Expressão Psicopata escrita por AndyJu


Capítulo 5
Bilhete da Morte




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Andy nunca havia se mudado. Nasceu em Cerranilla, cresceu lá e nunca tinha visto o orfanato da cidade. Não tinha muitas crianças. O orfanato foi construído pelo Sr. Melo, um homem que não fazia parte da política, era apenas um senhor rico e bondoso que gostava de investir na cidade. Ele comprou o orfanato e reformou-o totalmente por dentro. Por fora, a construção era antiga, tenebrosa, porém firme e sólida, por isso o Sr. Melo não quis destruí-la.

As pessoas que trabalhavam no orfanato pareciam felizes. Andy observa cada detalhe do local. Era uma mistura de antiguidades com coisas modernas, na recepção haviam tablets para quem estivesse esperando o atendimento, e quando o garoto chegou em seu quarto se deparou com um computador de última geração. Isso o fez mudar de ideia quanto a não querer ficar ali.

O detetive fez algumas perguntas, tentando entender como se originou o incêndio na casa de Andy, mas o garoto não conseguia se lembrar de nenhum incêndio. Ele apenas se lembrava das cenas horríveis e do garoto de cabelo comprido, mas não falou sobre isso para o detetive. Ele poderia ser tido como louco, e iria para um lugar pior que o orfanato. Depois das perguntas, o detetive foi embora, para a felicidade de Andy. O garoto senta em sua nova cama e retira os papéis do caso de 1950 da sacola, para terminar de lê-los.

—Tudo bem, onde eu parei... Certo, aconteceram 30 suicídios, e todos eram policiais, mas na verdade foram suicídios forjados, segundo a polícia. Eles estavam tentando resolver um caso e acabaram entrando nele... Um menino de 10 anos que foi brutalmente assassinado, ele estava sem braços nem pernas... Haviam pernas e braços de ursos de pelúcia no lugar. Os olhos foram arrancados, que horror! Haviam botões costurados nos olhos... Ele estava pregado na parede com um sorriso cortado... Na cena do crime, que era seu quarto, estava cheio de bilhetes escrito “Suicidas, vamos sorrir?”. Na barriga dele tinha um símbolo estranho, como se fosse de ocultismo. A vítima era Edgar Bittencourt, ele era adorado pelos pais, não brigava com ninguém... Foi morto sem motivo algum, nunca acharam o assassino dele. Disseram que foi um policial que matou os outros, mas parece que todos que tocaram nos bilhetes se suicidaram algumas horas depois, até mesmo esse policial que foi preso. Aqui diz que em todos os corpos, inclusive do policial preso, foram encontrados bilhetes grudados nos corpos, dizendo “A expressão dele vai te aterrorizar”!

O garoto se surpreendeu com o que havia lido. Era a mesma coisa que dizia o bilhete que ele encontrou com o urso. Ele estremeceu, com medo, mas continuou lendo os documentos, pois queria descobrir algo sobre o suicídio de seu pai.

—Isso parece algum tipo de sacrifício... Mas por que esse menino? E por que urso de pelúcia? Será que não tem fotos da cena do crime?

Andy vira a página e encontra depoimentos de testemunhas. Era de um garoto de 11 anos, filho de um dos policiais que se suicidou. Foi ele que encontrou seu pai morto, e no depoimento ele disse que viu um garoto de cabelo comprido rindo ao lado do policial.

—O garoto hoje deve ser um velhote, aqui diz que ele está em um hospício. O nome dele é Edvan, espero que ele ainda esteja vivo... Opa, Jhonny escreveu mais coisas aqui! Ele está vivo, está no hospício da cidade! Os funcionários dizem que ele lê muitos livros de ocultismo... E dizem que ele pensa receber a visita de um urso de pelúcia. Conclusão: algum maníaco sacrificou o garoto para fazer um ritual satânico em troca de algo, mas não deixou pistas, e agora a alma desse garoto pode estar viajando por ursos causando várias mortes, e não vai parar até encontrar seu assassino. Acho que isso explica o caso... Eu poderia encontrar o urso que arrancaram as partes para colocar no menino. Poderia ter algo com ele, algo que esclarecesse o motivo desse menino ter atacado meus pais, e agora estar atrás de mim...

Andy ficou pensando por um momento, até leu novamente os documentos dos casos.

—Se meu pai morreu se enforcando sem motivo algum e sorrindo, ele deve ter tocado naquele bilhete que causa a morte. Ele foi encontrado na mata, no final da cidade, perto do lag—ESPERA AI! Esse orfanato fica do lado do lago, e logo ali é a mata! Devem ter encontrado essa chave junto com meu pai, então ela deve abrir o local onde estão os restos do urso... Mas... chave antiga... orfanato antigo... É isso! Vou ter que dar uma olhada em todos os cantos do orfanato e tentar achar alguma porta trancada que essa chave possa abrir, está tudo se ligando agora!

Andy se sentiu orgulhoso por desvendar parte do mistério, mas ele ainda teria que saber se sua linha de raciocínio estava correta. Ele ficou ansioso para procurar pelo orfanato alguma sala secreta. Uma voz vindo da caixa de som na parede, perto da porta, o assustou.

—Atenção crianças, está na hora de estudar. As novas crianças deverão fazer uma prova para averiguar o nível de conhecimento e a série que deverão ingressar. Todos, dirijam-se até a biblioteca.

Andy até tinha se esquecido que existia a escola, após todos esses acontecimentos em sua vida. Como ele lia bastante, era bem inteligente, então já deveria entrar na quinta ou sexta série. Andy guardou os documentos no envelope e deixou junto com alguns brinquedos que o detetive tinha pego para ele. Enquanto caminha até a biblioteca, Andy fala consigo mesmo, baixinho...

—Eu me pergunto quem será o assassino, e por que fez isso. Será que realmente guardaram o urso? O que mais poderia ter no lugar que a chave abre? É melhor eu me concentrar em relembrar as coisas da escola e deixar isso pra amanhã... E ficar bem longe de ursos.

No dia seguinte, pela manhã, Andy liga para Jhonny pedindo que ele o buscasse para ir até o hospício, para conversar com a testemunha de 1950, que pode não se lembrar de muitas coisas. Jhonny pergunta:

—Tem certeza que é uma boa ideia?

—Tenho sim, você pode dizer que era amigo da minha mãe e que quer ir passear comigo.

—Certo. Vou chegar ai uma e meia, e então vamos para o hospício falar com a testemunha.

—Está bem, até.

—Até.

Andy tem até 13:30 para continuar suas investigações dentro e fora do orfanato, são 9:31 e ainda há bastante tempo. O garoto vai até a parte de fora, no pátio.

—Hum, tudo aqui parece normal! Esse pátio tem várias árvores em volta, os funcionários devem ter problemas com crianças perdidas... Muitas crianças aqui brincando, o que poderia ter de anormal?

Em uma árvore afastada Andy vê algum ser se escondendo. Não parecia uma criança do orfanato. Aquele ser parecia observar tudo de longe. Andy grita:

—EI, QUEM É VOCÊ? O QUE FOI??

Ele corre em direção à árvore com o olhar fixado nesse ser que estava o observando. Sem perceber, ele tropeça em alguém no caminho, que também estava correndo, e cai no chão. Era uma menina que estava brincando com outras meninas. Era loira, tinha olhos azuis, usava um vestido preto e tênis. Ela diz:

—A-ai, você me machucou! Não olha por onde anda?

Andy senta no chão e coloca as mãos na cabeça, pois a pancada foi forte. Ele olha para a árvore novamente, tentando achar aquilo que estava observando ele, mas não encontra nada. A menina novamente fala com Andy:

—Ei, você me ouviu??

—D-desculpe, eu não sei o que dizer! Eu estava distraído, perdão...

—Está bem, mas tome cuidado, vai que você cai em um buraco. Qual seu nome?

—É Anderson, mas pode me chamar de Andy. E o seu?

O garoto levanta a cabeça para ver a menina, pois ainda não tinha olhado para ela. Ele fixa seus grandes olhos nela, admirando-a.

—Meu nome é Júlia.


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Notas finais do capítulo

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