Go Home, Dominique escrita por Miss Jackson


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus queridos leitores! Como estão, tranquilos? ♥ (Se alguém aqui assiste ou já assistiu EDGE vai entender a referência) Primeiro de tudo eu quero agradecer pelo feedback incrível que a história está tendo — em menos de vinte dias já tem 28 belezuras me acompanhando. Pode não parecer muito para alguém, mas para mim é, porque todas as vezes que escrevi algo eu demorava bastante para ganhar no mínimo 10 acompanhamentos ): Muito obrigada, galera, de verdade. Boa leitura para todos :3



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Henry parece tão surpreso quanto eu. Ele morde o lábio e inclina a cabeça, se aproximando.

— Henry — digo.

— Dominique — diz ele e, lentamente, um sorriso se esboça em seu rosto. — Você existe mesmo.

Ele se vira pra atendente e pede um macchiato, se sentando comigo logo depois. Não sei ao certo o que falar, mas estou alegre por ter encontrado Henry, e confusa por ele não ser mais uma loucura minha e termos compartilhado de um mesmo pesadelo. Por que isso?

— Que loucura — comento. Henry ainda sorri, enquanto eu estou séria. Dou apenas um mísero sorrisinho.

— Você também tem algum transtorno? — pergunta, diminuindo o tom de voz. Balanço a cabeça positivamente. — Qual é o seu problema?

— Minha irmã gêmea... — suspiro. — Ela está morta e me atormenta. Eu tenho depressão também, e isso alimenta minha irmã. Você tem?

Henry balança a cabeça positivamente. — Esquizofrenia — conta, revirando os olhos em seguida. — Minha mãe mora comigo mas, sinceramente, acho que ela me odeia.

— Sinto muito.

Henry pisca e pega o macchiato que a moça traz, agradecendo e bebendo um gole. Resolvo puxar assunto dessa vez.

— Você imagina o porquê dos nossos pesadelos terem se cruzados? — Minhas sobrancelhas se juntam no fim da pergunta.

— Não faço ideia — responde Henry, fazendo uma careta. Bebo o resto do meu frapuccino e lambo os lábios, observando o garoto parado à minha frente. Não sou de falar essas coisas sobre garotos, mas Henry é realmente muito bonito. Quando sorri, dois buraquinhos adoráveis aparecem em suas bochechas, e eu tenho vontade de enfiar os polegares neles. — O que está olhando? Eu sou um gato, né? — Ele ri, mostrando as covinhas de novo. Acabo rindo também.

— Você é legal — admito.

— Mas você mal conversou direito comigo. Tenho que admitir que nossa conversa no sonho foi bem bizarra — diz ele.

— Só pelo fato de estar sendo gentil já te acho muito legal.

Sem tirar os olhos dos meus, ele dá um longo gole em seu café.

— Você teve a oportunidade de conhecer a sua irmã? — pergunta.

— Não — respondo, balançando a cabeça. — Tracey nasceu morta. Ela me culpa por isso, mas eu não entendo.

Como se só por ter ouvido seu nome, Tracey aparece sentada em cima da mesa, quase tirando Henry do meu campo de visão.

— Ah, o casal perfeito! — Tracey vocifera, suspirando profundamente. — Dois retardados.

— Cale a boca — murmuro, abaixando a cabeça.

— Tudo bem com você? — pergunta Henry, se inclinando na minha direção.

— Conta pra ele que a rainha chegou — manda Tracey, rindo em seguida. Que desgraça.

— Tracey — respondo. — Ela está aqui.

Henry fica em silêncio e, quando ergo a cabeça, Tracey está bem na minha frente, com o rosto quase colado no meu. Seus olhos são apenas dois buracos negros, e ela sorri daquele jeito maligno. Fecho meus olhos, apertando com força e tentando me manter sã.

— Por que você não volta pra casa, Dominique? — Não é mais a voz normal de Tracey, e sim uma voz mais grave que me deixa assustada.

— Por favor, Tracey — sussurro. — Agora não, por favor.

— Dominique — chama Henry, e sinto ele se aproximando. — O que está acontecendo?

— Vai embora — continuo sussurrando. — Pede pra atendente não ficar com medo. Só... Não quero que você veja o que vai acontecer.

— Abra os olhos, Dominique — dizem Henry e Tracey em uníssono.

— Nada vai acontecer — continua Henry, com a voz calma, e ele pega minhas mãos. — Se concentra na minha voz. Finge que ela vem de uma ilha, e você precisa nadar até ela. Nade, Dominique, seja forte. Você consegue. — Começo a ficar mais relaxada, imaginando a ilha. A presença de Tracey parece sumir. — Abra seus olhos.

Então eu abro meus olhos, e só estamos Henry e eu ali. Sem Tracey.

— Ela sumiu... — sussurro e começo a rir. — Meu Deus! Como você fez isso?

— Eu tive uma crise num consultório uma vez, e a psicóloga fez isso — responde ele, sorrindo e terminando seu café. — Olha, Dominique, eu preciso ir agora.

— Tudo bem... Obrigada por me ajudar, Henry. Espero ter a oportunidade de te encontrar novamente.

Ele aperta minha mão. — Igualmente. Até a próxima! — Ele me lança uma piscadinha sexy, rindo. Sigo ele com o olhar enquanto ele vai até o balcão e paga o café. — Até mais, Jenny. — Diz para a atendente e vai embora.

Passo alguns minutos mastigando o que acabou de acontecer. Um surto nunca terminou tão de repente assim, mesmo com a ajuda de alguém. Estou admirada.

Saio da Blackoffee. Foi uma experiência boa, mas estranha. O ruim é que a imagem de Tracey com aquela aparência bizarra continua na minha cabeça, e eu sei que ela vai me infernizar em dobro na próxima vez que aparecer.

No caminho entro em uma livraria, pretendo gastar o resto do dinheiro que eu trouxe. Meu Deus, meu pai diria que eu sou igual a minha mãe, sempre gastando.

Sorrio com esse pensamento, ficando deprimida em seguida. Vou até a sessão de ficção científica e passo uma boa hora analisando cada livro, sentindo o cheiro e folheando-os. Escolho um que me chama a atenção, leio o prólogo pra confirmar e, quando aprovo, compro toda sorridente. Já faz bastante tempo que não tenho um livro novo pra ler.

Sigo pra casa, e no caminho vejo uma senhora, já de idade, sentada no chão. Ela usa roupas rasgadas e sujas, uma expressão triste está estampada em seu rosto e, na sua frente, está uma caneca rachada com algumas moedinhas dentro, provavelmente de pessoas solidárias que deixaran ali para a senhora. Fico surpresa, pois é raro encontrarmos sem-teto em Frotwhite. A senhora me encara e sorri levemente.

— Dominique Moore — diz, com a voz rouca. Ergo as sobrancelhas, cada vez mais surpresa. Como ela sabe meu nome?

— Perdão, nós nos conhecemos?

— Você não me conhece, mas eu conheço você — responde calmamente. — Conheço sua irmã, Tracey Moore. Garota difícil, a morta.

Sinto minha pele gelar e um arrepio percorrer todo o meu corpo. A senhora me parecia inofensiva há um minuto atrás, mas agora começo a ficar com medo.

— Aproxime-se, querida, não vou lhe fazer mal. Sou apenas uma senhora sem-teto — convida. Algo em mim diz pra me aproximar, que estou em segurança e que devo confiar na senhora. Acabo por me aproximar, relutando. — É tão bom poder conversar com alguém, sabe? Ainda mais você, Dominique. É uma honra.

— Oh, eu até me sinto importante com a senhora falando assim — brinco, dando um leve sorriso para descontrair.

— Somos importantes, todos os seres humanos — diz a senhora, olhando pra rua com um olhar sonhador.

— Você... Tem algo a me falar?

Ela volta seu olhar pra mim, e sorri novamente.

— Às vezes me sinto como se estivesse de volta ao limbo — comenta. Ok, isso está muito bizarro. A cota de bizarrice já deu por hoje! — Você não entende ainda, é claro. Mas quando você visitar o limbo, vai entender o que estou falando. O mundo de hoje em dia está terrível!

A senhora fica me observando, esperando que eu fale algo. Molho os lábios e resolvo perguntar:

— Limbo?

— Ah, sim, o limbo... — Ela suspira. — Os mundanos que nunca vão passar por essa experiência acham que é um lugar cinza, apenas um lugar que te prende no esquecimento pela eternidade. O limbo é mais que isso, minha querida. É uma espécie de inferno, é torturante. Seu próprio inferno, sabe?

— Me desculpe, a senhora está me assustando...

— Não, querida — diz. — Não é minha intenção te assustar. Só estou aqui para te prevenir. Conheço Tracey e sei das coisas que ela faz para você, mas é difícil impedi-la. Por favor, acredite em mim.

— Eu não estou entendendo... Acho melhor eu ir agora.

Ameaço me afastar, mas a senhora agarra minha mão com tal força que me espanta.

— Lute, Dominique. Você é mais forte que Tracey, mais forte que os demônios que te esperam no limbo. Quando estiver lá, lembre-se que é capaz de vencer.

Apenas balanço a cabeça positivamente, sem querer contrariar a pobre coitada, e me afasto.

— Foi um prazer conversar com a senhora — digo e saio apressada. Quando estou dobrando em uma esquina, me viro pra trás pra ver se a senhora ainda me observa, mas ela desapareceu. Nem mesmo a caneca continua lá.

Se minha mãe estiver bem, provavelmente vou pedir pra ela me levar à um psicólogo.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam do capítulo? Críticas construtivas? E o que é esse tal limbo que a senhora sem-teto citou, vocês conseguem imaginar? Me contem tudo nos comentários, não tenham medo de comentar u.u Amo respondê-los.
Até a próxima!



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