Nossos Sonhos escrita por Tah


Capítulo 2
Miami


Notas iniciais do capítulo

Oiiee



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– Eu desisto! – Exclamei desanimada e jogando uma calça rasgada no monte sobre a minha cama – Oh god, por que eu nasci girl e não boy? – Indaguei gritando e caindo de joelhos enquanto juntava minhas mãos para o alto em sinal de prece.

– Mas, que porra foi esse grito? – Meu irmão gritou abrindo a porta do meu quarto de forma violenta e aparecendo só de calça com um taco de basebol nas mãos – O que é significa isso tudo, Lolo? – Questionou abaixando o taco e apontou para o monte roupa.

– Ian – Exclamei me jogando contra os braços do meu irmão – Me abraça, porra – Mandei fazendo cara feia e ele riu me abraçando – Nenhuma roupa fica boa – Choraminguei afundando meu rosto no tórax dele – Mano, você está gostoso – Murmurei pressionando um gominho da barriga dele com a ponta do dedo.

Ian riu divertido e passou pelos os cabelos, fazendo charme. E o filho da puta, que nenhuma das minhas mães ouçam, é muito lindo e charmoso.

– Eu não estou, querida. Eu sou gostoso – Gabou-se fazendo pose – E sobre suas roupas, eu dou um jeito nisso já – Ele me soltou e foi remexer na pilha de trapo – Use isso e isso – Mandou afastando-se da cama.

Me aproximei da cama e arquei minhas sobrancelhas pela a escolha dele. Era uma roupa simples, entretanto, era exatamente o meu estilo. Era uma saia jeans desfiada, uma camisa xadrez e sapatilhas pretas.

– Olha se eu não conhece sua fama de galinha até diria, que você é gay – Comentei colocando as mãos na cintura.

Ian revirou os olhos azuis e sorriu de lado zombeteiro.

– Da fruta que eu gosto você chupa até o caroço, Lorena – Debochou me abraçando pelos os ombros.

Agora, foi minha vez de revirar os olhos.

– Ian, eu só beijei uma menina na minha vida. O Enzo fora praticamente o único – Respondi me sentindo um pouco para baixo ao me lembrar daquele traste.

– Querida, país novo vida nova. Tudo novo. Nunca se esqueça desse mantra – Pediu plantando um beijo cálido e carinhoso na minha testa – Eu te amo, Lolo.

– Eu também te amo, grandão – Falei abraçando fortemente meu amado irmão mais velho.

– Eu não sabia, que um furacão tinha passado nesse quarto. Você sabia disso, amor? – Minha mãe Elena perguntou brava para minha mãe Ana.

– Você se fodeu – Ian sussurrou prendendo o riso – Pelo jeito, mãe Elena está brava.

– É. Deu para perceber – Choraminguei novamente e querendo evaporar do meu quarto – Oi mãe e mamãe – Cumprimentei-as sorrindo amarelo e acenando com a mão.

– Lorena Anne Collins Campbell, o que significa isso? – Explodiu dona Elena ficando vermelha e apontando para a minha bagunça.

Dei um passo para trás, planejando pular pela a janela para escapar da ira de mãe Elena. E ela já começava a ganhar tons vermelhos no rosto e isso era péssimo sinal.

– Uma nova arrumação? – Respondi como uma pergunta – Até que ficou bonitinha – Brinquei falhando completamente – Putz me ferrei – Resmunguei para mim mesma.

Meu anjo da guarda, vulgo mamãe Ana, interveio na minha sentença.

– Amor, por favor você sabe que não pode ficar se estressando por bobeira porque isso pode prejudicar o nosso bebê – Dona Ana gentilmente lembrou a Elena, abraçando-a de lado e beijando na sua bochecha – Além do mais, tenho certeza que Lolo vai arrumar isso tudo depois da escola, né princesa?

Apenas concordei freneticamente com minha cabeça.

– Palavra de escoteira – Prometi batendo continência.

Ambas riram. Mas, tendo Ian como irmão não se precisa de inimigos.

– Lorena nunca foi escoteira – Lembrou jogando um beijo para mim no ar e sumindo do quarto.

– Não deem atenção as asneiras, que ele fala mamães – Pedi rindo nervosa.

Elena revirou os olhos azuis, porém, acabou rindo como Ana.

– Vá se arrumar pois irá se atrasar, querida – Elena falou saindo com Ana logo atrás de si e fechou a porta da madeira branca.

Caí sentada na minha cama e soltei o ar, que eu nem tinha percebido que estava pretendo e me permiti relaxar.

Ser adolescente já não é uma tarefa lá muito fácil como os adultos pensam muita das vezes. Mas, agora imagina ser uma novata de dezessete anos, estrangeira e nada “normal” numa escola de riquinhos, isso será uma verdadeira foda mal dada.

Sou Lorena Anne Collins Campbell. Brasileira. E filha de duas mães. E estou aqui para recomeçar minha vida em Miami.

(...)

Desci as escadas apressada, quase caindo no último degrau, e fui correndo para a cozinha, eu estava muito atrasada. Catei uma pêra sobre a mesa e saí comendo. Cheguei na garagem e sorri largamente ao olhar para o meu xodó de duas rodas. Minha moto grande e negra, era o amor da minha vida. Já que Enzo me enfeitou a cabeça com um belo de par de chifres, agora só vou amar minha moto mesmo.

– Puta merda – Praguejei procurando minha chave nos bolsos – Esqueci minha chave.

– Querida – Mamãe Elena apareceu na porta com a bendita chave na mão – Você esqueceu no sofá, Lolo. Você é muito cabeça de vento.

Revirei meus olhos azuis, entretanto, sorri de forma agradecida.

– Obrigada, mãe – Beijei sua bochecha – Te amo, Elena.

Ela sorriu.

– Vai com Deus. Tenha juízo. Qualquer coisa é só me ligar ou para sua mãe. E também te amo, Lolo.

Concordei com uma aceno de cabeça e subi na moto, acelerando e sorri, pois o barulho do motor me acalma. Sai cantando pneus e tenho certeza, que mais tarde Elena iria me dar uma puxada de orelha.

Em poucos minutos, cheguei a minha nova escola e fiz uma careta de desgosto. O estacionamento estava apinhado de adolescentes e os mais variados carros, dos mais lindos ao mais caros, e estava sendo difícil achar uma vaga para mim. Depois, de rodar um pouco e atrair atenção de algumas pessoas para mim, achei um espaço mínimo ao lado de um lindo Jeep preto e parei por ali mesmo. Desci da moto e tirei meu capacete, balançando meus cabelos loiros para os lados.

– Avê Maria, parecem um bando de abutres – Reclamei para mim mesma e saí dali bufando.

Achei a secretaria sem grandes dificuldades e entrei depois de ler a placa escrito “entre” pendurado nela. O lugar era de tamanho mediando e bem arrumado, havia algumas cadeiras de espera e um balcão de madeira escura. Encostei-me na parede e esperei ele ser liberado, pois a senhora de aparência simpática atendia uma menina um pouco alta de cabelos cobres. Não dava para ser o seu rosto porque ela estava de costas para mim. E por algum motivo desconhecido, eu queria ver o rosto dela.

Franzi minha testa diante a essa ideia e reprimi a vontade de revirar os olhos para mim mesma. O tom de voz da adolescente aumentou e eu apurei minha audição para poder ouvir melhor.

– Mas, que merda – Praguejou irritada e deu um fraco soco na mesa – Tem certeza que não tem como me mudar de turma, Sra. Jolie? – Indagou parecendo ter uma pontinha de esperança na voz.

Me arrepiei completamente e meu coração deu uma acelerada estranha.

– Infelizmente não, Renesmee – A senhorinha simpática negou com um sorriso triste.

– Deixa isso para lá.

A garota de nome Renesmee disse grossa e saiu como um furacão da sala sem ao menos se despedir ou olhar para mim. E isso me deixou decepcionada pois eu não vi seu rosto.

– Bom dia. Em que posso ajuda-la, querida? – Indagou a senhorinha sorridente.

– Me chamo Lorena Campbell e sou a aluna nova – Lhe respondi saindo do meu estado de letargia e me aproximando do balcão.

Ela sorriu em compreensão e começou a mexer sobre o balcão a procura de algo. Colocou diante de mim alguns papéis, livros e uma chave. Reprimi uma careta ao pegar aquilo tudo e sentir o peso.

– Aqui está tudo que você irá precisar – Disse colocando mais papéis nos meus braços.

Franzi as sobrancelhas e engoli um palavrão.

– Obrigada – Agradeci forçando um sorriso e saindo dali o mais rápido possível, pois eu temia me parecer mais coisas.

Achei rapidamente o meu novo armário e enfiei quase tudo lá, apenas pegando o necessário. Os corredores já estavam vazios e por isso tive dificuldade de achar minha sala. Poucos minutos depois, achei a bendita sala e bati com um pouco de força na porta. Ela fora aberta de forma brusca e o professor me recebeu com uma carranca. Na maior cara de pau, abri um sorriso e estendi minha mão.

– Prazer, professor. Me chamo Lorena Collins Campbell. Sou aluna nova e me perdi nos corredores. Desculpa – Tagarelei balançando sua mão de forma confiante.

Ele arqueou as sobrancelhas diante ao meu discurso.

– Ok, senhorita Collins Campbell. Me chamo Ian Campbell e serei seu professor de história – Murmurou abrindo um sorriso contido – E seja bem vinda. Pode se sentar ao lado da Srt. Halle – Apontou para uma morena bonita, que acenou para mim.

Agradeci e fui caminhando, sobre todos os olhares voltados para mim, e sentei ao lado da morena.

– Oi, me chamo Myrella Halle, mas pode me chamar de Mya – Falou sorrindo amplamente.

Sorri também.

– Olá, Mya. Me chamo Lorena ou Lolo – Lhe respondi.

– Seu sotaque é lindo. Aonde você nasceu?

– Sou brasileira.

– Deixem de conversinhas e prestem atenção na minha aula – Mandou o professor mandão.

– O que ele tem de lindo tem de chato – Veronica comentou abrindo seu livro.

Sorri de lado.

– Você não imagina o quanto, Mya – Murmurei para mim mesma e fui prestar atenção na aula do meu irmão mais velho.


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Notas finais do capítulo

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