Caminhantes escrita por Serin Chevraski


Capítulo 65
Aquilo que só eu e você compartilhamos




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Laxus POV

Toc Toc

Uma leve batida tocou pela porta semi aberta, logo de manhã. Escondi uma lacrima às pressas no bolso da minha jaqueta.

— Ei, você está me escu... 

E desliguei a chamada. Cortando Redfox sem piedade.

— Huh? Você estava falando com alguém? -Lucy foi quem empurrou a porta.

— Não -sorri, me virando para ela- O que traz a minha linda irmãzinha para o meu quarto?

Ela olhou para as malas se empilhando em frente à cama.

— Finalmente vai voltar para a Fairy Tail?

— Bom, eu não lembro de ter trocado de guilda.

Estiquei os músculos, mostrando minhas tatuagens. Logo a marca da guilda no tórax apareceu. 

— Laxus Dreyar tem uma péssima mania de andar sem camisa, igual um exibicionista, mas em vez de sair preso, ele faz homens e mulheres desmaiarem. Não importava sua feição desagradável de "não chegue perto" igual um vilão. -ela riu desdenhosa, erguendo uma sobrancelha.

— Seu lado escritora está atacando? -bufei de bom humor.

Normalmente era para eu responder friamente a essas provocações. Mas Lucy era alguém que eu já me sentia a vontade.

— Pelo menos é como você está sendo conhecido pelas pessoas por aí. Sabia?

Coloquei o dedo polegar e indicador no queixo, pensando sobre isso.

Na verdade não sabia, nem estava interessado no que as outras pessoas falavam de mim...

— Foi o que pensei -ela riu ao ver minha cara- Não parece ser alguém que faz as coisas porque se preocupa com o que os outros pensam.

Parece ler a minha mente. Ou é que sou tão óbvio assim?

— Você ficou cada vez mais sem vergonha. Aonde foi parar a garota que tremia só de olhar para mim?

— Desde quando irmãos vivem de medo um do outro? -ela respondeu cada vez mais arrogante. Isso me fez querer rir bem alto- Se possível, era para a gente cair na pancadaria na primeira oportunidade!

— Pff! -e comecei a gargalhar- Devemos testar?

Quando ela olhou para os próprios braços finos e logo para os meus músculos, como se confirmasse algo, seu rosto ficou meio estranho.

— Nah, acho que eu deixo para a próxima -seus olhos tremeram um pouco.

Continuei a rir e ela riu junto. Então suspirei. 

— Devo receber um abraço de despedida? -ergui os braços, para provocá-la.

Lucy me encarou, parada na porta. Então seu semblante ficou sério. E levemente mordeu os lábios, ansiosa.

E eu, aos poucos, fui tomando o ambiente silencioso para mim. Me pondo sério também.

Clic

Ela fechou a porta e olhou para baixo.

— Laxus.

— Sim?

E ela se calou mais uma vez.

— Ela não existe mais -sua voz saiu fina.

— Lucy? -franzi as sobrancelhas.

— Mira que conhecemos... Mirajeene Strauss, ela não existe mais -sua voz falhou.

Ela estava falando essas coisas de repente. E então me encarou.

— Tem uma coisa que deixei em segredo, um segredo por muito tempo. Que eu escondi e não contei para vocês. Mesmo dizendo que eram minha família.

— Do que você está dizendo?

— Sabe por que Mira parou de trabalhar? Era uma rank S, era para ser o orgulho da guilda e fazer milhares de pessoas admirar ela. Ela tinha o poder suficiente de salvar muita gente e ajudar mais vidas ainda. Mas aconteceu um problema.

— Ela tinha medo de machucar as pessoas. Lisanna Straus foi a razão principal -respondi suavemente.

Me lembro daquele acontecimento. Como poderia esquecer?

— Eu disse que ela perdeu o controle dos demônios, mas essa não foi a verdade. Se isso tivesse acontecido, ainda tinha a esperança de trazer ela de volta -a loira sorriu, criando um triste um arco dos lábios- Ela se tornou no que mais tinha medo de se transformar.

A encarei em silêncio. Esperando que ela continuasse.

— Ela virou um monstro assassino. Não foi alguém controlando ela. Os demônios se assimilaram a sua alma, eles viraram um. O desejo dos demônios se tornaram o desejo dela.

— O que significa isso...? -eu entrei em choque. Os demônios e Mira? Viraram a mesma coisa?

— Ela se misturou, Laxus. Se dissermos que os demônios não é ela, então Mira não existe mais. A alma dela não pode se separar dos demônios -os olhos achocolatados se encheram de lágrimas.

Foi um choque. Os demônios tem instinto de desejo pelo sangue. Mirajeene não desejava isso. Essa seria a maior diferença dos dois. Agora diz que são o mesmo?

— Como...

— O ritual dos seguidores de Zeref enlouqueceram os demônios, e a alma dos demônios foram comendo a alma de Mira. Mas antes que eles pudessem destruir toda a alma dela, se assimilaram. Se os demônios sumirem, Mira seria um fragmento. Sobraria quase nada dela. Talvez ela seja só um pequeno desejo que fica adormecido no fundo do corpo.

— V... Você tem certeza? -minha respiração se tornou difícil.

— Ela era totalmente demônio naquele dia. Não era ela. Não falava como ela, não tinha sentimentos que Mirajeene tinha. Mas por um segundo... Um pequeno momento, ela voltou a ser ela de sempre. Foi tão rápido, que os demônios a tomaram de novo. Mirajeene que conhecemos, provavelmente... Nunca poderemos recupera-la.

Cambaleei para trás.

— Por que você deixou isso em silêncio?

— Pensei que Mira não ia querer que as pessoas descobrissem que ela se tornou assim. E... Todo mundo sentia esperança, esperança que poderiam salvar ela e trazer ela de volta, eles ainda iriam amar Mira. Então eu mantive em segredo. Só eu sei que não existe essa esperança.

E essa era a verdade que mais fazia Lucy sofrer. Agora eu também senti essa dor.

— Por que está me contando isso agora? -sussurrei. 

Meu corpo é grande como uma muralha, mas só por algumas palavras, senti a minha força ir escorrendo para fora. Precisei apoiar na parede atrás de mim.

— Se... Eu não fosse mais a Lucy, você ainda me veria como sua irmã? Se uma outra pessoa tomasse meu corpo, eu ainda seria a Lucy? -ela perguntou.

Se Lucy...? 

A pessoa que eu gosto como minha irmã e família, é a Lucy que eu vejo agora. Qual seria o sentido de uma substituta?

— Não... -respondi.

Ela sorriu amargamente.

— Eu ainda sou a Lucy, que tem amigos na Fairy Tail, mas Mira não é mais ela. E apenas ela perdeu tudo aquela noite.

Os olhos cintilantes da maga derramaram lágrimas.

— Está tudo bem apenas eu continuar a ter amigos? -seus lábios sussurram- Se eu contasse que Mira se tornou outra pessoa, ela ainda teria pessoas a apoiando? Amigos que se preocupam por ela? 

Eu não sabia o que responder. Se Mira não poderia existir sem os demônios, mas ela mesma não poderia ter consciência nesse mundo, e outra entidade vivia em seu lugar. Eu poderia continuar amando ela?

Ela não seria a Mirajeene. Não a Mira que eu amava.

Meus olhos lacrimejaram e eu sorri, com as sobrancelhas franzidas e segurei a minha testa com a mão direita.

— Isso tem que ser um pesadelo -falei.

Mira nunca mais voltaria?

— Mas Laxus -Lucy falou firme- Eu continuarei amando Mira, mesmo que ela seja um pequeno fragmento no meio do mar de demônios. Mesmo que ela mesma tenha se tornado o demônio. Eu nunca vou deixar de ser amiga dela.

Com suas palavras, fiquei em branco. Ergui o meu olhar para Lucy, senti uma lágrima trilhar minha bochecha.

— Mesmo que Mira fosse apenas um fragmento, ela teve um desejo forte que a fez vencer os demônios que eram muito mais poderosos que ela, por alguns segundos. Foi o desejo de querer me salvar -sua mão tremia- Então eu jurei, Mira não perderia os amigos porque eu guardaria a verdade para mim. Mira não perderia os irmãos porque eu os ajudaria da melhor forma possível. Se ela estava sofrendo sozinha, então eu também sofreria. E eu resolvi ter essa decisão egoísta.

Ela fez uma pausa.

— E... Tem mais uma coisa. Nesse pequeno momento que ela voltou, a primeira pessoa que lembrou foi você -sorriu- Ela pensou em você, Laxus. Por isso te contei a verdade.

Lucy está me contando tudo e me fazendo um pedido.

"Lembre-se de Mira, não importando o que se tornou. Porque ela ainda está lá, e o pouquinho dela, ainda é importante"

É isso que quer me passar.

— Eu... -me senti entupido, então não sabia o que responder- Acho que preciso ficar um pouco sozinho Lucy.

Murmurei. 

E ela assentiu levemente com a cabeça. Quando a loira abriu a porta para sair, um pequeno gato esverdeado veio flutuando sonolento. 

— Fada-san...

O exceed pousou nos braços da loira como se fosse a coisa mais comum do mundo, e ela o aceitou com naturalidade.

Me sentei na cama, afundando-a. E quando planejei que iria sair cedo daquela mansão, acabei ficando um pouco mais.

— Alguém me disse que devemos fazer escolhas para tentar caminhar para o horizonte, sem arrependimentos, buscando a felicidade na nossa vida. Eu fiz a escolha certa agora, Laxus?

Ela sorriu triste. A porta se fechou.

 

Minerva POV

Fiquei mentalizando um pouco sobre o ocorrido. Aconteceu uma bagunça, mas todo mundo terminou suas missões certinho, o grau de destruição está dentro dos padrões. E até mesmo fizemos trabalho comunitário, certo?

Então por que demônios me chamaram?

O meu salto ecoou a cada passo dado. Remoendo minhas memórias. Até que parei na frente de uma porta.

— Mestre, estou aqui -me apresentei.

— Entre -mestre Kyle tinha a voz arrastada.

Isso era um mal sinal. E o mal sinal foi confirmado com a cara de preocupação que ele tinha.

— Aconteceu algo, mestre? -nao mostrei um pingo de nervosismo que senti.

— Se lembra da missão que tínhamos programado? Aquele do parque.

— Sim... -puxei a memória bem, mas bem ao fundo da minha cabeça.

— O Parque de Diversões do Teddy Morango.

— Pfff -engasguei, quase caindo na gargalhada.

COMO VOCÊ PODE FALAR ALGO ASSIM COM TANTA SERIEDADE, MESTRE??

— Coff -limpei a garganta rapidamente, vendo o olhar ainda sério dele- Qual o problema com essa missão?

— Aconteceu alguns reajustes. Eu já avisei Rufus Lore e Orga Nanagear. Mas como vocês estavam em missão, resolvi chamar você primeiro para saber sua opinião.

Engoli seco. Aconteceu algo... E FAZER ESSE SUSPENSE TODO NÃO ESTA AJUDANDO! DESEMBUCHA LOGO! PARA COM ISSO QUE TÁ ME DEIXANDO TENSA.

— Mermaid Heel gostou do nome da missão e pediu para aceitar em conjunto da Sabertooth.

— Gasp -engasguei. 

A sobrancelha do mestre ergueu.

— Digo, elas não gostam de homens. Isso significa que só eu vou participar? -perguntei, tentando manter minha feição fria.

— Yukino está fora no momento, ela parecia ter ficado entretida em uma lacrima, se trancando por dias. Se fosse por horas, eu entenderia, mas por dias foi demais. Então a expulsei e a obriguei a ir numa missão.

Uhh... Yukino, parece que exageramos?

— E preciso de Kiara para manter a guilda -e concluiu- Marcamos com Mermaid para daqui dois dias -ele disse resoluto.

Espera... VOCÊ ACEITOU? ACABA DE DIZER QUE ME DOU MAL COM AS PESSOAS E VOCÊ ACEITOU? SEM ME PERGUNTAR?

Existem momentos que não entendo a lógica do mestre.

Minha cara enrugou um pouco por um segundo, mas limpei minha expressão e voltei a ser fria.

— Então eu vou sozinha nessa missão com as outras magas da Mermaid?

— Minerva, você tem uma péssima compatibilidade com as outras magas da nossa guilda. Então não posso te enviar com elas. No mínimo, com as magas de uma outra guilda, você pode se manter cortês, certo?

— Ugh... -franzi levemente as sobrancelhas. 

Não é que eu não goste delas ou algo assim. Mas a gente simplesmente não se dá bem. 

Mestre. Acho que era mais fácil você enviar outra pessoa no lugar, tem grupos de meninas na guilda que trabalham direito e esquerdo também!

Mas quando encarei os olhos sérios do mestre, engoli todas as palavras que eu queria cuspir.

— Então... -ele hesitou um pouco- Espero que você leve Lucy Heartphilia.

Com isso, meus lábios contraíram levemente.

Lucy está em um processo de adaptação na guilda e quer que eu leve ela...?

Disse que ia perguntar minha opinião... Mas eu poderia mesmo escolher alguma coisa? Tudo parecia já estar decidido antes mesmo a ponto de que já era tarde demais?

Me senti amarga.

Limpei minha expressão. Então me lembrei de algo que estava guardado comigo.

— Mestre, tenho algo que quero investir -sorri, retirando um pequeno cubo do meu bolso.

Os olhos dele brilharam. 

Somos uma guilda de magos, mas a guilda de comerciantes está profundamente interligada. Com as missões, temos saques, e existe uma forma de processa-los.

Coloquei o cubo na mesa.

— O que é isso? -ele perguntou curioso.

— É lã fabricado por um dos zodíacos celestiais.

Era kilos e kilos de lã, o suficiente para cobrir um rio e o cânion. Então se esticasse, faria uma fila kilometrica.

Lucy disse que não se arrependeria. Então eu o usaria. Dei um sorriso ao pensar no dinheiro que entraria no meu bolso.

 

Lucy POV

Já me troquei para um pijama confortável e pronta para dormir no meu quarto. Pensei em me esgueirar até Rogue essa noite.

Coff... Mesmo que eu lembre daquela confissão dele. Mas acho que ele não lembra, estava sonâmbulo! RELEVA LUCY!

Suspirei.

Não me sinto bem. Então queria um certo consolo...

Mas ao mesmo tempo, quero ficar sozinha, por isso estou no meu quarto. E Fro ficou com o Dragon Slayer. Então estou apenas eu hoje.

Conversei com Laxus mais cedo e havia decidido contar a ele. Por causa da lacrima do dragão dourado.

Um pesadelo e um sonho. 

E entreguei isso a Laxus Dreyar.

O que ele faria com isso, seria ele quem decidiria. Mas pensei que era o mais correto fazer, como se Laxus tivesse esse direito.

Me enrolei na coberta, fechando os olhos. Nesse momento a porta se abriu levemente. Me sentei assustada.

— Lucy.

Ao me virar, a porta já tinha se fechado e o mago do raio estava ali. Com uma mala na mão.

Ele deu um sorriso para mim.

— Estou indo embora Lucy.

— Não vai se despedir dos outros? -perguntei. 

Querendo ou não, ele foi um convidado da casa, talvez... Um pouco indesejado. Mesmo assim seria falta de respeito não se despedir.

— Eu sou Laxus Dreyar. Desde quando ligo para essas coisas?

Seu sorriso era sinistro, como se o mundo fosse poeira e ele o homem que pisava sobre ela. Seus lábios se abriram novamente:

— Uma garota que usa uma máscara da felicidade, e um homem que usa uma máscara de um vilão.

— Hah! -eu sorri- Loiros que tem uma mania igual? Acho que as pessoas tem razão em pensar que somos irmãos! 

Ele assentiu levemente.

— E os dois tem um segredo. Sobre uma pessoa que amam.

Arregalei meus olhos.

— Obrigado por contar o seu segredo para mim, Lucy.

Quando olhei para as orbes acidentadas, continham clareza, com uma convicção e certeza brilhando.

Mira. 

Senti meus olhos umidecerem.

Mira. A pessoa que você ama, te ama de volta.

Assim, isso vai poder te fazer de sentir melhor?

Você foi a vítima, sem ter a chance de persistir. Isso vai te consolar pelo menos um pouco dessa injustiça que você sofreu? 

De repente senti que cometi um erro. Talvez não precisasse esconder isso de todo mundo. Eu poderia ter confiado mais nos meus companheiros e eles poderiam ter sido como Laxus, que aceitou isso. 

Mais pessoas seriam aliados de Mira.

Mordi meu lábio.

— Não se arrependa mais -o loiro riu- Na verdade, se você não tivesse dito que continuaria amando ela, não acho que poderia aceitar a Mira de agora -confessou envergonhado.

Suspirei surpresa.

— Então acho que em certa parte, você tem razão em desconfiar que a gente iria desistir dela.

— Você pensa isso de verdade? -minha voz tremeu.

— Eu penso que você é incrível.

O homem sorriu tristemente. Infelizmente, essa pode ser uma verdade também. Afinal, Mira mudou.

— Eu estou indo Lucy.

Ele caminhou em minha direção e passou por mim. Parece que ele pretende fugir pela janela. Como um ladrão.

— Mas não esqueça que naquela noite. Não foi só ela quem perdeu coisas. Você também teve sacrifícios. -ele parou um pouco atrás de mim. Sem olhar para este lado, ou eu olhar para ele.

Eu dei uma risada engasgada.

— O sacrifício que fiz? Tem algumas coisas que eu não posso fazer sozinha.

Era Natsu. Quando Lisanna não podia ser consolada. Tem certas pessoas que são perfeitas para isso. E eu percebi que Natsu é o indicado. E eu me machuquei no processo, foi inevitável.

Mordi meu lábio. Eu estou bem.

Olhei para as minhas mãos. E me lembrei de lindos olhos vermelhos que sempre se preocupavam comigo. Meu coração se acalmou. Como se passasse uma pomada refrescante em uma ferida queimada.

— Tem certas coisas Laxus, que apenas aquela certa pessoa pode fazer. Tem que ser exatamente ela.

— Realmente, a irmã mais tonta e problemática que eu já tive, é você.

— Acho que você só tem eu? -retruquei.

— Talvez seja verdade.

— Quem mais poderia ter coragem de se auto denominar irmã do assustador Laxus Dreyar? Haha

— O nome dela é Lucy Heartphilia. Heh..

Dei um sorriso.

— Você acha que ela vai ficar magoada comigo? -murmurei, meio vaga.

— Magoada com o que? 

— De buscar minha própria felicidade, enquanto ela vive em dor? Poderia ter sido eu, mas Mira foi a escolhida. Não é injusto?

— Está falando sobre ele? -sua voz riu um pouco- Rogue Cheney.

Eu recebi uma confissão. E descobri que queria corresponder. Um desejo que ficou entalado quando pensei em Mirajeene. 

Então naquela noite, eu puxei Rogue sonâmbulo e o devolvi na barraca. Ele provavelmente nem se lembra. Mas eu me recordo muito bem.

E isso gravou no meu coração. 

Descobri o que eu quero.

— Eu... Eu amo ele -minha voz tremeu com a frase que não pude dizer antes- O que eu faço com isso? Com esse sentimento?

Como não poderia me atrair por ele? Rogue é mais encantador a cada dia, agora a cada passo que dou, penso nele. 

— Sabe... Mirajeene é a pessoa mais gentil que conheço. Nessas horas ela diria: Vá em frente! Te animando com todo o coração -respondeu simplesmente.

Enruguei meus lençóis com o punho.

Os passos de Laxus foi se distanciando.

— Você já sofreu demais, agora já foi o suficiente -então uma pausa, sua voz tremeu. Ele está chorando?- E... Eu acho que a pessoa que mais se preocupou por Mira, foi você.

Eu engasguei. Minha respiração parou por um segundo

— Obrigado por ser uma grande amiga dela, Lucy. E... -escutei uma fungada- Obrigado por compartilhar sua dor comigo.

Rapidamente me virei. O pé de Laxus pisou na moldura da janela, prestes a pular.

— Laxus!

Ele se virou para mim.

E então eu ergui a minha mão, fazendo o sinal da Fairy Tail.

— Não importa aonde você esteja... -tentei falar, mas minha voz deslizou um pouco.

Não foi necessário, Laxus sorriu e ergueu a mão, me respondendo:

— Eu estarei olhando por você -seu sorriso se alargou- Para um tigre, você é muito sem vergonha de usar o sinal da guilda dos outros!

E a sua sombra sumiu pela janela.

Dei uma risada alegre. 

Nesse segundo, eu percebi. O sorriso falso não estava mais aqui.


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Notas finais do capítulo

É isso por hoje, pessoal ♥



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