*Alice*

  A lua e as estrelas escondiam-se entre as pesadas nuvens de chuva, a estrada era iluminada apenas pelos faróis dos poucos carros que passavam em uma velocidade estável por nós. Elizabeth dirigia calmamente de volta para o hotel onde nos estalamos. Houve complicações em nosso vôo, ele foi adiado para amanhã bem cedo.

  Meus dedos escorregavam preguiçosamente pelas linhas que as grosas gotas de chuva deixavam pelo vidro, já embaçado. Suspirei pesadamente encarando o caminho que amanhã estaria deixando para trás, junto com as mentiras que enterraria em Forks. Segurei o choro ao lembrar que não deixaria apenas as mentiras, meus amigos, Jasper e ate mesmo minha vida continuaria aqui.

-Então... Animada? –Elizabeth desviou os olhos da estrada por alguns segundos lançando-me um sorriso agradável. Ainda não me acostumei em chama-la de mãe.

-É! Vai ser bem legal. –Tentei forçar a voz, querendo mostrar um pouco mais de entusiasmo. Voltou a fitar-me desconfiada. Ri sem humor. –Eu só... não tenho muita... certeza do que esta acontecendo.

-Eu queria que fosse mais fácil. –Sussurrou.

-Eu também. –Fechei os olhos firmemente trancando as lagrimas, e o passado que tanto lutava para vim à tona e me fazer desistir de minhas decisões.

 Um carro passou rápido por nós, fazendo uma manobra perigosa para ambos os veículos. freou. Trancava a nossa passagem com a lateral do carro, Elizabeth olhou horrorizada e freou bruscamente antes que os dois carros se chocassem, apesar de estarmos usando cinto, senti meu corpo querendo escapar e sendo lançando poucos centímetros para frente.

-Você esta bem? –Elizabeth perguntou ofegante.

-Estou! –Lhe respondi enquanto tirava o cabelo de frente do rosto. Ambas encaramos a cena perplexa.

 Soltei o ar com dificuldade quando o vi saído do carro sem se importa com a chuva que caia.

-Eu vou falar co...

-Não! Eu vou! –A cortei antes que terminasse a frase.

  Não esperei por resposta e sair, me expondo ao sereno de uma noite escura e sem lua, me expondo a ele sem nem ao menos planejar o que deveria lhe falar. Cruzei os braços sobre o peito tentando conter o frio. Jasper veio ao meu encontro, paramos no meio da estrada interditada pelos nossos carros. Agradeci por Forks não ser muito movimentada.

-Você... você poderia ter nus matado! –Afirmei. Ele já estava completamente molhado. Seus olhos vermelhos, fixos nos meus. Ele não disse nada. –Acredite, já estava sendo bem difícil sem você por aqui! –Completei esperando uma resposta, a qual não veio.

-O que você ta fazendo? O que você quer? –Meus dentes tremia excessivamente, não só pelo frio, mais pelas lagrimas.

-Eu... eu quero tentar o impossível. –Sussurrou as palavras, sem sentido para mim. –Eu quero tentar... eu quero ficar com você! –Seus braços envolveram-me delicadamente, retribui o abraço. As grosas gotas de chuva caiam sobre nós.

-Jazz , por favor! Eu... eu te imploro, não complica mais as coisas. –Os soluços escapavam e dominavam minhas palavras.

-Não é isso que eu quero! –Nos separou com dificuldade. -Você não pode ir embora! –Acarinhou meu rosto com os dedos trêmulos.

-É o melhor! É a coisa mais certa a se fazer. –Tentei argumentar.

-Para! Pare de pensar no que parece ser o certo ou o errado, Você só vem fazendo isso ultimamente. –Recolhi-me com a verdade em suas palavras. O que mais eu poderia fazer?

-É errado querer fazer o que é certo?

-É! Quando você faz suas escolhas baseada apenas no futuro! Pense no agora, pequena. Eu sei que não é isso o que você quer!

-Então o que é Jasper? O que é que eu quero? –Não me sentia capaz de pensar. Não sabia o que ele queria, não sabia o que eu queria.

-Sinceramente... Não sei! –Afirmou com segurança. –Mais sei o que eu quero.

 Posicionou seus braços em volta de minha cintura, meus olhos se fecharam em resposta e seus lábios encontraram os meus. Um beijo repleto de saudades e carinho. Um beijo molhado pela chuva e salgado pelas lagrimas. O beijo unicamente apaixonado. É assim; esse é o nosso beijo.

-É você! Eu quero você! –Murmurou entre meus lábios.

-Eu não sei, não sei... Eu não sei mais o que fazer, o que pensar! –Desviei nossos olhos.

-Alice... Alice. Meu amor. –Levantou meu queixo suavemente. -Você é tudo pra mim! Eu me sinto quebrado em milhões de pedaços quando não estou com você! Me sinto isolado, sem ninguém, a solidão toma conta de mim de uma forma inexplicável, não importando quantas pessoas estejam ao meu redor, ela sempre se manifesta: porque nem uma dessas pessoas é você...

-Jazz eu...

-Shiiiii. –Pos o dedo indicador sobre meus lábios o qual escorregou e voltou para o meu queixo. -Eu te amo e você sabe disso! Sabe, eu sei que sabe. –Algo parecia me cortar por dentro, ao som de cada palavra que ele proferia. –Quando vi a carta... Eu... Eu não sabia o que fazer ou como viveria daqui para frente. Tente entender, eu não sei viver sem você! –A dor diminuía, agora não passava de um ardor incomodo. Suas lagrimas misturavam-se com a água que continuava a cair do céu. -Me diga; se eu não te amasse por que me humilharia diversas vezes lhe pedido perdão? Por que estaria aqui? Tentando mais uma vez. –Tentei. Forcei meu cérebro inúmeras vezes procurando uma resposta. Mas não há! Não existe!

  O ardor que sentia em meu peito, se transformou apenas em um incomodo quase não sendo notado.

-Nossa historia não começou da melhor forma possível, mais ela pode ter um final feliz e isso só depende de você! –Jasper colou nossas testas esperando algo ser dito.

 Algo me intrigou, não havia mais dor, ardor ou algum tipo de incomodo, não existia nem sombra de uma cicatriz de um doloroso passado com Jasper.

 Entendi. Ele feri, Ele cura. Meu peito, meu coração estava limpo. Sem magoas, sem agonia, sem dor. Sem mentiras.

 Ele ainda esperava uma resposta, ou uma oportunidade de me ferir novamente. Respirei debilmente fechando os olhos e visualizando uma vida na França, longe de minha casa, de meus amigos, longe de Jasper. Um vazio passou a tomar conta de mim, um vazio que faria parte de mim se eu fosse embora. Voltei a abrir os olhos e ele estava lá! As lagrimas caíram mais intensamente:

-Eu lutarei por você ate o ultimo segundo... mas você, você lutaria por mim? –Murmurou as palavras com uma lentidão agonizante.

-Sempre! Sempre! Sempre! –Não queria e não devia resistir. A quem eu queria enganar? Eu continuo loucamente apaixonada por esse garoto loiro parado em minha frente.  –Eu te amo! –Sussurrei.

  Jasper fechou os olhos deslizando os dedos trêmulos pela minha face, tentando captar a essência de minhas palavras, como se elas não fossem reais e ele estivera sonhando esse tempo todo.

-Eu te amo! –Repeti. Provando que eu estava aqui, e assim ficaria. Pus minha mão sobre a dele observando deslumbrada as gotas que caiam sobre o sorriso fraco, apaixonado e vitorioso que moldava seu rosto.

 Os braços de Jasper voltaram a me envolver e giraram-me no ar, nossos corpos oscilaram, o que nos fez cair e ficar de joelhos na estrada interditada. Parecíamos dois tolos apaixonados e era exatamente isso que éramos. –Eu te amo! Te amo,te amo, te amo, te amo  –Riamos entre lagrimas, ele espalhava beijos por toda a superfície de meu rosto enfim chegou a minha boca. E assim com seus lábios colados nos meus, com os joelhos ao chão e com seus braços em volta de meu corto, finalmente me sentir segura. Finalmente achei o meu lugar.

-Fica comigo? –Pediu entre o beijo com os olhos ainda fechados.

-Não tenha duvidas em relação a isso! –Voltei a beija-lo. Não sentindo mais o frio que fazia ou a chuva que caia, apesar de nossas roupas molhadas e pesadas a única coisa que queria sentir e ouvir era os nossos corações batendo em uma sincronia apaixonante. E tenho certeza que assim seria para todo o sempre. 

              Fim