Atendimento #234: Postagem noturna

Ezequiel apreciou por quase um minuto aquela cena de amor e terror. Amor porque a garota realmente estava se entregando ao beijo como uma menininha apaixonada ao encontrar seu romeu, e terror porque ela não deixava Ancelmo respirar não importava o quanto ele se movesse, o que consequentemente, fazia com que ele ficasse de olhos arregalados e com uma coloração roxa na face.

— Cê vai matar o cara fia! — Falou nosso protagonista e impatador de relacionamentos descolando os dois atendentes. — Respira fera.— ele abanava o colega com as mãos.

Ancelmo tossia enquanto Ezequiel o levava para tomar água. Luly ficou no lugar do colega rememorando o longo e louco beijo, mas logo sua mente super agitada típica de quem possui TDaH mudou o foco e passou a ler o que existia na tela do computador.

Não demorou muito, para que o rapaz sufocado se recuperasse, mas ainda assim ele não esqueceria aquele beijo, mesmo que este quase o tivesse desmaiado.

— Agora têm mais é que continuar assim, só toma cuidado para não tomar um tiro na perna, porque ela malu…

Nosso regente de escolas de magias ao qual chamamos de Ezequiel, cutucou o colega ao lado ao qual chamamos de assoprador de fitas de nitendo, ou Ancelmo.

— Se liga nisso… — Eles se aproximaram com cautela da garota que chorava de tanto rir. — Eu disse viu, totalmente vinte e dois.— Completou nosso herói citando o número dos malucos.

— Cara! Foi você que escreveu isso?— Luly apontou para a tela mostrando que descobriu os dados que foram vazados do computador de nosso herói. — É genial!

— Não é não! — Ezequiel fechou a janela do computador. — Isso é a condenação de todos nós.

— Para cara nem é, ninguém têm como adivinhar que é daqui de dentro. — Ela foi interrompida pelo barulho do headphone que anunciava uma ligação. — Afê porque sempre têm um...— Tirou do mute o que é?

— Calma filha, tá grossa é. — A voz masculina soou tão estressado quando Amanda em época de tpm e sem chocolate. — Eu só quero mandar o meu produto para a troca.

A garota revirou os olhos e deslizou a cadeira novamente para seu lugar, no que o movimento cessou a mesma levou a mão as madeixa desgrenhada e de lá tirou uma lixa de unha.

— Tá senhor. — o barulho da unha sendo lixada chegava até o cliente. — O negócio é o seguinte, para fazer qualquer tipo de solicitação; não importa se é troca, reparo, desovamento de corpo, entrega de currículo ou processar a sua mãe por não te ensinar a pegar mulher, é necessário fazer os seguintes procedimentos. — Uma das táticas de Luly para fazer os clientes se desistimularem a continuar reclamando, era justamente mostrar o quão trabalhosos era fazê-lo. Acredite, era realmente trabalhoso. — Além desses documento é necessário uma núcleo atômico fundido, cinquenta quilos de iridium e uma caixa que comporte todos os itens anteriores.

— Tá. — O cliente realmente levara a sério o que a garota falou e anotou todos os itens em uma folha de papel. — Mas têm algum serviço e postagem noturna por que eu só posso mandar esse produto a noite.

— A noite? — Luly conferiu o produto do cliente. — Ah… entendi senhor, bom é complicado sabe… esse produto do senhor principalmente devido ao formato.

— Justamente por isso que pedi a postagem noturna.

Nosso herói ficou a observar o desenrolar da ligação da garota. Lógico que ele leu qual o produto do cliente, mas você acha que ele ajudou? Não! Ele queria ver como ele resolveria isso.

— então senhor vou solicitar um transporte diferenciado de uma de nossas autorizada, se o senhor esperar com seu produto na porta e casa, em no máximo dez minutos o senhor poderá despachá-lo.

É muito raro acontecer isso, mas quando é necessário a empresa pode agendar esse recolhe de produtos para não complicar para o mesmo.

Dez minutos depois a buzina do transporte avisou sua chegada.

— Posso levar meus produtos?

— É mais de um senhor? — Luly levou a mão até a testa. — Eu só fiz a solicitação de um carro pequeno não vai caber mais de um!

O cliente, mais eufórico que maratonista a cem metros da linha de chegada, largou o telefone e foi tentar enfiar os produtos no carro.

— E se ele for preso? — Ezequiel encarava a garota abrindo um sorriso.

— A culpa não foi minha, se ele tivesse avisado que tinha mais de uma boneca sexual eu teria mandado um carro maior.

Naquele momento os vizinhos viram um maluco tentando enfiar uma embalagem com a forma perfeita de um corpo humano e chamaram a polícia.

— O vacilo foi dele ué. —completou Luly encerrando a chamada.