Caminhantes escrita por Serin Chevraski


Capítulo 95
Depois das más, as boas virão




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Lucy POV

Quando embarquei no trem, me senti meio tonta e enjoada. Tropecei levemente e alguém me segurou.

— Você está bem? -uma senhora apoiou meu braço firmemente.

— Sinto muito -sorri- Não sei o que acontece comigo ultimamente...

— Sua pele está meio pálida -a preocupação nos olhos dela eram evidentes.

— O que houve? -um outro desconhecido com aparência de um culto estudioso, se aproximou.

— Essa garota parece não estar se sentindo bem -a mulher que está me apoiando, falou.

— Eu estou bem... -insisti.

— Eu sou médico, posso olhar seu pulso um pouco? -o homem de óculos estendeu a mão, pegando meu braço.

Então seu rosto ficou surpreso, e sorriu gentilmente.

— Oh, você precisa se cuidar mais, garota. Os primeiros estágios são sempre muito difíceis.

— Primeiros estágios? -fiquei confusa.

— Já vi várias descuidadas como você antes. E devo te repreender para cuidar mais do bebê.

Empalideci com suas palavras.

Um apito soou, dizendo que o trem está preste a partir.

— Que bom que não era nada grave -a senhora que me ajudou antes, sorriu e se afastou.

— Bem, eu vou para o meu assento, se cuide, minha jovem.

— Espere -o parei- É por isso que sinto tanto sono esses dias?

— Ah, isso é normal, sabe? Mas... -ele olhou para o meu estômago ainda liso- Isso deveria ser um sintoma de alguns meses? Parece que você é do tipo que não tem inchaço na barriga? -ele riu.

Fiquei pasma.

Não... A minha primeira vez foi não há alguns dias atrás, ao redor de uma semana? Como é que tenho sintomas de "alguns meses"?

O homem já sumiu entre a multidão. Tudo que pude fazer e ir para o meu próprio assento. Fiquei ao lado da janela e franzi as sobrancelhas.

Toquei levemente a minha barriga lisa. Fechei meus olhos.

Vamos tentar averiguar...

No meu coração tem o mana do Rogue. Mas estava meio estranho, algo que não senti antes.

Uma linha fina se arrastou para baixo e conectou em algo no meu ventre.

Uma pequena energia meio caótica que estava sendo equilibrada com a ajuda da mana do Cheney.

Meus dedos paralisaram.

"Os dragões tem uma mana que os fazem difícil de conceber"

Se o meu sangue... A minha magia e a de Rogue se misturou... Significa que pode ter um conflito mágico na criança? Ou uma rejeição da criança no meu corpo?

Eu posso sentir. É pequeno, mas consigo sentir. Uma pequena força que parece desaparecer facilmente. Um conflito que é frágil e inconsistente, ameaçando a sumir. Mas a mana de Rogue está firmemente protegendo essa semente, o ajudando a estabilizar e misturar as magias, lentamente. Em consequência, sugando parte da minha energia me deixando sonolenta.

Abracei meu ventre, tremendo. 

Um bebê...

Meu e de Rogue...?

Meus olhos lacrimejaram. Foi uma surpresa.

Uma surpresa que de repente se transformou em alegria.

Oh meu deus.

A pequena vida estava lutando para continuar a existir. E isso emocionou meu coração.

Bebê... O meu bebê.

Minhas lágrimas caíram.

Era apenas uma semente. Que eu descobri agora pouco. Mas no mesmo segundo que soube da sua existência, meu amor despertou.

Foi algo natural.

Bebê, você consegue.

Torci pela criança que nem mesmo se formou.

O trem já estava em movimento. E nesse momento, comecei a sonhar, enquanto acariciava meu ventre.

Olhei pela janela, pensando nisso. Uma criança. Entre eu e Rogue. 

Sorri tolamente. Como seria? Se pareceria mais a mim ou a ele?

No fundo do meu coração, queria um bebê parecendo a um mini Rogue. Seria lindo e adorável. Fiquei emocionada só de imaginar. 

Mas uma linda loli, assim como Roguinia, seria maravilhosa.

Bebê, você tem que crescer forte...

Fiquei cada vez mais sonolenta. E adormeci com um sorriso nos lábios.

Em vez de ter um sonho, senti a pequena semente lutar bravamente, como uma pequena estrela que briga para brilhar no céu. Sem deixar ser apagada.

Me senti em paz. Ah, quando eu ver Rogue, preciso contar isso para ele.

Os vagões estavam cheio de conversas de outras pessoas, e os trilhos tremeram levemente.

Fiquei assim por muito tempo. Até que o trem parou. Fazendo um alto apito, abri meus olhos lentamente...

Me levantei e segui o mar de pessoas que também estavam saindo.

Finalmente pisei aqui novamente. Voltei para Magnólia.

Respirei fundo. Meu coração balançou ao ver as ruas familiares. A cada passo que dei na estrada de pedras, entre as pessoas alegres, me senti mais emocionada.

Senti um tambor no peito cada vez mais alto. E o prédio da Fairy Tail apareceu nos meus olhos.

Minha respiração ficou nervosa e me aproximei.

Ergui minha mão para abrir a porta. 

Fechei meus olhos e empurrei.

A primeira coisa que vi, foram canecas voando. Junto com raios de gelo e fogo sendo soprado no ar. As pessoas gritando.

Natsu caiu em cima de uma mesa, destruindo o móvel em dois.

— MALDITO PICOLÉ CONGELADO! -ele berrou.

— CAI DENTRO, LAGARTIXA CHAMUSCADA!!

— Eu aposto 100 Jewels no Gray! -Jet gritou.

— 250 no Natsu! -Cana riu, erguendo a caneca de cerveja.

Essa visão nostálgica me fez sorrir.

Então pelo canto, vi Gajeel bagunçando a cabeleira de Levy-chan. Os meus olhos se encontraram com o Dragon Slayer do ferro. Ele arregalou os olhos surpreso.

Eu balancei a palma, dando tchauzinho para ele. Então o homem sorriu e cutucou a garota ao lado dele. Nesse momento, a minha melhor amiga virou o rosto para mim. Ela congelou.

Pude assistir como os olhos dela marejaram.

— LU-CHAN!! -ela gritou bem alto.

Toda a guilda parou nesse momento. Até Gray e Natsu congelaram e pararam de brigar.

Enquanto todos ficaram paralisados, olhando para mim. A única coisa que se moveu foi Levy correndo. Abri meus braços e a abracei.

— Lu-chan! Lu-chan! Lu-chan!! -ela me chamou várias vezes. Com a voz arrastada.

Eu sorri e minhas lágrimas caíram.

— Eu estou de volta, Levy-chan.

— LUCY!? -o pessoal da guilda despertou.

— Oi pessoal -sorri, dando tapinhas nas costas de Levy-chan.

— QUE "OI PESSOAL"!? -escutei um grito intimidante. Todos se calaram, então abriram espaço para uma mulher ruiva pisando firme no chão- Tu some, faz todo mundo se preocupar e nem deixa uma despedida direito. Agora volta e tem a cara de pau de falar "Oi Pessoal"!? Custava falar algo!? Sabe o quanto... O quanto...

Nesse segundo até a implacável titânia começou a chorar. Eu abri os braços para ela também.

— Eu também senti saudades, Erza.

Ela mordeu os lábios e me abraçou.

— Achei que você já era, Bunny Girl -Gajeel se aproximou, sorrindo.

— Haha... -acabei rindo sem graça.

— Ei, Gajeel -Phanter Lily cutucou sua costela.

— Lucy-san! -uma menininha se aproximou, com os olhos aflitos.

— Wendy, voltei -sorri.

Ela apenas abriu os braços e se aconchegou entre nós.

— Hump! Vocês são todos estúpidos! -Charles estava ao pé da Dragon Slayer do vento, mas ela limpou algumas lágrimas, elegantemente.

— Whoooooooo -três magos que seguiram a Marvell limparam algumas lágrimas também.

— Raijinshuu!? -frizei as sobrancelhas, pasma. Por que estão seguindo a Wendy?

Mas não pude perguntar, porque tinham três pessoas coladas em mim, chorando fortemente.

— Lu-chaaan!

— Lucyyyy!

— Lucy-saaan!

— Ah... Pessoal... Eu... Não respiro... -murmurei.

— Lucy... Os homens não precisam respirar...! -Elfman ergueu o rosto para o teto, fungando.

— E ai Lucy -um mago de cueca sorriu torto, também se aproximando.

— Oi Gray -ri, ao ver como ele mudou nada.

— Rival... Rival do amor... -Juvia começou a chorar e morder a roupa- Não chegue perto do Gray-sama....! Mas Juvia está tão feliz que rival do amor voltou...!

Fiquei um pouco constrangida ao ver a pessoa atrás do poste se remoer tanto.

— O... Oh... Eu também estou feliz por ver você, Juvia... -murmurei.

— Lucy! -uma voz do fundo gritou, chorosa- Vou fazer você tomar dez copas comigo, sua estúpida! -era Cana- Não, serão vinte!

— Ah... Talvez depois. Haha...

— Lucyyyyyyyyyyyy! -uma voz conhecida veio como foguete, grudando em mim também.

— Happy! -fiquei contente de vê-lo.

— LUCYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYY!!!! -as lágrimas imparáveis do exceed caíram violentamente.

Agora eram três magos e um gato grudados em mim.

... Eu não consigo... Me mover...

— Luce.

Todos ficaram parados. E nos viramos para o dono dessa voz. Erza, Levy e Wendy me largaram. Inclusive Happy invocou aera e flutuou no ar.

Um silêncio constrangedor pousou em toda a guilda. Olhando como eu encarei Natsu e ele me encarou de volta.

— Bem vinda de volta -ele sorriu, coçando levemente a nuca.

— Lucy -Lisanna apareceu, colocando o braço na cintura do rosado e sorriu- Você voltou.

— Lu-chan... -a azulada ao meu lado sussurrou assustada.

Eu olhei aqueles olhos ônix. Mas senti nada. Então sorri. Achei que poderia ficar abalada, nem que fosse um pouco. Mas o que passou por mim foi um alívio. Como uma pedra sendo retirada de mim.

— Natsu, Lisanna. Eu estou de volta -dessa vez, não precisei forçar um sorriso.

Nesse segundo, a porta do segundo andar escancarou. O mestre Makarov veio na bancada e gritou:

— CRIANÇAS.... -ele soluçou. Nossos olhos foram todos para cima. Engraçado que as orbes de todo mundo estavam vermelhas- ACABOU.... FINALMENTE... FINALMENTE... ENCONTRAMOS MIRAJEENE...!

— O que...? -sussurrei. Arregalando os olhos.

— ELA FOI RECUPERADA E ESTÁ SENDO TRATADA NESSE MOMENTO -o mestre deu um sorriso limpo- NÓS A RECUPERAMOS!

Senti meus joelhos vacilarem.

— Lucy! -Erza me pegou pelos ombros, junto com Levy.

— Acabou...? -sussurrei.

Minhas mãos tremeram em choque. Tampei minha boca enquanto as lágrimas caíram.

— Finalmente... 

— Lu-chan, que bom -Levy-chan falou no meu ouvido.

Um por um, as pessoas viraram o rosto para mim, com um alívio estampado.

— Lucy, agora você não precisa mais se culpar -Erza assentiu, com lágrimas nos olhos.

Ver todos chorarem me fez repensar.

O que eu fiz?

Todas essas pessoas que são tão importantes no meu coração, eu machuquei todas elas. Porque elas me amam e eu simplesmente fugi delas.

Eu descobri isso agora.

E ainda assim, eles me receberam com um sorriso de volta.

São meus amigos.

E agora me senti muito estúpida por ter feito isso.

Mas sabe?

Relembrei de cada segundo do que vivi nesse meio tempo turbulento. Tinham momentos tristes, muitos momentos dolorosos. Mas ao mesmo tempo, existiram os bons e felizes.

Eu me arrependo de machucar essas pessoas preciosas. Mesmo assim, foram as escolhas que fiz. E eu as enfrentei.

E eu as enfrentei com um sorriso de frente. Até se tornar um sorriso real.

*FIM* -da parte 1.


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