Conte comigo escrita por Autora desconhecida


Capítulo 8
Capítulo 7




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Domingo - 1:15 da manhã

Me olhei no espelho, estava satisfeita com o resultado. Meu cabelo loiro que na raiz era liso terminava em cachos bem modelados, no meu rosto a maquiagem se destacava pela sombra preta com branco esfumada e pelo batom vinho. Agora só faltava os saltos e a roupa que já estava separada em cima da cama da Katt, um conjunto de saia com croped estampado.

Kit Kat terminava de passar o batom quando eu tirei o roupão e pelo espelho ela percebeu meu chupão, se virou e começou a me questionar.

—Eu não acredito! Você transou com o Liam. – ela falou indignada já que eu e ela usávamos o anel de castidade. – Por isso você estava tão abalada!

Antes de tudo. Você ai! Não me julgue. Coloquei o anel quando tinha dez anos e nem sabia o que era sexo. Ninguém sabe além dos meus melhores amigos e na verdade nem sei porque ainda uso já que não acredito que uma pessoa possa se casar sem ter transado ainda. Mas eu amo essa jóia e se eu tirar sei que fará falta, é como se esse anel já fosse parte do meu corpo.

—Não fala o nome dele. –pedi com os olhos enchendo de água, olhei para o teto e continuei – e NÃO eu não dei para ele.

—Então o que é isso no seu peito. Vai dizer que caiu da escada.

—Só porque tenho um chupão PRÓXIMO ao seio não quer dizer que transamos.

—Mas quer dizer que estavam tão foguentos a ponto de fazer.

—Foguentos? Desde quando você fala isso.

—Foda-se o que eu falo, eu não acredito que você quebrou a promessa sem me consultar.

—Que parte do “eu não transei com o Liam” você não entendeu. E porra Katt eu tenho – pensei melhor e me corrigi – tinha um namorado, com muitos hormônios. Olha só quanto tempo ficamos juntos sem fazer isso. Não me admira ele ter me traído mesmo.

Domingo - 1:45 da manhã

A casa noturna estava lotada, subimos para o camarote e enquanto a Kit Kat ficou observando as pessoas lá de cima eu fui ao bar, eu precisava muito beber.

—Duas doses de Smirnoff e uma skol beats. – eu pedi para o cara do bar que me entregou e depois anotou no meu nome. Eu que não ficaria segurando uma comanda, então por eu ser conhecida toda vida eles anotavam minhas bebidas e no final da festa eu passava para acertar a conta.

O cara me deu dois copos com uns dois dedos de vodka e uma longneck daquela cerveja. Andei até minha melhor amiga e vi que tinha um pessoal conhecido ao seu redor. Entreguei um copo para ela e abri a skol beats, misturando com a vodka.

—O que você tem na cabeça, Jazzy? Era pra ser energético ou suco.

—Eu vi na internet. Não tem como ficar ruim. – falei sobre a mistura e fiz o mesmo no copo dela.

Provei. Sem explicação para esse sabor. Era tipo assim: muuuito bom. Apesar de o teor alcoólico ser grande, a cerveja deixou doce.

—Minha melhor amiga é um GÊNIO. – Katt falou.

Começou a tocar a música sosseguei do Jorge e Matheus, bebi três goles do líquido no meu copo e apoiei meu cotovelo no parapeito. Esses cantores tavam de brincadeira né, viemos para balada em busca de diversão e eles querendo nos deixar depressivos.

Senti uma mão na minha cintura, virei meu rosto para ver quem era. O mais estranho era não ter o Liam atrás de mim. Ele sempre “enxotava” os garotos que ficavam me olhando e querendo chegar. O garoto que eu olhava agora se chama Gustavo, um calouro na faculdade que estudava na nossa escola antes. Como era conhecido (devo acrescentar e lindo) aceitei o convite para dançar.

Ele colocou a mão no meio das minhas costas e eu em seu braço. Era estranho sentir os músculos de outra pessoa. No início nós estávamos dançando como dois amigos há uma certa distância, depois de alguns minutos eu já estava colada no corpo dele com um pouco mais de intimidade. Minhas mãos já conheciam sua nuca e nossos passos eram muito sincronizados.

Ficamos um tempão dançando, começava música e terminada e nós não nos separávamos. Eu estava curtindo e ele também. Graças a um facebook famoso de segredos, todos já sabiam que eu estava solteira e por isso Gus tentou me beijar.

Me esquivei, não queria nada tão cedo. Eu sei que deixei entenderem que eu ficaria com ele, mas na verdade eu só queria provoca-lo. Meu copo já tinha sido substituído umas três vezes até a Katt tirar da minha mão. Eu já estava BEM alegre e um pouco tonta, mas quando eu vi Thomy e o Liam subindo a escadinha pro camarote eu tive que tomar outra coisa.

Descobri mais tarde que não deveria ter bebido uma dose de tequila depois de misturar vodka com cerveja, já que eu não raciocinava mais e para ajudar começou a tocar funk.

Eu rebolava. Eu descia até o chão. Eu fazia as coreográficas. Comecei a perceber mais gente ao nosso redor, e alguns celular supostamente “me filmando”. Mas no estado em que me encontrava eu só queria dançar, seduzir e ver que todos os guris me desejavam.

Sim, eu estava completamente bêbada. Por isso meu celular estava desligado. Eu notei que Liam estava só me observando, tentava chegar pra conversar e me acalmar, mas eu só dava patada. Pelo menos nele, porque com o restante das pessoas fui tão querida que nunca em minha vida fiz tantas amizades.

O Gus ainda estava ao meu redor. Me encochou e rebolou até o chão comigo. Sim, eu fiz isso. Com pessoas me olhando. Foi, então, o momento que o Liam ressurgiu e socou a cara do Gustavo.

Saiu sangue da boca dele. Deve ter doído e com certeza iria inchar. O pessoal começou a se distanciar. Sabe como é briga em festa. E eu fiquei ali, parada igual uma tonta. Os seguranças correram para separar. Eu abandonei meus amigos e desci do camarote e fui para a pista. Regredindo igual minha dignidade.

Não sei como, mas quando percebi estava em cima de uma mesa, ninguém se cansava de me ver e eu não cansava de dançar.

—A loirinha ali, sobe aqui conosco pra cantar essa! – era mesmo o cantor me chamando?

O pessoal fez fogo e eu fui. Abracei os componentes da banda (realmente eu estava muito simpática) e parei ao lado do cantor, então começou a tocar Bang da Anitta. Pensa num sorriso até orelha, era o meu.

Ajudei o cara a cantar (afinadérrima) e dancei a música INTEIRA inclusive o refrão, onde eu empinava a bunda e cantava Ah, ah, ah, que parecia eu gemendo. E para acabar com minha festa, Liam me tirou de lá.

TODO MUNDO vaiou ele (inclusive eu). Quando vi que a gente estava “caminhando” – eu cambaleando com ele apertando meu braço – para a porta de saída me agarrei num pilar com todas as minhas forças.

—Você só ta passando vergonha, Jasminne. – Ele falou irritado.

—Foda-se não tens mais nada a ver com isso. Cadê a puta que tava ficando contigo? – falei me referindo a foto.

—Tentei conversar o dia todo e você me ignorou. Não vamos começar uma DR no meio de uma boate. Anda vem! – disse e me pegou desprevenida, conseguiu tirar meus braços ao redor do pilar e me jogar pelo seu ombro. Sim, eu estava de saia. Pelo menos era uma calcinha-short, só que de renda.

—Te ignorei porque não sabia o que falar, foi tão inesperado. Todos me querem e você me tinha. Ainda assim foi um imbecil! E não vamos ter uma DR porque isso é abreviação de discussão de relacionamento. O QUE NÓS NÃO TEMOS MAIS. – gritei e os seguranças da porta da saída ficaram chocados com a minha situação, eu estava me debatendo nos ombros do Liam, com o rosto praticamente na bunda dele e ainda assim estava exaltada e muito irritada.

—Você pode pagar a comanda dela? Fica com o troco. – Liam falou e entregou algumas notas para um dos seguranças e então saímos.

Ele só foi me pôr no chão quando encontramos um banco vago na pracinha na frente da boate.

—Bebi! – ordenou me entregando uma garrafa de água e discando o número do Thomas no celular dele.

Eu me sentei no banco. Liam colocou o telefone na orelha e logo o Thomas atendeu. Justo nesse momento notei algo. Com meu ex-namorado em pé na minha frente era meio impossível não notar.

—Você ta de pau duro! – afirmei e comecei a rir.

—Cala a boca, Jazzy. Você ta bêbada. – ele falou e eu ouvi a risada do Thomy (junto com muita música) no outro lado da linha. – Entendesse mano? Pega Katherine e vem para a pracinha pra irmos embora tudo junto.

Ele desligou o telefone e se sentou, se mexia de vez enquanto tentando disfarçar aquela coisa levantada entre as pernas.

—Eu te odeio, sabia? Nem sei, porque estou aqui contigo.

—Jasminne.

—É sério! Eu te odeio muito, você é um idiota, sabia? – olhei para ele. – um traidor, um otário, um canalha, vagabundo, um ahhhhh que raiva que estou de você. – falei desabafando eu não encontrava palavras para queimar ele.

—Para com isso guria. Isso não vai adiantar, eu estou bem consciente de que tais bêbada.

—Bêbada ou sóbria continuarei te odiando. O pior é que eu não entendo o porquê. Foi porque a gente não transou? – falei fria.

—Claro que não. – ele falou, pensou um instante e depois completou – Não teve motivo. Na verdade eu te amo.

—É o que você costumava dizer. Mas não acredito mais. – falei começando a chorar. Quais os próximos estágios da bebida? Vomitar e dormir profundamente?

Ele me puxou pro seu peito querendo me abraçar. O empurrei e aproveitei pra descontar minha raiva com um tapa no rosto. Chegou a estralar e algumas pessoas ao nosso redor olharam. Depois deu dó, já que o olho estava meio roxo da briga mais cedo.

Ficamos sem reação depois, mas ouvimos duas vozes conhecidas se discutindo (novidade). Viramos o rosto e lá estavam nossos amigos.

—Porra, vocês estavam quase se comendo katherine! – afirmou Thomas.

—E se a gente se comesse não ia ser da tua conta. – falou ela grossa.

—Achei que tu iria querer algo especial na primeira vez. – Thomy estava muito zangado, dava de perceber só pelo tom da voz.

—Ué e quem disse que não foi? – mentiu na defensiva.

Ele regalou os olhos e não soube mais o que falar. Ela sorria satisfeita.

—Que demora velho. – Liam comentou quando eles estavam próximos o suficiente para ouvir.

—Não foi fácil achar a Katherine.

Entramos todos no taxi com Liam na frente, porque impliquei que não queria sentar ao seu lado.

—Onde você tava? – perguntei para a Katt.

—Que saco, porque não vão se ferrar? – falou brava. Ótimo agora a única que não estava estressada era eu, que clima.

—No terraço. – comentou Thomas.

Olhei para ela surpresa.

—Você pegou o Charles? – perguntei sorrindo me referindo ao dono da boate.

—Sim. – respondeu sorrindo maliciosamente.

—Cara, ele é muito gostoso. – falei provocando o Liam e vi que deu certo quando ele revirou os olhos.

—E beija bem pra caralho. – falou relembrando.

—Da pra vocês pararem? Pediu Thomas, claramente enciumado.

Fomos todos para a casa da Katt, eu já iria dormir lá mesmo e agora que os garotos perceberam que os pais dela estão viajando eles decidiram ficar também para “cuidar” de nós.

Katt só abriu a porta e se jogou no sofá, dormiu em menos de um minuto. Thomas foi pra geladeira procurar alguma coisa pra comer e Liam ficou resmungando palavras (que ninguém dava importância) e andando pela casa. Eu precisava de um banho. Bem gelado de preferência, para sair todos os efeitos do álcool.

Pensando nisso subi (rastejei pela escada) para o quarto da Katt e entrei no banheiro. Me sentei na privada e percebi que meu corpo tava tão mole que não conseguia nem tirar minhas roupas.

 _THOMYYYYY. – gritei do andar de cima.

Quando vi estavam dois garotos na minha frente, subiram correndo e agora estavam ofegantes.

—Não faz isso, sua louca! Achei que tinha acontecido alguma coisa. – Thomas falou tentando voltar sua respiração ao normal.

—Achei que tinha batido a cabeça, cara. – Liam falou pegando uma piranha pra prender meu cabelo.

Mostrei minha mão em sinal de stop. Peguei a piranha e fiquei brincando com ela na minha mão.

—Obrigada pela preocupação Thomy. – Agradeci – E liam já pode sair, não te chamei aqui. – falei grossa, só deus sabe a raiva que ainda estou dele.

—Mas nem a pau que vou deixar vocês aqui sozinhos no banheiro.

—Fala sério, se tivéssemos alguma coisa para fazer teríamos feito no meu quarto. Quando estávamos sozinhos. – defendi.

—Foda-se eu também vou ficar aqui. -  Liam falou teimoso.

Com dificuldade entrei no box e liguei o chuveiro, deixei que a água gelada caísse sobre meu corpo. A roupa que eu vestia já estava encharcada e por conta disso colada ao meu corpo. Não sei se meus “amigos” não pararam de me olhar por isso ou pelo fato de eu estar muito bêbada e poder me afogar a qualquer hora. Eu apenas os ignorava.

Depois de ficar quase uma hora no chuveiro eu me sentia muito melhor, o efeito da bebida já tinha passado quase que por completo. Me trouxeram uma toalha e eu me sequei. Depois fui até o closet da minha amiga e peguei as roupas que necessitava. Eu e a Katt dividíamos tudo que tínhamos desde sempre, não importando ser uma camisola ou uma bolsa da Chanel.

Me deitei na cama da Katt que tinha hibernado no sofá e quando vi Liam e Thomas tinham feito camas improvisadas ao meu redor. Eu sei que essa era uma forma de eles cuidarem de mim. Pelo menos era o que se passava nas suas cabeças.

—Boa noite, galera. – falei ao desligar a luz.

—Bom noite, Jazzy. – Escutei Thommy responder.

—Boa noite, meu amor. – Liam também respondeu, quando ele disse a última palavra senti a mesma coisa como se estivesse sussurrando próximo ao meu ouvido. Aquele arrepio seguido pelo coração batendo acelerado.


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