Coffee Breaks escrita por Kira Queens


Capítulo 3
All I Know Is We Said Hello


Notas iniciais do capítulo

Hello pessoas! Primeiro eu preciso confessar que to escrevendo isso no sábado e deixando o capítulo programado e é a primeira vez que eu programo um capítulo, achei isso bem legal. É que eu só ligo o note nos fins de semana e hoje ainda ta muito cedo pra postar.
Segundo, eu quero agradecer a quem ta comentando, vocês são muito fofos e eu fico muito feliz, sério mesmo.
Eu gostei muito de escrever esse capítulo e to torcendo pra vocês gostarem também! Boa leitura, migos.



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Eu não sabia mais como me referir a ele. O riquinho da BMW? O desconhecido do café amargo? O deprimido que dirigiu bêbado a noite toda? Cada nova denominação em que eu pensava soava pior do que a anterior. Céus, eu detestava não saber seu nome. Isso não deveria importar, mas para mim era irritante encontrar uma pessoa pela segunda vez e simplesmente não saber como chamá-la. Observei-o, tentando pensar em um nome que combinasse com o seu rosto, mas sabia que a tentativa era inútil, as pessoas que eu conhecia nunca tinham os nomes que pareciam ter.

Tentei ignorar o incômodo que eu sentia por não saber seu nome e decidi focar na outra coisa irritante em encontrar uma pessoa pela segunda vez: não saber o que fazer. Seus olhos estavam fitando os meus com um brilho que eu julguei ser curiosidade. Estranhei o fato, pois esse era um sentimento que eu normalmente não despertava nas pessoas. Não que eu fosse chata ou sem graça, pelo contrário, eu me considerava divertida, mas a questão é que não havia nada de realmente interessante ou diferente sobre mim. Ninguém na minha família era famoso, eu não descendia da realeza, nunca havia sofrido um acidente, sem tatuagens e sem histórias inacreditáveis para contar. Mas, ainda assim, ele me olhava como se eu fosse toda uma galáxia a ser explorada.

Forcei-me a sair da hipnose a qual seus olhos me submeteram e, por instinto, passei a mão no cabelo. Decidi que iria passar por ele, cumprimentá-lo e seguir até o bar, que havia sido a minha intenção o tempo todo. Entretanto, quando dei os primeiros passos em sua direção, ele sorriu e fez um gesto com a mão para que eu me aproximasse. Mesmo um pouco confusa e sem graça por não saber como reagir, fui até ele, esperando que ele falasse algo.

— Annie — ele falou lentamente, como se estivesse apreciando meu nome ou algo do tipo — Finnick Odair — ele se apresentou e, imediatamente, respirei aliviada por ter descoberto seu nome.

Eu gostei de seu nome. Era diferente e possibilitava a formação de dois apelidos: Finn ou Nick. Particularmente, gostava mais do primeiro, de forma que se nós tivéssemos intimidade seria assim que eu o chamaria. Eu sempre gostei de apelidos, talvez porque o meu nome não permitia um, então eu os criava para as outras pessoas.

— Prazer, Finnick — eu lhe disse com um sorriso cauteloso. Nesse momento eu percebi que saber seu nome não bastava. Sentia-me agoniada por não conhecer nada sobre ele. Queria bombardeá-lo de perguntas sobre seu comportamento naquela manhã e proferir todo um monólogo sobre como o tempo cura quase tudo e que, seja lá o que ele estivesse sentindo, iria passar.

Mas eu não podia fazer isso sem parecer completamente louca, então optei por agir naturalmente.

— Cato, essa é a Annie — Finnick me apresentou para o seu amigo. Eles tinham mais ou menos a mesma altura, mas Cato possuía o semblante mais sério e os cabelos loiros eram mais claros — Ela faz um café extraordinário e isso é tudo o que eu sei sobre ela, porque nós nos conhecemos hoje. Annie, esse é o Cato e, apesar de eu conhecê-lo há muito tempo, não há nada interessante para contar sobre ele — ele brincou, abrindo um sorriso meio de lado. Seu amigo apenas sorriu com deboche, como se já estivesse acostumado a ser alvo das brincadeiras dele.

— Meu café é bom mesmo — eu disse a Cato ao mesmo tempo em que lhe apertava a mão — Anos de prática — dei uma pausa e completei: — Na verdade, foi só dois, mas eu sou tão boa nisso que é como se eu estivesse praticando há décadas.

Precisávamos falar alto por causa da música, motivo pela qual eu sempre saía com a voz rouca quando ia a uma festa. Cato riu, o que o fez parecer menos reservado do que a primeira impressão que eu tive dele me fez pensar.

— E eu posso listar cem coisas interessantes sobre mim, mas é que o Finnick tem inveja — soltei uma risada observando Finnick revirar os olhos, contendo um sorriso.

— Não conte mentiras à minha nova amiga — disse Finnick, colocando um braço ao redor dos meus ombros e puxando-me levemente com ele — Vamos, Annie, não quero que você comece a acreditar nesses absurdos.

Ele fez menção de começar a andar, mas Cato o parou antes que tivesse a chance.

— Vocês vão me deixar aqui abandonado? O Peeta está ocupado beijando uma garota — ele gesticulou indicando onde o amigo estava. Olhei na direção para a qual ele apontava e assustei-me ao constatar que a garota que o tal Peeta estava beijando era a Katniss.

Não consegui evitar o riso, atraindo a atenção de ambos os rapazes para mim. Coloquei a mão sobre a boca, na tentativa de controlar minha risada e, quando consegui, pus-me a explicar:

— É que a garota que está com o amigo de vocês é minha amiga — eu contei, achando graça da coincidência e por Katniss ter conseguido sua tal inspiração de olhos azuis que ela tanto queria. 

Eles se entreolharam e ergueram as sobrancelhas. Finnick abriu um sorriso malicioso.

— Interessante — Finnick falou — Mas é sério, eu quero falar com você um pouco, se você não se importar.

Assenti e ele fez um gesto para que eu fosse à frente. Assim o fiz e estremeci quando ele colocou a mão no meu ombro, onde o vestido não cobria, na intenção de guiar-me para fora da boate.

Quando finalmente nos encontrávamos do lado de fora, fechei os olhos e curvei os lábios em um discreto sorriso sentindo a brisa fria bater contra a minha pele quente. A sensação era tão agradável que por um momento esqueci-me do porquê de estar ali. Abri os olhos e deparei-me com Finnick me olhando com os lábios entreabertos, parecendo maravilhado com alguma coisa que passara despercebida por mim. Ele não desviou o olhar quando eu o encarei de volta, fazendo com que as minhas bochechas corassem e eu olhasse para baixo sorrindo.

— Eu não sei seu sobrenome — ele disse, por fim — Você sabe o meu. Não é justo.

Decidi não questionar. Eu compreendia perfeitamente a inquietação que não saber alguma coisa podia causar numa pessoa.

— Cresta — respondi-lhe — Annie Cresta.

Ele repetiu meu nome em um sussurro. Caminhamos em silêncio pela rua, indo rumo à praça que havia no quarteirão ao lado. Não falamos nada durante o trajeto, mas não foi desconfortável. Finnick parecia mais tranquilo do que estava na manhã daquele mesmo dia, não aparentava mais estar tão distante e deprimido.

Quando chegamos ao nosso destino, sentamo-nos num banco de frente para a rua. Olhei para ele. A fraca iluminação fazia com que seus olhos parecessem ainda mais brilhantes. Ele me olhou de volta e sorriu, fazendo com que suas covinhas aparecessem.

— Eu peço que me perdoe por essa manhã — enunciou — Você deve ter ficado assustada — ele deu uma risada envergonhada — Eu ficaria.

— Foi bem estranho mesmo, já que estamos sendo sinceros — eu lhe disse — Mas não se preocupe. Todo mundo tem seus problemas e por algum motivo nosso café parece atrair quem os possui em maior quantidade — Finnick me olhava parecendo interessado no que eu falava — É verdade, a maioria das pessoas que vai lá diariamente têm a aparência tão triste.

— Isso te incomoda — ele concluiu. Só naquele momento me dei conta de que ele estava, de alguma maneira, me analisando enquanto eu falava. Eu assenti.

— Eu sinto uma curiosidade imensa de saber pelo que cada uma daquelas pessoas está passando. Eu queria poder ajudar todo mundo — eu ri e balancei a cabeça, sabendo o quão infantil aquilo soava — Mas tudo o que eu posso fazer é mostrar um pouco de gentileza enquanto sirvo seus cafés.

Finnick olhou para baixo e assentiu como se estivesse absorvendo cada coisa que eu lhe contava. Ficamos em silêncio por um momento e eu o observei pelo canto do olho. Ele parecia estar em um dilema interno, de forma que eu precisei resistir ao impulso de perguntá-lo o que estava pensando. Por fim, ele levantou a cabeça e suspirou, olhando fixamente para a rua.

— Você me deixou curioso — confessou — Não pela sua aparência ou pelo seu café delicioso, mas porque você realmente é gentil — ele virou o rosto para me olhar.

Meu primeiro pensamento foi que sua frase não tinha fundamento algum. Eu nunca ouvi falar que gentileza despertava curiosidade nas pessoas. Mas ele não parecia estar apenas se divertindo à minha custa, portanto contive o sorriso.

— Mas é o mínimo que uma pessoa pode fazer, não é? — eu falei, um tanto quanto confusa — Quero dizer, eu não fiz nada de extraordinário ao te oferecer uma ouvinte, caso fosse o que quisesse.

Ele riu ironicamente.

— Eu não conheço muitas pessoas gentis — ele não estava mais tão espontâneo quanto antes. Seu lábio inferior tremia levemente como se ele estivesse se lembrando de algo desagradável e seus olhos deixaram de encarar os meus — De onde eu venho, as pessoas só são gentis se querem algo em troca. É a primeira vez que eu vejo alguém oferecer sua simpatia a um estranho, assim, a troco de nada. E eu nem te agradeci. Pensei nisso o resto do dia depois que acordei — contou-me Finnick.

— Não tem problema — eu lhe respondi, honestamente — Você estava bastante chateado, eu entendo.

— Não, Annie — ele balançou a cabeça, como se estivesse rejeitando um pensamento — Eu fiquei feliz em te encontrar para poder te agradecer e te pedir desculpa. Eu não quero ser igual às pessoas que eu conheço. Eu quero ser mais que nem você.

Senti-me triste em saber que havia pessoas que não estavam habituadas a serem bem tratadas. Quis abraçá-lo, mas não o fiz, não possuíamos intimidade alguma para isso. Quis dizer-lhe que eu ainda estava disposta a ouvi-lo, se assim ele o desejasse. Quis dizer-lhe tantas coisas que acabei não dizendo nada. Foi ele quem tomou a iniciativa.

— Pode voltar para a festa — ele falou — Não quero mais te segurar aqui, você veio para se divertir. Eu só queria ter te dito tudo isso.

A expressão triste em seu rosto era dolorida de se ver. Mas não havia muito o que eu podia fazer e, como não nos conhecíamos, tudo o que eu dissesse iria parecer intromissão e eu não queria deixá-lo desconfortável.

— Obrigada por ter me dito tudo isso — levantei-me, mas não consegui dar mais que cinco passos antes que a minha consciência pesasse.

Eu não poderia abandoná-lo ali quando ele claramente precisava de alguém e, pior, não possuía ninguém. Minhas pernas travaram e eu fechei os olhos, tentando decidir o que eu deveria fazer. Eu não era uma boa conselheira. Eu sabia escutar, mas eu dizia coisas inapropriadas com frequência.

Além do mais, eu não sabia nada sobre ele, como poderia ajudá-lo? Eu iria acabar soando ridícula se tentasse opinar sobre uma situação que era desconhecida para mim. Mesmo ciente dessas coisas, não fui capaz de seguir em frente. Ele podia ter sido criado em um ambiente onde gentileza não existia, mas eu não. No meu caso, eu não fui criada para virar as costas para alguém.

Sentia seu olhar fixo nas minhas costas enquanto eu lidava com o meu próprio dilema. Respirei fundo e abri os olhos que só então eu percebera que havia fechado. Retirei os saltos que estavam me incomodando, deixando meus pés tocarem o asfalto frio. Vire-me para Finnick novamente, que me encarava como se não soubesse o que pensar.

— Eu sou de gêmeos, vegetariana, tenho uma gata chamada Mia — eu contava a ele, falando rápido e olhando para cima, tentando lembrar-me do máximo possível de coisas sobre mim para poder lhe contar — Minha mãe se chama Courtney, minha cor favorita é azul, eu escrevo, estou juntando dinheiro para a faculdade de jornalismo. Meu sonho é ter uma casa na praia e não fazer absolutamente nada por pelo menos uma semana. Meu livro favorito é O Morro dos Ventos Uivantes e eu o leio todo natal, quando vou para a casa da minha mãe. Quando eu era criança, eu tinha um cachorro que se chamava Peixe e eu nunca chorei tanto como no dia em que ele morreu. E eu gosto de coisas coloridas.

Tentei pensar em mais alguma coisa, mas era verdade quando eu dizia que não havia muito para se saber sobre mim. Aquelas eram as coisas das quais eu consegui me lembrar, o resto ele teria de conhecer sozinho, se quisesse.

Finnick não disse nada, aparentando estar admirado, como se não esperasse aquilo. E logicamente não esperava mesmo, o que ele esperava era que eu voltasse para a boate. Àquela altura eu só esperava ter tomado a decisão certa ao ter ficado.

Ergui as sobrancelhas e gesticulei, esperando uma reação da parte dele, mas isso só serviu para confundi-lo ainda mais.

— Sua vez — eu expliquei. Ele franziu a testa e abriu a boca, mas nenhuma palavra saiu, apenas sons desconexos — Uau, o quão difícil pode ser falar algumas frases sobre si mesmo?

— Bastante — ele confessou gesticulando, como se estivesse nervoso. Não pude fazer nada a não ser rir — Isso mesmo, ria das pessoas! E eu achando que você era uma espécie rara de ser humano bondoso — Finnick fingiu estar indignado, o que só fez com que eu gargalhasse ainda mais.

— É só falar sobre você! Você nunca esteve, sei lá, num encontro com uma garota? — perguntei-lhe. Eu, pessoalmente, não havia estado com muitos garotos, mas sabia que a ideia principal de um encontro era conhecer um ao outro, por isso julguei que a comparação fosse apropriada. 

— Não é justo, isso nem é um encontro! — ele reclamou.

Pelo pouco que eu conhecia dele, nunca teria imaginado que sua fraqueza era falar sobre si mesmo. Era uma coisa tão simples e natural. Nós, seres humanos, falamos sobre nós mesmos o tempo todo. Eu tenho essa teoria de que, no fundo, todo mundo é egocêntrico. Nós adoramos falar sobre as coisas que gostamos e adoramos mais ainda quando encontramos alguém com os mesmos interesses. Nós pagamos psicólogos para nos escutar enquanto falamos sobre nossos sentimentos. Nós ficamos magoados quando as pessoas ao nosso redor não escutam ou não se importam com a nossa opinião sobre determinado assunto.

Inconscientemente, nós estamos o tempo todo querendo atenção, buscando ser o assunto principal da conversa. E eu estava ali com Finnick Odair, que estava, claramente, rejeitando seu estado natural ao recusar-se a falar sobre si mesmo.

— Não precisa soar tão ofendido — devolvi em tom de sarcasmo — Não é como se ir a um encontro comigo fosse algo tão desprezível.

— Não foi isso que eu quis dizer! — ele me respondeu imediatamente — Eu não sou um perseguidor que... Ah, esquece isso.

— É só falar sobre você — eu insisti, só agora percebendo como nós havíamos aumentando o tom de voz devido à nossa falsa discussão.

Ele suspirou. Estava agora agitado, então eu sabia que iria acabar saindo alguma coisa. Ele olhava para cima e balançava as mãos como se estivesse pensando no que dizer.

Subitamente, ele arregalou os olhos e esticou a mão na minha direção.

— Minha cor favorita é o vermelho — contou-me. Eu quase ri da sua reação exagerada por ter conseguido pensar em um único fato sobre si. Achei bonitinho, então apenas sorri.

— Boa, é um progresso — eu elogiei, assentindo para confirmar o que eu havia dito.

— Eu tenho dificuldade em falar sobre mim e sobre o que eu estou sentindo — dessa vez, Finnick falou com mais calma.

— Nunca teria imaginado — eu murmurei. Ele fingiu não me ouvir. Finnick passou a língua no lábio inferior e eu prendi a respiração. Forcei-me a lembrar de que eu estava ali apenas para oferecer um ombro amigo e que sentir atração não era permitido. Mas era tão difícil manter isso em mente quando ele era simplesmente tão lindo.

Somente recuperei meu foco quando ele virou o rosto para mim.

— Eu estudei psicologia por um tempo, mas tive que parar porque meu pai me obrigou a cursar direito. Como único herdeiro dos Odair, é a minha obrigação dar continuidade ao escritório da família — ele disse isso torcendo o lábio, como se o seu corpo estivesse mostrando que a ideia não o agradava — O que eu gosto mesmo é de psicologia comportamental.

Naturalmente, eu cheguei à conclusão de que isso tinha influência direta na maneira em como ele se sentia, só que eu não disse nada, ainda não era o momento. Aquele momento foi apenas a forma como eu encontrei de fazer com que nos sentíssemos confortáveis um com o outro, só assim eu poderia ajudá-lo.

— Eu compartilho da sua opinião sobre a praia — Finnick abriu um sorriso, que sumiu logo em seguida — Na verdade, eu tenho uma casa na praia, o que eu não tenho são tempo e permissão para ir para lá com frequência.

Percebi que aquilo não estava ajudando.

— Fale sobre as coisas que você gosta e que ninguém conseguiu estragar ainda — eu sugeri.

— Não sei se consigo pensar em alguma coisa — não havia humor algum no sorriso que ele exibiu — Eu amo Beatles e café. Eu sei tocar piano, mas eu não canto bem, apesar de tentar. Acho que meu livro favorito é O Grande Gatsby. Eu nunca namorei, nunca tive um animal de estimação, nunca fui a um concerto.

Agora ele já falava com tranquilidade, como se estivesse fluindo com facilidade. Fiquei contente, era uma grande melhora.

— Você é a melhor amiga que eu já tive — eu pensei que ele estivesse zombando de mim, mas Finnick me olhava apenas com carinho e gratidão. Novamente, precisei resistir ao impulso de abraçá-lo.

— Você tem o Cato e o Peeta — eu retruquei, lembrando-me dos garotos que estavam com ele na boate. Se bem que, efetivamente, apenas o primeiro estava presente, Peeta estava mesmo era com a Katniss.

— Eles são meus amigos de balada e eu os adoro por isso, são divertidos — ele me explicou — Mas nenhum dos dois nunca se interessou pelos meus problemas e não sabem nem sequer metade das coisas que eu acabei de te contar.

Mesmo sem intenção, Finnick não parava de fazer com que eu me sentisse mal. Eu nunca havia conhecido outra pessoa rica antes, então eu não havia comprovado ainda que dinheiro realmente não era sinônimo de felicidade.

Eu nunca tive uma vida fácil, sempre tive que estudar em dobro, porque minha escola nunca foi a melhor e sempre precisei ajudar minha mãe com as tarefas de casa, porque nunca pudemos bancar uma empregada e ela trabalhava o dia todo. Entretanto, eu sempre tive amigos e eu nunca fui capaz de imaginar minha vida sem eles.

— Annie Cresta! — ouvi a voz de Katniss cantarolar meu nome num volume extremamente alto. Fechei os olhos e senti meu sangue subir para o meu rosto, desejando que não fosse a minha amiga, mas eu sabia que era.

Olhei para trás, em direção à boate, e notei que ela nem sequer havia me visto, estava apenas cantarolando meu nome enquanto dançava, rodopiando pela rua. E ela não estava sozinha. Um rapaz loiro dançava com ela, pulando e balançando os braços no ar como se fosse capaz de voar.

— Peeta — observou Finnick. Ele fez menção de ir até eles, mas eu coloquei a mão em seu peito, impedindo-o.

— Não, espera. Vamos curtir o show um pouquinho — ele riu, porém concordou com a cabeça.

— Você é diabólica.

— Annie Cresta! — dessa vez era a voz de Peeta cantarolando meu nome. Eu franzi as sobrancelhas, confusa.

Eles continuavam dançando até que o loiro parou e Katniss tomou certa distância dele. Eu só entendi o que eles estavam fazendo quando já era tarde demais para gritar que era uma péssima ideia.

Peeta esticou os braços e Katniss correu a toda velocidade até ele. Acredito eu que a intenção deles tenha sido recriar a cena final de Dirty Dancing. Mas essa foi apenas a intenção mesmo, porque a realidade é que, apesar de ele ter segurado sua cintura, não foi capaz de erguê-la no ar. O resultado: Katniss caiu em cima dele no meio da rua.

Finnick e eu fizemos o que qualquer pessoa em nosso lugar faria: começamos a rir. Em seguida, corremos até eles, sem esquecer-me de pegar meus saltos do chão antes.

— Ah, a vodka... — Finnick disse em um suspiro.

O casal bêbado levantou do chão. Ambos não conseguiam nem pronunciar direito as palavras, de tão alcoolizados que estavam. Todos nós chegamos ao consenso de que era hora de ir para casa. E já não era sem tempo, já passava das 4h da manhã.

— Até qualquer dia, Annie Cresta — Finnick se despediu de mim, mostrando-me um último sorriso alegre.

— Até qualquer dia, Finn.

Ele ajudou Peeta a andar e eu fiz o mesmo com Katniss, que se abraçou ao meu corpo como se estivesse abraçando o seu travesseiro. Tive dificuldade em andar com ela enroscada em mim, mas consegui chegar ao carro dela. Procurei as chaves em sua bolsa e dirigi até a minha casa, sabendo que ela não tinha condições de dirigir até a sua e eu não podia deixá-la em seu apartamento e depois voltar a pé para o meu, pois estava tarde. Aquela era mesmo a melhor opção.

Foi um grande sacrifício subir as escadas do meu prédio tendo que ajudar a Kat, mas estava tudo bem. Eu tive uma noite maravilhosa e só tinha a agradecer a ela por ter me convencido a acompanhá-la.


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Notas finais do capítulo

Eu tenho preguiça de revisar os capítulos, então quando vocês acharem algum erro podem me falar pra eu corrigir fsajsfakjl outra coisa, gente, eu ainda não determinei um dia fixo pra postar, então essa semana eu escrevi como louca porque tinha feriado e eu não tinha nada da escola pra fazer, maaasss como tudo que é bom dura pouco, a partir dessa semana é só work work work work work, então acho bom a gente combinar um dia pra eu postar e pra mim só tem como no fim de semana, mas como eu sou legal eu deixo vcs escolherem se preferem sábado ou domingo.
Enfimm, sobre o capítulo: eu gostei muito de escrever a parte em que eles falam sobre eles e sinceramente essa Annie ta sendo a minha favorita dentre todos os personagens que eu já escrevi. Me falem o que vocês estão achando. Beijos, gente