Bônus: The Game – POV. Annabeth

 Era o primeiro jogo do ano letivo. E também o primeiro jogo dos meninos no time de basquete.

 Eu estava preocupada, pois o jogo estava no intervalo, mas a Goode estava perdendo feio. Vislumbrei a expressão de Percy, que era o capitão do time. Ele estava preocupado. Resolvi que deveria ajudar.

 Lenta e discretamente, desci das arquibancadas. Assim que o time inteiro entrou no vestiário, me esgueirei para dentro e, sem que ninguém me visse, me escondi atrás dos armários e escutei a conversa do time:

 - ... sei que estamos perdendo, pessoal, mas temos que nos manter firmes. Podemos virar o jogo! — era a voz de Percy. Ele parecia confiante, mas eu o conhecia a mais tempo que qualquer um, e não seria enganada como os membros do time. Eu sabia que Percy estava morrendo de medo, e estava desesperado.

 Ouvi os outros garotos do time concordarem com o (breve) discurso de Percy.

 - Vamos!— o ouvi dizer. Vi os garotos saírem pela porta do vestiário, indo em direção ao treinador, porém Percy não saiu, apenas ficou parado em frente a porta, observando a quadra.

 - Você está bem? – perguntei saindo de meu esconderijo. Ele se virou, parecendo surpreso.

 - Como... como entrou aqui? – perguntou.

 - Pela porta da frente. – falei como se fosse óbvio. E era. – Não se preocupe, ninguém me viu.

 - O que...?

 - Vi sua expressão na quadra. Eu sei que está preocupado com tudo isso e tal, mas... – suspirei – não precisa ser assim. Ainda estão na metade do jogo. Como você disse, vocês podem virar o jogo.

 Percy se sentou em um dos bancos de ferro que tinha no vestiário.

 - Eu estava blefando. Não acho que viraremos o jogo.

 Sentei-me ao seu lado e segurei sua mão.

 - Eu sei que você estava blefando. Mas isso não quer dizer que EU não acredite nisso. E tenho certeza que muitas pessoas sentadas lá fora acreditem nisso também. Você consegue, Cabeça de Alga. Eu te conheço a quinze anos, e você sempre foi otimista! O que está acontecendo... O que aconteceu pra você ficar assim?

 Ele suspirou e apertou minha mão.

 - Acho que agora passei de otimista pra realista. Acho que o que Rachel disse antes de terminarmos está certo. Eu sou muito covarde pra liderar o time. Eu...

 - Ela disse isso? – perguntei me levantando. Ele pareceu assustado, mas assentiu. – Aquela periguete vai sair desse jogo sem metade do aplique! – murmurei. – Olha aqui, Percy: Se eu souber que você anda acreditando no que aquela ruiva vulgar fala (ou falava), você vai se ver comigo! Ela não merece que você acredite nela! – sentei-me de novo ao seu lado, apontei o indicador para seu rosto e falei baixinho, afinal não havia necessidade de falar alto (pois é, sou bem bipolar) – Você não é nada covarde. Na verdade, é o garoto mais corajoso que já conheci. Não acredite no que aquela idiota diz. Ela não sabe de nada. Ao menos você admite que está nervoso e com medo. – comecei a mexer em seu cabelo. – Muitos caras não fazem isso. E além do mais, é seu primeiro jogo. Com o tempo você você vai ganhando experiência, e ficando cada vez melhor! – ele pôs uma mecha do meu cabelo atrás de minha orelha. Cheguei bem perto de seu ouvido e sussurei: - Você consegue, Cabeça de Alga. Eu confio em você.

 - Tem razão! Eu consigo! Annie, você é um anjo! – falou.

 - Não. – corrigi-o e atrapalhei ainda mais seu cabelo – Sou sua amiga.

 - Obrigado. – falou e me abraçou. Retribui o abraço e escondi meu rosto em seu pescoço.

 - Disponha. – respondi. Me soltei de seu abraço delicadamente. – Agora, vá. O time precisa de seu capitão! – sorri e pisquei.

 - Tudo bem, eu consigo. – Percy se levantou, parou em frente a porta e respirou fundo. De repente, sua expressão voltou a ser desesperada. – Não, eu não consigo! Ah, deuses! Vamos perder! Não vamos conseguir! Estamos muito atrás. – ele começou a andar de um lado para o outro com as mãos na cabeça.

 Bufei e revirei os olhos. Para colocá-lo de volta no campo eu teria que tomar medidas drásticas.

 Me levantei, fui até ele, o puxei pela gola da regata do time e o beijei. Ele pareceu surpreso no início, afinal ele sabia que era meu primeiro beijo. Em seguida ele pôs as mãos levemente em minha cintura, e eu o puxei mais pra perto. Minha intenção era deixá-lo cada vez mais surpreso. Ele aprofundou o beijo e eu passei meus braços por seu pescoço. Eu já me perguntara com quem seria meu primeiro beijo, mas nunca antes eu pensei que seria com Percy. E, por mais incrível que pareça, eu estava gostando do beijo. Ele estava sendo delicado (como eu disse, ele sabia que era meuprimeiro beijo). Só nos separamos quando o ar estava completamente escasso.

 - Boa sorte, Cabeça de Alga. Confio em você. – falei e empurrei pra fora do vestiário.

 Depois disse, saí de fininho lá de dentro e voltei ao meu lugar nas arquibancadas. Acho que minha visita ao vestiário acabou motivando Percy, pois ele fez várias cestas. No fim, a Goode ganhou, e foi Percy quem fizera a cesta final.

 O time levantou Percy nos ombros. Desci das arquibancadas e já estava quase saindo da quadra quando alguém me abraçou por trás e me girou no ar, arrancando de mim um gritinho.

 Percy beijou minha bochecha, ainda me girando e disse em meu ouvido, como um segredo:

 - Obrigada, Sabidinha.