A meio da noite, Hermione acordou com dores nas costas. Ainda tinha mão dada com o mestre de poções que estava sentado ao lado dela a ressonar baixinho.Parecia tão calmo enquanto dormia. Hermione nunca o tinha visto com tão poucas rugas na cara:ele estava realmente relaxado.Também nunca tinha prestado tanta atenção ao corpo dele que agora estava sem a capa, algo raro de se ver. A camisca negra com muitos botões que ele estava a usar era mesmo justa, logo dava para reparar na sua forma física.A mão de Snape já estava á mesma temperatura que a dela.Até parecia ter ganho mais cor.

Auch! Lembrou-se da razão por ter acordado. Olhou á volta e não encontrou a Sra.Pomfrey.As dores que estava a sentir eram terríveis. Tentou-se colocar mais confortável na cama, mas a mexer-se só sentia mais dores ainda.Tinha que acordar Severus. Ela tinha medo de o acordar de maneira a que ele acordasse agitado e talvez irritado. Então decidiu esfregar suavemente o polegar na mão de Snape.Ele não acordou, mas pareceu estar a sorrir ligeiramente enquanto dormia. OK! Disto eu não estava á espera! Esticou ligeiramente o outro braço e fez-lhe uma festa no braço, sempre suavemente.

“Lilly...” disse Snape que ainda dormia com um sorriso na cara.

A mãe do Harry… Harry tinha lhe contado a memória de Snape com a mãe dele e da falta que ela lhe fazia, sem esquecer o facto de ele ter sido um herói!

“Snape…”sussurou Hermione que agora sentia ainda mais dores que antes.

Severus deu um pulo na cadeira, perdendo o sorriso, e imediatamente, levou a mão que segurava a da jovem ao bolso onde tinha a varinha.Depois, parou um pouco para olhar á volta e só aí é que percebeu onde estava.De seguida olhou para o lado onde Hermione estava, ficando algum tempo a olhar para ela.

“Miss.Granger.Que quer?”

“Estou...com muitas dores nas costas.” fez uma pausa “A Miss Pomfrey não está cá…”

Realmente, essa mulher também nunca cá está! pensou Snape.

“E o que quer que eu lhe faça?! Não lhe posso fazer nada” respondeu ele com um tom ligeiramente agressivo.

Hermione não respondeu, simplesmente gemeu com a uma pontada que lhe deu nas costa no momento em que ia falar.

Severus percebeu que ela não estava mesmo bem e sentiu que tinha de fazer algo.

Levantou-se dirigiu-se a uma armário onde a Sra.Pomfrey guardava as poções que o professor fazia para a ala hospitalar e tirou uma poção para tirar as dores. Regressou para perto da jovem professora que estava de olhos fechados pelas dores e, com delicadeza, colocou a mão por baixo da cabeça Hermione, ao qual ela regiu abrindo os olhos, supresa.Snape gostou da sensação de mexer no cabelo despenteado dela.Definitivamente, uma sensação que ele já nem se recordava como era. Talvez nunca tenha sentido mesmo essa sensação. Mas ele está a pôr a mão na minha cabeça?Ele está mesmo a ajudar-me? pensou Hermione.

“Esta poção vai tirar-lhe as dores durante as próximas horas, o suficiente até a Sra.Pomfrey chegar.” Enquanto dizia, levantou ligeiramente a cabeça da jovem, para a obrigar a beber a poção sem se engasgar.Hermionie engoliu-a, observando com atenção o cuidado de Snape com ela. Quando o frasco ficou vazio, o professor largou a cabeça da Miss.Granger, passando com os dedos pelos seus cabelos e esperou que ela deixasse de dar sinais de dor.

Quando parou de ter dores,Hermione viu que Snape queria sair da ala hospitalar, que se ia embora.

“Não vá!” disse ela puxando Severus pela mão.

Ele não estava á espera daquilo e virou-se com uma sobrancelha franzida.

“E porque é que eu havia de ficar aqui?!”

“Porque eu quero!” respondeu Hermione, que só após ter dito isso percebeu o que disse.

Snape ficou confuso. Mas ela quis mesmo dizer aquilo? Para disfarçar a sua dúvida,Snape jogou na ofensiva, como sempre fizera cada vez que sentia alguém a se aproximar dele.

“ Só porque eu a salvei e estive aqui enquanto esteve magoada, não quer dizer que eu tenha ficado com o coração mole, Miss Granger.”

Hermione ficou a olhar para o mestre.Ficou em silêncio por um pouco e só depois falou.

“Tudo bem.Boa noite ,Professor Snape.Obrigada por ter estado aqui” E fechou os olhos como se estivesse a preparar para dormir.Apenas fez aquilo com a ideia de que aquela conversa estava acabada.

Snape ficou parado no lugar a observar as ações da jovem e só depois regressou para o seu quarto.

Severus Snape estava deitado na cama a olhar para o teto, ou mais concretamente, para o nada. Não estava com sono, mas também não estava com vontade de trabalhar.De qualquer das maneiras, seria inútil adormecer, uma vez que em algumas horas, o sol começaria a aparecer no céu.

Miss Granger…

Ele ficou preocupado com ela. No fundo não queria tê-la deixado sozinha na ala hospitalar. Mas ao mesmo tempo, não se queria sentir muito próximo dela.Ele sabia que estava a ganhar uma certa afinidade com ela e não queria que isso acontecesse. Sempre que se aproximava de alguém, acaba sem essas pessoas. Ele apenas queria impedir o sofrimento de se sentir próximo a alguém e depois separar-se dessa mesma pessoa.Neste caso, a “pessoa” era Hermione.

Desde que viu a memória, sentia-se confuso.Uma parte dele dizia que ela apenas fez aquilo porque Harry lhe tinha contado as suas memórias, mas o outro lado queria acreditar que ela estava mesmo preocupada com ele.

Limpou a ideia da cabeça. Ele não queria que se preocupassem com ele! Ou será que queria?

Parou de olhar para o teto e mergulhou a cara na sua almofada de ceda escura.Deu um berro que não foi audível porque tinha sido abafado pelo objecto que lhe cobria a cara.

Socorro!