Mil Vezes Rosa escrita por Ly Anne Black


Capítulo 2
As Joaninhas da Rosa


Notas iniciais do capítulo

Joaninhas *.*
Ideia e negritos por Yasmin Bez Fontana.



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Numa manhã fria na mansão Malfoy, Bevy aprendeu uma nova palavra: entediada. 

Era como se sentia, dando voltas no jardim, sem ter mais o que fazer (não sabia se podia estar lá fora, porque nunca tinham dito que não podia sair de manhã, tia Cissa só a proibira de tarde).

Bervely, sendo uma garotinha de quatro anos, não tinha muito conhecimento sobre insetos, então quando topou com quatro joaninhas bonitinhas perto das flores, resolveu que flores não eram abrigos quentinhos e elas deviam estar com frio.

Bervely depositou as quatro joaninhas no bolso do seu casaquinho e vagou pela Mansão procurando uma boa opção para alocá-las, mas era difícil. A lareira parecia muito quente – joaninhas não deviam gostar de virar torrada – e ela achou que ficariam bem bonitas no lustre da sala, lá no alto, mas como iria alcançar o teto para colocá-las lá? 

— O que você está aprontando, moça? – Tia Narcissa a pegou no ato, parada no meio da Sala de Jantar, encarando o candelabro pendente da era vitoriana.

— Pensando. – respondeu, apertando seus olhos – Como os bruxos fazem para ir bem alto? 

Narcissa identificou um teor perigoso no conteúdo da pergunta.

— Nada de emissão mágica flutuante hoje, Bervely Black, eu não quero ter que mandar Dobby lhe pegar na chaminé de novo. 

Ela fez uma cara culpada, mas travessa, mostrando todos os seus dentes. O passeio na chaminé tinha sido muito divertido, mas isso fora há dias, e ela não conseguira flutuar de novo de jeito nenhum por mais que se concentrasse! 

— Tudo bem, não o lustre, então. – suspirou, derrotada.

— Como assim, não o lustre pra quê? – a bruxa não gostava do rumo que a conversa estava tomando.

Mas Bervely já tinha deixado a sala, murmurando consigo mesma de um jeito que só uma criança de quatro anos com a mente muito focada faria. Ela atravessou o corredor em direção ao seu quarto, pensando onde mais suas joaninhas ficariam bem quentinhas, e foi quando avistou a porta do quarto dos tios entreaberta. 

Por alguma razão, o aparador do tio Lucius pareceu o local perfeito para aquecê-las. 

~

MAS O QUE INFERNOS É ISSO? NARCISSA! AQUI! AGORA! 

Bervely ouviu esse grito do quarto e ela não entendeu imediatamente que estava em apuros. Afinal, tio Lucius gostava de gritar de vez em em quando, normalmente com os elfos. 

Ouviu os passos apressados da tia pelo corredor e porque ainda estava entediada, desceu da cama e foi espiar pela fresta da porta. Ela viu Lucius parado em frente à porta do seu próprio quarto. Ele estava muito pálido. Mais do que o normal, quer dizer. 

— Lucius, o quê…?

— Nós temos uma infestação! – Na voz dele havia um misto de horror e desgosto, ao apontar para dentro do quarto. Os olhos da mulher se alargaram. A porta foi fechada rapidamente.

— Eu não faço ideia de como isso poderia ter acontecido. – disse com sinceridade surpresa.

— Só vejo uma explicação possível! Esses demônios teve acesso ao meu suprimento de poções engorgitadoras… 

— Impossível, Lucius, como um inseto chegaria à sua poção? Não fica bem guardada no seu…

— Aparador. – ele completou, a voz sombria. Seu corpo se virou imediatamente na direção do quarto de Bervely. Ele pegou um vislumbre dela espiando, antes que a menina fechasse a porta muito rápido. Ela o ouviu através da madeira. – Chame a garota.

— O que Bervely poderia ter a ver com isso? – Narcissa disse, defensiva.

— Quem mais nesta casa tem uma inclinação perturbadora a guardar insetos dentro de móveis, me diga? 

Houve um momento de silencio, então passos abafados, e alguém bateu à porta do seu quarto. Bervely correu para a sua cama e fingiu que não estava fazendo nada demais, apenas encarando o teto como a boa menina que ela era.

— Bervely?

Ela mordeu seu lábio. Logo em seguida sua tia estava entrando altivamente, e ela pode ouvir Lucius vindo logo em seguida. 

— Bervely, você colocou insetos dentro do quarto do seu tio? 

— Mais ou menos. – disse baixinho, cruzando seus braços na defensiva. Cissa intensificou seu olhar severo e ela desmontou. – Bem, sim, mas elas estavam congelando lá fora!

— Bervely!

— O que aconteceu? Por que tio Lucius está tão irritado? 

O tio acabara de chegar à porta do quarto, e havia um brilho cruel em sua face branca e pontuda. 

— Deixe-a ver por si mesma, Narcissa.

— Não seria melhor chamar o Esquadrão de Controle das Criaturas? 

Deixe-a lidar com elas. 

Bervely foi autorizada a espiar dentro do quarto dos tios. Ela reparou que ele evitava se aproximar da porta e achou que algo terrível devia estar acontecendo lá dentro, por que poucas coisas assustavam Tio Lucius. Mas o que havia após a porta estava entre as coisas mais impressionantes que já tinha visto em sua vida.

Quatro joaninhas cascudas do tamanho de carruagens transitavam pelo quarto, derrubando e esmagando os objetos sobre os móveis enquanto transitavam com suas enormes e peludas patas negras. Os cascos vermelho-brilhantes com enormes bolotas pretas reluziam e as pinças estalavam alto quando o inseto percebeu os humanos espreitando. Eram tão grandes que poderiam facilmente esmagar uma cabeça.

— Uau. – a menina quase caiu para traz – Podemos… será podemos ficar com elas? 

~

O episódio das joaninhas gigantes rendeu à Bervely longas semanas de castigo, em que ficou proibida de sair de casa em qualquer hora do dia. Ela se divertiu, entretanto, vendo os homens que tio Lucius teve que chamar para lidar com elas. As joaninhas deviam ser de alguma espécie mágica, porque repeliam todo tipo de feitiço que tentava se lançar para fazê-las voltar ao tamanho normal. No fim, os homens tiveram de levá-las voando, atadas à compridas rédeas; na mente de Bervely, aquelas joaninhas espetaculares dariam ótimas guias para as carruagens da família, substituindo os cavalos. 

Tio Lucius não ficou feliz em ouvir a sugestão. 

Tio Lucius ganhou um tom esverdeado toda vez que viu uma joaninha, pelo resto daquela primavera. 

Quando o outono chegou, tia Narcissa achou que era hora de encerrar o castigo da sobrinha, e perguntou à Bervely do que ela gostaria de se fantasiar para o Dia das Bruxas. Haveria uma festa para bruxinhos no Beco Diagonal aquela tarde e ela achou que era uma boa oportunidade para a sobrinha deixar um pouco a obsessão com insetos de lado e socializar com outras crianças. 

— Você deve escolher uma fantasia assustadora. – explicou à ela, alisando seu cabelo preto lustroso, ao mesmo tempo mantendo a conversa longe dos ouvidos de Lucius, que condenava coisas como festas para crianças. – Quando mais assustadora melhor.

— Pode ser de qualquer coisa? – Bervely se empolgou, seus olhos brilhando. Narcisa deveria ter previsto o que estava por vir, quando assentiu.

— Sim, qualquer coisa. 

 É claro que no primeiro dia das bruxas fantasiado, Bervely Black escolheu o grande medo de tio Lucius e compareceu com uma capa bem vermelha com bolinhas pretas e sobre a cabeça, um par de antenas bem compridas que balançavam para frente e para trás quando ela caminhava. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenha sido por aí, Min, rs.
E sei que se fantasiar não é uma tradição bruxa de Halloween, mas dane-se, isso é uma UA.
;*



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