Caminhantes escrita por Serin Chevraski


Capítulo 49
Covil de Ladrões




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Lucy POV 

Sinto um desconforto na nuca, minha pele está gelada e eu sinto frio. Aos poucos abro os olhos e me sento. 

— Lucy! -uma voz feminina me chama, aliviada. 

Eu vago o olhar. Aonde estou? Lembro de ter saído da guilda com Mira para uma missão num tipo de deserto então... Então... AH! MIRA!! 

— Mira!? -exclamei num salto, olhando frenética para os lados. 

Estou em um gênero de cadeia. Um quadrículo pequeno feito de pedra e ferro, sem cama, sem nada. Fui largada no chão frio sem dó ou piedade. Três paredes eram feitas de barras de ferro e a que ficava à minhas costas era de pedra, assim como o chão e o teto. A porta ficava de frente para um corredor, na esquerda e na direita tinham mais cubículos de cadeia como o meu, todas as portas com um pesado cadeado de aço um tanto enferrujado. E do outro lado do corredor, mais cubículos. Dando privacidade nenhuma, parecia mais um canil. 

— Estou aqui! -ela exclamou. Encontrei Mira no cubículo da minha direita. Corri para ela, a encarei aliviada por trás das barras de ferro que nos separa. 

— Mira! Que bom que está bem. 

Ela assentiu com a cabeça, mas suspirou. 

— Estamos presas, Lucy. Fomos descuidadas... Não pensei que eles estavam esperando com uma armadilha assim. 

Logo pensei, e minhas coisas? Olhei em minha cintura e vi minhas chaves e meu chicote. 

— Eles devem ser burros -ri, pegando o meu chicote. Mas a cauda dela não aparecia- Ué? 

Meu chicote que Virgo me deu, a cauda dela vem de magia estelar e do meu próprio poder, mas nada acontece... Será que quebrou? Peguei então a chave dourada de Tauros. 

— ABRE-TE! O PORTÃO DO TOURO, TAUROS! -fiz pose. Mas nada- Como assim!? -fiquei confusa. 

— Então você também não consegue usar magia? -suspirou Mira, se sentando e apoiado o corpo nas grades ficando de costas para mim, ela ergueu a mão e olhou para suas unhas refletidas pelas luzes trêmulas- Eu também tentei usar minha Magia Take Over... Mas assim como você, sem sucesso. 

— E... E agora!? -fiquei horrorizada. 

— Essas vozes... Não pode ser! -exclamou uma voz que eu conheço, virei o meu rosto e nas prisões do outro lado do corredor, apenas um dos cubículos estava habitado. 

— Você... Mest!? -me espantei, colando nas barras da porta na minha cela. 

— Sim! Sou eu! O que fazem aqui!? Vocês são Lucy Heartphilia e Mirageene Strauss, certo? -o homem de cabelos curtos colou nas grades também. 

— Viemos em uma missão -informou Mira- Mas e você? Como foi preso? 

— Eu... -Mest engoliu seco- Olha, vocês duas não deveriam estar aqui. 

— Mest? -o chamei, me assustando- O que é aqui? Por que as nossas magias não funcionam? 

Os olhos do agente do conselho me fitaram, e sua boca se abriu pesadamente. 

— Eu vim numa missão secreta investigar esse lugar. Por que assim como vocês, outros magos vieram para cá, incentivados pelo anúncio de missão, mas nunca mais voltaram. 

Eu arregalei os olhos e troquei olhares com Mira, ela estava ficando aflita também. A voz de Mest continuou a ecoar no corredor gélido. 

— Eu vim e descobri. Isso não é um covil de ladrões, isso é uma fachada para que o conselho não se perturbasse, afinal, um covil de ladrões é algo fútil comparado com os outros problemas que temos. Mas estávamos certos em suspeitar depois de tantos sumiços -ele respirou fundo- Aqui é uma organização de idolatradores de Zeref. Foram eles que colocaram uma barreira no covil, é um tipo de força anti-magia que tem por um quilômetro quadrado daqui. 

As palavras fugiram da minha boca. Idolatra... Quer dizer a multidão louca que acredita que Zeref é Deus e fazem oferendas e magias proibidas? 

— E por que... Não retiraram os anúncios dessa missão? -questionei. 

— Não podíamos... -ele respondeu- Todos os magos que pegaram essa missão não tiveram uma comprovação direta do cliente, por isso não pudemos provar que os magos realmente desapareceram por causa dessa missão. 

Engoli seco. O nosso cliente não quis nos ver também... Então... Ele pode estar envolvido também? 

— Espera -não compreendi- Eles... Eles são magos também, certo? Porque colocariam uma barreira anti-magia!? 

— Esse que é o estranho -murmurou Mest, em uma voz claramente trêmula- Eu já vi muitos tipos de idolatradores de Zeref na minha vida e a maioria eram magos... Mas idolatradores que conseguiram reproduzir o poder do Face... Mesmo que seja em pequena quantidade... Mas que não provém de uma magia de anulação... Nunca... -ele balbuciava. 

Mordi os lábios inferiores. E agora? 

— Lucy -me chamou Mira, com um olhar preocupado- Está tudo bem, Lucy -ela sorriu. 

— Mira... -sorri. Então ela ficou surpresa. 

— O que é isso no seu braço? -ela apontou para mim. Quando olhei, tinha um curativo colado. Retirei o curativo e vi um pontinho vermelho. 

— Oh, eu também tenho um curativo! -Mira ficou surpresa, retirando o papel quadrado colado do braço dela. 

— Sangue -murmurou Mest- Eles retiraram um pouco de sangue de vocês duas, para saberem o nível de magia de vocês. 

O encaramos. Estão... Medindo nossa magia? 

— Para quê? -saiu da minha boca. 

— Se eu soubesse... -e Mest socou o chão de frustração- Droga! DROGA! DROGA! 

— Calma Mest -falou Mira, com sua doce voz, expondo confiança. O moreno careca a encarou- Precisamos pensar em como sair daqui primeiro e então, você vai pode praguejar contra o mundo. 

Ele engoliu seco e assentiu com a cabeça, Mest ergueu-se e seus olhos ficaram determinados. 

— Sim, está certa Mirageene. Desculpa pelo momento constrangedor da minha parte. 

— Não tem do que se desculpar -sorriu a albina. 

— Então, o que faremos -planejou ele- Por sorte ou por azar, o corredor está vazio agora, isso não aconteceu em nenhum momento em que eu estive preso em todos os cinco dias. 

— Cinco dias!? -surpreendi- E ninguém veio atrás de você!? -pensei em Laharl, como ele pode ser tão negligente com um companheiro!? 

— Eu vim sozinho, é uma missão secreta afinal -declarou- E já contavam que eu demoraria, pelas minhas contas, eles virão daqui mais cinco dias. Mas o movimento por aqui anda estranho demais, a cada momento escuto um tumulto estranho lá em cima -ele nos encarou profundamente- Algo está acontecendo. 

Ele mal falou e escutamos gritos de dor, uma melodia de pessoas cantando bizarramente e vários pisares, tremulando tudo, e fazendo um pouco de terra cair dos vãos do teto. 

— O que acha que pode ser? -perguntou Mira, séria. 

— Algo catastrófico? Eu não sei -respondeu ele, lançando um olhar para cima- Foi isso que fim descobrir. O conselho me mandou exatamente porque algo está errado. Mas fui pego antes de encontrar o paradeiro dos magos sumidos. 

— E o plano? -perguntei. 

Ele fechou os olhos, com dificuldade de falar. Mas disse: 

— O covil tem centenas de homens e somos três pessoas sem magia. O jeito será cada um tentar escapar sozinho e aquele que tiver sorte, tentar trazer ajuda -eu me surpreendi, mas logo Mest corrigiu- Não estou dizendo que é para nos separarmos para fazer os outros dois de sacrifício para um fugir, acho que até mesmo assim teremos pouca sorte, mas querer todos nós três fugirmos juntos é como se pedisse que um milagre caísse do céu. 

Ele está certo, se o covil é tão cheio de pessoas, se dois fizerem um tumulto o terceiro pode fugir. 

— Mas se o que você disse for verdade, que eles estão fazendo algo, esse "depois" pode ser tarde demais! -observei- Estamos sem tempo, não é? Não vamos conseguir chamar ajuda! 

— É aí que fazemos diferente -Mest pareceu suar frio- Em vez de fugir, buscaremos a fonte da anti-magia, o destruímos e nossas magias voltam. Nesse momento, eu teletransporto todos nós. 

— ... É um plano ousado -observou a albina- E como sairemos das grades? 

— Logo os guardas virão. Provavelmente para nos levar para participarmos do que está acontecendo lá em cima. Escaparemos nesse momento. 

Assim que ele falou, escutamos passos ecoando no corredor. E apareceram quatro homens mascarados, com grandes túnicas encardidas de cinza, o que diferia era a touca triangular que usavam, que pareciam daqueles de bruxos medievais.  

Um tinha a touca mais alta, os outros três tinham toucas comuns... Eles sibilaram algo entre eles, algo que não consegui distinguir o que era. O homem com a touca mais alta ergueu um molho de chaves e chegou perto da cela de Mest. Abriu o pesado cadeado com uma grossa chave. O da toca maior se afastou e se aproximou da minha cela, abrindo o cadeado da minha porta. Um dos homens de toca menor pegou o mago do teletransporte, amarrando os pulsos dele. Logo o da toca maior foi na cela de Mira, um dos dois homens que esperavam a sua vez de pegar os prisioneiros, entrou no meu cubículo e me pegou, usando a força para deixar minhas mãos nas minhas costas. 

Quando percebi, o da toca maior nos guiava e em fila indiana, e então vinha Mest, um de toca menor, eu, outro de toca menor, Mira e o último de toca menor atravessávamos o corredor de celas. Logo fomos para um túnel de escadaria em espiral, para cima. 

Mest parou abruptamente, deu uma cabeçada no homem que o levava e um chute no homem que nos guiava. 

— AGORA! -ele berrou.  

Eu dei uma cabeçada no cara que me levava e Mira vez o mesmo. Doeu, mas pelo menos os homens ficaram confusos e foi tempo o suficiente para nós três começarmos a correr escadaria acima, nos desvencilhando das cordas que amarravam nossas mãos, jogamos essas amarras no meio do caminho. Agora nossos pulsos estão livres. Um grito agudo veio por trás de nós, chamando reforços. 

— Rápido! -exclamei alarmada. 

— Estou indo! -grasnou Mest arfando. 

— Você usa teletransporte demais! Não faz exercício, por isso que é tão lerdo! -me aborreci. 

Começamos a escutar passos apressados. A escadaria acabou e nos deparamos com uma sala de cindo saídas. 

— Qual caminho tomamos? -questionou Mira. 

Antes que pudéssemos escolher, de duas saídas tinham milhares de passos se aproximando. 

— É aqui que nos separamos! -decidiu Mest. 

— Como posso confiar em você? -perguntei, me sentindo oprimida pela tensão- Nunca falei que concordava com isso. Como vou saber se não vai fugir sozinho!? 

— Lucy! -chamou Mira- Não devemos brigar agora! Principalmente agora que não somos mais magos! Sem poderes, somos nada e ninguém! 

— Não -interrompeu Mest, abaixando a cabeça. Suamos frio, os passos ficavam cada vez mais altos, logo os homens estarão por aqui. O moreno careca me olhou profundo- Eu já abandonei vocês uma vez... Em Tenroujima, deixei Wendy Marvell para trás -o punho dele fechou- Mas eu me arrependi. Por isso eu decidi que nunca mais eu iria abandonar alguém! Principalmente agora que descobri que sou um mago da Fairy Tail também! -me surpreendi, o assunto de Mest Gryder ser ou não ser uma fada era uma confusão que eu não sabia no que acreditar- Por favor, confie em mim! 

Comprimi os lábios. 

— Vou pela esquerda! -exclamei. Mest sorriu aliviado. 

— E eu pelo meio! -sorriu Mira. 

Começamos a correr, nos separando. Eu olhei para trás rapidamente e vi os homens saindo das duas outras entradas. Me virei para frente, apavorada. 

Mest Gryder. Seu sorriso foi genuíno, um sorriso que apenas as pessoas arrependidas e desesperadas fazem para serem acreditadas, desejando “Eu mudei, por favor, acredite!”. Espero ter feito o certo. 

Mas e agora Lucy!? ESTÁ SENDO PERSEGUIDA POR UM BANDO DE LUNÁTICOS! E EM UM LUGAR QUE PARECE MAIS UM LABIRINTO DO QUE QUALQUER OUTRA COISA! 

Fui desviando os caminhos barulhentos. E a toda hora aparecia uma bifurcação. Estou ficando cansada. E o que é esse canto musical que consigo escutar de leve? Não, não se importe com isso! APENAS CORRA! 

Estou com um péssimo pressentimento... 

Meus olhos marejam. Então na minha frente, num corredor reto sem lugares para me esconder, aparecem vários mascarados de capas encardidas de cor cinza. Levei um susto e dou meia volta, mas deste lado está cercado também. 

Minhas mãos vão até uma de minhas chaves. 

— ABRE-TE! O PORTÃO DO LEÃO! -exclamei. Mas nada aconteceu. Os mascarados sibilavam uma risada corrente, baixa e constante. 

— Inútil, inútil, inútil... -consegui decifrar essa palavra entre os sussurros. Eles se aproximavam lentamente. 

Me lembrei de todos os meus amigos, sorrindo para mim, me desejando boa sorte e que me cuidasse... Eles não virão! Eles não virão me salvar! Por mais que eu deseje, eles não virão porque confiam em mim e em Mira! 

Ergui os punhos trêmulos, e gritei para que o medo não me tomasse: 

— SE QUEREM ME PEGAR, TENTEM! VÃO DESCOBRIR A FÚRIA DA HEARTPHILIA! 

— Uma maga sem magia... Inútil... Inútil... Inútil... Inútil... -eles sibilaram divertidos se aproximando mais e mais. 

Fechei meus olhos e lancei um soco para frente. Olhei e percebi que eles recuaram, mas continuaram sibilando. Eu dei um chute e eles recuaram de novo. Não os acerto... Não os acerto... Não os acerto... Por quê? Por quê? 

Meus olhos estavam marejados. Medo, sentia muito medo...

Então eu fui cercada, mesmo me debatendo, eles recuaram e continuavam rindo. Algo me acertou por trás, fez todo o meu corpo sentir um choque correndo por toda a minha espinha e eu fui caindo no chão, sem forças, paralisada. 

— Essa é a maga fraca, vamos usar a albina -escutei levemente, meio consciente- Coloquem a loira num dos vidros... Ela é a número cinquenta... Finalmente... 

Assim que acordei, senti meu corpo formigar terrivelmente. Mas meus olhos se arregalaram ao ver o cenário que me encontro agora, iluminada pelas centenas de tochas bruxuleantes, como se fossem enfeites de natal. 

Parecia uma arena gigantesca, com paredes e teto de areia petrificada bem alta. E nessa parede tinham vários cilindros de vidro, eram como se tivessem sido colados na parede. Cilindros um pouco longe uns dos outros, mas eram tantos que foram colados em andares. Eu estou dentro de um desses cilindros. Me levantei e colei o rosto no vidro para ver melhor. Alto, muito alto. Abaixo de mim tinham pelo menos três cilindros. E todos, com uma pessoa dentro, os cilindros eram perfeitas, do tamanho de um humano adulto. Poderia contar que pelo menos cinquenta pessoas em cilindros tinham ali. 

E lá embaixo, centenas de homens de capas encardidas cinzentas ajoelhados com as testas no chão naquela redoma de areia. Como se saudassem em respeito diante de um rei ou deus, todos virados para o centro, idolatrando uma grande cruz. Nessa cruz, estava Mira amarrada. 

— Mira! -chamei horrorizada. Mas a albina estava de olhos fechados, parece que está inconsciente. 

Passei meus olhos para os homens presos nos cilindros e como eu, estavam acordados, de olhos aflitos. Prestei a atenção em suas roupas, eles tinham marcas... Marcas de guildas, mas de guildas que eu nunca tinha visto.  

Atualmente, Magnólia chega a ter bem mais que cento e cinquenta guildas de magos, então... É provável que eles sejam os magos que vieram para essa missão e... Nunca mais foram achados!? 

Meu coração disparou assustado. O que... O que eles pretendem começar? 

Minha atenção voltou para o que ocorria lá embaixo, a minha respiração fazia fumaça branca no vidro. Então uma música foi se tornando alta. Descobri que não era música que eu estive escutando esse tempo todo, era a reza dos mascarados. 

Ao lado da cruz que prende Mira, um xamã fantasiado apareceu, ele usava uma máscara vermelha e exagerada de pedras preciosas e pinturas com hologramas, suas roupas eram cheias de penas e peles de animais. O xamã começou a dançar com a reza de seus crentes, balançando seu cajado, como se abençoasse todos eles. A sombra do pequeno homem dançante tremulava nas paredes, parecendo um festival de sombras. 

O xamã começou a recitar em um som alto e de bom tom, eu consegui compreender cada palavra: 

No céu e na terra 

Nosso deus! 

Oh, majestoso Zeref! 

Volte para nós, volte para nós! 

 

Com minha dedicação, lhe trago teu povo 

Os injuriados que desejam o caos do mundo 

Deus! Nosso senhor! 

Com o sacrifício da moça de grande magia! 

Mando-a para tí! 

 

Magia de todos os cinquenta magos 

Eis a força! 

Zeref! Nosso Deus! 

Traga-nos a eternidade, de vosso lado 

O beijo da rosa negra! 

Um canto depravado ele fazia. O xamã ergueu as duas mãos e senti meu estômago revirar. Caí de joelhos, meus olhos dilataram. Dor! Sinto dor! A magia do meu corpo vai se esvaindo como se espremessem de mim. Ouço gritos, os outros que estão nos cilindros se contorcem bizarramente, alguns desesperados batem com foça no vidro, tentando quebrá-lo, outros recitavam suas magias, mas sem efeito. Eu começo a tossir. E entre essa grande barulheira, a reza dos encapuzados aumentava de som. 

Um caldeirão foi empurrado até o lado do xamã, dentro dele as brasas eram tão altas que o vermelho cintilante brilhavam mais que qualquer tocha. O pequeno homem fez mais movimentos ritualísticos, até que retirou um ferro do fogo, um carimbo de chamas retirado das brasas. 

Meu corpo vai ficando pesado. E um por um, os magos dos cilindros vão se deitando de exaustão. Minhas pálpebras vão se fechando, mas eu ainda luto para ficar sentada. E eu vejo a silhueta do xamã erguendo o carimbo flamejante para o rosto de Mira. 

Quando o carimbo arredondado começa a queimar a carne da bochecha da albina, os olhos dela se abrem, olhos azuis e que sempre brilharam gentis, estavam cheios de dor e desespero. 

— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHH!! -ecoou a voz que eu reconheceria em qualquer lugar. 

— MARCADA É A SACRIFICADA! O RITUAL ESTÁ FEITO! -se alegou o xamã- A MAGIA DE CINQUENTA MAGOS E UM SACRIFÍCIO COM UM GRANDIOSO PODER MÁGICO!! ZEREF QUE NOS ABENÇOE! -ele ainda pressionava o ferro em brasa contra o belo rosto de Mira- QUE NOSSO DEUS VENHA A NÓS PARA GUIAR-NOS! -o sorriso estampado, demonstrava uma felicidade distorcida do pequeno homem. 

Mira continuava a berrar, se debatendo, tentando se soltar da cruz. 

Assim que o ferro foi retirado do rosto dela, a marca que ficou brilhou a ponto de nos cegar. E com o grito final de Mira, uma onda de ar explodiu, se expandindo por todos os lados. O impacto foi tão grande que eu bati a cabeça no vidro. Tudo se esbranquiçou. 


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