Polaroid escrita por Swimmer


Capítulo 25
The Things We Take With Us When We Die


Notas iniciais do capítulo

Achou que eu não ia aparecer? Achou errado, otário! (Favor entender a referência)
Como prometido, aqui está o último capítulo de Polaroid. Espero do fundo meu coração que gostem ♥



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Annabeth

Annabeth respirou fundo três vezes e contou até dez. O prédio na frente dela parecia um daqueles lugares em que só pessoas ricas ousam. Ela já tinha andado até as portas giratórias e dado meia volta duas vezes. Agora ela precisava entrar, era uma questão de honra.

Deu o primeiro passo, sentindo as unhas afundando no couro sintético da bolsa e a pasta fria na outra mão. Ela soltou a alça da bolsa, alisou o tecido do vestido e endireitou a postura. Se do lado de fora o prédio parecia elegante, o lado de dentro era dez vezes mais.

O segurança olhou para Annabeth, que acenou com a cabeça para ele como se fosse a dona do lugar e andou até a recepção.

—Bom dia – disse para a secretária. - Quero falar com o sr. Alton.

—Você tem horário marcado? - ela perguntou numa voz aguda.

—Tenho. Annabeth Chase – puxou o celular da bolsa, digitou alguma coisa e torceu para parecer importante.

Estou na recepção” escreveu e mandou para Leo. Ele era o único que sabia que ela estava ali. Tinha ligado para a empresa do pai de Percy e marcado o horário, também tinha acordado cedo e mandado mensagens até ela provar que tinha saído de casa.

—Muito bem, senhorita Chase, o sr. Alton estará com você em pouco tempo. Por favor, espere ali – a secretária apontou para alguns sofás.

Annabeth agradeceu e se sentou. Cruzou as pernas e pegou uma revista de negócios da mesinha do lado. Folheou como se estivesse realmente interessada até que a secretária chamou seu nome e disse que podia subir.

O escritório de Poseidon ficava na cobertura, havia apenas duas salas naquele andar. Ela saiu do elevador e bateu à porta. O homem não demorou para abrir a porta, devia estar esperando. Fechou a porta depois que ela entrou. Ele ofereceu uma bebida e Annabeth aceitou um café, se surpreendendo com quão firme sua voz saiu.

—Estava esperando por você, srta. Chase – Poseidon confirmou as suspeitas da garota. - Fiquei surpreso quando vi seu nome na minha agenda.

—Ah, é mesmo? - Annabeth abriu um pequeno sorriso e bebeu um gole do café. - Achei que soubesse que mais cedo ou mais tarde eu apareceria. Não sei se seu filho mencionou, mas sou conhecida por ser esperta.

—Querida, por mais que fosse adorar elogiá-la o dia todo, creio que saiba que sou um homem ocupado. Que tal irmos direto ao assunto?

Annabeth assentiu, colocou a xícara em cima da mesa e abriu a pasta que trouxera, tirou alguns papéis de dentro e colocou na frente de Poseidon.

—Como preferir. Acontece que eu descobri que um investidor não poderia ter pago a conta do hospital da minha mãe quando ela estava doente, porque a empresa dela não tinha nenhum. Então eu e meu amigo procuramos. Levou um tempo, mas descobrimos que as transações bancárias estavam no seu nome, sr. Alton – ela fez uma pausa e apontou as folhas. - E aí pensei que o Percy devia ter falado com você, mas esse meu amigo de quem falei continuou procurando. Sabe o que ele descobriu?

—O que? - Poseidon apoiou a cabeça nos dedos entrelaçados.

—Você e minha mãe estudaram juntos. Eram até amigos, só que isso acabou depois que você destruiu a empresa que ela herdou dos meus avós. Se eu tivesse que adivinhar, diria que a sra. Jackson te largou por isso, mas é só um palpite. Enfim, fiquei me perguntando: por que o cara que acabou com a vida da minha mãe uma vez iria ajudar ela agora?

—Annabeth, eu não me orgulho de tudo que já fiz na vida. É um pedido de desculpas que você quer?

—Não. Se quiser se desculpar com alguém, tem que se desculpar com a minha mãe. Eu só quero saber o porquê.

Poseidon olhou os papéis antes de responder.

—Por que? Você mesma disse que é esperta, foi porque meu filho me pediu. Ele gosta muito de você.

Annabeth ficou em silêncio, olhando para ele.

—E talvez, em parte, porque me arrependo do que fiz – continuou. - Mas nunca teria feito isso se não fosse pelo meu filho.

—Pelo seu filho? Sério? Percy não está aqui, você não precisa fingir. Nós sabemos que você nunca ligou pra ele, só queria que a presença dele nos seus eventos melhorasse sua imagem.

Poseidon se levantou.

—Srta. Chase, você não me conhece e não tem direito nenhum de vir até meu local de trabalho e me acusar de odiar meu próprio filho. Agora, se não tiver mais comentários inadequados esperando elogios para fazer, nossa reunião está encerrada.

Annabeth saiu da sala, pegou o elevador e saiu do prédio. Deixou que as pernas a levassem e acabou em uma cafeteria, seu cérebro estava programado para procurar café. Ela se sentou, fez o pedido e conectou o celular no Wi-Fi. Procurou o contato de Leo e apertou o botão que iniciaria uma chamada de vídeo.

—Fala, gata – a imagem de Leo apareceu. Estava deitado na cama sem camisa, típico dele.

—Falei com ele – ela disse e apoiou o celular na mesa para prender o cabelo.

—E aí? O que ele disse?

—Só confirmou o que já sabíamos. Percy pediu mesmo pra ele pagar a conta e ele realmente ferrou com empresa da minha mãe. E agora, Leo?

—Você sabe o que eu penso, Annie… Se o cara pediu ajuda pro pai idiota dele, não importa o quão babaca ele já tenha sido, ele se importa com você – Leo levantou da cama, sumiu do alcance da câmera por um segundo e depois voltou.

—E você sabe o que penso. Se é assim por que ele não me disse?

—Talvez porque você é a maior cabeça dura e não gosta de aceitar o dinheiro de ninguém?

—Valdez, desse jeito parece que eu sou a pessoa mais narcisista do mundo. Eu gosto de ser independente, não consigo mudar isso.

—Olha, gata, só pensa bem antes de fazer alguma coisa, tá?

—Tá bom – ela revirou os olhos e desligou.

Pensar… Como se ela já não tivesse pensado bastante nos últimos dias. Na verdade estava cansada e tentando justamente não ficar irritada por Poseidon não ter revelado que só queria ajudar e Percy não tinha nada a ver com isso. Saber que ele era simplesmente doce e bondoso tornava o que ela tinha que fazer muito mais difícil.

 

***

 

A escola tinha dispensado os formandos que já tinham passado, por isso as salas do último ano do ensino médio estavam, em sua maioria, vazias. Por incrível que pareça, a lista de alunos já aprovados incluía Percy. Mesmo assim, Annabeth pediu para ele encontrá-la na escola.

O real motivo para escolher o lugar era que Thalia estava fazendo a última prova de história – que perdera porque estava ocupada trocando saliva com Nico – e Annabeth poderia ligar pra ela depois.

Sentada na mesa da sala do professor de física, ela conseguiu emergir de seus milhares de pensamentos por segundo para notar que o vestido que escolhera para visitar o pai do namorado não era confortável para usar na escola. Tinha alças finas e era folgado no corpo, mas revelaria mais do que ela gostaria se não tomasse cuidado. Ela não tinha uma jaqueta no armário? Tinha quase certeza que sim, deixou as coisas na sala e foi procurar.

O relógio do corredor marcava 10 e 17 da manhã. Percy chegaria a qualquer momento. Achou a jaqueta e vestiu. Como se lesse os pensamentos dela, ele estava lá quando ela voltou, sentado no lugar que ela antes ocupava.

—Adivinha o que eu tenho – ele sorriu e mostrou um envelope que já tinha sido aberto.

Annabeth abriu a boca e correu até ele.

—Isso é o que eu acho que é? - ela pegou o envelope das mãos dele.

—Sim. Eu fui aceito no NYIP, eu tô tão feliz que nem acredito, Annie – o sorriso dele aumentou.

Olhando para Percy na sua frente, com aquele sorriso maravilhoso, ela quase desistiu. Sabia que o que tinha que fazer e estava tão feliz por ele que as partes de seu cérebro pareciam compostas por polos de um ímã. O New York Institute of Photography fora uma jogada esperançosa, mas Annabeth sabia que Percy tinha potencial para entrar lá.

Ela passou os olhos rapidamente pela carta de aceitação e se atirou na direção de Percy, envolvendo o pescoço dele com os braços. Disfarçou a lágrima que insistiu em escorrer e inspirou fundo, como se pudesse guardar o perfume dele em seus pulmões para sempre.

—Estou muito feliz por você, Percy – ela se afastou e passou os dedos pela bochecha dele. - Você é um cara incrível. Tem suas falhas, claro, mas é incrível. Eu sei que você vai ser um ótimo profissional. Obrigada por esses últimos meses, foram…

—Loira, por que você tá falando assim? E por que você tá chorando? - secou o rosto dela com a mão. - Você tá me assustando.

—Eu…. Eu quero terminar, Percy.

—O que? - ele afastou o corpo minimamente, só o suficiente para deixar evidente o choque. - Por que? Eu fiz alguma coisa?

—Não, não, não. Não é nada disso – ela procurou as mãos dele e segurou forte. - Na verdade eu até procurei motivos pra ficar brava com você. Eu sei que foi você que pagou o hospital da minha mãe mas…

—Annie, se é isso, a gente pode…

—Mas isso só me faz perceber que você é uma pessoa boa. Que por trás de toda a bebida, as brigas e a pegação sem fim existe um coração gentil. Então, por favor, entenda que não é nada que você fez.

Annabeth fez uma pausa pra respirar. Uma lágrima escorria pela bochecha de Percy, quase alcançando a barba rala. Ela soltou uma mão dele para secar.

—Nós conseguimos o relacionamento perfeito, só que na hora errada. Daqui a alguns meses eu vou pra faculdade, vou fazer o que sempre quis e pela primeira vez não vou ter nas costas o peso de entrar pra uma boa faculdade, porque já estarei em uma. E eu não conheço essa Annabeth sem a pressão e preciso me conhecer, saber quem eu sou. E tenho que fazer isso sozinha.

Percy não disse nada, só assentiu. Ele ficou olhando para os próprios pés como se admirando os sapatos.

—Eu entendo e respeito que você precisa do seu espaço, mas você só vai daqui a meses, Annie. Por que terminar agora?

—Porque…. - ela passou a manga da blusa no rosto. - Porque sei que se não fizer isso agora, eu nunca vou querer sair do seu lado.

Percy puxou Annabeth antes que ela pudesse protestar e a apertou contra o peito. Não saberia dizer quanto tempo passou até que a soltou e deu um beijo na testa dela.

—Daqui a alguns anos, então? - perguntou com um sorriso triste.

—Quem sabe? - ela soltou as mãos dele e pegou as coisas da mesa. - Adeus, Percy Jackson – falou mesmo sabendo que ainda se veriam, pelo menos, no dia da formatura.

—Adeus, loira – ele pegou outro envelope no bolso interno do casaco, entregou para ela e saiu da sala.

Dentro do envelope, ela descobria mais tarde, havia uma foto polaroid dos dois, que ela guardaria na carteira pelos próximos anos. No verso, uma única palavra fora escrita com canetinha preta: Love.


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Notas finais do capítulo

Antes de mandarem me matar, leiam isso aqui!
Sim, é triste. Sim, dá vontade de entrar na história e amarrar os dois juntos, mas, como eu já disse, tinha que ser assim.
E ainda tem o epílogo super fofo, ok? Surpresa, aliás.
bjss



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