12 de fevereiro

 Ichikawa estava sentado em um dos bancos no jardim do colégio enquanto esperava Nagase para poderem ficar um pouco juntos antes de irem para os dormitórios. Mas, naquela tarde, o maior não apareceu. Ichikawa voltou sozinho ao seu dormitório. Como não dividia o quarto com ninguém, estava acostumado a ficar só, mas desta vez, por algum motivo ele se sentiu solitário, queria alguém para poder conversar, ficar junto dessa pessoa.

 Depois do incidente com Aizawa, Nagase havia voltado ferido e Ichikawa ficara a noite toda cuidando de seus ferimentos, e, nesta mesma noite foram levados por seus desejos e acabaram tendo sua primeira vez juntos. Depois disso, começaram um relacionamento mais íntimo, saiam juntos, se beijavam, e outras coisas...Mas Ichikawa ficava pensando se Nagase realmente gostava dele, afinal, o maior o procurava apenas para satisfazer-se.

Pensando nestas coisas, ele tomou um banho e foi deitar-se, quando ouviu alguém bater na porta. Não estava muito bem para conversar, depois de tanto pensar, ele estava exausto e tudo o que queria era poder ficar sozinho, mas lutando contra o cansaço, levantou-se e foi abrir a porta.

— Nagase-buchou...

— Gaku, me desculpe por não ter aparecido hoje de tarde. Tive uns problemas para resolver.

—ah, não, sem problemas, eu-- - antes que o menor pudesse terminar sua frase, Nagase puxou o corpo do outro para si e colou seus lábios, era como se Ichikawa perdesse completamente o controle de seu corpo quando estava tão próximo assim do maior – buchou... – disse separando seus lábios, seus pensamentos haviam o deixado inquieto, não queria continuar com aquilo até ter certeza dos sentimentos de Nagase – vamos parar por aqui hoje...

— algum problema? – perguntou o maior meio incrédulo pelo que havia acabado de ouvir, não era da personalidade de Ichikawa querer parar.

— não, é só que eu estou um pouco cansado.

— então já vou indo, descanse.

— até amanhã... – disse o menor com uma expressão triste enquanto Nagase apenas acenou com a cabeça.

Depois de fechar a porta, as lágrimas começaram a escorrer pelo rosto de Ichikawa – porque ele tem sempre que ser assim....? Eu...não sei o que ele está pensando...

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Depois de ter saído do quarto de Ichikawa, Nagase resolveu dar uma volta, não estava com sono, e estava preocupado com o menor, ele nunca havia agido dessa forma, será que estava infeliz? Será que não gostava mais dele? Ou até mesmo nunca gostou? Nagase tinha medo de qualquer uma dessas opções. Ele nunca havia sido amado por ninguém, nem mesmo por seus pais. Perder a única pessoa que o amava, ou pelo menos ele achava que amava, não iria suporta. Afinal, ele também amava Ichikawa, de verdade, mas nunca havia conseguido lhe dizer isso. Será que é isso? Ele estaria confuso por não saber de seus sentimentos?

— eu deveria dizer a ele... – mas ai a dúvida. Será que conseguia? Ele nunca havia dito a ninguém isso, ou melhor, nunca teve a quem dizer e agora está confuso sobre o que deve fazer.

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13 de fevereiro

Ichikawa tinha acabado de acordar, não havia conseguido dormir bem, estava preocupado demais com sua relação com Nagase, e pra piorar a situação, amanhã iria ser o dia dos namorados. Será que deveria entregar chocolate? Mas e se não estivessem namorando? Bem, na verdade, não se entrega chocolate apenas quando se está namorando, apenas gostar da pessoa já é motivo.

— certo, eu vou entregar o chocolate a ele e descobrir o que há de verdade entre nós!

Logo depois de terminar a aula, Ichikawa nem passou no laboratório, foi direto atrás do chocolate. Não queria comprar e entregar ele já feito, então comprou os ingredientes para que ele mesmo pudesse fazer e foi direto para a cozinha, e, por incrível que pareça, estava se divertindo. Querendo ou não, cozinhar fazia bem ao garoto, deixava-o mais feliz, e ainda se esquecia dos problemas.

— ufa, terminei! Agora é só deixar na geladeira até amanhã! – disse cantarolando.

Quando voltava para o seu quarto, ele encontra com Nagase, no corredor. Ele estava com uma cara de poucos amigos.

— por que não apareceu no laboratório hoje?

— ah, desculpa não ter te avisado, é que eu tinha uns compromissos.

— hum. Você tem estado estranho desde ontem. Aconteceu alguma coisa?

— não, não, eu já disse que não é nada, hehe...é só cansaço mesmo...

— eu queria conversar um pouco com você, mas já que está cansado pode ser amanhã.

— se for algo urgente, pode falar agora – “será que ele quer dizer que não me quer mais? Já se divertiu comigo e agora vai me jogar fora? Vai partir pra outra? Que que eu faço???”

— não, tudo bem – “vou dizer amanhã, mas, agora tenho que tentar dar pelo menos uma demonstração”. Nagase se aproximou de Ichikawa, pegou em alguns fios de seu cabelo, e de leve, deu-lhe um selinho carinhoso. O menor fechou os olhos enquanto o outro apreciava seus longos e lindos cílios, até que separassem os lábios. – boa noite – disse carinhosamente.

— boa noite...

Ichikawa voltou para o quarto completamente confuso, primeiro, não sabia sobre os sentimentos de Nagase, segundo, achou que ele quisesse lhe dar um fora e terceiro, o beijo. Afinal qual era o sentido naquilo tudo. Bem de qualquer forma, bom ou ruim, amanhã ele iria ficar sabendo.

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— será que eu consegui deixar ele mais seguro...? – suspirou – mas e se não for isso? E se ele realmente não gostar de mim? – a insegurança tomou conta da sua mente de novo, mas ficou pensando que no dia seguinte tudo ficaria esclarecido para os dois. Ficou tão preocupado pensando nisso que até esqueceu de que amanhã seria o dia dos namorados.

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14 de fevereiro

Ichikawa levantou-se mais cedo, sem motivo, ou talvez por ansiedade, afinal, tudo seria esclarecido hoje, e ao pensar nisso, a insegurança novamente tomou conta de seu coração. O que poderia fazer se Nagase o deixasse? Ele realmente o ama muito para suportar isso. Mas pensar nisso agora não iria adiantar de nada. Assim ele tomou um banho, se arrumou e foi para a escola. Chegando lá, os “cupidos” já estavam em ação, entregando chocolates e cartões. Por um segundo, Ichikawa pensou se não deveria entregar o seu aos cupidos para que eles entregassem a Nagase, mas logo desistiu da ideia, pois queria ele mesmo faze-lo.

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Nagase não havia conseguido dormir à noite toda, nunca em sua vida ele havia se preocupado dessa forma, não com outra pessoa. Para piorar a situação, quando chegou na escola, apenas viu chocolates, cartas, chocolates, cartas, cupidos...tinha esquecido completamente. Ficou pensando se por acaso era idiota, ele queria que Ichikawa se sentisse feliz, mas nem ao menos tinha comprado um chocolate. Pensou em comprar algo, mas não dava mais tempo, pensou em escrever uma carta, mas nisso ele não era bom, se já não conseguia dizer seus sentimentos, por uma carta seria ainda mais constrangedor. Tentou pensar em alguma forma de presentear Ichikawa, mas não tinha nada que pudesse fazer, e, antes que percebesse a aula já havia acabado. O menor tinha lhe mandado uma mensagem mais cedo para se encontrarem em seu quarto depois da aula. Chegando lá, Ichikawa estava sentado na cama parecendo pensativo, Nagase se aproximou sem que o outro o notasse.

— Gaku.

— AHH! – o garoto assustou – Nagase-buchou...

— desculpe te assustar...

—...

—...

— você queria falar comigo...?

— é... – Nagase ficou procurando pelas palavras certas, os dois estavam em uma situação desagradável. – Gaku, eu venho querendo lhe dizer isso já faz um tempo, sobre nossa relação...

— imaginei que fosse isso...

— desculpe...

Os olhos de Ichikawa encheram-se de lágrimas que começaram a cair sem parar – sou eu quem peço desculpas... eu acho que acabei te forçando, você nem gosta de mim... – disse aos soluços.

— o que? Então eu sou tão ruim assim em demonstrar o que eu sinto...? Escuta Gaku, eu imaginei que você tivesse pensado isso, afinal eu nunca lhe disse o que sentia verdadeiramente. Sabe...meus pais nunca me amaram, e nem ninguém, você foi a primeira e única pessoa que demonstrou se importar verdadeiramente comigo, e eu quis aproveitar isso, a sensação de ser amado, e acabei sentindo algo por você, nada simples. Toda vez que eu penso em você, meu coração dói e eu me sinto inseguro, só que ao mesmo tempo quero estar perto de você – disse Nagase tentando segurar um choro que já estava entalado na sua garganta há anos – Eu não sou de dizer essas coisas, até porque nunca tive a quem dize-las, mas eu quero que você saiba, não quero me sentir e nem te ver inseguro. Gaku, eu te amo.

— bucho—

— Nagase. Quero que me chame apenas de Nagase

— Nagase, eu também te amo – Ichikawa pulou nos braços do maior – muito, muito, muito, eu te amo muito – não conseguiu conter suas lágrimas de felicidade enquanto se afundava nos braços do outro, que também acabou por soltar suas lágrimas. – nee, como hoje é dia dos namorados, eu fiz chocolate para você... – disse ele corado

— desculpa... eu estava tão preocupado que esqueci do dia dos namorados...

— não tem problema, ainda tem o White day, hehe...e....hã...Nagase, a gente tá...s-sabe...

O maior sorriu e pegou em uma das mãos de Ichikawa com carinho – Gaku, você aceita namorar comigo?

— Nagase... – sorriu – sim... – disse voltando a chorar.

Naquela noite, eles simplesmente dormiram abraçados no quarto de Ichikawa, aproveitando um o calor do outro até a manhã seguinte.