aconteceria daquele momento em diante, apenas aproveitaram a sensação de dever cumprido. Eileen não desapareceria, e isso para eles era o que bastava, e mesmo quando morressem, assim que fossem para o paraíso, ela sempre poderia visitá-los, e Dean fez jurar que ela o faria. Mas as feições dela falavam por si, lá estava o mesmo amor e adoração de antes, talvez até maiores agora. Quando Sam e Dean cederam ao sono, restaram apenas os que não dormiam, e durante mais um longo tempo, Castiel e Eileen trocaram histórias sobre a Terra.

Eileen se sentiu completa uma vez mais, tinha seus pais, suas irmãs e seus poderes de volta, suas memórias também. Ela sentia uma felicidade que ia além de qualquer explicação, afinal aquele poderia ser o fim de uma longa jornada, mas não era o fim da história.


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Notas finais do capítulo

Em primeiro lugar eu queria agradecer a todas as pessoas que acompanharam a história até aqui, todo mundo que me deu força com os comentários, elogiando os capítulos.♥ ♥ ♥
Eu nunca imaginei que a história teria o apoio que ela teve, minha primeira fanfic, minha primogênita, e me deixa imensamente feliz saber que ela teve uma repercussão tão positiva. Eu tenho muito problema para terminar minhas histórias, mas ver que as pessoas realmente estavam acompanhando me deu força de vontade para escrever cada capítulo, mesmo que as vezes eu estivesse meio triste ou cansada. Se essa fic chegou até o fim foi por vocês leitores.
Eu espero que vocês tenham gostado da jornada até aqui, e quem sabe nós não nos veremos em uma outra história...



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