Expressão Psicopata escrita por AndyJu


Capítulo 9
Comunicação




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Andy estava ansioso para ver como tinha ficado sua nova casa. Ele entra no carro com o Sr. Melo, indo diretamente para o endereço onde ficava a casa antiga. Andy fica boquiaberto ao ver uma casa de arquitetura moderna, com jardim na frente, muros altos de pedra e um portão enorme. O carro para bem em frente a essa casa, então o Sr. Melo sai do carro. Andy sai logo em seguida. O senhor diz:

—Jovem, aí está sua nova casa! Gastei bastante nela, mas é para você viver bem.

Andy sorri. Estava maravilhado com a beleza do imóvel. O Sr. Melo continua:

—Vamos entrar? Você vai gostar ainda mais quando ver ela por dentro.

—Claro!!

Os dois entram na casa, Andy observa o jardim. Por sorte era tudo sintético. Ele não se dava muito bem com jardinagem, e sabia que Júlia também não. Ao entrar na sala, o rapaz admira a televisão enorme na parede, junto com o aparelho de som. Ele pensa: “Tudo isso é muito bonito, mas parece tão caro! Deve ter alguma coisa que o Sr. Melo não quer contar, não acho que ele faria isso apenas por caridade”. No seu quarto também havia uma televisão na parede, além de um computador potente, com uma cadeira acolchoada de escritório. Havia uma sala com estantes cheias de livros, como o Sr. Melo tinha dito. Andy adorou tudo na casa, até mesmo o quadro de gato na sala, pois sabia que Júlia gostava muito de gatos. Enquanto Andy andava pela casa, o Sr. Melo ia explicando e mostrando as coisas. Depois de explicar toda a casa para o rapaz, Sr. Melo diz:

—Bom, rapaz, a casa é toda sua. Lembre-se que a escritura está na sala de livros e que o ar condicionado gasta muito mais que o ventilador. Preciso ir agora, tenho um compromisso. Arrume um emprego logo, pois as contas é você que precisa pagar!

—Muito obrigado, Sr. Melo!

—Pode me chamar de Henrique, menino.

—Certo, Henrique! Nos vemos por aí, eu nunca vou esquecer do senhor!

—Até mais!

—Até.

Henrique entra no carro e vai embora enquanto acena para Andy. O rapaz aproveita para ligar para o orfanato pelo telefone residencial e fala com Júlia, contando sobre a casa. Ela fica surpresa e feliz, mas depois diz que pode ter algo por trás, como Andy tinha pensado. O garoto faz um almoço rápido e passa a tarde inteira lendo os livros raros na sala de leitura. No início da noite, ele vai até o computador ver se encontra o telefone de Jhonny, mas não encontra nenhum perfil de redes sociais.

—Acho que o Jhonny ficou com medo da polícia... Ah, vou pesquisar algo sobre esses casos da Expressão, posso ver alguma informação útil na internet.

O rapaz procura durante horas informações sobre os casos, pesquisa o nome do garoto, o nome das vítimas, mas toda a informação que ele tinha conseguido por Jhonny era secreta e a internet não tinha muita coisa. Ele também pesquisou como “matar” um fantasma.

—Se essas informações forem verdadeiras, é preciso queimar o corpo do Edgar, mas como ele foi cremado talvez seja um objeto que ele tenha ligação. Algum objeto... Eu queimei o Molo no incêndio do orfanato, mas não deu certo... Talvez porque o fogo era ilusão? Se for um fogo de verdade, será dá certo?

Andy corre até a mochila que havia deixado em cima da cama, pega o seu ursinho Molo e coloca ele dentro da churrasqueira no pátio da casa, enche ele de álcool e acende um fósforo, queimando-o.

—Espero que isso funcione... –O garoto diz enquanto observa o seu ursinho queimar lentamente. Molo estava com uma expressão triste. São nove horas da noite, está escuro. Os postes da rua não estavam acesos, somente as janelas das casas iluminavam insuficientemente as calçadas. Andy volta para dentro de sua casa após ver Molo virar cinzas.

Ao entrar no seu quarto, em cima da cama ele vê algo sem explicação. Sim, era o ursinho Molo. Ele estava com a mesma expressão triste, sentado no travesseiro.

—M-mas o que... Como assim??? O urso não era o que ligava a alma do Edgar a este mundo?!

Andy fica assustado e corre para fora de casa, temendo ficar sozinho com o fantasma, mas a porta se tranca sozinha. De repente as luzes começam a piscar. Ele já sabia o que viria logo após...

—SOCORRO, ALGUÉM ME AJUDA!! –O rapaz grita, batendo com força na porta, tentando arrombá-la, chutando e se jogando contra ela, tudo em vão. Se a porta fosse mais barata ele poderia arrombá-la, mas o Sr. Melo comprou uma porta muito segura e cara. As luzes param de piscar e diminuem drasticamente a intensidade de iluminação. Andy não consegue ver direito, mas percebe uma figura parada bem na frente do sofá. Ele tinha certeza de que era Edgar.

—V-você... Se chama Edgar, certo?? E-eu sei que sua morte foi injusta, mas eu não tenho nada a ver com isso! Por favor, me deixe em paz!!

Pela primeira vez Andy escuta a voz do fantasma. Ele falava roucamente, como se estivesse se engasgando com sangue:

—Você tem muito mais a ver com isso do que você acha...

O rapaz fica confuso. Como ele poderia ter a ver com a morte de um garoto que nunca viu, nem nunca poderia ter visto, já que ele nasceu muito depois da morte dele? Andy fica com as costas na porta, tentando se afastar do fantasma, mas não tinha mais espaço. Em um piscar de olhos, Edgar fica cara a cara com Andy. O rapaz volta a sentir a mesma sensação de pavor que havia sentido anos atrás, na casa de Jhonny. Os mesmos olhos de botões sangrentos bem próximos aos seus. O espírito grita na face de Andy:

—NÃO TEM COMO FUGIR DE MIM!!!

O corpo do rapaz estremece, e ele dá um grito de horror. No momento que ele grita, o fantasma some e as luzes voltam ao normal. Ele cai sentado no chão, com os olhos cheios de lágrimas. Era horrível a sensação de estar cara a cara com um espírito assassino. O cheiro de podridão que exalava do fantasma era repugnante, os olhos eram botões costurados na pele, com a linha preta aparecendo, o rosto cheio de sangue e fios de cabelo grudados no rosto, tudo era apavorante. Andy corre para o telefone e liga imediatamente para o orfanato, pedindo para falar com Júlia. Ela atende, e ele começa a contar tudo:

—Júlia... Ele apareceu de novo! O fantasma apareceu! –Andy fala ofegante e com a voz trêmula.

—S-sério?? Você está bem?? O que ele fez?

—Ele... Ele só apareceu bem no meu rosto... E disse que eu não tenho como fugir... Eu tinha queimado Molo na churrasqueira, e ele apareceu na cama! Eu corri para a porta e tentei fugir, mas ela estava trancada... E-então ele apareceu! O fantasma apareceu e só falou aquilo...

—Você acha que o que ele disse pode ser uma pista?

—Eu não sei... Ele também disse que eu tenho muito mais a ver com o assassinato dele do que eu acho...

—Estranho... M-mas não aconteceu nada com você, certo?

—Não, eu estou bem... Cuidado, Júlia... Ele pode aparecer aí...

—Vou tomar cuidado, Andy!

Os dois conversaram mais um pouco e depois desligaram o telefone. Andy queria saber como ele poderia ter a ver com o assassinato do garoto. “Se Jhonny estivesse por perto, ele poderia ajudar... Eu não sei como hackear computadores...” O garoto pensa enquanto se deita na cama. Ele pega a chave antiga que estava guardada na mochila e fica observando-a.

—Tenho que descobrir o que você abre, chave... Ué, espera um pouco! –Andy senta-se rapidamente na cama.

—Por que teria uma chave nos arquivos de notícias na cidade? E por que eu nunca percebi isso?? Tenho que ir na biblioteca amanhã, o velho Astolfo deve se lembrar disso, mas ele vai saber que eu roubei... Ah, não importa, se ele tiver informações está tudo bem.

Andy volta a se deitar na cama, deixando a chave em cima do criado-mudo. No dia seguinte, Andy acorda 9 horas da manhã e decide ir à biblioteca. Estava animado para reencontrar Astolfo, já que não se viam desde quando ele tinha onze anos. Entrando na biblioteca, uma mulher está no balcão. Andy estranha.

—Com licença, por acaso você saberia me dizer onde está o Astolfo? Ele trabalha aqui.

—Ah, eu sinto muito... O Astolfo morreu há cinco anos, rapaz. Ele foi enterrado no cemitério da cidade, se quiser eu te dou o número da lápide. Ele era seu parente?

—Não, ele era meu amigo, eu sempre visitava a biblioteca... Poxa, vou sentir falta dele. Sabe como ele morreu?

—Foi uma parada cardíaca. Ele estava velho, coitado... –A recepcionista lamenta enquanto escreve num papel o número da lápide do cemitério. Ela entrega o papel para Andy.

—Obrigado... Vou ir fazer uma visita.

Andy vai embora triste, mas aliviado por não ter sido um assassinato ou um suicídio. Agora não teria como saber o motivo de ter uma chave em um arquivo de notícias. O garoto chega em casa e pega a bicicleta nova que estava no pátio, pega seus documentos e vai até o centro para procurar emprego.


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Notas finais do capítulo

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