Caminhantes escrita por Serin Chevraski


Capítulo 31
Tola




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/685286/chapter/31

Minerva POV 

Já se passou uma semana desde da vinda da loira e ela estava frenética indo em missões pequenas. E nessa única semana, Lucy já tinha ido em seis! SEIS! Não sei para o resto do mundo, mas para mim essa quantia de trabalho não é normal. Eu nem consigo falar com essa garota da forma que queria! Porque nesses dias nem mesmo a vi, pois essa Maga Celestial chegava da missão e já saia, ou seja, não encontrei um fio loiro dela desde o primeiro dia em que chegou a nova companheira na guilda. 

— Lucy, já vai sair em outra missão? -perguntei. Estamos tomando café da manhã na mansão, apenas eu, Lucy e Rogue na sala de jantar. 

— Sim. -falou ela. Mas parece tão cansada! 

— Lucy, não acha que está se esforçando demais? -questionou Rogue, colocando um prato de calabresa frita na mesa e se sentou entre eu e a loira. 

— Hum!? Não entendi a pergunta. Eu sou de feita ferro! -riu ela, saboreando o suco de melancia que o moreno preparou para hoje. 

... ?  

Por que ele está perguntando isso para ela? Ahn!? Rogue está... Preocupado?  

Nunca percebi que o Dragon Slayer das Sombras era tão... Atencioso... Não, pera, ele não é! O que está acontecendo!? Olhei desconfiado para ele, mas não comentei, Lucy estava com uma cara meio pálida, minha atenção estava na saúde dessa garota. 

— Lucy, não acha melhor descansar? -insisti. 

— Não Minerva... -ela olhou para os lados receosa, engoliu o pão rapidamente e se levantou- Bom, eu já vou indo... 

Vi Rogue franzir as sobrancelhas, ele segurou o braço da loira. 

— Espera, vai aonde?  

— Em outra missão, hué. -ela o encarou, franzindo as sobrancelhas também, mas estava um tanto corada. A loira se soltou da mão dele e sorriu- Não precisam se preocupar, estou bem. 

— BOM DIA BLONDIE! -berrou Sting, abraçando Lucy por trás. 

— GWAAAAH!? S... STING!? DA ONDE VOCÊ BROTOU HOMEM!? -ela berrou assustada, empurrando o escandaloso para longe, mas não estava dando muito certo. 

— NÃO TE VEJO HÁ UMA SEMANA MULHER! ESTAVA AONDE? 

Agora, eu fiquei bem chocada, desde quando o Eucliffe é de saltar nas pessoas assim!? Hum!? Espera, Sting está dando uma centelha de olhar travesso!? O QUE ESSE LOIRO ESTÁ TRAMANDO COM A LUCY!? Hein!? Ele sussurrou algo para a Lucy? Ela olhou para Rogue rapidamente e corou... E COROU MUITO! O QUE ELE FALOU!? 

— ME. SOLTA. ABELHA. MALDITA! LUUUUUUCY KIIIIIIIIIIICK!!! -ela deu um trezentos e sessenta que nem sabia que era possível fazer com o corpo, meu queixo caiu. Sting voou pro outro lado da sala de jantar caindo direto num armário. Até mesmo o Rogue que tem quase zero de expressões emocionais ficou com cara surpresa. 

— STING-KUN! -berrou o exceed que veio voando, assustado com o barulho. E em seu encalço, Frosch veio junto. 

— AAAAAAAI! MALDITA BLONDIE! NÃO FAÇA UM TROÇO LOUCO DESSES! QUER QUE EU MORRA!? -grasnou Dragon Slayer da Luz, alisando o local acertado. 

— V... V... VOCÊ! -ela berrou apontando para o loiro, de forma frenética e muito corada- NÃO SE APROXIME DE MIM! 

Ela começou a caminhar pisando o pé forte e as bochechas bem infladas, sem dizer o quanto corada estava. Mas de repente ela colocou a mão na cabeça, caminhou torto e caiu no chão. 

— LUCY!? -berramos todos. 

Eu me levantei para socorrê-la, mas hein!? Algo passou bem veloz por mim, parecendo o vento. Quando vejo, Rogue está agachado ao lado dela, a olhando preocupado. Até que ele coloca a mão na testa da loira. 

— Ela está com febre. -fala o moreno de sobrancelhas franzidas, a ergue no colo. 

Eu vejo como a loira arfa em busca de ar, com uma expressão de dor. Rogue me olha, o rosto dele estava tomado de preocupação- Pode preparar panos e um balde de água, Minerva? Por favor? E uns comprimidos também. 

Saí do transe da surpresa e respondi: 

— Claro. 

— Eu vou levar a Lucy pro quarto... -ele se virou. Antes de sumir da minha vista, escutei ele sussurrar- Essa garota tola, se esforçou demais... 

Eu coloquei a mão no meu queixo, pensativa, vi o Eucliffe pelo canto do olho, ele sorria encarando a porta por onde os dois saíram. Eu voltei a encarar a mesma coisa que Sting e sorri. 

É Lucy, lembra dos problemas do coração que você me disse ter? Parece que eles vão se resolver bem rápido. 

Rogue POV 

Lucy queimava, comprimi o lábio e apressei o passo escada acima. Corri para o quarto dela e escancarei a porta, rapidamente botei a loira na cama. Coloquei minha mão na testa dela, a febre está subindo bem rápido! Engoli seco.  

Enquanto Minerva não aparece, saltei para a mala dela que estava jogado no canto do quarto, numa velocidade incrível abri o zíper e vasculhei as roupas de Lucy, buscando algo confortável e leve. Corei ao encontrar as roupas íntimas e seduzentes dela. Bati em meu rosto. Não é hora para isso, Rogue! Voltei a atenção para o que procurava e peguei a camisola que ela usou no outro dia e uma calcinha. Isso vai servir. 

— MINERVA! VAI DEMORAR!? -fiquei impaciente. 

— CALMA! ESTOU INDO! -ela respondeu. 

Joguei a camisola na cama de Lucy, corri para o corredor e para o banheiro, abri as torneiras em água gelada, o cano estremeceu pela força da torrente que caia na banheira. 

— ROGUE!? AONDE VOCÊ ESTÁ? -chamou a Orlando. Corri para fora do banheiro e voltei para o quarto, Minerva trouxe o que pedi, Sting segurava os baldes e panos. Eles encaravam Lucy e quando apareci, seus olhos se voltaram para mim. 

— Me passa o comprimido Minerva. -ela me entregou e olhou preocupada para Lucy, peguei a camisola e calcinha da loira que deixei em cima da cama e entreguei para a morena- Pega essas roupas e vai para o banheiro, fica de olho na água da banheira que deixei aberta, temos que abaixar a febre e você vai dar o banho nela. Já levo ela para você, assim que a fizer tomar o remédio. 

Ela assentiu e saiu correndo com as peças de roupa nas mãos. 

Repentinamente Lucy começou a se debater. 

— Lucy!? -a chamei alarmado. 

Catei o remédio, me aproximei dela, e subi na cama, a segurando por trás, ela dava socos aleatórios para todos os lados. Lucy vai se machucar! 

— Não... Por favor... Mi... Mira... Não... Lis... Lisanna, des... Desculpa... Não... NÃO! MIRA! POR FAVOR MIRA! DESCULPA! DESCULPA! NÃO! POR FAVOR! ALGUÉM! MIRA! SALVA ELA! POR FAVOR! -ela começou a chorar, de olhos fechados, como se visse seus pesadelos. 

— Ela começou a delirar! -exclamou Sting preocupado, vindo segurar os tornozelos da loira. 

— Lucy, toma o remédio, vamos! -falei, tentando colocar o comprimido na boca dela. 

— NÃO! NÃO! POR QUÊ!? POR QUÊ!? POR QUE NÃO TROUXE ELA TAMBÉM!? POR QUE NÃO TIROU MIRA DE LÁ!? POR FAVOR! MIRAAAAAAAAAAAAA! DESCULPA! DESCULPA! DESCULPA! -o som de sua voz era de uma imploração que cortava o coração, cheia de culpa. 

— LUCY! -berrei desesperado- SOU EU LUCY! ROGUE! SE LEMBRA DE MIM!?  

— NÃOOOOO! MIRAAAAAA!! -começava a chorar mais ainda de olhos fechados, como se estivesse presa num mundo aonde apenas ela poderia ver. Se debatendo frenética, até Sting teve dificuldade de segurar as pernas da loira. Eu mordi meu lábio inferior, a abracei fortemente, seu corpo estava quente, anormalmente quente. A chamei em seu ouvido: 

— Lucy, por favor, Lucy... Volta para a realidade... Se lembre, sou eu, eu estou aqui. Rogue Cheney, lembra!? 

Ela pareceu se acalmar um pouco, os olhos dela se abriram lentos e cansados, vi os olhos achocolatados buscando algo, meio vagantes. 

— R... Rogue!? Você está aí...!? Eu... Estou vendo nada.. Está tudo torto e embaçado... 

— Sim, eu estou aqui Lucy. -suspirei mais aliviado. Olhei para Sting e ele também pareceu tranquilizado, soltando os tornozelos da loira e se jogando no chão. Ergui o remédio e elevei até os lábios dela- Aqui, tome o remédio Lucy, vai se sentir melhor. 

Ela sorriu, lágrimas caíram dos olhos dela, deixou que eu colocasse o remédio em sua boca boca e ela engoliu. A mão dela se ergueu até meu rosto. 

— Que bom que está aqui Rogue... Eu... Estou vendo tudo borrado... F... Fala comigo... Está mesmo aqui!? 

— Sim, eu estou. Pode ficar tranquila. -olhei para Sting e ele sorria, se sentado no chão, respirado fundo, eu voltei minha atenção para a loira e sorri também- Venha. Minerva vai te da um banho. 

Eu a peguei no colo de novo. Ela passou os braços no meu pescoço. Lucy é tão leve, nem percebi pela correria. Mas ela continua anormalmente quente. 

— Rogue? 

— Sim? 

Ela riu, estávamos a caminho do banheiro. 

— O que é? -perguntei curioso. 

— Nada não, só queria ouvir sua voz. 

Eu corei e sorri. 

— É mesmo? 

— Sim. -ela me abraçou mais forte, rindo meio arrastado, por causa da febre. 

— Você realmente é uma garota muito tola, quem mandou ir pegar tantas missões? -a reprovei. 

— Desculpa... Mas se não fosse tola, não teria meu cavaleiro de cavalo branco -ela sussurrou com sua cabeça em meu ombro.  

— Eu pareço ser mais o cavalo negro que leva a princesa do que um cavaleiro -falei imaginando a cena. 

— Hum? Não... Está errado Rogue, você é nenhum dos dois -ela riu, como se lembrasse algo. 

— Você é realmente não toma jeito. 

Minerva apareceu na porta do banheiro e olhou preocupada. 

— Eu escutei gritos, estão bem? -disse em tom aflito. 

— Sim -respondi, entregando a loira para a morena- Ela está bem, teve umas delirações, mas está bem. 

Minerva sorriu. 

— Venha, vou te dar um banho Lucy. 

A Heartphilia olhou para mim antes da porta se fechar, eu esbocei um sorriso e ela sorriu de volta. A porta se fechou, eu me encostei na parede do corredor escarlate e sentei no chão. 

— Que cena milagrosa. -falou Sting se aproximado- Lucy anda mexendo muito em você? 

Nem respondi, apenas o encarei com minha cara de paisagem, ele riu. 

— E assim, Rogue Cheney não responde, sendo o insensível de sempre. 

Eucliffe respirou fundo e se sentou ao meu lado. 

— Quer saber o que eu disse para a Blondie, e ela ficou toda vermelha? E muito irritada a ponto de me fazer voar pela sala de jantar? 

Continuei a ignorar, estou esperando Minerva abrir a porta. Mas Sting me olhou de forma muito malvada e travessa, se aproximou saltitante e sussurrou: 

— Eu falei: “O plano enciumar Rogue Cheney não está dando certo. Vamos mudar de tática. Hora de darmos um beijo, não se preocupe, imagine que eu sou o Rogue e vai dar tudo certo. Soube por umas meninas que ele deu uns pega, que eu não beijo de forma tão diferente que ele.” 

Meus olhos se arregalaram, meu pescoço se virou automaticamente. 

— STING! -berrei corando- VOLTA AQUI! -e lá se foi ele correndo em disparada, rindo. 

Antes que eu pudesse ir atrás, Minerva abre a porta. 

— Que gritaria é essa? -ela me reprovou com o olhar assustado- Dei o banho na Lucy, acho que a febre abaixou, mas tem que deixar ela descansar e pôr os panos úmidos na testa dela. 

Eu fui até a morena, ainda sentia o meu rosto arder, mas abri os braços e Lucy veio meio cambaleante, com uma cara de doente. 

— Por quê está corado? Pegou a febre da Lucy? -a Orlando me olhou desconfiada. 

— Me dá ela. -falei curto, não quero responder essa pergunta, Minerva. Levantei a loira no meu colo. AH DROGA DE STING! MEU CORAÇÃO ESTÁ...!! 

Lucy tombou a cabeça no meu ombro e dormiu. Voltei para o quarto dela e a deixei na cama. Dei um sorriso, puxei o cobertor mais leve que achei, colocando gentilmente sobre ela. Peguei um pano, o molhei e coloquei em sua testa. 

— Você é forte -sussurrei- Tem um algo que te atormenta tanto assim, mas está sempre sorrindo. 

Puxei uma cadeira e segurei a sua mão, olhei para a marca da Sabertooth. 

— Dourada? -dei um pequeno riso- Dourada como a estrela que eu disse que era. 

Lucy POV 

Sinto minha cabeça zonza... Tem algo molhado na minha testa, a falta de ar que sentia agora pouco se foi, meu rosto está um pouco quente... Ah, droga, estou com febre! E tem... Algo segurando minha mão? Eu abro os olhos levemente.  

Estou no meu quarto, aquela da mansão. Olho para o lado, e tem um rapaz de cabelos negros meio espetados que cobre metade do rosto sentado em uma cadeira, com olhos fechados... Segurando a minha mão esquerda. Ele está dormindo? 

Me levanto e o pano cai da minha testa, com a mão livre, pego o tecido úmido, vejo um balde ao meu lado jogo o pano na boca do balde. Sinto a tontura vir com esse meu movimento. 

— Acordou, Blondie? -falou uma voz na porta. 

— Ah... É você... -falei cansada. Sting se encontra encostado na madeira da parede, com os braços cruzados e uma sobrancelha arqueada. 

— Esse cara não saiu daqui nem por um minuto, é uma visão muito estranha. Ficou a hora toda trocando o pano... Você deu mais trabalho que um bebê Blondie, o pior foi quando você começou a delirar, se debatendo e resmungando nada com nada -riu ele, descontraído. 

— E... Eu dei tanto trabalho assim? -fiquei preocupada. 

— Rogue quase precisou enfiar o dedo na sua goela para você tomar o remédio. Mas não se preocupe, ele não se importa em precisar cuidar de você. 

Senti meu rosto corar. 

— Cala a boca Abelha, vai acordar ele -inflei as bochechas. 

— ... Melhor você ir dormir, e vê se agradece o meu amigo, viu? 

— Não precisa me ensinar a ter educação. Xispa logo daqui. 

Ele sorri e sai, fechando delicadamente a porta do quarto. Eu olho vagamente para a mão que segura a minha... É tão grande...  

Haaa... Essa semana eu peguei muitos trabalhos mesmo, mas eram todos que não precisavam de combate corporal mais do gênero limpar coisas, cuidar de animais, vigiar locais e coisas assim. Era um plano perfeito, é claro, para uma máquina... Pegando tanto trabalho, conseguiria dinheiro o suficiente para ajudar a pagar aqui e o apartamento de Magnólia. E fugia de Sting e da promessa dele. Dois coelhos em uma cajadada só, mas parece que eu não poderia adiar isso para sempre... 

Olhei para o rosto de Rogue e corei, lembrei do que Sting me sussurrou na sala de jantar. Maldito Eucliffe, nem sei mais quantas vezes eu já o amaldiçoei nessa vida.  

Me aproximei de Rogue, queria ver ele dormir, é uma cena muito rara de se ver! Preciso gravar isso na minha mente direitinho. Dei um sorriso. Os cabelos negros dele parecem tão macios, mesmo sendo espetados... Rogue tem uma estranha mania de deixar metade do rosto coberto, mas isso não deixa de ser... Atraente... 

Peguei a mão que segurava a minha, ergui até o meu rosto e o encostei na minha bochecha. 

— Mesmo o meu rosto estando quente, essa mão é um pouco mais... E é tão grande que pode cobrir o meu rosto. 

Dei uma risada, aos poucos vou me lembrando do meu momento de febre... Mas só me lembro a partir de quando Rogue me pega no colo para ir tomar banho, não me lembro de ter delirado... Vou corando um pouco mais, mas continuei a sorrir, olhando para o rosto sereno dele. 

— Rogue, se você conseguir fazer a diferença, não será o cavalo negro que leva a princesa ou o cavaleiro que me salva... -fechei meus olhos para sentir melhor a sensação do calor de sua mão- Levy-chan disse que você meche comigo, não sei até aonde pode ser verdade, mas se me fizer sorrir sem que eu precise segurar o choro, como disse Zeref... Você será a noite que completa o meu sorriso, a felicidade da estrela que você disse que sou. Uma aconchegante noite que me apoia para brilhar. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Caminhantes" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.