Capítulo 21 – Eu conheço meu meio-irmão e a esposa dele

 Depois daquela eu fiquei meio desnorteada. Nem usei mais o mapa de Luke, ele devia ter algum defeito. O pior é que eu estava perdida e sozinha no mundo inferior e sem ninguém a quem rezar. Veja bem, Percy tem o pai dele, que é um deus bom. Agora, eu? Eu tenho a meu pai. Rei dos titãs. O deus mais podre da história.

E eu estava prestes a chorar. Nunca havia me sentido tão sozinha antes. E estava escuro e havia névoa e... e eu não aguentava mais!

E então fiz a maior estupidez da minha vida.

Eu gritei.

Alto e estridentemente, gritei com todas as forças e por um longo tempo. Gritei sem saber porque, talvez pelo simples fato de que eu queria falar e ninguém estava ali para ouvir. Então gritei, e gritei, e gritei de novo. Até que eu o ouvi.

-Selina cala essa maldita boca! - Percy se jogou em cima de mim de repente e eu fiquei tão feliz por ele estar ali que quase não liguei para o que ele havia dito. Quase.

-Minha boca não é maldita! - eu disse. - Quer que eu te prove? - sorri e o beijei. Quando o soltei ele sorria, mas então disse:

-Não é que eu não aprecie sua boca, mas foi por causa daquilo que eu mandei você ficar quieta. - Percy apontou para o lado e eu pude ver um bando de... caveiras! Isso, caveiras! Caveiras vestidas com armaduras negras em cima de cavalos negros. E na frente delas, estava o diabo em pessoa. Ok, exagerei. Mas ele só podia ser Hades. Usava um manto negro, sua expressão era fria e sem vida. Seus olhos eram duas covas profundas de ódio e destruição. E eu podia dizer... sim, eu podia dizer que ele emanava morte. Morte e medo. Estar perto dele fazia eu me sentir mais... morta.

-Caramba. - eu disse. Percy me olhou e sussurrou:

-É ele, não é?

-Acho que sim.

-Sim, Perceu. Sou eu. - Hades disse. Sua voz me fez tremer. Era fria, poderosa e maldosa ao mesmo tempo. Ok. Agora eu realmente queria dar o fora. - Maninha! A que devo sua agradável visita? - Hades perguntou para mim. Eu engoli em seco e sorri:

-Sabe, irmãozão, eu estava andando por aí, quando sem querer entrei aqui. E não consegui sair. E eu quero ir embora.

-E o que te fez pensar que eu o ajudaria? - Perguntou Hades, que parecia estar se divertindo.

-Bem, pelo que eu soube, você não escolheu um lado na guerra. E então, pensei, por que ele não poderia me ajudar a ir embora e achar o raio, para que tudo ficasse bem?

-Ah, mas você pensou muito errado. Eu vou fazer exatamente o contrário. Sabe, meu calabouço está vazio a tanto tempo... e Cérbero está com fome. Assim como o Minotauro, ele tem contas para acertar com você. - Hades riu friamente. Olhei para Percy, um olhar que eu esperava dizer: quando-eu-der-uma-de-louca-me-siga. E então gritei:

-Por isso que existe a Perséfone! - e saí correndo. Percy deve ter captado meu olhar por que me seguiu. Corri até o palácio de Hades e eu o podia ouvir gritar ordens para tudo e todos.

Eu não fazia ideia de onde Perséfone estava. Então nós chegamos ao que deveria ser a “sala do trono”. Haviam dois tronos (o de Hades e o de Perséfone) mas ambos estavam vazios. Então Hades entrou lá e com um sorriso vitorioso disse:

-Você já está morta. Não, pior, não vou nem permitir que você morra. Você vai se juntar ao papai no fundo do Tártaro, enquanto este filho de Poseidon arde em chamas infernais!

E eu não aguentei e comecei a chorar. Ele podia dizer tudo, menos que Percy não ia estar comigo. Foi quando uma linda mulher entrou na sala. Tipo, linda mesmo. Ela tinha cabelos castanhos claros e olhos verdes como as folhas das arvores na primavera. Quando me viu chorando, me olhou horrorizada e veio ao meu lado, colocando a meu em meus ombros.

-O que aconteceu, pequenina? - ela perguntou. Eu apontei para Hades.

-Ah, não, Perséfone, você não vai interferir de novo! - Hades falou. Perséfone revirou os olhos e perguntou:

-Qual é o problema pequena?

-E-eu quero voltar para cima. Eu não morri. Nem ele. - apontei para Percy. Perséfone enxugou minhas lágrimas e fez duas pérolas azuis aparecem em suas mãos.

-Pisem nelas, rápido! - ela gritou enquanto Hades vinha furioso em nossa direção. Eu sorri, agradecida, e pisei na pérola.

Foi quando voltamos a superfície.