Expressão Psicopata escrita por AndyJu


Capítulo 12
Abrigo Subterrâneo




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—Como um detector de metal iria derrotar o fantasma??

Jhonny e Andy conversam no telefone, o mais novo conta tudo que o Sr. Melo tinha dito para ele, explica como derrotar o fantasma e conta sobre o alçapão de ferro. Ele tinha o plano de caminhar pela floresta com o detector de metais até encontrar o alçapão. A floresta era muito grande, então isso poderia durar alguns dias, talvez semanas. Jhonny responde:

—Olha, eu posso conseguir um na internet, mas vai demorar mais ou menos um mês para chegar. Vou tentar adiantar umas folgas e passar uns dias aí.

Os dois se despedem e Andy vai para a cozinha preparar o almoço. A porta do seu quarto estava aberta, possibilitando-o de ver Molo sobre sua cama. O ursinho estava com uma expressão feliz. Andy pensava em voz alta:

—Um mês... É o tempo que falta para a Júlia fazer dezoito anos. Com todos reunidos será mais rápido encontrar o lugar onde estão os restos do urso.

As coisas voltam ao normal. O fantasma não aparece mais, Andy consegue um emprego na biblioteca, um mês se passa normalmente. Júlia, já com 18, sai do orfanato, encontrando Andy e sua nova casa. Dois dias depois, Jhonny aparece com o detector de metal. Andy já sabia por onde começar a procurar pela floresta: perto do lago. O orfanato ficava por lá, assim como o local onde o corpo de seu pai foi encontrado era próximo ao lago. Sr. Melo disse que não havia um ponto de referência, mas Andy sentia que era por lá. Jhonny explica como funciona o detector de metais, segurando-o:

—Você só precisa ligar ele aqui, a bateria está cheia. Quando tiver um metal por perto, ele vai fazer um barulho. Simples.

Andy já tinha contado para Júlia tudo que Henrique explicou sobre o fantasma. Estava tudo pronto para saírem em busca do alçapão. Andy e Júlia entram no carro de Jhonny, que os leva até a frente do orfanato. Era o caminho mais perto do lago que desse para ir de carro. Não podiam demorar muito, em pouco tempo começaria a escurecer e a floresta não era nada iluminada. Todos saem do carro, Andy segura o detector de metais e, de frente para os outros dois, diz:

—Vocês sabem de todos os riscos de fazer isso. Sabem que se a gente encontrar o que restou do urso, o fantasma de Edgar vai ficar bravo. Podemos não voltar vivos, mas podemos evitar a morte de muitas pessoas e fazer justiça pelas que já se foram. É o último momento para desistir.

Todos ficam em silêncio por alguns segundos. Jhonny retira seu chapéu de pirata (sim, ele ainda usava isso), segurando ele em frente ao peito com as duas mãos, então pronuncia:

—Bom... Eu acompanhei vocês até aqui. Minha família não estava envolvida com esses casos da expressão. Eu ajudei vocês porque sei como é perder os pais, e também porque não queria que mais pessoas morressem. Mas acho que vocês dois deveriam ir lá e acabar com esse fantasma. Vocês merecem fazer isso pelos seus pais. Por todas as pessoas inocentes que esse fantasma já levou desse mundo. Eu ajudei como pude, e acho que daqui em diante vocês devem seguir sem mim. “Matar” o fantasma deve ser mérito de vocês, e não de alguém que não tem nada a ver com isso.

Andy fica um pouco emocionado com as palavras de Jhonny. Júlia, que estava ao lado do mais velho, o empurra com o cotovelo, exclamando:

—Para de inventar desculpas, eu sei que você só está com medo e quer sair vivo!

Os dois homens riem baixo, então Andy diz:

—Tudo bem. O que você disse até faz sentido. Só fique nos esperando aqui, porque quando a gente voltar vamos te provar que não precisava ter medo.

Jhonny o responde:

—Vou ficar esperando. Voltem logo que o sol não puder mais ser visto.

O casal se despede de Jhonny. Andy segura o detector de metais, ouvindo alguns barulhos fracos. Júlia segura seu braço e também uma lanterna, caso eles fiquem até de noite lá. Eles andam pela floresta, já podiam avistar o lago. Andy diz:

—O Sr. Melo disse que não haviam pontos de referência, mas quem sabe está mais ou menos perto do lago...

—Eu acho que a gente não devia ir muito longe, porque podemos ficar perdidos... –A garota responde. Ela continua:

—Daqui a pouco vai anoitecer, e não vai ser legal ficar aqui de noite.

—Você tem razão, Jú.

Os dois ficam buscando algum sinal de metal perto do lago, até que o garoto avista alguma coisa estranha. O sol estava quase se escondendo, mas era possível ver uma sombra. Era algo pequeno, parecia um gato perdido. Andy pergunta:

—Será que é um animal? Ou uma pedra meio esquisita?

—Andy, aquilo n-não é uma pedra, nem um animal... –A garota responde, com um tom de medo em sua voz.

—Não? Deixa eu ver mais de perto... –Andy vai ver mais de perto que é aquilo, Júlia larga seu braço sem perceber. Ela estava trêmula. Ela diz, devagar:

—É o... O Molo...

Quando Júlia fala isso, Andy fica surpreso. Ele consegue ver melhor a figura, e percebe que realmente é o seu ursinho, mas ele estava sorrindo. Todas as vezes que o fantasma aparecia, ele ficava com uma expressão triste. Alguma coisa estava diferente. Andy diz:

—Júlia, não precisa ter medo... Ele está sorrindo. A única coisa paranormal aqui é ele ter surgido na floresta.

—Q-quer dizer que o fantasma não vai atacar a gente??

—É. Pelo menos não agora.

O garoto virou o rosto para falar com Júlia, e ao voltar a olhar para frente, o urso não estava mais ali. Estava muito mais adiante, em cima de uma pedra. Era como se ele quisesse guiar o caminho. O rapaz resolve seguir o seu ursinho. Com uma mão, segura o braço de Júlia, levando ela consigo. Na outra mão está o detector de metais. Ele começa a apitar com um intervalo menor entre os sons. Andy percebe que o urso realmente está guiando o caminho, mas não sabia por quê.

—Se o Molo for o fantasma, por que ele iria querer a própria morte?? Isso não faz sentido... –O garoto fala para Júlia. Ela responde:

—Talvez ele não mate por querer. Talvez ele esteja sendo obrigado a fazer isso por aquele deus, e se os restos do urso forem realmente aquilo que ainda mantém ele nesse mundo, a gente vai fazer ele se livrar dessa obrigação e descansar em paz.

—Não acho que seja isso. O tom de voz dele parece muito real... Mas não importa. Se a gente queimar o urso, ele fica em paz e não mata mais pessoas. Pronto.

O casal vai seguindo o urso Molo, que ainda estava com um sorriso no rosto. Já havia anoitecido, mas eles estavam tão perto de acabar com os casos da expressão que preferiram ficar na floresta, seguindo o Molo. O detector de metais apitava com intervalos cada vez menores. Já deviam ser umas oito horas da noite, quando Molo surge em cima da grama, em um local plano. Andy aponta o detector de metais para bem perto de Molo, e o apito fica constante. O rapaz desliga o aparelho.

—É aqui! Eu tenho certeza! Júlia, me ajuda aqui!

O garoto joga o urso em qualquer lugar e começa a puxar o alçapão, com Júlia o ajudando. Logo uma escada aparece, levando ao que parece ser um abrigo subterrâneo. Júlia aponta a lanterna para o local, revelando várias caixas e baús. Ela comenta:

—Vamos encontrar logo o baú do urso, antes que fique ainda mais escuro! Não inventa de ficar vendo as outras coisas.

O casal desce as escadas. O local estava um pouco sujo, com algumas teias de aranha. Eles avistam Molo em cima de um baú. Andy presume que esse é o baú onde estão os restos do tal urso, e vai até ele segurando a chave, pronto para abri-lo. Júlia fica atrás, ainda na escada, iluminando o local com a lanterna. Andy segura a chave e encosta ela na fechadura. Ao fazer isso, Molo fica com um rosto triste e no mesmo momento o fantasma de Edgar surge no local, fazendo o alçapão se fechar. O casal se assusta, a chave cai no chão. O fantasma imobiliza Andy apenas apontando a mão para ele. Júlia tenta correr até ele para ajudar, mas Edgar aponta o dedo para ela, fazendo-a levitar.

—Andy, socorro!!

—E-eu não consigo me mexer!!

O fantasma começa a rir. Uma risada diabólica, de quem parecia ter se engasgado com o próprio sangue, debochando da situação do casal. O espírito fala, com aquela voz horrível:

—Vocês são culpados de tudo! Eu poderia esperar para vocês terem um filho e então torturá-lo também, mas eu não quero! Vou matar os dois agora mesmo!!

Júlia é jogada na parede com força, machucando as suas costas. Andy grita, forçando o corpo para tentar sair da imobilização que o espírito tinha colocado nele. O fantasma fica cara a cara com Júlia e pela primeira vez ela vê os olhos de botões de Edgar. A pele se misturando com o plástico, uma visão horrível. O cheiro de carniça que exalava do espírito podia ser sentido mesmo que a respiração fosse feita pela boca. O espírito grita diante do rosto da garota:

—VOCÊ VAI SENTIR NA PELE TUDO QUE EU PASSEI!!


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo será o final! Espero que estejam gostando!



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