Será que eu poderia ir? Sou apenas uma garota do segundo ano, não, não! Sou a afilhada de Heloisa Potter do segundo ano. Agora sim, pensamento positivo sempre.

E como já era de se imaginar, corri para a sala da expert em me ajudar em tudo, minha tia e lá estava ela, corrigindo lições.

-Mas que visita inesperada, já vai dar o toque de recolher, o que faz aqui? – ela apenas lançou um olhar rápido em minha direção e continuou focada no que fazia.

-Eu preciso de um favor – abaixei a cabeça frustrada. Odeio depender dos outros.

-Você precisando de mim? Interessante, prossiga.

-Terá um passeio a Hogsmeade, e bom... Cedrico me convidou para ir com ele, mas sou do segundo ano e achei que a minha tia linda e professora poderia dar um jeito nisso – dei meu melhor sorriso a ela.

-Você sempre querendo mais do que pode não é Sophia... – ela ergueu uma sobrancelha e revirou os olhos.

-Eu preciso me redimir com ele, entende? Não é como se ele gostasse de lembrar que eu não estava aqui no ano passado – argumentei, a batalha ainda não estava perdida.

-Você é uma estudante, entende isso? Não posso ficar passando por ordens, Sophia não podemos abusar... Você vai a Hogsmeade, vou ficar de olho em você, não sonhe, cogite ou sequer pense em cometer alguma besteira que não chegará perto do Três Vassouras outra vez.

-Você é fabulosa! Chata, mas absolutamente fabulosa – corri para abraça-la.

-Ótimo, agora pare de palhaçada e dê meia volta, não quero aquele velho do Filch me aborrecendo por sua causa, mocinha – ela se levantou e foi me empurrando para porta.

-Você é professora agora e ainda tem medo de Filch pegar você andando pela escola, tia? Então você gostava de andar depois do horário permitido... – abri um sorriso maroto.

-Não vou cair no seu jogo, se é isso que está pensando, sou treinada Sophia... Não é tão fácil assim.

Madame Nora apareceu, e atrás dela, Filch.

-Criança fora da cama – disse ele exaltado.

-Ela está comigo Filch – ela passou a mão sobre meus ombros e caminhamos até a entrada do salão comunal da Grifinória. – Fique esperta com Filch, não quero ouvir reclamações suas ou vai acabar voltando para Beauxbatons – ela me lançou um olhar sério e foi embora.

Minha tia é assim, ela é um tanto severa, mas é para mostrar autoridade perante a mim, ela tem medo que eu faça besteiras e acabe gerando confusões maiores, e acredite, consigo tornar algo pequeno em uma coisa extremamente nebulosa, e ela não gosta nem um pouco disso.

-Cabeça de Dragão – disse a senha e entrei no salão, não estava muito cheio, mas fui direto para o dormitório das meninas.

Acordei com o barulho da chuva lá fora e acredite, não era uma chuvinha boba, era aquelas de desanimar qualquer passeio, mas como sou elétrica demais para ficar desanimada, rumo a Hogsmeade!

-Vai para Hogsmeade mesmo? –Hermione se virou para mim.

-Sim, minha tia irá me levar – expliquei.

-Você é tão sortuda – disse enquanto descíamos para o Salão Principal, apenas sorri. Mal sabe ela o esforço que tive para conseguir isso, minha tia não estava tão boazinha assim no momento.

Sentamos na mesa da Grifinória e logo Angelina e as meninas se juntaram a nós.

-Para onde a mocinha pensa que vai? – brincou Katia.

-Para Hogsmeade – falei, rindo.

-Katia, prometo que te trago um montão de coisas – disse Angelina.

-É, mas então Sophi, está rolando boatos na escola que você foi convidada – disse Alicia com um sorriso maldoso.

-Está rolando boatos, é? Ou você é curiosa demais? Sim fico com a segunda opção, e fui convidada, se é curiosa o suficiente para não esperar eu contar – falei ainda gargalhando.

Todas riram.

-Quem foi o felizardo em ter sua majestosa, ilustríssima companhia? – Katia curiosa – você é tão chata que me impressiona um garoto te convidar – e ela riu e todas acompanharam.

-Eu – a voz mais linda do mundo soou.

Angelina que estava sentada a minha frente abaixou a cabeça, rindo.

Virei e dei de cara com um Cedrico sorridente.

-Olá – falei mordendo os lábios tentando não rir.

-Desculpa interromper sua conversa com suas amigas – ele riu, com certeza deveria ter ouvido uma parte da conversa - eu queria saber se você vai? – ele fingiu ignorar os risinhos de Alicia.

-Sim, pode esperar – respondi.

Ele assentiu, me deu um beijo na testa e foi se sentar-se à mesa da Lufa-lufa.

-Alicia! – exclamei. – dá para ser um tanto... Natural? – olhei para ela incrédula.

-Desculpa, mas ele é um G-A-T-O – soletrou a ultima palavra.

Revirei os olhos.

-Todas aqui acham isso – disse Katia.

Mordi minha torrada, ignorando-as.

-Garotas – saudou Olívio se sentando perto de nós e Fred e Jorge chegavam logo atrás dele.

-Sophia, Jorge ouviu dizer que também vai para Hogsmeade, levadinha! – disse Fred rindo.

-Como? – Olívio se virou para mim.

-Cedrico a convidou – respondeu Alicia dando uma piscadinha para mim.

Ela acha que Olívio gosta de mim, não sei bem se é verdade.

-E você vai? Você é apenas do segundo ano! – contrapôs Olívio.

-Claro, por que não iria? Fui convidada, minha tia deixou, não tem problema nenhum, não tem porque não ir – resposta maior do que ele queria, pois a cara que ele fez não foi nada bonita.

Angelina e Alicia se levantaram, tentando dar um fim naquele debate.

-Vamos? – Angelina perguntou.

-Tchau Mione, te vejo mais tarde – pisquei para Hermione. – Igualmente Katia.

-Tchau – disse Katia.

-Bom passeio – disse Hermione.

Segui com Angelina e Katia para o Saguão de Entrada, onde alguns estudantes e Filch se encontravam.

-Autorização – pediu.

Angelina e Alicia entregaram o papel a ele.

-Você não pode ir – ele disse abrindo aquele sorriso amarelo com um ar de maldoso, talvez apresentar a escova de dente para ele, faria um bem para o mundo bruxo.

-E quem é você para me impedir? – olhei-o com deboche.

-Ela está comigo Filch – disse minha tia atrás de mim.

Ele me olhou com raiva, e minha tia logo tratou de me puxar dali.

-Eu te falei para tomar cuidado com ele – minha tia me encarou.

-Ele só implica comigo ok? A culpa não é toda minha...

Ela apenas me lançou aquele olhar de ‘você deveria cooperar mais’, e bufei em resposta, algo estava tirando a do sério, mas tenho um dia cheio demais para ter tempo para descobrir o que se passa na cabeça da minha querida tia, mas durante a semana descubro.

Cedrico apareceu e minha tia teve sua deixa, me lançando um olhar atento e se afastou em passos rápidos.

Troquei olhares com ele, e apenas seguimos os estudantes, conversando, e era natural quando estava com Ced, eu não precisava ser irônica ou forçar graça aonde não tinha, eu era apenas... Eu.

-Por que seus amigos me olham estranho? – ele perguntou.

-Você quer dizer Olívio – virei para olhá-lo.

-É – concordou.

-Não sei, ele acha que tem autoridade sobre mim.

-Logo você, que nunca obedece a ordens de ninguém – ele me olhou sacana, apenas ri querendo não estender aquele assunto. - Mas sinto que mudou algo, você não é mais aquela garotinha que conheci – ele me fitou mais intensamente.

-O que quer dizer com isso?

-Que você mudou, antes era tão infantil e agora você está mais crescida – ele argumentou confuso.

-Crescida? – falei baixo demais para ele sequer ouvir, apenas dei de ombros, confusa com tudo aquilo.

Acho que não era a palavra que ele queria dizer sobre aquilo, mas era algo que eu não queria me aprofundar muito no momento.

-Eu mudei Ced, eu aprendi a entender os meus problemas e não ficar fazendo burrices por isso, para chamar atenção – lembrei-me das coisas idiotas que eu aprontava para me mostrar irritada e rebelde, sendo que na realidade só queria carinho e atenção.

-Não parece uma garota de doze anos – ele riu, passando o braço pelo meu ombro.

-Não sou, sou muito mais que isso – ergui a cabeça para trás, levantando o nariz.

-Desculpe senhorita maior de idade – brincou Ced.

-Vamos andar mais depressa bobalhão – falei puxando-o

Quando chegamos à pequena vila e fomos direto ao Três Vassouras.

-Você não tem idade – Ced estava se aproveitando do momento para ficar de palhaçada com minha cara, mas terá volta! Depois de sentarmos a uma mesa de canto com dois belos copos de cerveja amanteigada, tornamos a conversar.

-Ah, mas eu estou com o meu tutor – falei rindo.

-Então pode – ele gargalhou.

Bateu uma brisa fria, tremi, pois minha roupa não era tão quente, Ced me puxou mais para perto e encostei a cabeça em seu ombro.

-Vou correr o risco de jogar com você este ano? – perguntou.

-Quadribol? Não sei ainda, as meninas e Olívio tem insistido muito para eu entrar na equipe, mas ainda estou pensando – falei.

Olívio entrou no bar e por sorte Ced não percebeu, pois brincava com uma mexa do meu cabelo enquanto falávamos sobre quadribol.

As garotas entraram atrás de Olívio, Alicia deu um sorriso malicioso quando viu o quanto eu e Ced estávamos próximos.

Angelina me deu uma piscadinha.

E empurrou Olívio para uma mesa.

Cedrico as viu, e deu um sorriso.

-Suas amigas não são iguais ao capitão machão – disse ele.

-Ced pare de chamá-lo assim – falei rindo com o apelido.

Ele ignorou.

-Só incomoda um pouco os olhares maldosos da, ahm... Spinnet não é?  – ele continuou, ri mais ainda.

-Ela é uma boba – falei.

-Será que está tão na cara? – ele perguntou. – olhei para cima.

Ele se aproximou mais e me deu um beijo.

Eu não acredito! Calma, calma Sophia... Você só está beijando o Diggory, o seu querido maravilhoso Cedrico Diggory. OH MERLIM!