Time Travel escrita por Lyn Weiss


Capítulo 7
Truce




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 No dia seguinte acordei com uma dor de cabeça terrível, e a primeira coisa que me veio à cabeça foi a noite de ontem. Eu nem havia bebido, talvez a ressaca seja apenas psicológica mesmo. Michael havia me salvado de um estupro! E o meu melhor agradecimendo foi um simples e fraco ''obrigada''. Eu estava me odiando, e acho que ele também. Terei de falar com ele hoje, tentarei agradecer de um jeito melhor. Pelo menos um ''obrigada'' dito com mais emoção. E também tem a Zoey. Eu não disse à ela que não iria para casa, e a fiz passar por uma preocupação à toa... Bem, talvez não tão à toa. Enfim, Zoey não merece isso, e eu nunca saberei como agradecer tudo o que ela está fazendo por mim. Terei de concertar tudo isso hoje.

Levantei e fui cambaleante até o banheiro, lavei o rosto e, como estava sem fome, escovei os dentes. Fui até a cozinha e Zoey estava preparando o café para ela e para mim.

— Obrigada, Zoey, mas eu não vou comer nada. — disse antes que ela colocasse o bacon no prato. Eu estava sentindo um certo... enjôo. Não sei, algo estranho. Só sei que se eu comer, irei vomitar tudo.

— Tem certeza? Você está meio pálida. — disse ela preocupada, veio até mim e colocou a mão sobre meu rosto — Está com febre... Não acha melhor ficar em casa hoje?

— Não, tudo bem. Vai passar. — respondi rapidamente. Eu tinha que falar com o Michael hoje, e isso não pode esperar.

Zoey e eu chegamos no estúdio em cima da hora. Hoje começariam as gravações do curta Billie Jean. O cenário já estava todo pronto. Eu não sabia há quanto tempo estavam o preparando, mas não nos chamaram para ajudar. Olhei em volta e não vi Michael. Ele devia estar no camarim, mas antes de ir até lá, dei uma olhada no cenário de Billie Jean, e meu coração acelerou. Por um momento refleti sobre tudo o que está acontecendo comigo. Há alguns anos atrás eu chorava porque nunca iria ver Michael cantar esta música de perto, ficava assistindo o clipe e tentando dançar igual à ele - o que nunca dava certo -, e agora estou aqui. Eu estou amando isso, e amo o Michael com toda a minha alma. Não iria suportar que ele me odiasse, seria demais pra mim. Por isso farei de tudo pra reverter essa situação, essas nossas brigas não podem continuar, pelo bem de todos.

Respirei fundo, tomei coragem e fui em direção aos camarins. Eu estava nervosa e nem sabia porquê, meu coração estava acelerado e aquele enjôo que eu senti mais cedo estava voltando. Talvez seja porque eu estou prestes a tentar me acertar com Michael e se algo der errado eu não tenho um plano B. Não vejo outra explicação.
Estava prestes a bater na porta do camarim, mas ouvi alguém gritando:

— Droga, Michael! Eu disse que não queria Billie Jean no álbum! O que você tem na cabeça?! — era a voz de um homem, e parecia estar muito nervoso.

— Eu acho que você se esqueceu de que o álbum é meu, Quincy. Você é apenas meu coprodutor. — Michael, por outro lado, parecia manter a calma, ou pelo menos tentar.

— Você poderia pelo menos ter mudado o nome, porra! E se acharem que a música é direcionada a tenista Billie Jean King?! Você sabe como é a mídia, eu já lhe disse isso antes! — eu já havia ouvido falar que Michael e Quincy Jones discordaram em relação à Billie Jean e acabaram discutindo, só não sabia que a discussão havia sido tão séria.

— Ah, Quincy, por favor! — Michael parecia estar perdendo a paciência — Eu sei que a mídia é maldosa, mas ninguém é burro o suficiente pra acreditar numa história dessas. — Quincy que me desculpe, mas Michael estava certo. Na verdade, não me lembro de ninguém ter inventado isso.

— Tudo bem, Michael. — ele abaixou o tom de voz — Depois não diga que não lhe avisei. — ouvi passos em direção à porta e logo disfarcei. Encostei na parede e olhei para o lado oposto. Ele saiu bastante nervoso e bateu a porta do camarim com força. Credo, depois dizem que Michael é infantil.

Fiquei em frente à porta novamente e o nervosismo voltou com força total. Meu estômago estava tão embrulhado que eu poderia vomitar ali mesmo - mas claro que eu não vou fazer isso. De repente senti uma tremenda dor de cabeça, tudo à minha volta começou a girar e minha visão escureceu.

Skyler! — ouvi alguém gritando ao longe. Abri a boca para responder mas estava fraca demais, minha voz não saía. Quando vi, já estava no chão, e aí eu apaguei.

 

***

 

Abri os olhos lentamente, e olhei em volta no mesmo ritmo. Tentei respirar fundo, mas meu estômago embrulhou novamente e eu comecei a tossir. Minha visão embaçada e a luz forte da lâmpada no meu rosto só deixava mais difícil identificar onde eu estava. Me sentei na cama devagar e esfreguei os olhos a fim de melhorar minha visão. Eu estava numa... enfermaria?

— Sky! — Zoey abriu a porta e veio correndo até mim, o que me fez levar um susto. Ela tocou minha testa e minhas bochechas, vendo se eu estava com febre — Você desmaiou no meio do corredor. Eu disse que era melhor ficar em casa! — caramba, ela estava parecendo minha mãe. Dei uma pequena risada e o enjôo voltou.

— Cuidado, senhorita Bennet. Ela ainda está muito fraca devido ao desmaio. — disse uma mulher baixinha e rechonchuda entrando na sala. Ela vestia branco, devia ser a enfermeira — Você teve sorte, não tinha mais ninguém no corredor além do Michael. Se não fosse por ele, você ainda estaria lá desmaiada. — ela disse colocando um termômetro na minha boca. Michael me salvou... denovo?! Minha cabeça está dando nós. Ele me salvou duas vezes em menos de doze horas, e alguns dias atrás nós brigávamos feito gato e rato. — A febre baixou. Vou te dar um remédio e você pode ir. — ela tirou o termômetro e me deu um comprimido e um copo d'água.

— Então, está melhor? — olhei para a porta e Michael estava ali com o figurino de Billie Jean encostado no batente — Meninas, se importam de me deixar a sós com a Jones? — ele disse entrando na enfermaria. Sim, ele tem o costume de me chamar pelo sobrenome. Zoey e a enfermeira assentiram e saíram da sala, e Michael se sentou numa poltrona perto da cama. Eu olhei para ele sem reação. Estava travada, não sabia o que dizer, e ele, pra ajudar, ficava ali me encarando. Meu Deus, como ele é lindo... Estava brigando tanto com ele que havia me esquecido disso — Não quer me dizer nada? — ele disse de repente. Eu fiquei perplexa, tinha que pensar bem em como iria agradecê-lo para não acabar falando besteira.

— Tudo bem. — respirei fundo — Obrigada por ter me ajudado... Quer dizer, eu sei que você e eu nos odiamos, mas isso não te impediu de me salvar... duas vezes. Então obrigada mesmo. — disse num fôlego só. Para alguém que há alguns minutos atrás não conseguia falar nada sem quase vomitar, eu estou bastante ansiosa.

— Na verdade, eu estava esperando você dizer que não precisa da minha ajuda e que pode se virar sozinha, mas isso serve também. — ele disse rindo.

— Ah, cala a boca. — eu dei um tapa no seu braço. Tentei ficar séria, mas acabei rindo com ele. A risada de Michael era contagiante — Então... trégua? — estendi minha mão à ele esperando que ele apertasse. Ele me olhou durante alguns segundos, o que quase fez eu me arrepender de ter dito isso. Mas ele logo apertou forte minha mão, e disse com um sorriso no rosto:

— Trégua.


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