Kidou Senshi VP Gundam - Os Vigilantes escrita por Moonlight Butterfly


Capítulo 13
Debaixo do véu




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— O que são essas cartas, Rebecca?

— Emprestei na biblioteca, Daiya, junto com o livro que explica como jogar e o significado delas. Estava sem nada melhor para fazer e resolvi pesquisar sobre como se previa o futuro antes de existirem Newtypes. Quer dar uma olhada?

(Música – O esplendor do espaço)

Daiya remexia as cartas, intrigada e fascinada com seus desconhecidos significados.

— Já ouvi falar nisso, se chama Tarot, não é? Mas não seriam 78 cartas? Aqui só tem 22…

— É que essas são as 22 principais, chamadas de Arcanos Maiores. No livro, são explicados não só os significados, mas também as formas de se jogar. Eu adoraria testar, mas não sei se teria graça tirar sabendo o resultado. Talvez pensando em um futuro mais longínquo…

A palavra “futuro” sempre acabava fazendo Daiya Winter recordar-se de sua infância, com seus colegas de escola tirando sarro pelo fato da menina “não ter futuro”, não sendo detectado nada no teste vocacional Newtype. Será que… aquelas cartas poderiam dizer o que a psicóloga não conseguira dizer?

— Rebecca… poderia tentar tirar uma leitura para mim, só por curiosidade? Você talvez possa prever o que vai sair, mas eu não posso.

— Certo, vamos tentar então… vamos sair do sofá e irmos pra mesa de jogos, lá vai ser melhor.

Sentaram-se na mesa de jogos da Watchtower, onde o grupo jogava RPG e outros jogos. Daiya escolheu um jogo com seis cartas, com as seguintes posições: um círculo de cinco Arcanos representando Passado Distante, Passado Imediato, Presente/Futuro Imediato, Futuro Próximo e Futuro Distante, e a sexta carta representando a energia do Eu influenciando os fenômenos em volta. Embaralhou as cartas e retirou-as, segundo o desenho do livro. Nisso, “Phillip” chegou, e passou a observar as duas garotas.

— Muito interessante – comentou Rebecca, parecendo realmente empolgada. - Não faço menor ideia de quais são as cartas que estão aqui, viradas para baixo. Quando tirei para mim mesma, conseguia sentir, mas agora não mais.

— Também não consigo sentir – falou “Phillip” - é como se o oráculo quisesse se esconder de nós para demonstrar seu poder. Já podemos desvirar a primeira carta?

— Calma, apressadinha, deixe a Daiya desvirar quando ela se sentir bem para isso.

A carta “Passado Distante” era o Arcano XVI – A Torre, que representava um castelo sendo destruído por um raio, incendiando e jogando longe seus ocupantes. Representava mudanças bruscas e violentas, mudança de casa, acidentes. “Minha saída de casa… ou o meteoro que caiu e matou meu filho”, pensou Daiya, sem nada dizer. A segunda carta. “Passado Recente”, era o Arcano XVII – A Estrela. Seu desenho era o de uma mulher nua sob um céu estrelado, com uma das estrelas em destaque no céu; a mulher olhava para o reflexo desta estrela em um vaso.

— No geral, essa carta representa a esperança, um vislumbre de direção em uma noite que antes era escura – explicou Rebecca. - Mas deve-se tomar cuidado para não haver ilusões e não seguir para a direção errada… pois a mulher da carta olha e admira o reflexo da estrela no vaso como se fosse a verdadeira.

“Minha vinda para Arcadia, e meu encontro com os Vigilantes. Mas será que eu fiz a coisa certa vindo para cá? A Watchtower… é a estrela verdadeira ou a do reflexo?”.

— Terceira carta, Presente/Futuro Imediato… O Enforcado, Arcano XII – exclamou Rebecca, ainda não conseguindo sentir quais eram as cartas viradas para baixo. O desenho da carta era um homem pendurado por um dos pés, de cabeça para baixo, fazendo um 4 invertido com as pernas. Por baixo dele, corria um rio. - Sensação de impotência, de aprisionamento… por um tempo, você nada poderá fazer além de deixar o rio correr, e… observar, esperar. A inação será a ação mais sábia.

— Que droga, hein – resmungou “Phillip” - Se uma coisa dessas saísse para mim, eu ficaria furiosa. Não aguento mais ficar nesse estado, de esconder de todos quem eu realmente sou… e não quero criar um nome para mim, quero ser chamada pelo meu nome verdadeiro, se algum dia eu tive um. Qual a próxima carta? É… Futuro Próximo, não é?

— Isso. O Arcano é o XX, O Julgamento. Pelo jeito, um dia o estado de inação do Enforcado um dia vai chegar ao fim para você, Daiya. Acontecerá algo decisivo, que mudará a sua vida de maneira impactante. Talvez não só a sua, pode ser que haja uma mudança no ambiente ao redor, provocada pela sua decisão. E agora… o Futuro Distante. Vire, Daiya.

Esta carta não tinha um número romano; tinha em seu lugar um círculo, que talvez fosse o número 0. Mostrava um homem atirando-se a um abismo sem temor, com um cão mordendo sua perna, sem que seu alvo se importasse com isso.

— Arcano 0, O Louco – leu Rebecca. - Sempre quis tirá-la. “O Arcano Zero, por representar o Vazio, encaixa-se bem em qualquer lugar. O Louco arremessa-se em direção ao seu objetivo, mesmo sem saber qual é, sem saber o que o espera no futuro, ou sequer se há futuro. Nada existe, nada importa para ele além deste salto de liberdade rumo ao Caos, que pode criar e destruir”.

— A última carta, por favor – pediu Daiya, não querendo pensar sobre o Arcano do Futuro Distante naquele momento.

— Arcano II, A Sacerdotisa – disse Rebecca, virando a carta, após impor sua mão sobre ela e, novamente, não conseguir ter nem uma leve ideia de qual era. - Uma mulher sábia, detentora de segredos e conhecimento, misteriosa, com seu rosto coberto por um véu. Tão misteriosa que até esconde as cartas que tira, não é, “Senhorita Inverno?”

— Mas eu… eu não fiz nada para escon…

— Eu sei, sua bobinha. Estou brincando com você. Quer tirar também, “ex-Phillip”?

— Hmmm… melhor não. Chega de coisas determinando o meu futuro. Adoraria ser esse Louco da leitura da Daiya, e me atirar no Vazio.

O Vazio. “No final das contas… no meu futuro distante… é só isso que vai me restar” pensava Daiya, sem emoção. “Essas cartas provaram que, realmente, a psicóloga vocacional estava certa… eu não tenho um futuro”.

Nisso, Estel chegou, abraçando e beijando Rebecca; desequilibrou-se, e quase caiu, esbarrando nas cartas que não haviam sido tiradas. Uma delas caiu virada para cima. Era o Arcano X, chamado de “A Roda da Fortuna”.

— Olhe só… este oráculo funciona mesmo – sorriu a estudante de medicina. - Cheguei a ler que cartas que viram sem querer enquanto se usa o baralho tem um significado importante, e caiu justo a carta do seu sobrenome.

— Essas cartas são um oráculo? Interessante, nunca tinha ouvido falar. Talvez porque não me interesso muito por essas coisas de prever o futuro, pelos motivos que vocês já estão carecas de ouvir. Mas, Rebecca… isso não é um pouco contrário aos seus próprios princípios? Você não quer ser médica para concentrar-se nos métodos antigos de diagnóstico, sem utilizar a intuição Newtype?

Usar um oráculo, não pensando em medicina, mas na vida em geral, não seria o mesmo que abusar do poder Newtype, algo que você critica?

A moça fuzilou Estel com o olhar; fechou o livro de Tarot com força, e exclamou:

— Ah, claro, imagina se você não iria querer me dar lição de moral. Estava demorando para isso acontecer. Claro, eu sou um demônio que não é capaz de ter atitudes éticas e coerentes o suficiente para o seu padrão. Sabe, Estel, às vezes eu não faço ideia do que foi que eu vi em você.

O garoto respirou fundo, tentando manter a calma:

— Pare de torcer o que eu digo. Eu não falei isso no sentido de te julgar, use a droga da SUA própria intuição e tente sentir isso você mesma. Foi só um questionamento, uma curiosidade. Essas suas mudanças súbitas de humor me preocupam… eu gostaria muito de te ajudar, te entender, sei que isso ocorre por conta de problemas psicológicos,mas …

— Mas eu sou um maldito hipócrita que diz que dá apoio a pessoas com algum distúrbio psíquico, mas no fundo só quer trancar todos em um hospício – ironizou ela. - Não se preocupe, vou tirar este livro e estas cartas pecaminosas da frente dos seus imaculados olhos. Devolverei hoje mesmo para Nea Alexandria.

(Música - Melancolia)

Saiu com os objetos, e só voltou bem tarde, sem falar com seu namorado. No dia seguinte, suas coisas não estavam mais na Watchtower: Rebecca havia se mudado. Deixou um bilhete dizendo “não me sigam, eu sou maluca”, uma óbvia paródia à frase constantemente usada por Estel, “não me siga, eu sou terráqueo”.

— Eu a vi indo embora em minhas visões – comentou Karma, indo conversar com o amigo. - Não comentei nada com você pois sei que não iria gostar disso.

— Fez bem, Karma. Fez bem. Obrigado por se preocupar comigo.

— Bom, você é meu amigo, não é? Pelo menos por enquanto… somos amigos. Espero que minha intuição sobre você não aconteça, ou demore para acontecer.

Estel nem quis discutir; estava chateado, e precisava de apoio emocional. Os dois se abraçaram, e ficaram assim um bom tempo.

 

— O quê? A princesa Arturia de Neo Zeon está aqui?

— Sim, Edward – disse Zaina melancolicamente – achei que você gostaria de saber.

— Sim, fico feliz por você me avisar… obrigada.

Após alguns segundos de pausa constrangedora, a garota de afastou. Karma comentou:

— Eu moro em Neo Zeon, mas nunca vi a princesa pessoalmente. Tenho apenas uma vaga ideia do que ela vá dizer… sinto que será algo pacífico, irá oferecer seu apoio para os estudantes de Arcadia, colocando o reino como um lugar próspero para morarmos após terminarmos nossos cursos.

O grupo da Watchtower decidiu ir assistir ao discurso, que ocorreria no auditório da Wonderland. A TV Orwell iria transmitir o evento via holograma para o mundo todo, de maneira semelhante ao que era feito com os discursos de Haman Karn na primeira guerra de Axis. Só Christine não foi, pois seu pai, Solomon Gato, também estaria lá. Inclusive, ela discutiu com Keisha, por tê-lo achado insensível ao perguntar “qual era o problema de ir, se é seu pai, e você tem contato frequente com ele de qualquer jeito”. Chorou muito quando se viu sozinha.

Arturia estava usando seu traje oficial, um vestido vermelho armado, com ombreiras pretas bordadas com o emblema dourado do reino de Neo Zeon. Antes de começar, tentou sentir a energia de Karma na plateia, mas não sentiu nada. Ficou abatida por alguns momentos, mas logo se recompôs e iniciou sua fala.

— Muitos de vocês podem sentir que é uma enorme satisfação estar aqui com vocês, estudantes de Arcadia. Neo Zeon está crescendo, prosperando… e queremos dividir tudo isso com o resto do mundo conhecido. Iremos falar primeiramente da nossa política de moradia, um dos maiores problemas da Terra agora, segundo fui informada; o setor imobiliário tem apoiado nosso reino, e conseguimos reduzir a zero o número de pessoas sem moradia em Side 3.

(música – Char’s Counterattack track 13: Destiny)

Enquanto os infográficos eram abertos, a intuição de Karma finalmente entendeu quem era a garota. Não, não podia ser. Se a moça de vestido azul fosse a princesa, ele teria percebido, seria óbvio demais. Ou não… naquele momento, não importava quem ela era, só importava aquele momento de encontro. Conforme o discurso prosseguia, o rapaz começou a imaginar-se ali no palco, discursando ao lado dela, usando uma farda de Neo Zeon. Governaria o Reino junto com ela, protegendo-a das intrigas, inimigos e tentativas de manipulação. E, no final de um dia movimentado, um se consolaria nos braços do outro no seu leito real, sabendo que poderiam contar um com o outro para empreender a difícil e gloriosa missão de comandar uma nação. Acabou não prestando atenção direito no discurso em si. Despertou de seus devaneios apaixonados quando, em uma parte da exposição sobre o repasse dos impostos para programas sociais e empresas públicas, ouviu um grupinho tumultuando o evento, gritando coisas como:

— Imposto é roubo!

— Fora Estado opressor e atrasado!

— Monarquia é lixo, República já!

Como a princesa não conseguia continuar falando, os Cyber-Guards reais ameaçaram interferir com o uso da força, o que fez aumentar os gritos de “Opressão!” e “Ditadura!”. Antes que os guardas pudessem fazer qualquer coisa. Edward voou para cima do centro dos arruaceiros, batendo em todos eles. Estava em tal estado de fúria que conseguia quase lutar em pé de igualdade com o grupo. Sua habilidade de ocultar suas intenções o ajudava a defender-se e contra atacar com mais eficiência. O grupo da Watchtower tentou apartar a briga pacificamente; Estel tentou segurar Edward, mas acabou apanhando dele também.

— Se você tenta me conter, é igual a eles! IGUAL!

Cyber-Guards responsáveis pelo evento ajudaram a imobilizar o rapaz de Shangri-La. Iam levá-lo preso, quando ouviram uma voz feminina gritando “Esperem!”.

Era Arturia. Tanto Karma quanto Edward ficaram quase imóveis com a presença dela. O primeiro, ao vê-la de perto, enfim teve certeza de que ela era a moça do café do campus de Artes.

— Este evento é minha responsabilidade. Deixe que ele seja levado para Neo Zeon, se for o caso.

— Majestade – interferiu Solomon Gato, aproximando-se – acabei detectando quem é este rapaz; de alguma forma ele conseguiu ocultar isso, mas é um perigoso traficante de produtos ilegais, que traz prejuízo para a minha empresa e a de muitas outras pessoas. Uma análise Newtype mais acurada irá detalhar seus crimes. Peço que seu caso seja tratado com máximo rigor.

Em sua fúria, Edward esquecera de usar sua habilidade para ocultar suas ações cotidianas de comércio.

— Compreendo, Sr. Gato. Mas, de alguma forma, eu sinto que ele não é nosso inimigo. Sinto, inclusive, que ele tem grande estima pela minha pessoa… é algo difuso, velado, mas que existe, sem dúvida. Creio que não podemos desperdiçar um possível futuro aliado. Vamos levá-lo para Neo Zeon, julgá-lo devidamente… e, dependendo de como ele se comportar, reabilitá-lo.

Solomon concordou, um tanto a contragosto para olhares mais atentos. Quando estava sendo levado, algemado, Edward dirigiu um último olhar ao grupo de Watchtower, e disse, pesaroso:

— Os Vigilantes são uma farsa.

A princesa ficou parada, olhando o rapaz ser levado. Quando ela mesma virou-se para voltar ao palco, foi a vez de Karma exclamar:

— Espere! Você… você não conseguiu me sentir: Lembra… lembra de mim? Se não lembra, ou não quer lembrar, não tem problema… mas…

Então, Arturia finalmente percebeu a presença do rapaz loiro.

— Você… eu… te procurei, para ver se estava na plateia, mas não achei. Como não consegui sentir nem um fraco sinal da sua presença?

— Não sei. Mas bom, estamos aqui, e… agora descubro que você é ninguém mais, ninguém menos do que a princesa da minha colônia.

— Você mora em Side 3? Como é seu nome?

— Sou Karma… Karma von Deikun.

— Von… Deikun? - questionou a princesa.

— Sim – completou Daiya – ele é descendente direto de Char Aznable, e…

— Cale-se – ralhou o rapaz – em hipótese nenhuma me interrompa enquanto eu estiver falando.

— Mas eu não te interrompi, eu só comentei, e…

— ...acabou se intrometendo na minha conversa. Façamos assim: se eu estiver falando com alguém, avise antes que quer dizer algo, já que… bom… eu não consigo pressentir quando e o que você irá falar – retrucou ele, com enorme dificuldade de admitir na frente de Arturia o fato de não conseguir pressentir as ações de Daiya. Esta baixou a cabeça em silêncio, consentindo.

— Eu – murmurou a princesa, hesitante – não sei o que eu faço agora… vim aqui mostrar ao mundo a generosidade de Neo Zeon, e acabei desapontando muitas pessoas…

— Volte ao palco, Arturia. Termine seu discurso. Mostre toda a grandeza do nosso Reino. Estarei aqui, te dando todo o meu apoio.

Ela acenou afirmativamente, abrindo um sorriso de orelha a orelha, e abraçando Karma fortemente, dando um selinho. Voltou ao palco, e, mais altiva do que nunca, terminou a exposição, demonstrando toda a sua emoção e consternação de quando viajou para a Terra e percebeu o abandono em que o local se encontrava. No final de sua fala, começou a bradar “Sieg Zeon!” várias vezes, no que foi imitada pela grande maioria do público presente. Os aplausos finais foram sinceros e ruidosos. “A princesa Zabi”, pensava o jovem Von Deikun, “meu pai não vai gostar nem um pouco disso, e vai me atormentar mais do que nunca. Mas… dane-se o meu pai. Eu sinto que vou me casar com ela, e governarei Neo Zeon junto com ela”.

 

No retorno à Watchtower, “Phillip” pediu para conversar com Daiya em particular.

— Tenho um favor a lhe pedir. Pensando naquela leitura de tarot… e nos eventos recentes em geral… tenho chegado a uma conclusão. Aquela Sacerdotisa que saiu realmente tem tudo a ver com você. Talvez de alguma maneira semelhante ao Edward, você consiga ocultar tudo o que ocorre à sua volta, e dentro de si. Mesmo depois da voadora verbal que você levou do Karma, não consigo sentir absolutamente nenhuma mágoa em você… o que é difícil de acreditar. Quando saiu de perto de você pra bater nos baderneiros, o Edward foi descoberto facilmente pelo Solomon Gato, mas durante todo o tempo que esteve aqui, desde que você está na Watchtower, nenhum Cyber-Guard conseguiu detectar a menor suspeita das atividades dele de contrabando. A Rebecca não conseguiu prever quais eram as cartas que você tirou antes de virá-las, sendo que quando tirou para ela mesma, conseguia saber facilmente quais eram. E tem também o meu caso… você foi quem me deu a ideia de ir atrás disso, e até agora nem sinal de suspeitarem que eu me assumi como mulher. Tudo isso acontecendo debaixo do véu da Void Priestess… e ninguém percebendo nada. Vendo aquele holograma da Princesa Zabi, pensei em fazer uma loucura. (Música – Tsuki no Mayu: Tema heroico de Daiya) Eu quero revelar ao mundo tudo o que está acontecendo comigo, exigindo saber quem eu sou, em troca de, se negarem explicações a mim, dizer ao mundo todo que a corporação dos Cyber-Guards estava ocultando minha verdadeira identidade, não sei a troco de quê. Amanhã de manhã vão retirar as aparelhagens dos hologramas da Watchtower… só que antes disso, eu quero estar lá, e usá-los para passar a minha mensagem. Conto com você para… para me manter oculta até a hora certa. Não aguento mais viver “no armário”… quero ser eu mesma, saber qual é meu nome, quem é minha família… entenderei se recusar, mas…

— Não se preocupe, eu vou te ajudar – sorriu Daiya – não sei exatamente como fazer isso, mas… se te fizer bem, vou te ajudar.

As duas dormiram no teatro, para não correr riscos. “Phillip” mal conseguiu dormir por conta da ansiedade. Quando acordou, no dia seguinte, nem quis comer nada; sob recomendação de Daiya, comeu alguns pacotes de bolacha fechados esquecidos no local, pois o aparelho era ativado com o poder Newtype, e isso exigia muita energia, ainda mais de uma Cyber-Newtype. Quando colocou o equipamento de difusão de imagem e som, suas mãos tremiam. Segurou as de Daiya fortemente.

— Força – dizia a garota à ex Cyber-Guard. - Você consegue. Meu Véu e o Vazio estão te protegendo.

Ainda não sabia bem o que aquilo significava, mas sabia que aquelas palavras iriam dar confiança à sua amiga. Ela finalmente começou a falar, com a voz trêmula, mas enérgica:

— Estudantes e visitantes de Arcadia!

Várias pessoas acordaram subitamente. As que já estavam acordadas pararam o que estavam fazendo. Os Cyber-Guards se colocaram em alerta, e não conseguiram sentir nada. Tiveram que se lembrar racionalmente que o aparelho estava na Wonderland, para então irem até lá. Não conseguiram chegar a tempo de interromper a mensagem de “Phillip”, que foi a seguinte:

— Serei breve, pois estou fazendo isso ilegalmente. Fui criada pela corporação dos Cyber-Guards como homem… mas na verdade sou uma mulher. Ou seja, o nome que me deram, Phillip, é falso. Não sei quem eu sou, não sei quem é a minha família… e não sei também por que motivo torpe esconderam tudo isso de mim. Nunca consegui detectar nada com a minha intuição até investigar isso de outra forma. Assim, que confiança poderemos ter em uma corporação como os Cyber-Guards? Que segurança eles podem dar, se destroem a vida de seus próprios membros?

Nesse instante, os guardas entraram na Wonderland, arrombando a porta. Foi terminado então o discurso:

— Que o Caos e a insegurança tome conta de todos vocês até que eu descubra quem eu sou! Os Cyber-Guards são uma fraude! UMA FRAUDEEEEE!

Foi rendida e presa. Ninguém fez nada com Daiya, pois não detectaram nela nenhuma relação com o caso. Arturia e seus companheiros foram para a Wonderland também, mas uma pessoa lá chegou antes de todo o resto: Louis Anaheim. Ele parecia ao mesmo tempo terrivelmente contrariado, e estimulado pelo desafio. Como algo tão gritante dentro da corporação dos Cyber-Guards escapara à sua infalível vigilância mental?

— Princesa Arturia Zabi, permita-me que eu cuide deste caso.

— Sr. Anaheim? Mas… o equipamento foi para o meu discurso, então é nossa responsabilidade…

— Iremos tomar providências – bradou o homem, pegando para si o equipamento de comunicação – a respeito deste triste fato. Não precisa se incomodar, Majestade, irei eximi-la de resolver este contratempo. Esta pobre moça, provavelmente uma órfã de guerra, precisa saber quem foi sua família, e o que foi feito dela. A Anaheim Electronics usará toda a tecnologia à sua disposição para descobrir seu passado; somos defensores das liberdades individuais, e não iremos permitir que coisas assim continuem acontecendo!

Todos aplaudiram; a transmissão foi encerrada, e os equipamentos recolhidos.

— E como posso saber que você está falando a verdade, e vai realmente me ajudar? - exclamou a garota de cabelo rosa, em tom desafiador, apesar de ter apanhado muito dos seus ex-colegas.

— Estou lhe dando minha palavra em frente a nobre princesa de Neo Zeon, senhorita. Ela está ciente do que ocorreu, e poderá interferir se ocorrer alguma injustiça. Sinto que está perguntando mentalmente sobre o que eu quero de você em troca… pois bem. Você deve ser muito talentosa para conseguir fazer o que fez, engando os Cyber-Guards por meses, e conseguindo sabotar este equipamento de mídia da TV Orwell. A Anaheim Electronics quer pessoas talentosas trabalhando consigo. Tenho muito interesse em vê-la pilotando um de nossos Qubeleys.

— Nunca gostei muito dos Qubeleys… dos Mobile Suits de vocês, sempre gostei mais dos da série Wing.

— Pois bem, podemos mandar fazer um personalizado da série Wing, feito exclusivamente para você, querida. Use sua intuição, você saberá que eu irei cumprir minha promessa. Só peço que você… se comporte daqui por diante… e terá sua família, seu nome, um lar em Axis Zeon, seu Mobile Suit, sua identidade feminina e o perdão da corporação Cyber-Guard.

“Irei manter você bem próxima de mim… Erzulie, esse é o seu nome, pelo que sinto”, pensava Louis, “pelo menos até descobrir como você conseguiu burlar o sistema desta maneira”.

 


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Notas finais do capítulo

Eis que mais pessoas abandonam a Watchtower. O grupo de amigos será algo que irá se apagando aos poucos, ou irão continuar juntos de alguma forma?
Quais as mudanças que ocorrerão na vida de Karma agora que ele está junto com a Princesa Arturia Nero Zabi?
Haverá algum tipo de explicação para esta habilidade de ocultação que Daiya possui? Quais as consequências positivas e negativas que isso pode trazer a ela?
Não perca o próximo episódio de Kidou Senshi VP Gundam! A sombra do Caos está à espreita.



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