Love Kitsune escrita por BlackCat69


Capítulo 7
Capítulo: Doce Visita


Notas iniciais do capítulo

Capítulo alterado no dia 30 de maio de 2021



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Hiruzen e Naruto progrediam em direção ao campo de arroz no qual se situava a casa de Minato.

O Sarutobi avançava mais lento que o comum por que o hanyou corria em torno de si.

Todavia, o velho nada se incomodou, adorando ver a alegria do meio yokai.

Repentinamente, Hiruzen cessou a andança.

Naruto continuou correndo em torno do idoso, após duas voltas, deslizou longamente ao travar sua velocidade.

Apressou-se em se pôr na frente do Sarutobi, sentando como um cachorro, abanando sua cauda, perguntou-o:

— Jii-san?

— Naruto. — Lamentoso Hiruzen pronunciou o nome. Curvou-se pondo a mão no ombro do menor. — Eu sinto muito, por não demonstrar afeto a você durante todos esses anos, espero que a partir de hoje, me veja como alguém próximo.

Os orbes azulados do hanyou reluziram, sorridente, exclamou feliz:

— Jii-san gostou de Naruto!

— O jii-san sempre gostou de Naruto. — Corrigiu Hiruzen esboçando triste sorriso. Afastando a mão, ficou menos curvado, colocou os cerrados punhos atrás das costas e observou as nuvens bem espaçadas na extensão azulada. — Apenas fui tolo em me manter distante. Pensei que se me vissem tendo uma relação próxima contigo, seria mais um motivo para os aldeões se antipatizarem com você. Me afastei até mesmo de Minato, criando com ele uma relação estritamente profissional. — Envergonhava-se pela estupidez de decisão, afinal bastou acontecer aquele julgamento, e notou como os olhares se volveram a sua pessoa.

Os habitantes de Konoha certamente o acusavam de favorecer o hanyou por ser filho de Minato. Ninguém esquecia o quão próximo foi dos pais do artesão-camponês.

Ninguém esquecia o quanto Hiruzen ajudou Minato antes da vinda de Naruto.

Aliás, ninguém esquecia quem foi Minato antes de se tornar pai de um hanyou, porém uma vez que foi revelado que se relacionara com uma yokai, principalmente, uma kitsune, era esperado que as amizades do Namikaze se desfizessem.

— Jii-san? — Naruto ergueu uma sobrancelha, ficou de pé e agarrou o quimono do idoso. — Jii-san está bem?

Hiruzen percebeu que ficou muito tempo em silêncio, observando a inocência do meio yoka, interrogou-o:

— Não me falará nada, Naruto? Sobre o que eu disse?

O hanyou soltou o quimono e retornou a correr em círculos em torno do idoso, respondendo-o:

— Naruto não entendeu bem, mas Naruto não liga. Se jii-san quer ser amigo de Naruto, então jii-san será! Naruto não tem amigos além do otou-san, Naruto vai colecionar amizades!

Uma solitária lágrima desceu pelo olho direito do velho. Ficou parado durante um minuto, sendo continuamente circulado pela correria do meio yokai.

Os dois seguiram a lenta andança.

— Jii-san,jii-san! Acha que Hinata já é minha amiga? Naruto e Hinata podem ser amigos mesmo se encontrando apenas em um dia?

— Se a amizade for verdadeira, tenho certeza que sim. — Mas Hiruzen pressentia que os dois se reveriam em muitos, muitos dias.

 

~NH~

 

Avistando a casa, o meio yokai entrou em pânico ao ver seu pai sentado na varanda, não queria que Minato saísse.

Em uma correria assombrosa à habitação, seu avanço perdeu força ao se lembrar que havia guardas por perto.

Seu pai jazia seguro.

O velho e o hanyou chegaram perto, e o Namikaze perguntou-os:

— Como foi?

Cuidadoso, o meio yokai se encaixou entre as coxas de seu pai e segurou os joelhos dele, sentado de costas ao homem.

O Namikaze acariciou atrás das orelhas grandes de raposa fazendo a cauda felpuda se empinar toda e as orelhas sacudirem.

Obteve sua resposta, seu filho estava feliz, então dera tudo certo no julgamento.

Hiruzen calmo repassou a situação:

— Seu filho está isento de culpa. Os envolvidos continuarão pagando pelo que fizeram, e meus homens continuarão em busca dos que não foram identificados.

Minato se aliviou mais.

Empolgado, o meio yokai se virou no colo do pai, deitando sobre os fêmures e fitando-o debaixo para cima, contou tudo a ele:

— Naruto teve uma grande ajuda, otou-san! O nome dela é Hinata Hyuuga, ela é pequenininha, e fala muito bem!

— Hyuuga... — Minato sussurrou, assustado. Conhecia o nome do imenso e respeitoso clã Hyuuga.

— Hinata Hyuuga é filha do líder do clã, a própria me procurou ontem. — Hiruzen comprovou.

— Como...por que... — Minato falhava em formular alguma pergunta. Inúmeras dúvidas o abatiam no mesmo instante.

Filha do líder Hyuuga! 

— Ela cuidou de Naruto na floresta otou-san, passou remédio nas costas de Naruto! —o meio yokai levantou as pernas e suas mãos agarraram os dedos dos pés.

— Você se machucou? — o Namikaze questionou, sério.

— Uma mãe urso mordeu Naruto, mas ela só queria o filhote que Hinata cuidava. — O pequeno explicou, movendo seus pés, sem largar os dedos de unhas compridas. Sua cauda passou por entre suas pernas, deitando em sua barriga. — Um velho lá acusou Naruto de estar escondido e rindo das pessoas bravas, mas Hinata defendeu Naruto!

— O que...

O pai sussurrou.

Hiruzen soltou uma risada leve, e fez um acréscimo:

— Ele esteve inconsciente, Minato. Hinata o achou na floresta, ela é uma menina incrível. Tratava do ferimento de um filhote de urso, e quando encontrou seu filho, cuidou dele.

— Onde está ferido? — o Namikaze perguntou, de coração acelerado, temeroso.

— Naruto não está mais ferido, o remédio da Hinata é bom demais. — O menor respondeu soltando os pés, esticando as pernas e os braços, espreguiçando-se. — Conheci a okaa-san da Hinata, e pedi com jeitinho para ela deixar a Hinata vir para cá e...

O loirinho seguiu contando tudo empolgado ao pai que mal conseguia assimilar os acontecimentos.

Hiruzen riu assistindo a cara perplexa do camponês-artesão e se afastou, indo embora, sendo acompanhado pela dupla de guardas.

 

~NH~

Duas semanas depois.

~NH~

 

A casa dos Namikazes jazia restaurada.

Não se ausentava mais nenhum objeto.

Os itens que não puderam ser devolvidos foram substituídos por novos.

Faltaram duas pessoas a serem punidas, abandonaram a aldeia.

Os guardas a partirem atrás delas, retornaram após sete horas de procura.

Hiruzen suspendeu a procura.

Caso os fugitivos regressassem a aldeia, receberiam pena de morte.

Completados seis dias depois da invasão a casa, e agressão contra Minato, ele se sentia bem para trabalhar em suas peças pequenas de artesanato, não era uma atividade que exigia esforço, e era algo prazeroso para si.

E também passava mais tempo com Naruto, e notava o quanto sua presença delongada na casa fazia o filho mais feliz.

Quando retornasse a trabalhar, Minato sentiria mais pesar por deixar seu filhote sozinho.

 

~NH~

 

Pela manhã, Minato se dispunha a sair de casa, avisou ao filho que iria à aldeia, falar com Hiruzen.

Sentia-se apto a retornar ao trabalho, tanto no campo, quanto para viajar. 

— Deixa Naruto ir para a aldeia otou-san, deixa! Naruto quer visitar a casa do jii-san! — o meio yokai implorou.

O Namikaze receoso, quase proibiu, todavia ao reconsiderar, descrer que alguém fizesse mal aos dois, haja vista que a inocência do hanyou foi provada.

Há alguns dias, foi localizado o tal ursinho com a faixa, apesar da faixa estar suja, notava-se ser do mesmo material de um rolo dentre os pertences de Hinata Hyuuga, assim se comprovava o que ela relatou.

E com a punição que os agressores e invasores receberam, nenhum aldeão tentaria algo contra os Namikazes.

Minato permitiu:

— Tudo bem, mas primeiro o banho.

— Dattebayo! — Naruto comemorou se apressando para sair pela porta lateral da casa. E para não perderem tempo, pediu: — Não esquenta a água otou-san, Naruto quer água fria.

Minato ficou estático, pensando no “dattebayo”, recordando que Kushina exclamava uma palavra semelhante quando estava contente.

Ele sorriu com um pouco de emoção e continuou andando.

 

~NH~

 

Em uma rua da aldeia, Minato segurava firme a mão do hanyou que andava saltitante.

Naruto olhava ao céu cantarolando palavras inventadas.

Em um momento, o pequeno interrompeu sua canção, desviando seu olhar aos pés, observando os calçados de madeira.

— Otou-san essas chinelas são grandes demais.

— Desculpe filho, você nunca precisou usar chinelos antes, eu só tinha do meu tamanho.

O hanyou assentiu compreensivo, começou a gostar do “ploc-ploc” que os chinelos faziam.

— Naruto, como o julgamento aconteceu de surpresa, me esqueci de emprestá-lo os chinelos, mas nunca mais volte descalço a aldeia, tudo bem?

— Sim! — continuou cantarolando suas palavras inventadas.

Reparando nos olhares dos aldeões, Minato percebia que eles não se revoltavam com a presença dos dois, não como quando acreditaram que o pequeno Namikaze atacara as crianças.

Inclusive, a maioria dos habitantes preferia não dirigi-los atenção.

Achava bem melhor assim.

O Namikaze sabia que não perderam a antipatia pelo meio yokai, entretanto, uma vez que foi provado o testemunho de Hinata Hyuuga, não ousariam duvidar da filha do líder do clã mais reconhecido da aldeia.

 

~NH~

 

Naruto se impressionou quando chegaram à frente da morada do Sarutobi.

Era uma habitação humilde como todas as outras da aldeia.

A casa onde os anciões se reuniam, mesmo sendo apenas de um cômodo, ainda era maior que a de Hiruzen.

Dois guardas vigiavam a pequena plantação na frente da casa, e um deles pediu que pai e filho esperassem um momento.

Um dos guardas foi avisar Hiruzen da chegada dos dois.

Em um minuto e meio, o Sarutobi jazia ali diante dos Namikazes.

Minato avisou não pretender demorar, porém Hiruzen não entregou ouvido e tratou de guiar os dois visitantes pelo interior do seu lar.

Acomodou-os à mesa baixa, a porta de correr aberta exibia a vista de uma pequena fonte rodeada de plantas e flores.

Surgiu uma mulher de terceira idade, aparentando ser mais nova que Hiruzen.

Ela usava quimono branco cuja estampa exibia o perfil de um dragão vermelho.

O idoso realizou as apresentações:

— Essa é minha esposa, Biwako Sarutobi. Biwako, esses são Minato e Naruto Namikaze.

— Uzumaki Namikaze. — O hanyou acrescentou.

Minato tratou de afastar o filho da mesa, e o fez se curvar.

Naruto imitou o pai que sentado de joelhos, pousou as mãos no piso e encostou a testa no chão.

— É um prazer conhecê-los. — Ela falou sem mudar a séria expressividade.

Biwako Sarutobi tinha cabelos castanhos claros, amarrados em um alto rabo de cavalo, as mechas brancas ainda eram menos numerosas que os fios castanhos.

Possuía vincos nos cantos dos olhos negros, uma boca e nariz reto, sobrancelhas finas.

Ela pediu licença, retirou-se do cômodo.

Minato receou que a presença dos dois a incomodou.

Naruto não pensou nada, o hanyou preferia observar o lado de fora da pequena sala.

Surpreendendo o Namikaze, Biwako retornou um minuto depois, trazendo chá e um recipiente raso cheio de pequenos alimentos coloridos.

O olfato apurado do meio yokai logo o fez focar a atenção na mesa baixa.

Os orbes azulados do pequeno engrandeceram em cintilo.

Hiruzen riu diante a expressividade do meio yokai.

— São kompeitos Naruto, sirva-se à vontade. Meu neto adora.

— Jii-san tem um neto? — as orelhas de raposa se empinaram.

— Sim, tenho dois filhos, um neto de cada. Um dia quem sabe os conheça.

— Naruto pode conhecer agora?

— Agora não estão aqui, mas combinarei um dia.

Minato ficou mudo, incerto se seria boa ideia. 

O meio yokai escolheu um kompeito roxinho e colocou a ponta da língua nele.

— Naruto?

O pai o chamou ao notar o filho se paralisar ao provar o primeiro doce.

Despertando-se da paralisia, o hanyou deu uma balançadinha no corpo e esticou o braço, alcançando o próximo kompeito.

Minato e Hiruzen sorriram.

— Senhor Hiruzen, minha visita é apenas para avisá-lo que poderei retomar meu trabalho hoje, libere os homens que estão trabalhando na minha parte do campo.

O Sarutobi avaliou a face do Namikaze, a marca do olho estava leve, era o último resquício da agressão sofrida.

— Admiro sua força de vontade, Minato. Tire mais hoje para descansar. Os homens já estão trabalhando mesmo. Ao anoitecer, enviarei um guarda para dispensá-los definitivamente da punição.

O artesão-camponês assentiu, não faria mal mais um dia sem trabalhar.

Biwako ao retornar à sala, avistou o recipiente de kompeito vazio.

Naruto comeu todos, os adultos consumiram apenas chá.

Sarutobi assentiu para a esposa que pegou o recipiente e se retirou da sala.

— Ela trará mais. — Hiruzen avisou.

— Não se incomode, acho que meu filho não está bem. — Minato avaliou a agitação que o pequeno tentava conter.

— Guardem para comerem em casa. — O Sarutobi sugeriu.

O homem loiro puxou o hanyou para o colo, Naruto não parava de se sacudir, a cabeça do pequeno bateu na borda da mesa e acabou derramando o pouco do chá que tinha no recipiente do idoso.

— Gomenasai. — Minato pediu desculpa, envergonhado.

— Não se preocupe, o erro foi meu, esqueci de avisar que os kompeitos são puro açúcar. Meu neto também se agita quando come demais.  

O organismo do meio yokai se mostrou bem mais sensível ao consumo de açúcar.

Minato se sentiu mal, deveria ter experimentado primeiro, seu filho não era acostumado a ingerir doces.

 Biwako trouxera mais kompeitos, deparando-se com a situação do hanyou, apressou-se em retornar à cozinha para preparar mais chá.

Levando apenas alguns minutinhos, a Sarutobi regressou e se abaixou ao lado do Namikaze, ela segurou Naruto atrás da cabeça e empurrou chá na goela dele.

O Namikaze se preocupou, atônito observou a cena, aos poucos se tranquilizou percebendo que Naruto não se engasgou.

Após fazer o hanyou beber todo o chá do pequeno recipiente, Biwako foi arranjar um pano para secar a mesa baixa.

O efeito do chá surgiu em cinco minutos.

O meio yokai se acalmava.

Minato jogou parte do Naruto sobre seu ombro direito e começou a dar palminhas nas costas do filho.

As orelhas de raposas caídas e a cauda inerte provavam que o menor se cansou.

— Dê apenas dois kompeitos para ele, após cada refeição. — Biwako orientou terminando de secar a mesa. — Se ele quiser mais, precisará comer tomando chá de raiz.

Minato se interessou:

— Raiz de quê?

— De qualquer alimento amargo. — Ela respondeu antes de se retirar da sala.

— Espero não tê-la incomodado.

O Namikaze comentou, pusera uma mão nos cabelos do filho, sua outra mão continuou desferindo palminhas nas costas do meio yokai.

— É difícil minha esposa se incomodar com algo, ela é apenas séria. — Hiruzen esclareceu.

— Isso é bom. Agradeço a recepção, senhor Hiruzen. Acho melhor voltar para casa.

— Claro, um momento.

O Sarutobi pediu, erguendo-se, saiu da sala e alguns segundos futuros, retornou com um pote dentro do qual guardou os kompeitos.

Entregou-o ao artesão-camponês que agradeceu, Minato apenas não se curvou por que se mantinha carregando o filho, sua outra mão segurou firme o pote.

Foi acompanhado pelo Sarutobi para além do pequeno plantio frontal da casa.

Naruto de olhos semicerrados, espaçou as pálpebras ao notar que iam embora.

Remexeu-se no colo do pai e virou metade do corpo para trás. Observando a imagem do Sarutobi, pediu ansioso: 

— Jii-san, fale com a okaa-san da Hinata e avise que a casa do Naruto já está novinha em folha.

Hiruzen sorriu, respondendo-o:

— Eu sinto muito Naruto, não será possível hoje. A senhorita Hana precisa conversar com o marido primeiro, acredito. E ele ainda não chegou. Há poucos dias ela recebeu uma mensagem de Hiashi Hyuuga avisando que se atrasaria por mais uma semana, aconteceu um problema de viagem.

Naruto se chateou, e descansou o lado do seu rosto no ombro do pai, amassando sua bochecha, sua boca formou um bico.

 

~NH~

 

Mais tarde, após Minato lavar a louça do almoço, adormeceu na cama de palha.

Naruto não quis tirar a soneca da tarde, foi se sentar na varanda, pegando vento enquanto saboreava um kompeito.

Apesar do sabor delicioso em seu paladar, seu olhar jazia entristecido, suspirando de saudades pela menina Hyuuga.

“Sabe filho, não deve elevar tantas esperanças. Mesmo que Hiashi Hyuuga chegue de viagem, é capaz de ele proibir que a filha veja você. Ele é um homem muito severo, tão severo que pode não atender ao pedido de Hana.”.

Pensava no que seu pai dissera a caminho de casa.

Aquilo doía.

— “Puxa vida, se o otou-san de Hinata fosse como a okaa-san dela, Naruto e Hinata poderiam se ver mais uma vez.”.

Refletiu, lagrimando. Gostaria de mais um momento com ela nem que fosse em um tempo bem curtinho.  

Após engolir o kompeito, chorou baixinho.

Repentinamente, prestou atenção em algo.

No topo da subida surgia dois pingos de gente.

O loirinho enxugou as lágrimas e esfregou bastante as pálpebras.

Ao retornar a mirar na direção de quem chegava, confirmou que não era sua imaginação.

Hinata vinha andando com um lindo quimono verde. E trazia um pequeno saco na mão.

Ao lado dela, outra criança de olhos cor da lua.

A cauda felpuda se ergueu imediatamente.

O cheirinho bom da pequena encontrava o olfato apurado do hanyou.

— Minha nossa! Minha nossa! — feliz, ele exclamou. O coração se disparou. Tentou se aquietar, e disse diminuindo a voz: — Otou-san está dormindo.

Hinata se animou ao vê-lo. Ao chegar na frente da pequena escada da varanda, foi cumprimentada:

—...okaerinasai!

— Okaerinasai? — ela estranhou. — É a primeira vez que venho aqui.

O Uzumaki Namikaze se apresentou confuso, e explicou-se:

— O otou-san ensinou Naruto a usar essa palavra.

— É por que o seu otou-san sempre volta, se diz quando alguém volta pra casa.

— OW... — Admirado, o meio yokai ficou de boca aberta. Em seguida, perguntou: — Que palavra Naruto pode usar para receber a Hinata?

— Hum...que tal “yokoso”? Serve para vários tipos de “bem vindo”. 

— Yokoso é bom! Yokoso! — Naruto ergueu as mãos ao alto, logo cobriu sua boca. Reduziu o volume da voz: — O otou-san está dormindo, entre.

Hinata subiu a escada e Naruto a abraçou.

A cabeça dela chegava no peito dele.

Tão pequenininha, tão magrinha e tão cabeçudinha!

Naruto queria prptegê-la, se pudesse, a guardaria em uma caixa. Ele levou a sério, pensando:

— “Não é uma má ideia, otou-san sabe fazer caixas.”.

A menina escutou o coração acelerado do hanyou.

Ela gostava da sensação quentinha do corpo do meio yokai.

Pensou envergonhada:

— “Será que já posso tocar nas orelhas?”.

— Quem é ela? — sem largar o pequeno corpo, Naruto perguntou.

A Hyuuga tentando não olhar para as orelhas peludas, percebeu que o meio yokai observava a criança que a acompanhou até ali. Respondeu-o:

— É o nii-san, o nome dele é Neji.

Ela se afastou um pouco, pousando as mãozinhas no peito do meio yokai. No pulso esquerdo, a alça do pequeno saco se pendurava. Deixou a voz rouca, segredando:

— Ele é meu primo, mas as pessoas pensam que somos irmãos.

Mesmo rouca, a voz dela era delicada e fofa, considerou o hanyou.

Ele também enrouqueceu ao perguntá-la:

— Por quê?

— Por que chamo ele de nii-san. — Ela colocou uma mão na boca, abafando sua risadinha.

— Ah... — Naruto não entendeu, mas não ligou pra isso, apenas percebeu o quão gracioso era ver aquela miudinha rindo.

Neji não exibiu nenhuma reação condenatória ao observar a aparência do hanyou.

O filho do artesão-camponês não se sentiu intimidado e ao mesmo tempo não percebeu nenhuma vontade do Hyuuga em criar uma aproximação.

O meio yokai segurou a mão pequenina de Hinata, sendo cuidadoso para não machucar ela com suas unhas compridas, quis levá-la ao interior da casa:

— Venha conhecer a casa do Naruto.

— Venha Neji nii-san. — Hinata chamou.

Naruto desgostou, queria ficar a sós com ela.

— Esperarei do lado de fora, Hinata-sama.

Neji respondeu se colocando de costas à varanda, ao lado da escada.

Naruto se aliviou, e observou a vestimenta do menino de cabelo comprido.

No peito, usava armadura lamelar na cor preta, composta de pequenos retângulos de couro reforçado, protegendo o peitoral e costas.

Uma saia lamelar protegia os quadris.

Ombreiras arredondadas, braceletes, cocheiras, joelheiras e caneleiras eram compostas do mesmo material.

As regiões descobertas pela armadura de lamelas exibiam cota de malha.

— Que roupa legal. — O loirinho elogiou sem largar a mãozinha gelada da menina.

— Nii-san é meu guarda.

— Naruto vai usar uma dessas, Naruto será um guarda. — O hanyou revelou ansioso.

A menina se animou ao saber, e falou:

— Vou pedir para o otou-san contratá-lo aí poderá ser meu guarda e aí vamos nos ver mais vezes.

— Hinata quer ver Naruto mais de uma vez?

— Sim, quero vê-lo sempre que puder.

O meio yokai tremeu emocionado, controlou-se para não chorar e conduziu a menina lar adentro.

 


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