Fugitiva Psiônica escrita por Cat


Capítulo 1
Lufínia, a Lendária.


Notas iniciais do capítulo

Esta é uma Fanfic de universo alternativo do livro Exília do Autor Rodrigo R.L.Amaral.



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Era uma noite fria e Lúthien aguentava como podia com o casaco que encontrara jogado no meio de sacos de lixo dias antes. Fazia semanas que ela não ousava entrar em algum estabelecimento e se alimentava com o que encontrava no lixo ou então lutava por algo jogado para algum animal.

Mas aquela noite estava sendo extremamente penosa e sentia que se não entrasse naquela taverna quente e aconchegante ia acabar tendo o que restava de sua força vital levada por De'Composs.

Um floco de neve cai na sua frente para comprovar o seu pensamento. Tinha algumas moedas guardadas que ganhou com a mendigagem, cuidou para que os cabelos ruivos e as orelhas pontudas estivessem muito bem escondidas.

Lúthien escolhe viver e segue para a taverna, quando encosta a mão na porta não sabia se tremia de frio ou ansiedade.

Quando entra o calor do lugar a atinge como um tiro saboroso, se permite sorrir por um instante e fecha a porta atrás de si. Sente alguns olhares nela, sabia que estava imunda e parecia uma mendiga, mas não ousava levantar o rosto. Ela se aproxima da bancada onde está um jovem e belo taverneiro.

— Com licença, o senhor me permite usar o banheiro deste lugar?

— Fique à vontade. - Ele responde com uma voz grossa.

 

Ela continua de cabeça baixa e vai para o banheiro. Lá ela se lava como pode com a torneira da pia. Quando se olha no espelho consegue ver uma sombra da da vivacidade que uma vez tivera no rosto. Muitos anos antes das torturas e experiência cruéis. 

Ela volta para a bancada e conta as moedas no bolso.

— Eu gostaria de um licor de Adrafar, por favor.

O Bartender acena com a cabeça e vai preparar o pedido. 

Lúthien está tão entretida com o calor e examinando cautelosamente a decoração do lugar que nem percebe quando outra pessoa senta ao seu lado.

— Boa noite, me chamo Hadval, posso lhe pagar uma bebida nesta noite fria? 

Um elfo alto de cabelos loiros curtos, pele alva e os olhos de um azul penetrante inclina o rosto com um sorriso perfeito tentando olhar melhor para o rosto daquela elfa misteriosa.

Ele sabia que ela era uma elfa, ela estava toda coberta, mas seu olhar analítico conseguia lhe mostrar os sinais.

Lúthien congela, o desespero toma conta dela e começa a calcular quanto tempo conseguiria sobreviver no frio sem comida ou água.

— Olá? E então aceita? - Insiste Hadval após não receber uma resposta.

Lúthien suspirar, parece só um elfo querendo flertar, ela acha que por enquanto está oculta, quem sabe ele não seja algo que lhe ajude no final de contas.

— Me perdoe, mas já ordenei a minha bebida...

— Que será paga por mim então... 

Ela sorri desistindo e ergue um pouco o rosto para olhar naqueles olhos intrigantes. Hadval sorri ao ter acesso a cor violeta dos olhos dela e sente sua noite melhorando.

— Então Senhorita...

— Lufínia.

— Oh, como a Dragoa das lendas?

— Sim... Meus pais eram bem fantasiosos - Então ela se permite rir.

O bartender deixa o pedido do lado dela que o agradece com um aceno de cabeça. Ao primeiro gole ela sente o corpo se esquentar e a energia voltar. Ela solta um suspiro de alívio relaxando o corpo. Consegue sentir até o seu psionismo fluindo pelo seu corpo, atingindo seus dedos e interagindo com as moléculas de água de sua bebida. Ela segura o impulso de usá-lo, seria a pior coisa a se fazer no momento.

— Então Senhorita com nome fantasioso, o que faz neste fim de mundo que é Swarri'zi? 

— Não fale assim deste lugar, há tempos que não é mais o poço de criminalidade e sujeira de eras atrás. E se não gosta o que o Senhor faz aqui?

— Estudos. Estou com o meu professor Devon estudando as plantas, formações rochosas e vendo a reações de químicos nos animais exóticos que encontramos nesta região.

— Oh, um cientista então?

— Meu professor sim, eu ainda estou durante a minha graduação, mas não ache que eu não percebi que você não respondeu minha pergunta - Ele responde com um sorriso galanteador.

Lúthien ri.

Seu riso é interrompido por uma porta se escancarando de supetão. Uma criatura que parece ser uma mistura de Orc e elfo aparece ofegante.

— Hadval! Desça agora!

Hadval se vira contrariado.

— Agora não Devon, estou ocupado.

Devon se endireita e se recompõe.

— Bem... é só a experiência da sua vida dando resultados... Nada importante.

Então ele se vira e sai.

Hadval esbugalha os olhos e por um momento não sabe como agir. Ele pega a mão de Lúthien e diz exasperado.

— Por favor, não saia daqui. 

Então se levanta e sai correndo pela porta de onde Devon veio.

Lúthien não entende muito bem o que aconteceu, mas continua saboreando seu licor devagar. Pela primeira vez durante muitos dias estava começando a se sentir feliz.

Então sente seus músculos travarem e cai no chão imóvel, o coração dispara e o desespero volta. Veneno.

Não! Como não percebi? A conversa me distraiu, eu deveria ter checado a bebida!

— Ela deve estar passando mal.

A voz do bartender preenche seus ouvidos e ela luta sem êxito.

Sente mãos fortes levantarem seu corpo e a levarem para o fundo da taverna. De lá ele abre uma forta que dá para fora onde neva. Ele vai até um carro e a coloca no banco de passageiro, afivela o cinto e fecha a porta.

Ele entra do outro lado e liga o carro começando a dirigir, enquanto dirige ele abaixa o capuz da elfa.

—Você foi difícil de achar Lúthien Hunter. - ele olha para ela com um sorriso largo e brilhantes olhos verdes. - Tenho certeza que o Campo de concentração pagara uma boa grana por uma espécie psiônica como você.

O olhar de Lúthien transbordava ódio e lágrimas.

— Ora, não me olhe assim, sinta-se reconfortada que você foi pega pelo melhor, Lenyan...

Lúthien nada responde, até poque não poderia já que o veneno lhe travava todos os músculos.

Lenyan sabe disso, desiste e se concentra na viagem, serão dias de estrada. Ele olha para Lúthien algumas vezes e sente o que muitas vezes sentiu nesse ramo... Pena.

Aquela jovem e linda elfa... Esteve observando ela o tempo todo enquanto conversava com o outro elfo, ela tinha um sorriso lindo e cativante. Seus olhos eram amendoados e raros. O cabelo ruivo, mesmo maltratado, contrastava com a sua pele e Lenyan se sentia admirando uma escultura. 

Mais uma vez o peso de uma vida lhe caiu. Era para aquela elfa estar aquecendo a sua cama em uma noite de prazer deliciosa e inconsequente. Quem sabe mais de uma noite. Quem sabe o resto da sua vida passando a mão por aquele corpo convidativo.

Mas não, ele estava levando ela para ser colocado em cima de uma fria mesa de cirurgia, para ser cortada, violada e costurada de novo. Para serem feitos testes além da sua capacidade física e mental, testes mal documentados que seriam repetidos vezes e vezes seguidas. Chumbo escaldante, ferro em brasa, frio cortante seguido de calor insuportável. Tudo aquilo ferindo aquele corpo casto que pedia para ser tomado.

Lenyan balançou a cabeça tentando se livrar dos pensamentos pesados. Seriam dias de viagem, o mundo é como é e não há nada que ele possa fazer, ela era a presa e ele o predador, entregaria ela, receberia o dinheiro e iria embora e nunca mais iria encarar os olhos choroso dela de novo...

Com sua fé abalada ele prosseguiu viagem evitando ao máximo olhar para Lúthien.

 


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