— Eu não quero que você esteja insegura – ele falou olhando para a garota que se mantinha deitada sobre o seu braço. O lençol cobria a sua cintura, enquanto a mesma vestia uma camiseta azul que Percy havia deixado sobre a cama. Os olhos verdes encararam a garota mais nova, dando um beijo na sua testa – Entenda que tudo aquilo já passou.

— Não é estar insegura… ou é, não sei dizer.

— Tente explicar – ele murmurou olhando confuso para ela – Talvez eu entenda.

— Eu só – ela suspirou, o fitando – fico pensando nela e você… não sei.

— Eu e ela já não existe Annabeth, foi passado.

— Passado continua sempre existindo Percy… e você contou que a amava tanto… 

— Annabeth- ele chamou – eu a amei de um jeito que nunca irei amar você, do mesmo modo que amo você de um jeito que nunca amei ela… é diferente.

— Eu sei, eu sei disso tudo… mas fico pensando.

— Eu não quero que você se fique torturando com isso. – ele retirou o rosto da loira do seu braço se deitando ao seu lado, a encarando – Você precisa aceitar que ela foi real, que eu amei ela, que vivi momentos com ela… mas que agora você também é real, eu te amo e estou vivendo momentos com você… Lá porque eu tive uma namorada não quer dizer que não me possa apaixonar de novo. Foi há anos Annabeth, as coisas mudam.

— Eu sei, me desculpe.

— Aliás… eu estive pensando e acredito que talvez o que eu sinta por você seja mais real do que eu senti por ela.

— Mais real?

— Eu tinha 18 anos Annabeth, nessa altura eu era um adolescente ainda… acho que agora eu vejo que se fosse hoje, a minha relação com ela talvez não fosse como eu pesava na altura, nós éramos muito novos, sonhávamos com um futuro perfeito, que é algo que não existe. Eu tenho 27 anos agora, os sentimentos que tenho por você são mais maturos e sinceros, livre de fantasias ou sonhos adolescentes… você está percebendo?

— Acho que sim…

— E quer saber? você também devia pensar no meu lado.

— No seu lado?

— Você não era – ele travou pensando nas palavras que diria. Não queria parecer ousado ou intrometido perante ela. – bem… inexperiente quando me conheceu.

— Inexperiente? – ela o olhou com um sorriso confuso – Virgem?

— Isso – sorriu revirando os olhos – você não era virgem quando me conheceu, já namorou certo?

— Já sim – ela sorriu olhando para o teto com um sorriso sincero – Primeiro amor não se esquece não é mesmo.

— Como ele era? – perguntou dando um sorriso deitando o rosto sobre o travesseiro da cama.

— Você quer que eu conte?

— Ah eu contei sobre a Samantha… logo se você quiser contar.

— Ah ele era legal – ele riu – Ele era 1 ano mais velho que eu.

— Ah quer dizer que essa tara de homens mais velhos já vem de cedo? – zombou ele dando uma pequena risada vendo a garota revirando os olhos sem paciência.

— Cala a boca – ela resmungou – Quer ouvir ou não?

— Pode continuar.

— Bem, eu o conheci na escola obviamente. Eu andava no décimo primeiro, e ele andava no décimo segundo. Ele era inteligente, bonito, carismático e Deus, era bem gostoso na verdade.

— Bom saber – Percy uniu as sobrancelhas.

— Ele era o melhor aluno da turma, ou um dos melhores porque havia garotas bem inteligentes na sala dele. A mãe dele e a minha eram amigas, e bem a gente falava ás vezes. Eu meio que tive uma queda por ele durante uns bons anos. As garotas o elogiavam muito, fosse pelos olhos claros, ou os cabelos castanhos, tinha até as fãs do crepúsculo que ficavam babando por ele, pela pele branca e os caninos longos. Não vou mentir, eu achava ele bem sexy, eu e todo o mundo na verdade.

— E depois?

— Ah a gente namorou por 1 ano e dois meses talvez. Minha mãe adorava ele, mas não ao ponto de o aceitar lá em casa até ás tantas da noite. Meu pai o mesmo, ficava fazendo avisos para o Liam não se aproximar muito.

— Liam?

— Liam Portfield – respondeu ela – era essa o nome dele. Eu me apaixonei por aquele cara assim oh – Annabeth estalou os dedos sorridente – Afinal, quem não se apaixonaria? Liam era  o que chamavam de perfeito. Bonito, romântico, alegre… e muito persistente.

— Persistente?

— Ao inicio eu não queria nada com ele, quer dizer, queria mas não queria entende? haviam muitos fatores que me fizeram hesitar. As garotas ao redor dele, a idade, meu pai… mas ele sabia dar a volta nisso. Estava sempre comigo, era meu amigo, se declarava para mim com aquelas falas bobinhas e românticas. Minha mãe falava que eu tinha achado o garoto ideal para mim.

— E por que terminaram?

— Ah ele se mudou para a europa. O pai dele era alemão e teve que ir trabalhar para longe. A gente terminou porque nenhum dos dois acreditava que fosse dar certo. Namoros há distância não resultam… pelo menos a longo prazo.

— E você esqueceu ele?

— Esqueci – sorriu ela para o Jackson – ele havia ido embora poucos meses depois de eu completar os 17… no inicio foi difícil mas depois você percebe que se acostumou com ausência da pessoa. Eu e ele trocamos algumas mensagens no watsapp quando as férias começaram, ele disse que havia conhecido uma pessoa muito especial e que estava se apaixonando por ela, eu apenas falei o que sentia… que queria que ele fosse feliz.

— Eles estão juntos?

— Ah estão, ela é linda e simpática. Pelo menos foi o que eu ouvi dele. Eu só quero que o Liam seja feliz.

— Ele foi o seu primeiro cara?

— Foi sim, ele me marcou de um jeito que nem eu sei como… foi gentil, meigo… eu só tenho a agradecer a ele por ter sido tão especial para mim.

— Acho que isso a gente tem em comum, eu só espero que ela seja feliz com quem estiver – Percy falou – eu sou feliz agora com quem estou.

— É mesmo?

Ele sorriu. O seu corpo escalou o dela com cuidado, beijando carinhosamente os seus lábios. As mãos da Chase deslizaram pelas suas costas apertando as curvas torneadas do Jackson, enquanto este acariciava as suas bochechas meigamente – Não duvide do bem que você me faz garota…

— Fique descansado Mr. Jackson. – ela sorriu, dando um beijo em seu rosto – Eu amo você.

— Eu amo você também.

Ela o abraçou, sentindo a pele do pescoço dele tocar em seus lábios. O cheiro dele já havia se tornado o seu perfume favorito. A maneira como mexia com ela a deixava completamente atordoada.

— Percy? – chamou ela sentindo o moreno esconder o rosto em seu pescoço.

— Sim?

— O que você faria se a encontrasse de novo?

Ele a olhou. Annabeth continuava tendo a mesma sensação cada vez que mirava aqueles olhos brilhantes. Sempre achava que mil faíscas brotavam naquelas iris verdes esmeralda.

Verde Percy, como havia chamado.

— Acho que lhe dava um abraço e agradecia a ela… me amou como eu era, e apesar de tudo, me marcou como o Liam fez com você. Apesar de ter ido embora, eu não guardo rancor algum. Só quero que ela seja feliz.

— Você é demais sabia?

— Não garota, a gente é demais. – ele sorriu dando um beijo em sua bochecha – E nunca esqueça que o que sinto por você é serio. E não quero que você duvide disso.

— Eu não duvido.

— Otimo, “confie em mim” lembra?

— Eu sei – ela sorriu.

— Primeiro trimestre está acabando – ele sorriu se deitando ao seu lado novamente – logo estará indo para a faculdade.

— Verdade… você vai estar comigo?

— Estamos juntos nisso lembra? – ele sorriu a olhando – Acho que depois de tudo, a gente ainda vai passar muito tempo juntos.

— Se você o diz. – a loira gargalhou. O seu corpo se colocou por cima do dele, enquanto ouvia a gargalhada ténue de Percy lhe percorrer o seu corpo.

— Você adora estar em cima de mim, não é?

— Não negue que não gosta – ela riu manhosa ao seu ouvido.

— Longe de mim discordar menina Chase – respondeu arqueando as costas, enquanto a sentava sobre o colchão com a loira ajoelhada sobre ele. As suas mãos percorreram as suas costas enquanto a Chase abraçava o seu pescoço ainda com os lábios colados aos dele.

Uma coisa Annabeth tinha a certeza… ela nunca se sentiu tão próxima de Percy como naquele momento.

***

— Ao longo das primeiras décadas do século XIX, milhares de americanos e imigrantes recém-chegados ao país passaram a mover-se em direção ao oeste. Foi o início da expansão americana em direção ao Oceano Pacífico. – Senhora McArter - professora de História -explicava, enquanto apontava as respectivas datas no quadro.

Annabeth apontava todas as informações que conseguia. Era quarta feira, e falatava apenas uma semana para o fim das aulas. A escola estava uma confusão, os alunos nem prestavam mais atenção a nenhuma aula, e claro, os professores só reclamavam.

A semana de provas havia acabado dias atrás, o que para Annabeth era o máximo já que não teria que ficar estudando e desistindo dos fins de semana com Percy.

O resto da semana era passado com Thália ou Piper. Porém, as duas haviam brigado feio dias depois do Feriado de Ação de Graças.

— Eles foram até sua casa? – Annabeth perguntou observando a morena que parecia querer esmurrar todo o mundo que lhe atravessasse no seu caminho. Piper se mantinha ao seu lado, ao contrário da mesma, a Mclean se mantinha no maior silêncio. As três haviam combinado um café na segunda feira após aquele Domingo.

— Meu pai apareceu lá – a Grace revelou – acreditam nisso?

— Thália – Piper falou – Talvez seu pai só queria estar com você.

— Estar comigo? Você não viu o estado que minha mãe ficou ao ver ele Piper, ela ficou um caco.

— E o Jason?

— Ele acompanhou o meu pai, eles falaram que queriam falar comigo, que Jason queria me conhecer… eu os expulsei antes que falassem algo.

— Você não acha que está sendo muito duro com seu irmão? – a morena rebateu.

— O quê?

— Thália ele talvez só queria conhecer você.

— Dispenso que ele me conheça.

— Você não sabe as intenções dele!

— Porque razão você anda o denfendo tanto?!

— Não estou defendendo, só pare para um pouco, e deixe de ser orgulhosa.

— Eu estou sendo orgulhosa?

— Thália, Jason não tem culpa que seu pai quis ficar com a mãe dele e não com a sua.

— Virou advogada de defesa dele é?

— Lá porque seu pai não o escolheu não quer dizer que você tenha que descontar nele.

— Há quer saber? – a Grace rebateu se levantando da cadeira da pequena esplanada – Fique aqui, e o defenda mas longe de mim.

A loira estava tão perdida nos seus pensamentos que nem ouviu o sinal bater. Senhorita McArter soltou um resmungo. Largou a caneta preta do quadro branco, e arrumou a sua secretária desejando o resto de uma boa semana. Annabeth pegou nos seus livros saindo da sala, enquanto caminhava pelos corredores. Logo avistou a morena de mãos dadas com o namorado junto aos armários.

— E aí casal – ela sorriu, abrindo o cadeado metálico, abrindo a pequena porta 

— Então loira, como você está? – a Grace sorriu desviando a atenção do Di’ Ângelo que sorria abertamente.

— Estou bem, você não teve aulas?

— A gente faltou – o moreno sorriu ao seu lado.

— Thália!

— Ué, é ultima semana quase dá desconto.

— Você é uma péssima influencia para ela sabia? – os olhos cinza de desviaram para os dourados.

— Eu? Que é isso Chase eu sou um amor de pessoa.

— Ah ham.

— A patricinha está com você? – os olhos azuis procuraram o corredor onde dezenas de adolescentes caminhavam ocupados.

— Você não vai resolver as coisas com ela? – Annabeth questionou – Piper é sua amiga.

— Você também? – A Grace resmungou – Já não basta esse idiota aqui agora você também?

— Ela tem razão Thals, a garota é sua amiga dá desconto nela.

— Se ela é minha amiga, devia ficar do meu lado.

— Piper só quis dizer que-

— Eu sei o que ela quis dizer sim? Se ela quer ficar do lado do Jason que fique.

— Thália.

— Você quer discutir também?

A loira suspirou fechando o cadeado – Não, claro que não. Só, se lembre que Piper esteve lá pra você nos melhores e piores momentos… se separar dela por causa disso é pura idiotice.

— Tudo bem como queira.

— Nos vemos logo?

— Claro.