— Mas professor – reclamou Leo Valdez ao ouvir as palavras do professor que se mantinha sentado na sua frente – Isso não é justo, você é o melhor professor que a gente tem!

— Verdade – Reyna se pronunciou – Isso não é justo!

— Acreditem eu entendo todos vocês – Percy respondeu – Mas o meu caminho nessa escola terminou, Eu prometo que estarei aqui quando vocês se graduarem e não se preocupem a Senhorita Filith vai me substituir ela é bem legal também.

— Professor – Leo Valdez quase saltou da cadeira – Se foi a escola que o despediu a gente faz um abaixo assinado e-

— Sr. Valdez não vai ser necessário – Percy sorriu alegre – Eu próprio estou saindo…. Acreditem em mim que não é fácil o que estou fazendo. Vocês são uma das turmas que eu mais vou sentir falta acreditem. Eu adorei ensinar para vocês e fico muito orgulhoso que vocês também gostaram de me ter como professor de vocês.

— Porque você está indo embora? – Calipso Handersson perguntou num tom triste.

— Boa pergunta – o olhar se desviou para a loira que permanecia em silêncio – Digamos que… se eu continuar aqui eu não poderei seguir o caminho que eu quero percebem? Eu fui muito feliz aqui, mas agora só indo embora eu vou continuar sendo… Eu não quero que vocês pensem que odiei aqui estar porque não é verdade. Vocês foram a turma que mais me marcou em apenas um par de meses, eu vou sentir vossa falta também.

— Poxa professor – Will Sollace resmungou na fileira de trás – Pensei que ia ser nosso professor até o final do ano.

— Também Sr. Sollace, mas de momento não será mais possível lamento muito. Eu adorei dar aulas a vocês. Adorei conviver com vocês acreditem. Eu saio daqui não como um professor mas também como um Amigo. Eu espero que vocês consigam todos acabar o liceu. Inclusive eu vou perguntando para a Senhorita Filith como estão as vossas notas entenderam? Nada de desculpas.

A turma soltou um suspiro de descontentamento.

O peito de Percy queimava por dentro.

— Olhem – ele se reencostou na cadeira – Por favor não tornem isso mais difícil do que já é. Eu não quero ir embora e pensar que deixei todos vocês para trás. Eu conheo todos vocês e acompanhei todos vocês com o maior orgulho. Leo Valdez – ele chamou – Você foi o aluno mais engraçado que eu já tive. Eu sei que os professores reclamam de você mas aqui entre a gente eu espero que o senhor não mude nunca. Eu sentirei sua falta quando estiver dando minhas aulas e o senhor não estará lá pra fazer piada.

O garoto deu um sorriso orgulhoso.

— Reyna – ele chamou de novo – Você é uma aluna brilhante. Sempre liderando, sempre com esse seu espirito de guerreiro. Não tenha duvidas que a faculdade onde você entrar vai ser muito sortuda em ter você.

Reyna corou dando um sorriso tímido.

— Sentirei falta de muitos alunos aqui também. Thália Grace você é uma delas – ele sorriu fazendo sinal para a morena que saltou da cadeira – Sempre rindo, porém sempre esforçada. Já ouvi muitas reclamações sobre você menina Grace, e espero sinceramente que elas continuem. Seja você mesma até o fim. E se o mundo não está preparado para isso então o problema é dele e não de você.

— É isso aí professor – ela sorriu dando um high five sorridente.

— E de mim professor? – Drew Tanaka sorriu levantando o braço – o que você tem a dizer?

— Eu espero que a senhorita encontre o que a faz feliz – Percy respondeu secamente se lembrando dos antigos rumores que a garota havia circulado - E espero que isso não envolva mais rumores circulando pela escola por favor.

As gargalhadas e gritos ecoaram na sala deixando a asiática mais vermelha que um pimentão. Annabeth deu uma piscadela para o Jackson que apenas assentiu discretamente.

— QUEIMADA! – Thália Grace sorriu se levantando – CHUPA!

— Menina Grace!

— Me desculpe, culpa minha.

— Eu espero que esse ano traga muitas coisas boas para todos vocês. E espero ver vocês algum dia quem sabe. Eu vou estar por aqui até ao final do ano. Se alguém quiser aparecer em Northhampton me visitar estão de boas, e se quiserem vocês têm meu e-mail caso vocês queiram me contactar ou pedir duvidas.

Percy os observava. Uns estavam tristes, outros nem aí. Garotas na fila do meio seguravam as lágrimas enquanto outras já as limpavam com um pequeno lenço de papel.

— Vamos gente não chorem – Percy sorriu – Isso não é um adeus eu vou continuar vos visitando. Já falei com a Sr. Filith e ela não se importa que eu venha fazer visitas de vez em quando.

O Valdez se levantou sorridente.

— Galera, vocês ouviram ele, nada de choradeiras – ele sorriu num tom brincalhão retirando o seu celular do bolso – Aliás… Bora tirar uma foto vai!.

Houve gritos.

Houve lágrimas

Mas no final… Percy Jackson sabia que estava fazendo o correto. E que a cada dia era um passo para estar com a loira que não conseguia disfarçar um sorriso.

***

— Nunca vi o Leo Valdez tão triste por um professor – Annabeth comentou entrando num apartamento – Acho que você vai deixar muitos fãns para trás.

Percy caminhou atrás de si carregando uma saco de papel com as compras que havia feito antes de pegar Annabeth. As colocou em cima da bancada da cozinha olhando para a loira que havia se sentado num dos bancos.

— Acho que vou sentir faltas deles também – ele sorriu retirando as embalagens de queijo, presunto e leite da pequena sacola de papel.

— Estou me sentindo mal agora – ela disse dando um sorriso fraco – Por minha causa eles ficaram sem o seu professor favorito.

— Não foi por sua causa – ele corrigiu – Foi por nossa causa.

— Mesmo assim Percy.

— Eles vão se safar bem. Eu vou visitar todos vocês no próximo ano e além disso você mesma o disse Emherst é uma cidade pequena. Vocês podem me encontrar em todos os lugares. – ele falou se aproximando da loira beijando o seu pescoço – Aliás eu não me arrependo do que estou fazendo.

— Não?

— Não – confirmou – Eu amo você, e se isso é para a gente estar junto então eu voltaria a fazer.

Annabeth sorriu o abraçando.

— Percy?

— Sim? – ele a olhou com um sorriso.

— Eu estou de férias. – ela sorriu mordendo o lábio.

— Pois está.

— Isso significa que eu tenho muito mais tempo livre… e você também.

— Eu sei… por isso que planeei nossas férias o máximo que consegui.

— Planeou? – os braços envolveram o seu pescoço enquanto um sorriso bajulava os lábios da Chase. – E o que meu namorado andou planeado.

— Não sei – sorriu ele penteando os seus cabelos com um sorriso no rosto – Uma dose de sofá, cama, comida e muitos filmes de Natal para a gente assistir.

— Só isso?

— Se você se portar bem – os lábios roçaram no seu ouvido num gesto sensual – Outras coisas também.

— Você adora me provocar.

— Nunca neguei que não gostava – ele gargalhou a encostando ao balcão, enquanto as mãos subiam pela cintura da Chase – Eu tou com muitas ideias agora.

— Ideias – ela suspirou beijando o seu maxilar – Que ideias?

— E que tal – os seus lábios se aproximaram da sua boca - … que tal se a gente… fizer o jantar!

—… … Sério?

O moreno caiu na gargalhada largando a loira e caminhando até o outro lado da cozinha.

— Me desculpe meu amor – os olhos verdes a olharam enquanto abria o armário – Mas tem razão… eu amo provocar você.

A loira revirou os olhos.

— Vai se fuder okay?

— Eu também te amo meu amor.

***

— E como anda o namoro de sua mãe? – ele perguntou saindo da box enquanto a loira enxaguava a boca.

— Eu acho que ela gosta dele a sério – ela respondeu retirando a escova de dentes da sua boca – E acho que eles também.

— Você está confortável com isso? – ele perguntou pegando na camiseta cinza que havia deixado em cima do pequeno armário branco. A loira olhou para o reflexo do moreno no espelho, se concentrando nos contornos do seu corpo.

— Jesus me leva – ela sussurrou mordendo o lábio.

— Disse alguma coisa? – ele perguntou se virando para ela.

— Não nada.

Annabeth deu graças a Deus ao ver o moreno colocar a camiseta e o boxer que havia tirado de umas das gavetas. Os braços fortes a rodearam enquanto a loira havia guardado a pequena escova branca no copo onde Percy havia guardado a sua.

— Você é muito linda – sussurrou ele.

— Me solta – ela resmungou com um sorriso – eu não me esqueci do que fez á pouco.

Percy riu. As suas mãos voltaram a percorrer o corpo da Chase, subindo e descendo, descendo e subindo. – Você está brava mesmo?

— Se lembre que eu também sei provocar Perseu – ela sorriu pegando na escova que se encontrava do lado dos perfumes masculinos e do pós-barba que ele sempre usava.

— Eu sei – os braços a abraçaram encostando o seu peitoral nas costas da loira.

— Só mais 3 semanas – ela conclui escovando as pontas húmidas do seu cabelo.

— Só mais 3 semanas – repetiu ele sorridente beijando o seu ombro.

— Vai dar tudo certo neh?

— Vai sim – ele sorriu – prometo… Eu vou só aquecer o nosso chocolate quente e vamos logo para a cama sim?

— Ótimo, está ficando frio – respondeu ainda concentrada desfazendo os nós do seu cabelo.

O moreno deu mais um beijo no seu pescoço caminhando até à cozinha onde pegou em duas xicaras. Ouviu o celular tocar bem ao seu lado. Pegou no pequeno aparelho o colocando ao ouvido.

Sim?

Estou? Annabeth?

O moreno congelou. Demorou uns segundos até perceber que aquele não era o seu celular.

Annabeth? É o Luke

Olha eu quero me resolver com você.

— Resolver – Percy repetiu num tom irónico.

 Sim? – respondeu Percy disfarçando a voz.

Annabeth?

Não… aqui é o namorado dela

Ah… me desculpe

Sem problemas.

Pode passar pra ela?

Ela está no banheiro agora.

OUCH

Ah… então lhe diga que o Luke ligou.

Eu falo.

Então tah.
Desculpe interromper vocês.

— O que está fazendo? – a loira perguntou. Vestia uns shorts de pijama e uma camiseta branca que Percy identificou como parte do conjunto.

— Seu amiguinho – ele sussurrou lhe passando o celular na qual ela pegou

— Luke (…) Me desculpe (…) Sim era ele (…) não, está tudo bem (…) não, eu percebo sério (…) eu não fiquei chateada com você (…) sim eu sei (…) eu percebo (…) Sim amigos como antes. (…) Tchau (…) um beijo pra você também. (…) Bye.

E desligou.

— Amiguinha dele outra vez – depressou Percy despejando a pequena saqueta de açucar na xicara.

— Quem pensa que é para atender minhas ligações?!

— Foi sem querer.

— Foi sem querer? Luke liga e é sem querer?

— Eu estava entretido preparando isso e o telefone tocou foi a força do hábito!

— Sim claro.

— Você está insinuando que-

— Nossa você chegou lá! – ela sorriu num tom sarcástico.

— Viu? Ele liga e puf discussão começa – Percy acusou apontando para o smartphone que a loira segurava ainda na mão – Sempre que discutimos ele está metido no meio.

— Não meta o Luke nisso foi você que atendeu a porra do celular.

— Foi sem intenção!

— Claro que foi… podia ter desligado mas não, se apresentou e tudo… minha nossa tem razão foi sem intenção mesmo.

— Quer saber – resmungou ele largando as xicaras olhando para ela.  – Sim eu falei. Atendi o celular sem querer mas o resto foi tudo de prepósito. Ligar a essas horas que fantástico neh?

— Pode parar de ter ciúmes dele?

— Eu não estou com ciúme só quero que ele entenda a posição dele – resmungou o Jackson a fitando com os braços cruzados – Eu, do seu lado. Ele, distante.

— Você não tem o direito de mandar em mim Percy – a loira retorquiu – Não cão pra ter dono.

— Eu não estou falando isso! Pode se dar com quem quiser menos com ele!

— Porquê você é assim?!

— Porque ele gosta de você!

— Mas eu gosto de você Percy – ela resmungou mais alto.

— Mas...

— Mas oquê?!

— Esquece – ele falou se voltando para a bancada continuando o que estava fazendo.

— Não – ela cortou – Não esqueço. Fala logo o que está acontecendo!

— Nada – resmungou colocando o leite nas duas xicaras.

— Porra Percy ou você me conta o que se passa ou-

— Ele pode! – gritou mais alto a fitando. Annabeth se assustou por um segundo, arqueando a sobrancelha o encarando.

— Ele pode oque Percy?

— Ele pode… pode dar aquilo que não posso. – ele falou num tom mais baixo.

— Oque? Percy…

— Sabe porque eu decidi fazer alguma coisa? Sabe porque me despedi? – ele a olhou – Sabe? Porque quando vi você naquele café com ele… eu senti… eu senti inveja okay? Porque ele pode estar com você sem que ninguém comente. Pode estar com você sem receber olhares. Pode estar com você sem que você receba criticas ou insultos… comigo não.

— Percy – a mão da loira segurou a dela – Não é desse jeito.

— Mesmo que seus pais me aceitem… sempre vai haver pessoas comentando, você vai ouvir bocas e comentários na escola… pra não falar quando sairmos por aí.

— Eu sei disso tudo Percy – ela falou se aproximando dele, apoiando o queixo em seu ombro – Mas… eu sei que mais cedo ou mais tardes as pessoas vão se acostumar.

— E você? – ele a fitou largando a sua mão. – Será que você vai se acostumar?

— Oque?

— Será que… quando estiver farta das pessoas olhando, comentando e criticando… você simplesmente não se afasta.

— Você acha que eu faria isso? – ela perguntou ofendida.

— Você não? Sobre pressão todo o mundo faz até o inimaginável. Quem me garante que você vai conseguir suportar isso tudo? Ouvir seu nome pela escola? Ouvir seus pais comentando? Ouvir as pessoas criticando e te olhando na rua por estar com um homem 9 anos mais velho que você.

— Percy! – ela cortou puxando novamente a sua mão – Se isso acontecer então foda-se.

— Foda-se?

— Sim foda-se eles, foda-se tudo. Eu estou com você não estou? Que interessa o que Luke pode dar ou não dar? O que interessa é o que você está me dando okay? Eu amo você. E quando isso tudo que você falou acontecer, eu sei que vou estar do seu lado. Sei que você está lá pra mim. Eu vou me apoiar nisso.

— Promete?

— Prometo – ela sussurrou, o abraçando – pode parar de ser inseguro.

— Eu não era assim – ele resmungou  - Foi você. Eu não costumava ter essa merda de inseguranças antes de conhecer você.

— Você é meu homem lembra? – ela sorriu – Ninguém vai mudar isso.

— Repete isso? – ele disse aproximando o rosto dela.

— Meu homem – repetiu sentindo os lábios do Jackson dançando contra os seus. As mãos dele percorreram a cintura a puxando contra si. Annabeth abraçou o corpo dele enquanto a sua boca se mantinha presa na sua, num beijo urgente e meigo.

As respirações cessaram obrigando os lábios a se separarem.

— Eu amo você – ela sussurrou – Não importa o que os outros falem, nada muda o que sinto por você.

— Você é minha garota – ele sorriu acariciando a sua face – Sempre.

— Eu sei…

— Eu sou o seu xodó?

Ela gargalhou beijando o seu rosto  - Você é definitivamente o meu xodó.

Ele sorriu dando um beijo na testa da loira a fazendo sorrir – Quer saber? Você tem razão… que importa os outros?

— Exato.

— Onde é que a gente ia?

— Chocolate quente e cama. – ela sorriu caminhando para o quarto – Fico esperando.

— Eu vou já – assegurou ele colocando as xicaras no micro-ondas observando as luzes florescentes iniciando a contagem regressiva. Logo o aparelho apitou. O Jackson pegou nas duas xicaras, botou o chocolate e caminhou com cuidado até ao quarto.

— Annabeth? Que está havendo? – ele perguntou vendo a loira olhando pela janela. Ela se virou com um sorriso pegando na pequena xicara azul.

— Está nevando. – ela sorriu vendo a rua sendo cobrida pela pequena chuva de flocos brancos.

— Feliz aniversário de 4 meses – ele sorriu se sentando ao seu lado.

— Feliz Aniversário…