Caminhantes escrita por Serin Chevraski


Capítulo 56
Apenas... Talvez Não


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu sumi, mas resolvi atualizar, digamos que descobri muitos bugs na edição (e muita coisa deve ter passado batido), sigamos em frente :v



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/685286/chapter/56

Lucy POV

Assim que saímos daquela vila, fomos direto para a estação de trem. Demorou um pouco para voltarmos todo o nosso caminho, pois era uma vila afastada. Rogue já ia ficando com uma cara esverdeada só de imaginar que o futuro depois de sair de uma carroça, era enfrentar outro veículo.

— Tern, você vai gostar da nossa guilda -fui declarando, de bom humor enquanto esperamos a chegada do trem- Eu tenho certeza que você consegue invocar alguma magia, vou pedir para o mestre Kyle te deixar ficar conosco e...

— Lucy... -Tern me cortou, ele parecia estar constrangido- Muito obrigado por tudo que fez por mim, Lucy... Mas eu não quero precisar ser dependente de alguém -ele respondeu.

— Como assim? -franzi as sobrancelhas.

— Do que você está falando? -a voz fria de Rogue manifestou, enrugando a testa.

Mesmo sem palavras, eu tenho certeza que esse mago das sombras está pensando algo como: Ela quer te dar uma casa, um lar para você começar a sua vida! Que resposta mal agradecida é essa?

Os olhos exasperados dele me fazia adivinhar facilmente sua revolta.

— A verdade é que... -Tern engoliu seco, mordendo o lábio inferior- Eu quero me redescobrir. Minha mãe depositou fé em mim, eu quero sair em uma jornada para descobrir o eu, que o meu avô e minha vila tentaram reprimir. Eu sempre soube que algo dentro de mim era diferente, mas sempre fingi que nunca existiu porque não queria ser diferente das pessoas da vila -ele sorriu amargo- Mas parece que eu nunca poderia fazer parte deles desde o começo.

Eu o olhei firmemente, e o menino continuou com sua decisão.

— Eu fico muito feliz pela intenção de vocês. Não... Por tudo que fizeram por nós e por tudo que quiseram fazer a mais por mim. Mas não quero depender de ninguém para saber quem eu sou. Quero saber mais sobre esse mundo com minhas próprias mãos.

— Tern... -Rogue deu um passo na frente, porém eu segurei a mão do Cheney.

— Você tem certeza? -minha voz falhou um pouco. Não posso mentir que estava sentindo decepção.

— Sim, eu tenho -assentiu ele- Já passei por muitas dificuldades, sei que sou jovem, mas tenho certeza que vou saber me virar -ele riu- Sobrevivi bem em um lugar que todo mundo estava contra mim.

Aqueles aldeões preconceituosos... Senti meu coração sufocar.

O sorriso dele era tão confiante, que me calei. Me aproximei e lhe dei um abraço. Tern parecia uma criança. Tern parecia alguém que precisava da minha ajuda. Era pequeno e seus ombros cabiam nos meus braços.

— Eu vou ficar bem -riu ele, como se pudesse ler meus sentimentos.

— Se achar que precisa de nós, venha para a nossa guilda. Sabertooth. Estarei sempre de braços abertos para você.

— Sim -sua voz soou um pouco tímida.

E foi tudo o que eu pude fazer. Com Rogue me seguindo, junto com Frosch, entramos no trem. A ultima coisa que vi pelas portas pesadas que se fechavam, foi o sorriso do garoto.

— Ele vai ficar bem -Rogue me disse, tranquilizador. Assenti com a cabeça, querendo acreditar no moreno dos olhos de rubi.

Uma vez dentro do trem, nos sentamos estrategicamente para que o Cheney encostasse a cabeça nas minhas coxas e ele fechou os olhos. Frosch se acomodava confortável na cadeira de couro vermelho da nossa frente, que ficava virado para nós.

Passei um tempo pensando se eu fiz certo deixar o menino para trás. Eu não deveria ter insistido mais?

Quando o sono estava começando a me possuir, ví de relance o que estava prestes a acontecer.

O grande transportador de ferro iria passar por uma ponte suspensa acima de um cânion, onde embaixo passava um rio largo e brilhoso, com uma ligeira floresta à sua volta. Porém, ao encontro dessa ponte, um monstro enorme e descontrolado estava prestes a colidir e destruir tudo.

Tanto o trem, quanto os trilhos.

 

Romeo POV

Suspirei. Me pus em frente do calendário estendido na parede do meu quarto.

Segurei firme minha caneta vermelha e marquei outro X no mais um dia que se passava. Trinquei os dentes nervoso, catei minha mochila cheia de mantimentos e sai para a fora da casa, apressado. Bati a porta.

Olhei para a rua cheia de pessoas que caminhavam tranquilas, seguindo suas vidas. Porém eu estava nervoso. Olhei para a palma das minhas mãos.

Será que eu deveria pedir ajuda?

— Hey! Romeo! -alguem me chamou, eu olhei lentamente para tras e vi a cabeleira rosada de um rapaz bem humorado.

— Oi Natsu-nii -sorri, apertando as abas da mochila, sentindo-a pesada nas minhas costas.

— Tudo bem? -ele deu um tapa amistoso nos meus ombros.

Poderia ser uma boa ideia pedir para Natsu-nii... Mas balancei a cabeça negativamente. Não. Eu não irei depender para sempre dele. Não iria.

— Sim, está tudo ótimo -respondi, sorrindo.

— E essa bolsa? Tem comida aí? -os olhos dele brilharam. Eu ja conhecia bem ele, então ri.

Puxei o ziper e tirei um saquinho de batatas, entregando para o rosado.

— Aqui, Natsu-nii, pode pegar.

— Ooooh!-ele pegou, feliz. Logo estava abrindo e devorando o que tinha dentro- Então, o que é que esta te incomodando?

Eu franzi as sobrancelhas. E um leve suor passou pelas minhas mãos.

— Você está com uma mochila bem grande aí, vai sair para aonde? -os olhos onix me encararam.

Eu pensei em mentir, mas algo se enrroscou em minha garganta.

— Vou sair em uma missão! -tentei forçar a voz mais falçamente alegre.

— Sozinho? -ele estranhou, ainda comendo as batatas.

— Sim -assenti firme- Quero ser forte. Quero ser homem. Quero mostrar para todo mundo que eu não preciso de alguem cuidando de mim, sabe?

Ele me encarou. Pareceu pensar nas minhas palavras.

— Entendi -sorriu ele- Então boa sorte, Romeo!

— Você não vai tentar me impedir? -a pergunta escapuliu sem querer pela minha boca e logo tampei meus lábios com as mãos.

Porém Natsu-nii simplesmente sorriu e botou a mão em minha cabeça, como fez tantas vezes antes.

— Quando eu era pequeno, também tive meus momentos como você. Se Happy não aparecesse para virar meu parceiro na época, provavelmente eu estaria fazendo missões sozinho, como Gildarts. Se você vai em uma missão, então eu confio em você e que você irá conseguir cumprir.

Engoli seco.

Eu me sentia mal por mentir. Por saber que se eu falasse a verdade, Natsu-nii facilmente me ajudaria. Eu sentia medo de falhar, pensando "e se eu não conseguir?"

Mas antes de tudo, sentia a felicidade de ter nos meus ombros, o poder de fazer alguém se orgulhar de mim. De ver que a pessoa que eu adimirava acredita no meu poder.

— Obrigado Natsu-nii -sorri.

Ele assentiu e eu continuei meu caminho.

Mas foi aí, enquanto eu virava a esquina, que tombei de cara com alguém, arremessando um ao outro para trás e nós dois caindo maduros no chão.

— Aaaaai... Você está bem? -toquei no meu nariz agora dolorido e abrindo um olho para vem com quem havia me esbarrado.

— S... Sim... -murmurou a pessoa.

— É claro que ela não está bem. Olha por onde anda garoto!! -praguejou uma outra voz- Está doendo muito Wendy? -a voz se tornou doce e preocupada, diferente da que como me tratava. Logo percebi quem era.

— Ah... Wendy! Me desculpe -me levantei rápido, porém dolorido. Estendi a mão para a azulada.

— E acha que isso vai fazer ela sentir menos dor? Desculpas? -a gata branca trincou os dentes.

— Pare com isso Charles! -exclamou a Marvell, gentilmente- ... Eu estou bem... -ela aceitou minha mão para ajudá-la- Obrigada Romeo -ela sorriu.

Meu rosto corou. Tentei disfarçar, e felizmente a DragonSlayer não notou nenhuma anormalidade. Porém Charles riu zombeteira. Engoli seco. Essa exceed não gosta de mim.

— E aonde você ia com tanta pressa Romeo? -perguntou direta a gata.

— Bom, estou indo para uma missão -tentei falar com a maior normalidade possível.

— Hmm... -a Marvel pareceu um tanto nervosa- Podemos ir com você?

— Hã? -gelei.

Eu não queria recusar a companhia dela, até porque eu gosto... Digo, talvez eu goste um pouco... NÃO, QUERO DIZER! EU NÃO DEVO ACEITAR O PEDIDO DELA.

Reuni a voz mais firme que podia fazer no momento.

— Desculpe Wendy, mas não posso deixar você vir comigo.

As duas se encararam rapidamente, a gata com embirração e a garota com uma preocupação?

— Mas eu gostaria de ir contigo Romeo -a azulada juntou as mãos, como se suplicasse. Quando a voz dela disse meu nome, minha espinha se arrepiou de repente.

Meu deus! É algum tipo de ilusão? Ela chega a parecer um anjo.

Dei uns passos para trás, me sentindo encurralado pelos grandes olhos dela. NÃO, NÃO POSSO ME RENDER.

Engoli seco, sentindo meu rosto começando a arder. Ela tem um cheiro de xampu que chegava a ser evidente de ser um aroma maravilhoso. T... Tão próximo.

— S... Sinto muito -gaguejei, virando o rosto para outro lado, sem poder encará-la.

A exceed deu um passo para frente e suspirou.

— Olha, eu vou ser direta -como se ela nunca fosse- Sabemos que você pegou nenhuma missão. Acabamos de perguntar para o Mestre, entende? E viemos direto da guilda para cá, então sei que você não pegou missão alguma -disse a duas vezes- Não minta, Conbolt. O que está indo fazer com essa mala toda?

— CHARLES! -Wendy exclamou.

Eu arregalei os olhos e prendi a respiração. Mas por quê? Por que elas me buscaram assim? Estão me espionando?

Meus lábios tremularam.

— Sinto muito Romeo -a DragonSlayer murmurou envergonhada- É que queremos muito ir com você...

Charles bufou.

— Como? Por quê? -me senti completamente confuso.

— Romeo... -a azulada juntou as sobrancelhas e engoliu seco- Charles apenas tem a impressão, que precisamos ir com você, entende? Eu não sei como explicar direito. Mas simplesmente precisamos ir com você.

Por alguma razão, meu coração estava tenso... Porém aliviado? Eu não precisaria enfrentar aquilo sozinho?

— Podemos ir com você? -ela insistiu.

Ao encarar os olhos safira dela, meu coração temblou. Minha cabeça se rendeu sem que eu comandasse e fez um "sim" involuntário. O sorriso que se formou nos lábios daquela garota, fizeram meu coração palpitar.

Eu sorri bobo e Wendy pareceu corar um pouco.

— Ey, o que estamos esperando? -a gata miou, já indo na frente- Se demorarem muito vamos perder o próximo trem!

— Ah! Espere, Charles! -a azulada correu atrás da pequena exceed.

Eu segurei firme as alças da mochila que portava em minhas costas e apressei meu passo.

Assim que chegamos correndo na estação. Um trem estava para partir, e pulamos para dentro do vagão antes que começasse a se mover. Não demorou muito para encontrarmos assentos vazios e nos acomodamos neles.

Marvel se sentou ao meu lado, logo me pus nervoso. Poderia sentir meu coração pular pela minha boca. E o cheiro do seu xampu era tão evidente. Já não sabia se era ilusão, mas podia sentir o calor de seu corpo no meu braço, mesmo com alguns centímetros de distância.

Arregalei meus olhos, cada vez mais nervoso.

Infelizmente, a gata albina sentou na minha frente e me encarava rancorosamente, como se quisesse me amaldiçoar. De repente, senti um frio percorrer por todo o meu corpo, como se os olhos da exceed me julgasse.

Não diria que aquela situação era proveitosa e sim, muito, mas muito tensa.

— Você está bem Wendy? -a voz de Charles saiu doce, com tom preocupado em direção da garota.

— S... Sim -ela fechou os olhos com força, como se tivesse chupado um limão bem azedo.

Ah, será que é aquela coisa dos Dragon Slayers? Ela sabia que passaria por isso, e mesmo assim queria vir comigo...?

Engoli seco. Nem ao mesmo percebi isso.

Como sou burro.

Abri minha bolsa. De dentro peguei alguns frascos e joguei mel, limão e algumas especiarias que tinha comigo. Dei uma misturada. E invoquei uma pequena magia de fogo. Assim que a bebida ficou um tanto quente, a estendi para a maga do vento.

— O... O que... -ela murmurou, respirando com um pouco de dificuldade.

— Não é veneno, é? -Charles grunhiu amarga, me encarando suspeita.

— C... Claro que não! -respondi me sentindo ofendido- É uma bebida que aprendi com meu pai... Achei que poderia ajudar.

Wendy o pegou, cheirou o aroma, e deu um pequeno sorriso.

— Calma Charles. Romeo nunca envenenaria um companheiro.

— Humpf! -ela virou o rosto, não muito convencida.

Eu me senti um pouco nervoso quando vi ela beber lentamente. O rosto dela pareceu menos pálido.

— Sim, me sinto um pouco melhor, obrigada Romeo. -ela sorriu serena.

— Isso foi nada -respondi, um pouco orgulhoso de mim- Deve ser um pouco difícil ser DragonSlayer.

— Uh, o quê? -ela pareceu confusa.

— Aquilo sobre automóveis...

— Oh, na verdade -ela olhou de relance para a exceed a nossa frente- Fiquei um pouco nervosa ao sair por minha conta...

— Eu tive um pressentimento estranho nessa viagem -respondeu rapidamente a gata.

— Estranho? -perguntei em dúvida.

— Sim, por isso eu me sinto um pouco incomodada -a maga sorriu timidamente.

— Você não entenderia Conbolt -a gata cruzou os braços, arrogantemente- Aliás, Wendy não passa mal em automóveis.

— Ugh -murmurei. Essa gata como pode ser tão diferente da Wendy? E ambas serem tão unidas?

— Quer um pouco Charles? -a maga estendeu o frasco com a bebida que ainda tinha um pouco de conteúdo.

Ela olhou e cheirou um pouco, pareceu tentada e pegou para dar um gole. Um sorriso se estendeu pelo seu rosto. Assim que viu que eu a encarava, ela fechou a cara.

— N... Nada mal para um pivete -foi sua resposta mal-educada.

— Charles! -Marvel repreendeu- Sinto muito Romeo.

— Tudo bem -sorri.

Charles era uma gata bem orgulhosa, mas senti um pouco de honestidade em seu pequeno sorriso ao beber minha mistura.

Aquela bebida tinha sido meu pai que me ensinou... Foi quando me lembrei o porquê estava naquele trem, e abaixei a cabeça.

— Romeo? -a garota virou a cabeça para mim, a encarei com o canto dos olhos, vi como as sobrancelhas dela expressavam preocupação, junto com suas orbes azuis.

— Na verdade... -murmurei- Estou aqui por causa do meu pai. Ele foi em uma missão há alguns dias e já deveria ter voltado... Eu... Eu... -pequenas lágrimas começaram a cair de meus olhos- Eu não sabia se poderia pedir ajuda a alguém... Eu não sabia se deveria... Eu deveria acreditar no meu pai... Que ele vai conseguir completar a missão... Que ele é capaz... Mas... -engasguei.

Me sentia indefeso. Há alguns momentos atrás me sentia confiante, porém aquele sentimento assustador que me seguia, tomava meu coração pouco a pouco.

Por fim, acabei por falar tudo. Por que para Wendy? Nem mesmo eu sei.

Ela apenas escutava atentamente, sem me interromper. Do nada me senti realmente livre por compartilhar minhas preocupações. Foi quando ela estendeu o braço e passou por minhas costas. Um pequeno gesto cálido.

— Está tudo bem Romeo. Estamos juntos nisso, vai dar tudo certo -a garota me disse, com confiança em sua voz.

Senti o olhar da gata em mim, ela não dava um pio ou comentário grosseiro, era como se seu silêncio me confortasse também. Estava tudo bem. Eu me senti muito menos tenso. Era incrível o que apenas um abraço de alguém que escutou meus lamentos podem fazer.

— Estou tão... Mas tão preocupado...

— Sim, eu sei. Vai dar tudo certo.

Depois desde episódio, Wendy, Charles e eu passamos horas no encalço do lugar em que meu pai provavelmente deveria estar. Buscamos informações e cada vez mais nos levava para algum lugar diferente, nos fazendo ir para cá e para lá.

— Que tipo de missão seu pai estava, Romeo? -uma hora Marvel me questionou.

— Ele parece que estava rastreando os causadores de alguns assaltos, mas os caras parecem que são como nômades... -respondi, sério.

Era uma missão um tanto difícil para um só mago... Mas meu pai queria a recompensa para que eu e ele pudéssemos passar um dia bem divertido em um parque muito famoso da cidade vizinha de Magnólia. Ele estava confiante que conseguiria. Tudo isso para que tivéssemos um momento de pai e filho.

Mordi o lábio.

— Você é bobo pai -murmurei para mim mesmo- Não precisava disso tudo, eu sou o suficiente feliz com o que temos.

A Dragon Slayer provavelmente me escutou, pois botou a mão no meu ombro e passou um sorriso tranquilizador.

Eu assenti com a cabeça e continuamos nossa busca.

Em algum momento, estávamos em um trem. Eu sentado na janela. Talvez estivéssemos perdidos... Mas sinto que estou perto, bem perto do meu pai.

O trem ia passar por uma ponte suspensa em cima de um rio cristalino e... O que era aquela coisa enorme que estava para destruir a ponte de pedras?

 

Sting POV

No dia seguinte que Minerva me humilhou cruelmente, Yukino levou a lacrima consigo e não saiu mais do quarto...

NEM QUERO SABER O QUE ELA ESTÁ FAZENDO COM AQUELA GRAVAÇÃO.

Ugh... Só de imaginar, meu estômago se revira de vergonha.

Estou ferrado.

MAS! HOJE, EU STING EUCLIFFE, VOU DAR UM REVANCHE EM MINERVA ORLANDO!

— Que raios de pose é essa? Loiro idiota? -a morena grunhiu ao meu lado.

— Nada, nada. Hehehehe.

Eu acabei me exaltando um pouco fazendo inconsciente umas poses de "eu sou demais".

A situação é a seguinte. Declarei revanche na princesa e agora estamos no meio da lama.

Como assim? Bom, o trabalho que escolhemos, foi que uma gangue despeitada andou zoando nas cidades aqui perto e recebemos a informação que estavam se escondendo na margem de um rio, que se encontra dentro de um cânion florestado aonde uma ponte velha de trem passava por cima.

Ficamos escondidos do outro lado do vale e a ponte era como uma linha no céu que fazia a sombra do nosso limite de aproximação, para podermos observar os caras. Basicamente eles tinham feito um acampamento bem grande na margem do rio.

"Observação e precaução sempre" são as palavras da princesa. Bla, bla, bla, só besteira... Se fosse por mim, já teria arrombado o esconderijo e metido o soco em todo mundo!

Mas as decisões não se resumem a mim.

Chega a ser deprimente... Se pelo menos Rogue estivesse aqui... Maldito traidor.

Me senti muito amargo e abandonado, pensando no meu amigo que estaria tendo um feliz encontro com a Blondie! Enquanto eu estou sofrendo dia e noite!

Só de imaginar isso, me mordi de raiva.

— Sting-kun... Eu estou com frio... -meu exceed espirrou. Claro que ele veio junto, é meu companheiro no fim das contas.

— Ô princesa, tem certeza que não podemos entrar e meter a porrada em geral? -gruni, também meio trêmulo de frio.

— Shhh -ela resmungou, botando um dos dedos nos lábios- Eles estão se movendo.

MEU DEUS! FAZ QUANTO TEMPO QUE ESTAMOS AQUI SÓ OBSERVANDO ESSES CARAS? TRÊS DIAS!? VOU FICAR LOUCO! SAUDADES DO ROGUE ESSE ABANDONADOR SEM CORAÇÃO!!

No meio tempo que estivemos aqui, o rio que deveria estar seco faz muitos anos, do nada renasceu. Uma enxurrada de água apareceu do nada molhando nós três e por isso estamos nesse lugar úmido, lamacento e com a gente tremendo pra caramba.

— Princesa, vamos todos ficar doentes! Vamos acabar logo com isso.

— Olha direito loiro retardado -ela respondeu ríspida- Lá são uns quarenta ladrôes e entre eles tem um chefe. Se pegarmos o chefe vai ser bem mais facil e...

— Sting-kun... -Lector segurou na manga da minha calça, vi as olheiras no gato laranja e então, ele tombou de cara na lama, como se todas as forças dele fossem sugadas.

— LECTOOR!! -exclamei horrorizado, o pegando nos braços, seu rosto estava lamentável e sujo- ME RESPONDE LECTOR!

— Meu deus Sting, para de gritar -Orlando grunhiu, revirando os olhos- Seu exceed está bem.

Lector abriu os olhos encarando a morena rapidamente com... Uma rápida feição de traquinagem? Não, acho que isso foi impressão minha. Logo, ele me encarou.

— Stin...g...-kun... Por favor... Eu... -ele sorriu triste e fechou os olhos.

— LECTOOOOOOR! -fiquei abalado. O... O que eu faço? Lector...

Comecei a lembrar de quando eu conheci o exceed. A solidão que eu sentia quando era criança... De quando um gato falante e laranja apareceu na linha frente. Nós brigávamos, mas a cada dia, mesmo com nossas brigas, virávamos cada vez mais amigos.

— Você vai chamar a atenção deles. -a princesa suspirou aborrecida.

Eu fechei o punho, me aproximei do local mais seco que encontrei e deixei Lector ali. Enxuguei as pequenas lágrimas que eu nem percebi que estavam caindo de mim. E encarei para o grupo grande de ladrões.

— Me espere Lector. Vou acabar com isso logo -falei com uma voz que nem mesmo eu reconheci. Estarei meus ombros e os dedos das mãos. Eu estava decidido.

Minerva bateu a mão na testa e balançou a cabeça.

Caminhei pesado, até a sombra do trilho do trem. Fiquei bem em cima daquela faixa e berrei:

— HEY! BABACAS! PARECE QUE VOCÊS ANDARAM SE DIVERTINDO HEIN? QUE TAL VIREM AQUI PARA EU DAR UMA SURRA EM VOCÊS?

Os ladrões me encararam, uns apontaram para mim, outros falavam alguma coisa que eu nem estava me lixando para entender o que diziam.

Mas todos se levantaram ou pararam o que estavam fazendo para pegar suas armas e virem correndo em minha direção, com feições zangadas.

É, o número é um tanto grande para me encarregar sozinho... Mas...

Fechei meu punho ainda mais forte.

Lector precisa de mim. Sorri malignamente.

Eles chegavam, ao mesmo tempo eu comecei a escutar um som de trem se aproximando.

Mas o que foi mesmo estranho, é que quando os homens estavam a um passo de podermos trocar socos, vi o rosto de cada ladrão que vinha se transformar em pavor. O chão estava tremendo muito mais do que o normal e então, uma grande sombra surge.

Eu olho para trás. Meu queixo cai. Que diabos é aquele monstro!?

 

Laxus POV

Quando finalmente acho que vou conseguir pegar esse monstro, ele começa a correr com uma estamina que deve ter tirado do ar!

Porque na real... Faz DIAS que estou perseguindo ele!! Correndo por DIAAAAAAS!!!!

Estava pulando de árvore em árvore há tanto tempo que eu estava começando a ter dúvidas se eu era um Dragon Slayer ou um Macaco Slayer!

Se eu não fosse atlético e mais do que saudável, me pergunto se teria conseguido ficar na cola dele por tanto tempo...

Sim, estou finalmente fazendo a missão que vim fazer. Suspirei. Isso está bem chato mesmo. E olha que o monstro tem uns cinquenta metros de altura!!

Se pudesse, eu já teria acabado com a raça dele com minha magia há muito tempo atrás. Mas infelizmente essa coisa é incrivelmente rápida e desviou de todos os meus ataques. Nem mesmo estou conseguindo chegar perto para dar um belo soco nele.

Não sou de me estressar. Mas isso está literalmente comprometendo meu orgulho.

Um monstro nunca me humilhou assim! Me deixando sem saber como resolver isso a ponto de me dar apenas a alternativa de perseguir ele. E por tanto tempo!!

Da onde ele veio? Não faço a mínima idéia. Quando percebemos, apareceu repentinamente um pedido de missão no nosso mural... E o resultado é isso aí. Um monstro enorme que ninguém viu aparecer. Apenas que começou a causar problemas para as cidades por perto.

Eu tinha acertado o primeiro ataque contra ele. E ele ficou nada feliz.

Berrou como se o amanhã não existisse, desde então ele está correndo de mim!! Em uma velocidade e persistência incrivel.

Quando te atacam e você é gigante desse jeito, o certo é vir atrás de mim por vingança! Por que você está fugindo!?

Suspirei em ódio quando um galho raspou minha bochecha. Estou ficando cansado.

E velho. Cansado e velho.

Comecei a me imaginar se iria correr atrás dele até os meus cabelos ficarem brancos!

Por sorte, essa perseguição está ocorrendo no meio de uma floresta que parece não ter fim e não em uma cidade ou vila. Acho que foi bom até um monstro desses ser tão grande, já que ele está sendo muito fácil de localizar.

— PARA DE CORRER DE UMA VEZ!! -me irritei. Berrando e lançando um raio na direção dele.

O ser escapou por centímetros, fazendo uma curva que me assustou.

Repentinamente ele caiu em um cânion largo com um rio. Um rio que tinha metros de terra florestado nas suas margens. Uma vala bem larga a ponto de caber esse monstro em apenas uma das margens, depois ter um rio largo e outra margem tão grande como a primeira. Não pensei nem duas vezes. Saltei atrás dele.

Ele corria na mesma direção da correnteza calma da água.

Foi quando meu coração gelou.

O monstro rumava cegamente para uma ponte suspensa de trilho de trem que tinha vários metros de comprimento.

Não só isso como um trem estava para passar pela ponte. E como se isso não bastasse, tinham várias outras pessoas na margem desse rio.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O prox cap vem logo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Caminhantes" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.