A morena abriu o seu armário retirando os livros encadernados juntamente com os cadernos personalizados em tons de preto e branco. Colocou o pequeno fone no ouvido enquanto aumentava o volume da musica tentando se desligar dos berros irritantes que provinham pelo corredor.

Os gritos dos alunos preenchiam todo o espaço á sua volta fazendo com que a morena bufasse mais ainda.

— Thália!

A morena virou o rosto encarando a garota de olhos cinza que avançava para ela sorridente.

— Hum… é você.

— Como assim “Humm é você”? – estranhou a loira imitando o tom grave da sua voz – Está tudo bem?

— Tudo optimo sabe? O normal, meu irmão anda por aí de boas tentando acampar á minha porta, minha mãe ainda morta de tanto trabalhar e pior de tudo… minha amiga me esconde coisas, como vê está tudo Optimo Annabeth! – resmungou ela fechando a porta do armário metálico com força.

— Hey que é isso… porque você está agindo assim?

— Deixe para lá… já que você não tem confiança comigo então foda-se não tou em ai.

— É preciso estar dramatizando assim?

— Dramatizando? Foda-se Annabeth você me contava tudo! Até a porra do dia em que sua menstruação veio!

A loira arregalou os olhos ao sentir os alunos mais próximos lhe olhando estranhamente.

— Fala Baixo Thália.

— Como queira  Annabeth… - Você vai ficar chateada comigo? – encarou a Chase.

— Eu? Já disse que não estou nem aí.  – ela cortou abruptamente no entanto foi interrompida por uma terceira voz.

— E aí garotas! – sorriu a Piper com um sorriso brilhante – Shii que caras são essas?

— A Miss Universo está chateada comigo – murmurou Annabeth.

— Chateada?

— Eh sabe Piper… eu estou chateada porque existe aquelas pessoas a quem contamos tudo, e depois quando é a vez dela de nos contar alguma coisa, Puf ela trai sua confiança.

— Thália Por Amor de Deus onde eu traí a sua confiança?

— Oh não sei Annabeth – ironizou a Grace com uma falsa cara pensativa – Talvez, sei lá, quando você desaparece misteriosamente depois da aulas e não fala para ninguém onde vai, ou então quando você passou aquele fim de semana fora e não falou onde, ou talvez quando você anda para aí toda sorridente e não diz o porquê… quer que continue?

Annabeth revirou os olhos, suspirando.

— Thália não se passa n-

— Vê?! Continua negando! Sabe que mais? Eu vou andando sim? Tenho Aula de Matemática e não quero me atrasar. – resmungou a garota se afastando.

— Você acredita nisso?

— Oquê eu? – protestou Piper com um sorriso de lado – Não olhe para mim loira ela tem razão.

— Você também?

— Anna vocês se conhecem há quanto tempo? 12? 13 anos?

— Quase 15 – murmurou Annabeth num suspiro.

— Vocês são melhores amigas Annabeth, eu ficava passada se Silena me fizesse algo assim.

— Assim como Piper? Não se passa N.A.D.A.

— Por favor Annabeth até meu gato mente melhor quando arranha os sofás lá de casa. Ambas sabemos que você esconde algo e olha que as duas sabemos que a Thália vai continuar assim até você não lhe contar.

— Argh! – resmungou a loira se encostando contra os armários de metal penteando os cabelos com a mão. – Raios!

— Hey calma resmungona… vamos para a aula depois você fala com ela.  – sorriu a garota de cabelos castanhos puxando amiga pelo braço.

***

A Morena caminhava furiosamente pelo pequeno jardim em frente á escola. Sua vida já era bagunça autentica, e agora sua ami-

Não! Sua melhor amiga lhe escondia segredos?

Ela não conseguia entender Porquê…

Se conheciam desde do infantário onde ela havia ajudado a pequena loirinha se levantar após ter caído do balanço. Rapidamente as duas se tornaram amigas... aquela amizade louca onde ás duas ficavam até ás 4 horas da manhã falando o quão Matt o menino da sua turma de 7º série - era maravilhosamente lindo aos olhos de ambas.

— Nem lembre Annabeth – sorriu a garota ao celular – Aquela bundinha é linda.

— Os olhos são mais bonitos – gargalhou a loira em resposta.

— Ah deixe de ser santa! A Bunda dele é a melhor coisa naquela sala!

— Eh tem razão! Mas ele tem tanquinho!

— Como você sabe?

— Eu o vi na praia o verão passado!

— Sua Vadia e não me falou? Porque não tirou foto?

— E deixar que ele me visse? Nem pense, pelo menos tenho a imagem dele na minha memoria.

Matt era sem duvida lindo.

Porém veio a puberdade… e a beleza se foi. Hoje ele tinha espinhas horrendas lhe cobrindo a cara, enquanto uma floresta de pelos lhe crescia pelas costas.

Mas não era só isso, a amizade delas era muito superior a garotos e bundas.

Quando a vida de Thália começou a se complicar a loira se manteve ao seu lado nos momentos mais difíceis. A Grace se lembrava do quão duro foi ver sua mãe passar 10 anos da sua vida trabalhando todos os dias sem descanso, tentando ao máximo conseguir sustentar a família sozinha. Quando ambas fizeram 16 anos, Thália arranjou emprego durante as férias de Verão numa lanchonete em frente á praia, Annabeth se juntou a ela, e – mesmo contra a vontade Da Grace – Dava sempre uma parte do pequeno salário á amiga para que esta pudesse juntar dinheiro para a faculdade já que a mãe não poderia pagar tais despesas.

E agora ali estavam elas.

Separadas pelos segredos.

Não entendia o porquê da loira não confiar nela… o que poderia ser assim tão grave?

Fumar?

Drogas?

Tudo passava na mente da morena em rodopios constantes. Estava tão distraída que nem se deu conta que tropeçara em algo/alguém sobre erva verde fazendo Grace cair de joelhos sobre a grana.

— Foda-se! – resmungou não contendo as palavras.

— Meu Deus me Desculpa!

— Onde estão seus olhos hein? – grunhiu ela se levantando com dificuldade.

— Os meus? Eu estava aqui deitado ouvindo musica quando você tropeçou em mim.

Não, Não, Não ele não por favor.

A garota continuava ajoelhada sobre o chão limpando os restos de terra das mãos.

— Hey eu te ajudo – gargalhou ele no entanto assim que pôs os olhos na garota o surriso desapareceu – ... Thália?

— Uao não se esqueceu -  ela respondeu com sarcasmo.

— Você está aqui? Como?

— Nossa, sou invisível e não sabia? Eu já me cruzei umas 20 vezes com você.

— Oquê?

— Me espanto em ter me reconhecido só hoje.

— Me desculpe – murmurou o garoto de olhos escuros.

— ahn… Tudo bem com você?

— Acho que sim – ele falou com um tom estranho - e você?

— Estou bem também.

— Sério? – questionou ele arqueando uma das suas escuras sobrancelhas – Você estava resmungando quando tropeçou em mim.

— Não posso resmungar é? – criticou brava.

— Livre de mim julgar você… e aí? Não vejo você desde daquele outono. – ele falou corado.

— É…

— Procurei você no dia seguinte mas… você já tinha ido.

— Eu só fiquei lá um dia… depois tive que ir embora.

— Ah…

— Me Procurou?

— Eh procurei… depois daquela noite eu pensei muito em você.

— … e cadê aquela garota que estava com você?

O sorriso do moreno sumiu dando uma expressão dura.

— … eu tenho de ir. – ele falou num tom sombrio.

— Oquê?

— Eu tenho de ir – cortou ele pegando na sua mala escura – Tchau.

A garota ficou ali confusa o vendo se afastar.