À Espada Pelo Sangue escrita por LahChase


Capítulo 21
Capítulo 18 – Liebesleid


Notas iniciais do capítulo

Oii .-.
Aí está o capítulo 18.
O nome do capítulo é o nome de uma música clássica (também conhecida como Love's Sorrow, a Dor do Amor), de Rachmaninoff.
Essa música foi a que estive ouvindo ao escrevê-lo, então posso dizer que recomendo que escutem enquanto leem. (Para ficar melhor encaixado no tempo, comecem a música no momento em que aparecer a frase "Ele avançou, espada em riste", embora desde o começo também sirva)
{Eis o link: https://www.youtube.com/watch?v=_sbAtt4w6ZU&index=6&list=PLAXQ7LqyLUylqvZIKz9hCZf75-viNOpQp }

Bom, sem mais delongas...
Vejo vocês lá no final ^^



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Eu lutei com todas as minhas forças, mas nada fui capaz de fazer enquanto o eidolon, empunhando uma espada de Bronze Celestial, massacrava minha família.

Meu pai estava de frente para mim, seu corpo cortado em vários lugares, a respiração pesada. Ele segurava a espada com uma mão e pressionava o lado de seu abdome com a outra, onde um ferimento profundo o fazia sagrar. A luta fora feroz, embalada ao som da música “Love’s Sorrow” que ecoava pelo sistema de som da casa alto o suficiente para que os vizinhos não nos ouvissem, e meu próprio corpo estava muito ferido.

Seus olhos se moveram até onde o corpo de Layla pendia, imóvel, sobre o sofá. O eidolon havia cruelmente enfiado a espada de bronze que carregava em sua barriga, e a vida sumiu de seu rosto. Foi aí que perdi a força, caindo de joelhos em minha prisão, agarrada à grade, sem esperanças, gritando de dor.

Tentei clamar para que meu pai fugisse, mas seus pés permaneceram firmes no chão. Ele estava esgotado. O braço que segurava a espada estava tremendo, e eu podia ver a dor em seus olhos. No entanto, eu sabia, ele lutaria até o fim, colocando-se entre meu corpo e a escada que levava ao andar de cima, onde Layla provavelmente havia escondido meus irmãos.

— Renda-se, Greno. – disse o monstro em meu corpo – E talvez eu tenha misericórdia de vocês. Vê a sua esposa? – ele apontou com a lâmina – Não acho que esteja morta. Pelo menos ainda não. Mas posso livrá-la. Só preciso pedir que um de meus irmãos a possua, e ela se recuperará logo. Seus filhos também não precisam morrer, embora eu não possa fazer nada por você. Quanto tempo lhe resta? Quem sabe um ou dois meses? Você vai morrer de qualquer jeito, mas pode salvar seus filhos da morte...

— Cale-se. – meu pai rosnou. Vi a determinação em seu rosto, apesar da dor.

— Acho que isso é um não, então. Esperto. Eu jamais os pouparia, de qualquer jeito. Você levou muitos dos meus irmãos, Jack Greno. Vai pagar por isso.

Ele avançou, espada em riste. Meu pai desviou do primeiro ataque, e tentou contra-atacar com uma investida direta, mas o eidolon desviou sem esforço, fazendo com que ele passasse direto, ficando de costas para nós. Então, ainda virado, ele segurou a espada ao contrário, com a lâmina virada para o meu corpo, e a impulsionou para trás pela esquerda, perfurando as costas do meu pai, e retirando em seguida.

Ele gritou de dor. A espada escapou de suas mão e ele caiu de joelhos, o sangue pingando no chão.

— PARE! – gritei em desespero, as lágrimas rolando. – Por favor, pare!

— Observe, criança, – o eidolon falou para mim – enquanto nossa raça se ergue, e seus parentes são massacrados. Veja e trema diante de nós, pois seremos a sua ruína.

Continuei implorando em angústia. Era tudo que eu podia fazer agora, e isso estava me matando.

Meu pai apoiou-se na parede e levantou novamente. Ele olhou para nós, percebendo a fala do monstro, e, fraco, disse:

— Quebre as barras, May. Precisa quebrar as grades.

Arquejei. Ele estava falando diretamente comigo, percebi. Mas... quebrar as grades...? De repente entendi. A gaiola era minha prisão. Enquanto eu estivesse presa nela, o eidolon me controlaria, mas se eu me libertasse, devia ser capaz de reaver o controle.

— Cale-se! – ralhou o monstro.

Ele voltou a atacar, chutando-o na barriga, onde o ferimento sangrava. Meu pai caiu no chão, de costas, os pulmões esforçando-se terrivelmente para respirar. Ele esticou o braço, tentando alcançar a adaga de Layla, caída a um metro dele, mas meu corpo avançou, pisando em seu abdome castigado, fazendo-o contorcer-se em agonia.

Gritei novamente. Não podia mais aguentar aquilo. A visão do meu pai, a quem eu amava mais do que a qualquer um, sendo despedaçado e pisado daquele jeito me era insuportável. Golpeei as grades da gaiola com os punhos em um estado de cólera, fazendo toda a estrutura estremecer.

— DEIXE-O! – esbravejei, desferindo socos firmes contra as barras.

Rachaduras começaram a aparecer por toda a extensão da gaiola.

O eidolon empunhou novamente a espada, e a ergueu sobre a cabeça.

Soquei mais rápido, até mesmo minhas mãos reais começaram a sangrar, uma dor excruciante percorreu meus braços, mas não parei.

— Tomaremos o seu mundo, mataremos os seus deuses, e aniquilaremos sua família – A voz gélida do monstro parecia ainda mais cruel – Diante disso, Greno, desespere-se.

A gaiola rangeu. Gritando em furor, girei e desferi um último chute contra minha prisão. Pedaços dourados voaram para toda parte. Fechei os olhos com força, numa tentativa de impedir que os estilhaços os atingissem. Senti como se tomasse um choque térmico, meus membros arderam em dor, minha cabeça parecia querer explodir, senti um gosto metálico na boca. Quando abri os olhos novamente, estava descendo a espada em direção ao peito do meu pai.

 

 

Consegui parar a espada a tempo, mas ainda assim era tarde demais.

— Pai! – gritei, caindo de joelhos ao seu lado – Esteja vivo, por favor, esteja vivo...

Seus olhos tremeram e abriram. A respiração arquejante expressando sua dor.

— May... – ele sussurrou.

— Graças aos deuses! – chorei, beijando seu rosto ensanguentado.

Meu pai agarrou meu braço com força.

— May. – ele disse, seu tom urgente. – Precisa sair daqui. Agora.

— O que? – sequei as lágrimas, confusa. – Não, eu não vou a lugar algum, pai.

— Perigoso! – exclamou, a voz rouca.

— Não – falei suavemente – Não há mais perigo. Ele se foi, vencemos.

Ele balançou a cabeça, e apontou para o corpo de Layla. Ela estava tendo espasmos, como se tremesse de frio.

— Mas o que..?

— Eles a estão curando, para possuí-la. – meu pai disse, fazendo esforço para respirar – Você precisa pegar seus irmãos e sair daqui, agora!

— Não! Eu não vou te deixar aqui, pai. Você precisa de um médico – ele começou a negar com a cabeça – Se eu te deixar eles vão matá-lo! Como espera que eu faça isso? – clamei – Por favor, pai, por favor! Você precisa viver. Precisa.

Ele ergueu a mão, e eu me calei, lágrimas silenciosas escorreram pelas minhas bochechas.

— Filha, prometa pra mim que vai cuidar de seus irmãos. – pediu.

— Eu não preciso. – insisti – Você vai cuidar deles... Eu não vou deixar você morrer.

— Ah, querida... – seu tom carinhoso e seu esforço descomunal para pronunciar cada palavra fizeram minha certeza desmoronar – Não está em suas mãos. Acredite, um filho de Apolo sabe quando não há mais nada que um médico possa fazer. – ele tossiu e cuspiu sangue. – Pegue seus irmãos. Há uma mochila com eles com tudo o que precisa. Salve seus irmãos. – repetiu - Salve os Greno.

Balancei a cabeça, aflita demais para responder.

—E, May, isso não é culpa sua. Eu amo você, ok? – Sua voz agora era quase inaudível.

— Eu te amo, papai.

Quando o piano tocou suas últimas notas dolorosas, ele sorriu fracamente, e, depois de lançar um olhar carinhoso para o corpo de sua esposa, a vida se foi de seus olhos.

Minha boca se abriu em um grito silencioso, afogado em desespero. Lancei-me sobre o corpo do homem que dera a vida por mim, abraçando-o, molhando-o com minhas lágrimas de agonia. Berrei, aflita. A dor me pareceu pior do que qualquer lâmina poderia causar. Desabei em seu peito, completamente prostrada.

Eu matara meu próprio pai.

 

 


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Notas finais do capítulo

...
Aaahn... Não sei o que dizer agora >.<É um momento terrível para a May, né? Até o meu coração está partido.
Então, viram algum erro? Preciso melhorar alguma coisa? Alguma sugestão? O que acharam da música? Ela se encaixou no capítulo? O que mais gostou (ou odiou) neste capítulo? Deixa aí nos comentários ^^
Bem, estou meio que de luto aqui pela morte de Jack, confesso... O próximo capítulo extra será sobre ele (não decidi ainda se o postarei depois do 18, que sai no próximo sábado, ou do capítulo 19. O que querem?).
Ah, e estive pensando em anunciar nas Notas Finais o nome do capítulo seguinte. Por exemplo: Capítulo 18 - Acho Meu Exorcista. O que acham? (Por favor, ajudem-me a decidir!! >.< )
Enfim, vou ficando por aqui ^^
Beijos e RIP Jack Jacobs Greno :'(