Caminhantes escrita por Serin Chevraski


Capítulo 89
Fogos Cruéis




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Rogue POV

Acabou. 

Apenas assim. 

Esse é o fim da doce ilusão. Quando ela descobrir o que está escondido no próprio coração, vai entender que na verdade não consegue esquecer de Natsu-san.

E você simplesmente fugiu, como um cachorro espancado.

A voz dentro de mim riu. 

Corri para dentro de casa e Frosch veio voando.

— Rogue! -seu sorriso inocente me enfrentou.

— Frosch... -eu esforcei uma calma- Hoje você pode ficar com Lector?

Senti que poderia desmoronar a qualquer momento. Aguente um pouco mais Rogue, não faça isso na frente de Frosch.

— Por quê? -ele tombou a cabeça pro lado.

Apenas esfreguei suas orelhas e respondi. Com um sorriso dolorido.

— Porque... 

Não preocupe Frosch, dizendo que está mal. Minta.

— Porque essa noite vai ter fogos de artifício. Então vá assistir com o Sting e o Lector, eu vou ir dormir agora.

— Oh... Rogue não vai assistir com a gente? -suas patinhas me tocaram.

— Sinto muito Frosch, eu não gosto muito de fogos de artifício.

— Frosch -Lector que é mais esperto, olhou para mim e percebeu algo, então puxou o amigo- Vamos comigo! Vai ser divertido!

— Ok, Fro vai!

Ambos os exceeds se viraram. Eu subi as escadas e entrei no meu quarto. Já estava escurecendo.

Rogue, você é tão patético. Por que simplesmente não me deixa tirar a sua dor? Em vez de insistir sofrer por uma mulher como aquela?

Mordi meu maxilar e me sentei na cama, encostando as costas na cabeceira da cama. Pouco a pouco a minha magia negra foi se espalhando ao meu redor. Como se vazasse os meus sentimentos mais profundos. 

É o final. Achei que poderia estar com ela mais tempo. Mas isso não seria mais possível. No segundo que despertar...

Abracei meus joelhos. 

Lucy vai embora. Ela vai te deixar.

Dei um sorriso. 

Ah, foi um lindo sonho. Como um calor abraçando meu coração. E quanto percebi, estava viciado nesse sentimento. Me afogando nos olhos brilhantes dela, que parecia olhar apenas para mim. Fiquei mais egoísta e desejei ela para mim.

Então, por que não a roubou para você? É tão fácil. Você é mais poderoso que ela, Rogue. Você é mais forte que ela.

Sim, eu posso pegar ela a força.

Mas mais que o desejo de querer ela para mim. Cortar sua liberdade, Lucy seria infeliz. E o medo de vê-la me encarar com ódio, era maior que não tê-la.

Mas qual o sentido de tudo isso, se não puder vê-la novamente?

Meus dedos tremeram com esse pensamento.

Você sabe, ela vai embora, no segundo que descobrir que o lugar dela não é aqui, mais uma vez, Lucy Heartphilia vai em busca de felicidade em outro lugar. Você sabe porque ela veio aqui, certo?

Por causa de Natsu-san...

Sim, no segundo que descobrir que vir aqui não teve nenhum efeito. O que acha que vai acontecer?

Empalideci.

Eu nunca mais a veria.

Mordi meus lábios.

O desejo incontrolável de simplesmente jogar tudo ao ar só para me livrar dessa dor, foi sedutor. Se eu soubesse que amar alguém era assim, queria nunca ter descoberto esse sentimento. 

Suma, eu quero que suma. Essa dor, esse sofrimento.

Mas não sumiu.

Lucy vai embora, Rogue.

Meus punhos se fecharam.

A escuridão ao meu redor se esfumaçando e cobrindo o leito da minha cama como lama. Meus olhos se escureceram. Simplesmente desejando pensar em mais nada. Nem mesmo o sol estava mais no céu, me deixando na noite mais profunda.

Então a porta se moveu.

— Natsu? -uma voz sussurrou.

Eu a ignorei. 

Seus passos se aproximaram. A mulher parou na frente da cama.

— Natsu, o que houve? Tem algo errado? -sem tom cuidadoso foi como um veneno.

Me enchendo de mais ciumes. Essa sua preocupação que é para outra pessoa. E você nem mesmo sabe qual o problema disso.

Não respondi e me encolhi mais, escondendo o rosto entre os joelhos. Pude sentir a cama afundar. O cheiro de Lucy mais perto. Então me obriguei a encará-la.

Seus olhos estão perto, ela engatinhou até aqui sem se importar com a névoa negra no lençol do colchão, a minha magia que está vazando. Não, talvez nem tenha conseguido vê-lo.

— Eu preciso que você me diga qual o problema -disse aflita.

Minha visão tremeu. A poção não funcionou?

— O que houve? -sussurrou gentilmente.

Rogue, pegue ela para você. 

Seu olhar é brilhante, diferente de mim que é todo corrompido e podre por dentro. A Lucy que é tão alegre, foi como um vento refrescante.

Faça ela sua. 

A mulher que me encarou como se eu fosse sua preocupação. Me senti precioso ao enfrentar seu olhar.

Minha mão se ergueu inconscientemente. No desejo de tocá-la. Completamente hipnotizado.

Se eu a conseguir, esse sentimento obscuro vai embora?

Você a quer tanto, porque não a toma?

— Lucy, eu amo você.

Sussurrei, enquanto toquei sua bochecha. O rosto dela foi para surpresa e os olhos achocolatados se arregalaram.

Seus lábios então se ergueram em um sorriso, enquanto corava levemente em tons de pêssego.

— Eu também te amo -ela respondeu.

Sua mão quente se sobrepôs a minha. 

Aproximei meu rosto da dela, com cautela. Lento e meio assustado. Mesmo assim ela sorriu para mim. Como se dissesse que estava tudo bem. O perfume de Lucy me embriagou.

Então os olhos dela se fecharam, e eu mordi levemente seus lábios. Senti meu coração bater desregular. No começo foi suave, mas aos poucos um sentimento desesperado foi me tomando. Desejando fazer essa mulher minha. E se eu não conseguisse, era como se pudesse morrer a qualquer momento.

A tombei na cama e entrelacei seus dedos nos meus. Então me posicionei no seu pescoço, o lambi levemente.

— Hngh... -ela gemeu.

Esse som bem no meu ouvido, fez cócegas no meu estômago e mordi levemente.

De repente me lembrei daquelas pessoas que me maltratavam quando criança, me chamando de monstro.

Rogue significa vampiro. E nesse momento, me senti tão guloso quanto um. Talvez eu realmente tenha um nome perfeito para o que eu sou.

Chupei sua pele, enquanto senti o corpo dela estremecer levemente. Estalando com a boca, me afastei e vi uma marca avermelhada. Está um pouco escuro, mas eu, como um mago das sombras, tenho uma visão muito boa. O sentimento de satisfação passou por mim, uma alegria de ver como eu a marquei. Lambi levemente meus lábios.

Então os olhos achocolatados em lágrimas com o rosto vermelho, chamou a atenção.

— Você é linda, Lucy. 

Beijei sua boca entreaberta novamente. Parecia um doce sonho. Mas o calor dela é real, então a abracei para sentir e confirmar se era mentira. Ela é a pessoa que mais quero para mim.

A olhei possessivamente.

Como uma besta mordendo sua presa. Chupei seus lábios.

— Espera -ela tentou falar- Respirar, preciso...

Sem deixar que ela terminasse, continuei beijá-la. 

— Natsu...!

Meu corpo congelou despertando.

Eu afastei meu rosto e encarei a mulher embaixo de mim. Com as duas mãos em cada lado de sua cabeça, amassando a colcha abaixo dela.

Arfei e vi como seus olhos estavam lacrimejando, com um evidente desejo. O rosto vermelho e expectante. Ela também está sem fôlego. E eu que fiz isso. 

Mas para Lucy, a pessoa que fez isso não era eu. Era "Natsu".

Ficamos parados, então ela piscou confusa. Ergueu os braços para abraçar o meu pescoço, enquanto paralisei.

— Eu te amo -ela sussurrou com um sorriso.

Arregalei meus olhos. 

Por um segundo, esqueci. A pessoa na sua frente não sou eu. Enquanto estava contente de provar o gosto dela, me esqueci completamente.

Quem ela sente saudades é Natsu. Senti meu coração que tinha ido ao céu, voltar para o inferno.

Rogue, se você não pode tê-la, porque não a mata?

Matar?

Enquanto Lucy diz que te ama, mate-a. Antes que ela perceba que você se aproveitou dela. Antes que ela descubra que você é um monstro que tentou devorá-la.

Olhei para o seu pescoço fino. Para a marca vermelha que fiz.

É fácil estrangular. Apenas faça. Enquanto ela ainda te ama.

Estremeci. Enquanto eu estive congelado, Lucy se aproximou e deu um leve beijo nos meus lábios.

Enquanto ela te vê como a pessoa mais importante. Mate-a. E então depois, ela nunca vai voltar a amar outra pessoa. Porque a última pessoa quem ela amou, foi você. A última pessoa quem ela olhou com tanto amor, foi você.

Foi um pensamento retorcido surgindo da besta dentro de mim. E eu concordei.

Para Lucy ser minha.

Dei um sorriso. 

Nesse segundo, levantei minhas mãos para o seu pescoço. E um clarão apareceu na janela.

Fogos de artifício coloridos iluminou o quarto. Então os olhos de Lucy me encararam, surpresa.

— Natsu, por que você está chorando?

Congelei. A mão da mulher acariciou gentilmente para limpar as minhas lágrimas.

Não... Eu não quero matar ela. Eu quero que Lucy viva. 

Ela não é minha. E eu não tenho o direito de matar ela, só porque ela não me ama.

Segurei seus ombros e a afastei de mim. Me virei e sentei de costas na ponta da cama, longe dela.

— Natsu? -me chamou. Senti o colchão se mover.

— Não chegue perto -grasnei.

E ela parou.

— Qual o problema?

Eu não aguento mais. Estou para ficar louco. Quase a matei. EU QUASE A MATEI.

— ... O que houve?

— ... Você quer saber o que houve? -dei um sorriso.

Ficamos em silêncio enquanto os fogos estavam estourando e as pessoas festejando lá fora.

— Natsu, eu posso me aproximar?

— Lucy, quem é a pessoa na sua frente? -perguntei.

— ... Do que você está falando?

— Eu não... Eu... Não posso mais fazer isso Lucy. Sinto que a cada segundo poderia me quebrar, que a qualquer momento poderia perder a minha mente e ficar louco. Não posso mais fingir isso.

— Fingir...?

— Lucy... -abaixei mais a minha cabeça- Quem sou eu? Você não pode se lembrar?

Não tive resposta. Me senti mais sufocado.

— Não consegue se lembrar de mim? Eu nem mesmo posso te dizer o quanto te amo. E você simplesmente se esqueceu. Essa dor... Você consegue entender?

Me deixe tomar o controle, Rogue. Eu posso fazer com que essa dor desapareça. Te fazer esquecer, assim como ela se esqueceu de você. Posso te fazer esquecer dessa mulher.

Me lembrei daquela noite. 

Quando estávamos acampando. 

Eu queria saber o que Lucy pensava de mim. Mas estava com medo de escutar a resposta. Então fingi que estava sonâmbulo e me confessei. E para a minha decepção, ela não respondeu. Simplesmente me arrastou de volta para minha barraca. 

Então não falei nada sobre aquela noite. Fingindo que nunca existiu. 

Se eu te confessar, você não vai me responder.

Mas se "Natsu" te dizer "eu te amo", sua resposta vem na mesma hora?

Nesse segundo descobri que não importa o quanto eu tente ser sincero a você, não terei nem mesmo uma resposta. Porque não sou Natsu Dragneel que você tanto ama.

E também percebi que não importa o quanto eu fique magoado com isso. Eu não consegui odiar Lucy Heartphilia.

Não sou um idiota?

Ah... Acho que não posso mais. 

Pisquei os olhos, lentamente. Talvez seja melhor apenas esquecer tudo.

A escuridão foi tomando o meu coração, olhei para as minhas mãos e a névoa negra me devorando.

— Rogue...! 

Mas nesse segundo, eu não pude mais escutá-la.


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