O amor é cego escrita por British


Capítulo 44
Pais




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— Não tem falado com a sua mãe Sakura? – perguntei curioso, pois desde aquele trágico dia no Central park nunca mais tinha escutado Sakura falar dos pais

— Não e nem quero – disse séria

— Por quê? Eu percebi que vocês têm muitos problemas, mas e o amor?

— Meus pais nunca me deram amor.

— Nunca?

— Talvez quando eu fosse muito pequena sim, enquanto bebê... Mas assim que cresci passei muito mais tempo com empregados do que com eles. Na adolescência me refugiei com meus amigos e eles pareciam sempre distantes demais. Inalcançáveis. Mas acho que tudo foi por água abaixo de vez quando perdi a visão. Ser cega foi o golpe final para eles me rejeitarem.

— Eles sentem mesmo vergonha de você?

— Sim. Eles fingem quando estão na minha frente que não, mas a verdade é que eles me escondem. Eles se mudaram alguns meses depois do acidente. Disseram que era a trabalho e que não me levariam porque era melhor pra eu morar num lugar que já conhecesse. E aí contrataram a Hinata que já tomava conta de mim no hospital.

— Eles te visitam quantas vezes por ano?

— 3 ou 2 vezes. Depende do humor deles.

— Eles já vieram uma, quando vão ser as outras duas?

— Era para eles terem vindo no meu aniversário, mas como briguei com eles acho que não quiseram vir ou então esqueceram mesmo. Provavelmente eles apareçam no Natal.

— Eu queria conhecê-los melhor, afinal são seus pais. – acariciei o rosto dela

— Se eu fosse você ficaria distante deles. Eles só se importam com dinheiro. E me jogam na cara que eu sou um fardo toda vez que possível, por isso que eu insisti com você em me deixar fazer as aulas com Sasori, eu quero aprender, quero entrar numa faculdade. Quero pagar minhas contas e deixar de ser um peso pra eles.

— Não se preocupe com isso, eu posso te manter caso eles te manterem seja algo que te incomoda.

— Seria trocar seis por meia dúzia. Entenda, eu não quero depender financeiramente de ninguém. Muito menos do meu namorado – sorriu

— Faça como desejar então. Eu vou te dar todo o apoio.

— Que bom. Sasuke, você nunca me falou muito sobre os seus pais, a única coisa que sei é que eles morreram...

— É que são memórias tristes pra mim.

— Você também tinha problemas com eles?

— Não. Meus pais eram amorosos, quer dizer, minha mãe era extremamente amorosa e gentil. Meu pai era rígido, fazia com que eu e Itachi seguíssemos as regras e sempre foi contra eu fazer música ou cinema. Ele falava que não era uma profissão de homem.

— Ele não te apoiava?

— Não nisso. Já Itachi era tudo pra ele, o filho querido e paparicado.

— Você tinha inveja do seu irmão quando menor?

— Não. Pelo contrario, sempre fui mais apegado a minha mãe e isso deixava Itachi furioso, uma vez ele me bateu por causa disso.

— Você tinha quantos anos?

— Eu tinha 10 e ele 15.

— Mas hoje em dia vocês se dão bem.

— Vamos dizer que a dor da perda nos uniu. – sorri

— Sei como é, meus amigos também nos unimos pela dor. Pela necessidade de encontrar uma fuga.

— Como assim?

— Vou explicar. Kiba, eu, Tenten e Gaara tínhamos problemas com nossos pais. O único que não tinha problema com a família era o Neji. E nós nos tornamos amigos por causa disso, nos sentíamos sozinhos então descobrimos que juntos poderíamos ser mais felizes.

— Os pais deles também eram ausentes como os seus?

— Não exatamente. Tenten era filha de mãe solteira, nunca conheceu o pai, isso fazia falta pra ela... Por noites Tenten dormiu na minha casa e me confessou que sentia falta de um pai para chamá-la de “minha garotinha” só que ela sabia que o pai dela não prestava, então por isso nunca perguntou nem o nome dele para a mãe. Gaara era órfão de mãe, seu pai é um empresário bem sucedido e sempre compensou a falta em casa com presentes. O Gaara vivia sozinho e era bem brigão, mas depois que nos conheceu ele mudou, ficou mais suave. A nossa amizade confortou um pouco a dor que ele tinha. E o Kiba, embora os pais dele fossem casados e amorosos com ele, não tinha uma família feliz.

— Por quê?

— O casamento deles já era fracassado. Eles só estavam juntos por causa do Kiba. Brigavam muito e isso fazia o Kiba chorar. As vezes no meio da noite ele fugia e ia lá pra casa chorar no meu ombro. Lembro como se fosse hoje...

“Sakura sou eu, Kiba. Estou em frente ao seu apartamento, abra a porta pra mim.” – foi a mensagem urgente que eu recebi as duas da manhã

[...]

— Kiba, o que houve? – ele não me disse nada apenas me abraçou com força e lágrimas nos olhos. Então o levei até meu quarto e tranquei a porta para que ninguém nos flagrasse.

— Sakura foi terrível – disse limpando as lágrimas

— O que aconteceu? – perguntei preocupada

— Eles brigaram de novo.

— Três dias seguidos?

— Sim. Só que hoje foi pior, minha mãe e meu pai saíram no tapa.

— Nossa – falei assustada – Por quê?

— Meu pai chegou tarde em casa e cheirando a perfume de mulher, eles discutiram e minha mãe disse que ele estava humilhando-a diante da sociedade e aí ele disse que queria que a sociedade se fodesse e eles não pararam de brigar. Ela deu um tapa nele e ele um nela. E eu assistindo a tudo. Foi quando eles pararam por um momento e disseram que era melhor parar com o escândalo para não me acordar. Mas eu já estava acordado, então eu voltei pro meu quarto, eles me viram fingir estar dormindo e depois se recolheram cada um pro seu quarto, então eu fugi, eu precisava te ver pra ver se algo ficava melhor dentro de mim. – ele me abraçou com tanta força que se eu fosse mais frágil ele me quebraria.

— Eu estou aqui com você. Tudo vai passar – acariciei o rosto de Kiba que ainda estava molhado de lágrimas.

— Só você pra me fazer feliz Sakura – ele sussurrou ao meu ouvido em seguida me beijando

— Calma Kiba, você precisa ficar calmo, você está tremendo.

— É de nervoso – avisou puxando o lençol da minha cama e se cobrindo

— Dorme. É melhor você dormir, amanhã cedo eu te escondo e quando meus pais saírem pro trabalho eu dou um jeito de te tirar do apartamento.

— Não quero ir pra aula amanhã.

— Não vamos. Eu mato aula com você – sorri e ele sorriu em troca.

— Você já escutou aquela música do Blink 182 que se chama “Stay together for the kids”?

— Não.

— Vamos ouvir? – ele disse tirando o mp4 do bolso

— Vamos – consenti

— Essa música descreve meus piores momentos...

— Talvez fosse a hora da gente encontrar uma música para os melhores – propus

— Depois, agora escuta essa...

Stay Together For The Kids— para ouvri

É difícil acordar

Quando as cortinas vem sendo puxadas

Essa casa é assombrada

É tão patético

Isso não faz sentido nenhum

Estou maduro com coisas a dizer

As palavras apodrecem e caem

Que poema estúpido poderia consertar essa casa?

Eu o leria todo dia

 

Então aqui está seu feriado

Espero que vocês aproveitem dessa vez

Vocês desistiram de tudo

Isso era meu

Então quando vocês estiverem mortos e enterrados, vocês vão

Lembrar dessa noite

Vinte anos agora perdidos?

Isso não está certo!

 

A raiva deles machuca minhas orelhas

Vem ficando mais forte a sete anos

Preferível então consertar o problema

Eles nunca os resolvem

Isso não faz sentido nenhum

Eu os vejo todos os dias

Nós seguimos em frente, então por que eles não podem?

Se é isso o que ele quer

E é isso que ela quer

Então por que há tanta dor?

 

Então aqui está seu feriado

Espero que vocês aproveitem dessa vez

Vocês desistiram de tudo

Isso era meu

Então quando vocês estiverem mortos e enterrados, vocês vão

Lembrar dessa noite

Vinte anos agora perdidos?

Isso não está certo!

 

Então aqui está seu feriado

Espero que vocês aproveitem dessa vez

Vocês desistiram de tudo

Isso era meu

Então quando vocês estiverem mortos e enterrados, vocês vão

Lembrar dessa noite

Vinte anos agora perdidos?

Isso não está certo!

 

Isso não está certo!

Isso não está certo!

Isso não está certo!

[...]

— Nossa, ele realmente tinha sérios problemas – falei para Sakura que continha a lágrima em seu olhar

— Todos nós tínhamos. Só o Neji que não tinha uma família de fato problemática.

— Ele tinha em você alguém em que podia contar

— Sim e eu nele.

— O que aconteceu com os pais dele depois do acidente?

— Se separaram.

— Kiba deve ter ficado feliz estando em qualquer lugar que esteja, pois finalmente os pais dele podem ser felizes.

— Talvez, mas acho que eles não estão felizes. O Kiba era de quem eles mais se orgulhavam e a decisão de ficarem juntos mesmo tendo sido péssima foi tomada pensando nele. Eles achavam que o sacrifício valia à pena se fosse pra ele crescer dentro de uma família tradicional. Eles amavam o Kiba de verdade. Minha mãe não teria ligado se eu tivesse morrido, mas os pais do Kiba ligavam e muito.

— Família é sempre a base do ser humano.

— É. Mas depende de muita coisa para a pessoa formar seu caráter... Sabe, eu fico pensando que se um dia eu for mãe eu vou conversar muito com a minha filha ou filho e ser aberta ao que eles acharem. Eu não quero passar por nada como eu e os meus amigos passamos. Foi muita dor. – a envolvi com meu abraço e não pretendia soltá-la tão cedo

— Nossos filhos vão ser criados numa família muito amorosa – sorri e ela sorriu

— Nossos filhos?

— Espero que você não me corte dos seus planos familiares.

— Não tinha pensado nisso, mas é claro que você está incluído em qualquer plano familiar que eu venha a fazer.


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