À Espada Pelo Sangue escrita por LahChase


Capítulo 6
Capítulo 6 – Sou capaz de vencer qualquer competição de esquisitices.


Notas iniciais do capítulo

Olá meu povo ^^
Aqui está o sexto capítulo
(Desculpem a demora, tive uns probleminhas com a internet e com a imagem hehe)
Espero que se divirtam
Vejo vocês no final ^^



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Quando chegamos à arena, já havia semideuses treinando. Eles lutavam com fúria, chegando a quase deixar seus oponentes sem nenhuma parte do corpo intacta. Por sorte, seus oponentes eram apenas bonecos de palha.

Olhei de um lado a outro e vi Percy e Michael lutando um contra o outro. O tempo todo Percy desarmava Michael, que simplesmente voltava a pegar sua espada e continuava a luta.

Nós nos aproximamos um pouco mais dos garotos e eu percebi que Percy estava lhe ensinando.

— Mantenha a espada em riste - Percy dizia - Agora bloqueie.

 Ele atacava e Michael bloqueava.

— Bom. - aprovou - Agora vamos fazer uma pausa. Estou com sede.

— Não vale. – Michael brincou – Se você tomar água não vou ter a menor chance.

Os dois vieram até nós.

— Oi - Michael disse – Como vai o primeiro dia da minha maninha?

— Bem – Shayla falou, sorridente.

— Olá Yew. – Eu disse.

— E aí, May? – Ele falou – Como vai o ombro?

— Bem, eu acho. – respondi, novamente me dando conta que havia esquecido do machucado – Mais tarde você vai lá no Chalé trocar as faixas, certo?

— Sim. – ele disse.

— Ah não, Cabeça de Alga – Annabeth disse enquanto afastava um Percy todo suado dela – Nem pense que eu vou te beijar desse jeito. Argh!

Percy riu e depois se virou para nós.

— Como vão? – ele perguntou.

— Ótimas! – Shayla respondeu – Já fizemos até a aula de arco e flecha com Annabeth.

Michael olhou para Annabeth.

— Você levou a May para a aula de arco e flecha? – Ele perguntou.

— Sim. – ela respondeu.

— Annabeth, ela não pode fazer esforço com o braço. Acho que deixei isso bem claro. – Ele disse, exasperado.

— Eu avisei. – Falei.

— Agora já era – Annabeth disse simplesmente.

“Quanta preocupação” Pensei.

— Isso pode ter feito com que o ferimento piore. – Michael falou – Acho melhor nós vermos isso agora mesmo. Ande, May.

— O quê? Pra onde vamos? – perguntei confusa.

— Para a enfermaria. – Ele respondeu pegando em meu pulso e me arrastando para lá.

Lá se foram os meus planos de não pisar na enfermaria no primeiro dia.

— Michael, eu estou bem – falei – Para falar a verdade, eu nem senti nada durante a aula.

— Impossível. – Ele disse.

Quando chegamos à enfermaria, um dos irmãos de Michael se aproximou de nós.

— Olá. – ele disse - Precisa de ajuda, Mich?

 - Já disse para não me chamar assim, Oliver. – Ele respondeu - E não. Pode deixar que eu cuido dela.

Oliver deu de ombros e saiu andando.

Eu me sentei e Michael começou a desenrolar as fixas do meu ombro. Senti um arrepio ao pensar em como a garra do monstro havia atravessado meu corpo. Eu ainda não havia visto o ferimento, mas não tinha certeza se queria.

— Não sei se teria coragem para fazer o que você faz. – eu disse.

— O que? - perguntou.

— Isso de ter que mexer com sangue e essas coisas. – eu disse - Você não sente nojo?

— No começo era mais difícil, mas depois de um tempo você se acostuma – Michael disse – Você percebe que ajudar alguém vale o esforço. E ser um filho de Apolo facilita muito as coisas.

— Imaginei. – Eu disse – Sabe, é realmente legal que esteja me ajudando. Obrigada.

Michael sorriu.

— Por nada. – ele respondeu, dando de ombros, e então olhou para mim com uma expressão divertida – Ah, olha, parece que fiz uma nova amiga.

Eu sorri e ele voltou a desenrolar as faixas. Eu me segurava para não olhar para o ferimento enquanto ele as tirava.

— Por um deus! – Michael disse quase num sussurro – Isso é... Inacreditável!

— Está tão ruim assim?- Perguntei já com medo da resposta.

— Ruim o quê!? - Michael exclamou - May, o ferimento nem existe mais! Está totalmente curado!

— Como assim? 

— Olhe! - ele sugeriu.

Olhei para meu ombro com cautela. Michael estava certo: não havia mais corte algum, apenas uma cicatriz branca.

— O que... Como isso é possível? - Exclamei.

Ele ficou mudo, com os olhos arregalados fitando meu ombro fixamente, como se ao continuar olhando a ferida fosse voltar. Senti meu coração acelerar, começando a ficar nervosa. 

— Michael? - Chamei e ele despertou. 

— Não sei. Talvez... – Eu quase podia ver engrenagens girando na cabeça dele - Talvez... Quem sabe o néctar... Não tenho certeza...

— A comida dos deuses? Que relação poderia ter?

— Quem sabe você possa metabolizar melhor... E-eu não sei – Michael disse um tanto confuso - Preciso falar com Quíron para ver se ele tem respostas mais concretas.

— Isso é... hum, bom?

Michael suspirou.

— Não posso afirmar ao certo. Talvez sim. Mas acho melhor que você não consuma Néctar nem Ambrósia até que a gente saiba o que isso é.

Assenti enquanto tentava absorver a ideia. Por que uma coisa dessas tinha que acontecer comigo? Desde minha chegada ao Acampamento, tudo de mais estranho tinha que acontecer comigo, e o mais normal até agora tinha sido ganhar um filhote de coruja. Em um dia eu estava curada? Mas que tipo de mundo louco era aquele?

Afastei esse pensamento e tentei me concentrar em outra coisa.

— Eu posso voltar para a aula de esgrima agora? - perguntei.

— Definitivamente não! – Ele disse – Não tem como depois de uma coisa dessas...

— Por favor, Michael... – falei, fitando o chão – Eu só queria começar meu primeiro dia no Acampamento do mesmo jeito que todo mundo começou. Pelo menos isso podia acontecer como normalmente acontece.

Ele suspirou.

— Mas não você não deve se arriscar, May.

Olhei para ele.

— Vai ficar tudo bem. – afirmei – Se alguma coisa ruim acontecer, venho direto para cá, prometo.  

Ele não respondeu.

— Por favor! – repeti, fazendo minha melhor cara de pidona.

Michael riu, o que foi bom, pois eu não queria que ninguém ficasse preocupado por minha causa.

— Tudo bem. – ele disse – Depois da aula você vai ver Quíron, certo?

— Certo. – concordei já me levantando e saindo seguida de Michael.

— Você vai vir comigo.

— Eu acho que não. Eu devo falar com Quíron logo...

— Nada disso. – falei – Eu não perguntei. Você vem comigo. Quero te ver lutando contra mim.

Ele sorriu.

— Você não tem chance – disse ele.

— Aposta quanto? - Falei.

— Tanto quanto apostaria que não chega lá primeiro do que eu.

— Ah é? Tente ser mais rápido!- Eu disse e disparei em direção à arena com Michael reclamando que eu havia saído primeiro.

 

 

Cheguei antes de Michael, é claro.

Annabeth, Percy e Shayla ainda estavam lá. Annabeth tentava ensinar Shayla a lutar com a adaga enquanto Percy apenas olhava.

Assim que cheguei, ele veio até mim.

— Já? – ele disse.

— É... – eu disse ofegante.

— Estava correndo?- ele perguntou. – Pensei que estivesse doente.

— Apostei corrida... Com o Michael. – Arfei. – já estou... melhor.

— EI! - Ouvi Michael gritar atrás de mim. – VOCÊ TRAPACEOU!

Eu me virei e dei com ele correndo em minha direção.

— É ISSO AÍ! – Gritei para ele – UM PONTO PARA MIM!

Ele chegou mais perto e disse:

— Ainda vou te vencer numa outra vez, espertinha.

— Nunca! - eu falei sorrindo.

— É o que veremos. – ele disse e pegou a espada mais próxima.

— O que vai fazer? - perguntei.

— Você não queria ter aulas de esgrima? Pois eu vou te ensinar algumas coisas.

Ele preparou a espada. Eu puxei minha pulseira, que se transformou na minha espada de prata.

— Prata? – Percy perguntou.

— Presentinho de Atena. – Falei sem olhá-lo - Por alguma razão, ela preferiu a prata ao bronze.

— Ah.

Michael atacou, senti um frio na espinha e deixei-me levar por extinto: eu desviei para a esquerda e rebati. O golpe foi aparado com firmeza e devolvido com força em um arco diagonal. Minha espada rolou da minha mão direto para o chão. Segundos depois voltou a ser uma pulseira. 

Ergui as sobrancelhas, surpresa. Acho que o subestimei por vê-lo perdendo para Percy.

— Ponto para mim. – ele disse - Agora temos um empate.

Uma ideia me ocorreu. Como um raio, girei, jogando a perna de trás para frente, atingindo seu pulso com o calcanhar e derrubando a espada de sua mão. Rapidamente, dei-lhe uma rasteira e ele caiu no chão extasiado. Simulei um soco em seu estômago para finalizar.

— Errado, Michael. – eu disse, ainda com o punho apontando para seu corpo – Mais um ponto para a filha de Atena aqui. O que significa que estamos dois a zero, para mim.

— Ai. – Michael disse simplesmente, ainda caído no chão. 

— May, isso foi de mais! – Percy falou.

— Nem tanto. – eu disse sorrindo – Eu pratico Karate, então esse não foi meu pior oponente.

Ajudei Michael a se levantar.

— Precisava disso? - ele perguntou enquanto mexia no pulso que eu havia atingido. 

— Você não me deixou escolhas. – eu disse - Só deu assim.

Michael revirou os olhos e Percy riu.

— Acho bom você só lutar com ela de novo quando souber algo sobre Karate. – Percy disse.

Eu ri.

— Foi mal, Mich. – Eu disse.

— Ah, você também não! – ele reclamou – Já disse que não me chame assim. Meu apelido é Mike.

— Tá certo, Mich.

Ele revirou os olhos.

— Você é tão irritante quanto seus irmãos.

Eu ri. Annabeth e Shayla caminharam em nossa direção.

— E aí, como vai o ombro? – Ela perguntou e meu riso morreu.

Eu e Michael trocamos olhares e tivemos uma conversa silenciosa, como se fossemos velhos amigos. Digo?— Perguntei. Faça o que quiser. — ele respondeu, dando de ombros.

Virei-me para Annabeth, que nos olhava como se tivéssemos acabado de cair do espaço.

— Hum, vai bem, mas... – minha voz falhou, ainda indecisa.

— Mas...? – Ela incentivou.

— Olhem, nós não sabemos ao certo o por que, por isso vocês não podem falar para ninguém.

— O quê? – Shayla perguntou curiosa.

— Michael... – Eu disse indicando que ele deveria falar.

Ele suspirou.

— O ferimento dela já está totalmente cicatrizado. – Ele disse.

— O que? - Percy exclamou - Mas como isso é possível?

— Não sei direito. – Michael disse – Minha teoria é que talvez ela metabolize mais rápido o Néctar e a Ambrósia.

— Vocês precisam falar com Quíron sobre isso. – Annabeth disse, mas não parecia particularmente surpresa. Perguntei-me o que exatamente ela estava escondendo, mas guardei a pergunta.

— Amanhã falamos com ele. – Decidi.

— May, precisamos informá-lo. – Michael apontou - Se sua vida estiver em perigo...

— Em perigo? - repeti - Michael, meu corte ficou sarado mais depressa que o normal e você diz que posso estar em perigo? Isso deveria ser uma coisa boa, e não ruim.

— Nós não sabemos os motivos! – ele disse – Pode ser que não seja exatamente alguma coisa positiva!

— Ora, não me venha com essa. – senti meu rosto esquentar de irritação.

Ele percebeu e levantou as mãos em um gesto de paz.

— May, confie em mim. Nem sempre as coisas são o que parecem ser. Tudo bem, falamos com ele amanhã, mas vou ficar de olho em você.

— Ah, que ótimo! – reclamei, mas minha irritação desapareceu. – Meu primeiro dia e eu já arrumei uma babá! 

— Muito engraçado, espertinha. – ele falou com sarcasmo e segurou sua espada – Mas vamos ver se seu senso de humor sobrevive à minha revanche. 

— Ah, isso com certeza! – Sorri e brandi minha espada.

 

 

A disputa acabou se transformando em aula, e não computamos os pontos. Depois que Percy e Annabeth saíram, Shayla quis mostrar a Michael sua habilidade com o arco. De má vontade, eu fui obrigada a exibir a minha também.

Michael montou os alvos e nos fez ficar na postura. Ele provavelmente viu estampado em minha cara a minha indisposição então focou total atenção em Shay, apesar de eu continuar atirando. Observei os dois pelo canto do olho com certo divertimento. Eu havia percebido mais cedo que ela parecia admirá-lo, e a cena dos dois juntos confirmou: eles pareciam a típica irmã mais nova que quer impressionar o irmão mais velho. Eu ri com a ideia. Isso era de se esperar, visto que Shayla era muito facilmente impressionada.

— Encoste o indicador na bochecha, não o polegar. – Michael falou – E tente não manter a corda tensionada por tanto tempo, ou seus braços começarão a tremer. Visualize, mire e atire. Quanto menos tempo você precisar para soltar a flecha, melhor. Mas também não sacrifique a precisão pela velocidade.

Shayla liberou a flecha. Ela voou graciosa até o alvo e acertou o círculo branco ao redor do centro.

Michael ficou surpreso.

— Nossa, muito bom.

Voltei a atenção para meu próprio alvo, e puxei a corda. Mirei e soltei. A flecha cravou-se no terceiro círculo de dentro para fora, ou seja, um atrás do de Shayla.

Tentei não ficar frustrada por não conseguir fazer o mesmo. Era a primeira vez que ela me superava em um esporte de forma tão avassaladora. Claro, Shay sempre fora uma pessoa atlética, mas quando o assunto era disputar comigo, ela não costumava vencer. Eu estava plenamente consciente, no entanto, que ela nunca competia comigo de verdade, então eu apenas podia imaginar se ela venceria ou não. Agora que ela se empenhava para valer nos tiros, pude perceber o quanto era boa.

Eu não estava chateada com ela por isso, claro. Estava chateada comigo. Verdade seja dita, eu sempre detestei não ser boa em algo tanto quanto sempre detestei não saber de alguma coisa. Cada vez que o tiro ia para longe do centro, precisava me controlar para não soltar fogo pelas narinas. Na minha opinião, fiz um ótimo trabalho em esconder minha fúria infantil, mas Shayla percebeu e tirou alguma brincadeira. Qualquer um teria ficado pior com isso, mas quando Shay falava, eu não conseguia ficar com raiva, então acabei me acalmando.

— Você está indo bem, May. – Michael falou baixinho para mim enquanto tocava em meus braços, ajustando minha postura – Não fique frustrada por não ser como Shayla: é raro ver mesmo filhos de Apolo que comecem tão bem quanto ela. E os demais normalmente nem chegam perto de você.

Sorri involuntariamente. E então me repreendi por entregar meus pensamentos tão facilmente. Mas o que eu podia fazer? Michael parecia conseguir me ler tão bem quanto Shayla.

Minha mente se dividiu entre o tiro e minha reflexão sobre meu mais recente problema: a facilidade com que eu estava perdendo o controle. Havia decidido não conversar com Shayla sobre aquilo ainda, e tinha guardado uma esperança de que acordasse pela manhã com a cabeça no lugar, mas o fato de que uma mera atividade como aquela ser capaz de me perturbar tanto já era prova de que nada estava resolvido. Eu tinha que fazer o possível para manter a moderação.

Ao que parecia, eu estava me irritando pelas coisas de sempre, sendo que a raiva vinha dez vezes mais forte. Sendo assim, tudo que eu tinha que fazer era evitar ficar irritada, agir com indiferença àquilo que costumava me atingir.

Suspirei, soltando mais uma flecha. Ela atingiu o centro. “Isso vai ser mais difícil do que parece”.

 


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Notas finais do capítulo

Oooi gentee
Eu lhes apresento Michael Yew, o cara que sempre sabe o que dizer para acalmar a May. hehe

Então, espero que vocês tenham gostado do capítulo ^^
Como a fic ainda está nessa fase com um ritmo mais leve, decidi postar em intervalos menores, o que acham? Sendo assim, o próximo capítulo sairia na Quarta.

Achou algum erro? Tem alguma coisa que preciso melhorar? Ou mesmo quer dar aquela forcinha super importante? Fala pra mim aí nos coments ^^ Seus comentários lindos sempre me deixam muito feliz e motivada a escrever mais :3
O próximo a aparecer será o Drake, ok? ;)

Enfim, obrigada por estarem acompanhando, e espero poder cativá-los ainda mais ^^
Beijos e até a pórxima ^^