Paixões Gregas - Opostos(Em Degustação) escrita por moni


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas! Obrigada pelo carinho. Adivinha!!!!!! Recebi mais duas recomendações. RENATA GREY e LELAB! Amei as palavras carinhosas. Espero fazer um bom trabalho para corresponder o carinho de voces. OBRIGADA!!!!! Nossa como fico feliz com recomendação!!! É muito especial. BEIJOSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS



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Pov – July

   O taxista para diante do prédio e demoro uns segundos para voltar a realidade. Não consigo parar de pensar nele. Tyler é tão diferente de todos os caras que conheço, tem sua vida tão atrapalhada e é sempre tão difícil que me confunde.

   Devia simplesmente não pensar nele, não me importar com o que acontece com ele, mas só o que faço é exatamente o oposto. Quero ajuda-lo, ele não quer ajuda, nem mesmo me suporta.

   ─Boa noite senhor. Muito obrigada. – Aceno para o taxista, dessa vez não tem tio Simon à minha espera. Nem Tyler me trazendo em casa. Estranho que sinto falta dele.

   Quando entro em casa meu pai está na cozinha as voltas com o jantar. Ele me beija a testa com aquele sorriso grande que sempre ganho dele.

   ─Está bem? – Ele pergunta me investigando, afirmo. Vasculho o fogão. – Massa.

   ─Esse molho está com um cheiro ótimo. – Derrubo um pouco na mão. Saboreio. – Falta sal papai. Quer que termine?

   ─Não. Hoje é meu dia. E por falar nisso como foi o seu dia? – Ele pergunta enquanto coloca mais um pouco de sal no molho.

   ─Normal. – Respondo me sentando num dos bancos. – Dulce não pode ficar estudando hoje. Por isso vim um pouco antes.

   ─E os seus estudos, pequena?

   ─Tudo bem. Papai onde estão os outros membros dessa família?

   ─As mulheres estão reunidas resolvendo coisas do casamento. Seu irmão está estudando com a Gigi.

   ─Ninguém me chama para dar palpite no casamento.

   ─Anda muito ocupada mocinha. Agora me diga. Como vai o Tyler? – A pergunta me pega desprevenida. Eu desvio meus olhos por que odeio me sentir enganando eles.

   ─Acho que tudo bem. A irmãzinha dele está doentinha. A avó também. – Decido mentir o menos possível.

   ─Sério? Acha que eles precisam de alguma coisa? Você quer que eu ajude?

   Me levanto só para beijar seu rosto. Ele é bom, isso é sua natureza, é o melhor de todos os irmãos, quando se junta com minha mãe então só pensam em fazer o bem.

   ─Pedi ao Chad que fosse até lá, elas estão bem.

   ─July pode contar comigo está bem?

   ─Obrigado papai. – Olho para a massa cozinhando. – Sua massa vai derreter.

   ─Menina palpiteira! Gosto assim.

   ─Em Roma era bem...

   ─Não estamos em Roma princesa. – Ele me envolve pelo pescoço. Me beija a testa mais uma vez.

   ─Está certo. Quer que eu coloque a mesa?

   ─Por favor. Vou mandar mensagem para sua mãe. Ela não pode me largar assim aqui. Já estou ficando com ciúme.

   ─Da Lizzie? Quem diria! – Coloco a mesa de jantar. Papai me ajuda e quando desliga o fogo minha mãe chega com Ryan.

   ─Que cheiro bom. Compraram comida? – Pergunta quando meu pai a envolve. É sempre dela o primeiro beijo. Depois vem Ryan, ou eu, ou qualquer outra pessoa. Fico pensando se um dia alguém pode me amar assim. Com toda essa devoção. Sempre me emociona.

   ─Eu me esforço, chego do trabalho e corro para cozinhar para ela e ela acha que eu comprei. – Minha mãe volta para seus braços. Sussurra qualquer coisa em seu ouvido. Ele fica vermelho. – As crianças! – Meu pai alerta.

   Como se eu não soubesse dos joguinhos deles. Só mesmo Ryan e Josh são inocentes sobre isso.

   ─Vamos comer? – Convido querendo ir logo para o quarto. Quem sabe Tyler telefona como pedi?

   O jantar é todo em torno dos preparativos para o casamento em dois meses. Depois de recolher os pratos e lavar a louça com a ajuda de Ryan me despeço. Assim que entro no quarto volto a pensar em Tyler.

   Fico me perguntando por que eu penso tanto nele. Tenho medo de ser mais do que preocupação com sua história. No fundo o que quero é que ele me toque, me olhe, fale comigo.

   Não demora para meu celular tocar. Tudo em mim treme quando me dou conta que pode ser ele. O coração salta. As pernas formigam e tamanha reação me assusta.

   ─July? – A voz grave me deixa feliz. Ansiosa.

   ─Tyler. – Não sei o que dizer.

   ─Eu só liguei para dizer que... Minha avó e Bárbara estão descansando, ainda com um pouco de febre, mas melhor um pouco.

   ─Obrigada Tyler, estava pensando nisso, posso ligar antes de sair para o colégio amanhã?

   ─Se quiser. – Ficamos mudos no telefone. Nenhum dos dois sabe o que dizer ou como desligar. – E você? A asma? Foi no hospital?

   ─Não. Estou bem. Obrigada.

   ─Certo. Vou desligar.

   ─Já vai dormir? – O que te interessa July? Me arrependo da pergunta já imaginando que vou levar uma patada do tipo, não é da sua conta.

   ─Não. Fico com medo de algo dar errado a noite. Vou esperar um pouco mais.

   ─Entendo. Eu tenho dever de casa para fazer. – Minto sem saber bem por que. – Se precisar me ligar, se acontecer alguma coisa vou dormir tarde.

   ─Está certo. Boa noite.

   ─Boa noite. – Respondo e continuo com o celular no ouvido. Escuto sua respiração. Fico esperando que ele desligue, acho que ele faz o mesmo, demora um longo momento até a ligação ser cortada e quando me dou conta tenho um sorriso congelado no rosto.

   ─July o que está acontecendo com você? – Me pergunto quando ainda encaro o celular. Gravo o número dele.

   Acho que preciso desabafar com alguém. Alana é a primeira opção. Mandar mensagem seria o certo. Mas quero ouvir a voz de alguém me mandando ser sensata e me afastar.

   ─July. Tudo bem?

   ─Alana acho que eu estou me interessando por um garoto.

   ─Direto no ponto! – Ela ri do outro lado da linha. – Me conta.

   ─Sabe o príncipe encantado?

   ─Sei. O cara perfeito.

   ─Então. Não é ele! – Ela ri do outro lado da linha. Uma longa gargalhada que me desanima.

   ─Claro que não July, ele não existe.

   ─Existe sim. Eu mesma conheço cinco deles.

   ─Os Stefanos não contam! – Ela responde. – E não foram sempre perfeitos. – Faço careta. Eu os acho perfeitos. – Meu pai e minha mãe tiveram um monte de problemas, ele não era nada perfeito com ela no começo. – Lá vem Alana me contar mais uma vez a história dos Stefanos. – Tio Heitor é ciumento. Tio Ulisses... tio Ulisses...

   ─Vamos Alana! Acha defeito nele!

   ─É maluco! Tia Sophi está sempre beliscando ele. Seu pai é um pouco perfeito, tenho que admitir e o Josh, bom ok, o Josh é um príncipe. – Josh é o preferido de todos na ilha. É visto como irmão para Alana e Luka. Protegido e claro que ela o acha perfeito.

   ─Então o meu está por aí. E acho que... eu devia ficar longe do Tyler, já pensou se me apaixono?

   ─Se for correspondida o que tem demais?

   ─Não vou ser, ele não gosta de mim, nadinha. Vai me fazer chorar. Só sei disso.

   ─Gostar de alguém é complicado July, não é sempre um conto de fadas. Precisa ficar bem mais aberta.

   ─Vou te contar tudinho. – Explico tudo. Desde a história dele a nosso último momento juntos no telefone. Alana é ótima ouvinte, quando termino ela fica um momento em silencio. Sei que está pensando a respeito e formulando uma opinião honesta. Ela nunca deixa de ser sincera.

   ─July, acho que gosta dele.

   ─O que faço? Queria nunca mais ir vê-lo. Acontece que só faço contar os minutos.

   ─July ele é problema. Sabe disso. Esse negócio de gangue, não sei se é hora de se meter nisso. Talvez ficar longe dele seja a melhor coisa. Não deixar esse sentimento te dominar. Está sempre querendo salvar a humanidade.

   ─Eu não sei evitar. O que posso fazer? As coisas comigo são assim. Intensas, não sei fingir. Nem fugir. Depois ele não quer ser de uma gangue. E foi um pouco gentil. Não muito, eu sei.

   ─E seu pai. O que vai achar disso?

   ─Não sei. O que sei é que eu estou muito confusa. E que me apeguei a Bárbara, e a dona Manoela.

   ─July eu não sei como te aconselhar. Só quero mesmo que se cuide.

   ─Só queria desabafar mesmo. Obrigada por me ouvir Alana.

   ─Bobagem prima. A gente se vê no casamento. Minha mãe não fala em outra coisa.

   ─Aqui é o mesmo. Da até pena do Josh. O pobre não tem mais paz.

   ─Meu pai disse o mesmo hoje mais cedo.

   ─Boa noite. Amanhã te ligo. Beijo.

   ─Beijo.

    Atiro o telefone na cama, então me lembro que ele pode telefonar e vou ter que ficar caçando o celular no meio dos lençóis, decido deixa-lo arrumadinho ao lado da cama na cômoda.

   Mesmo confusa e cansada sigo para o ritual de tirar a maquiagem e passar um creme na pele. A frase patricinha mimada grita em meu cérebro enquanto cuido do rosto diante do espelho do closet.

   ─Você não é isso. Então esquece. – Digo em voz alta. A última coisa que faço é olhar o celular antes de pegar no sono.

   Meu pai nos deixa na escola. Ryan segue para seu grupo de amigos, Gigi entre eles, já eu sigo para meu grupo. Agora só o que se fala é sobre formatura, futuro, e só consigo pensar no presente. Jay se aproxima de mim no fim das aulas, com aquele sorriso grande e sedutor que deixa as garotas loucas por ele.

   Faz três anos que ele tenta me conquistar. Antes eu simplesmente não pensava em garotos, depois eu apenas descobri que ele era vazio demais para ser alguém especial. Jay só pensa em coisas superficiais, seu único interesse em mim é minha aparência e meus pais.

   Ser uma Stefanos nem sempre é fácil, algumas pessoas só pensam nas vantagens de estar perto de nós. Jato, Grécia, festas vips, não é o que nós somos, é o que parecemos ser.

   Ninguém acredita em como nossa vida é simples, Que lavamos louça, recolhemos lixo e cozinhamos. Que nunca vamos muito a festas que não sejam de família, que não tenho um cofre cheio de joias.

   ─Nem nos vimos direito hoje. Te procurei no almoço. – Ele passa o braço por sobre meu ombro.

   ─Almocei com meu irmão e meus primos.

   ─Só você July para almoçar com os pirralhos. – Faço cara de tédio. Chegamos ao portão quando tento tirar seu braço do meu ombro. – Olha lá seu motorista partindo sem você.

   ─Ele veio buscar os garotos apenas, vou para outro lugar.

   ─Quer carona? – Jay adora exibir o carro esporte que ganhou do pai.

   ─Não. Obrigada. Eu vou para o Harlem.

   ─Vai ajudar os pobres? – Ele usa todo desdém que conhece.

   ─Sim. Já que os idiotas não têm salvação. – Me afasto dele sem esperar resposta ele nem é inteligente o bastante para entender a indireta, caminho em direção para ponto de ônibus.

   Eu e Dulce seguimos juntas para casa de Tyler, ela com os livros de história e matemática nas mãos.

   ─July, Acho que vou ter problemas com os três gatinhos que deixaram lá em casa. Ainda não conseguimos ninguém para adotar.

   ─Tentei com todo mundo que conheço na escola Dulce, não achei ninguém interessado, no meu prédio também.

   ─Acho que amanhã acaba a ração, minha mãe não tem mais um centavo. Como vamos fazer?

   ─Meu pai me deu dinheiro para o Taxi da semana toda. Eu te dou e compra a ração.

   Subimos a escada em direção a casa de Tyler, ela ao meu lado paciente com meu andar lento, subir escada não é meu melhor talento.

   ─Assim passa mais tempo com o Tyler. – Dulce brinca quando retiro as notas da minha carteira e entrego a ela.

   ─Para Dulce. Não tem nada a ver. – Eu respondo rindo o que não colabora para dar veracidade as minhas palavras.

   ─Está agora sem um centavo de novo. – Ela diz olhando minha carteira vazia. Não tenho cartão de credito, sou a única garota Stefanos a não ter um. Ninguém tem dúvidas do porquê. Dou de ombros. É só dinheiro.

   ─Acha que ele está em casa? – Sussurro quando chegamos a porta. Ela afirma.

   ─Com elas doentes tenho certeza que sim.

   ─Ele é tão bonito. Meu coração acelera. O seu também? – Às vezes é apenas isso, ele é bonito e por isso eu fico toda atrapalha.

   ─Não July, meu coração não acelera. Vamos logo.

   Entramos sem bater, eles nunca trancam a porta. Dona Manoela está sentada tomando uma xicara de chá. Escuto a voz de Tyler no quarto.

   ─Stanley, você disse que tinha uma vaga. Eu não pude ir hoje por que não podia deixar minha avó e minha irmã sozinhas. Amanhã eu chego cedo. – Se faz silencio. – Cara não podia ter esperado um dia? – De novo silencio. Acho que ele acaba de perder um emprego. – Certo. Se surgir uma nova vaga me avisa.

   Quando ele chega a sala eu estou ao lado de dona Manoela, assim que nos olhamos eu percebo uma leve mudança em sua expressão, só não sei reconhecer do que se trata.

   ─Conseguiu? – Dona Manoela pergunta.

   ─Não. – Ele não estende a conversa.

   ─Como elas estão? Posso ir no quarto ver a Bárbara? – Ele afirma com um movimento de cabeça.

   ─Ainda com febre. Bárbara parece um pouco melhor que a minha avó. – Ele responde me seguindo ao quarto. Bárbara está apenas ali. Sozinha, deitadinha na cama. Sinto um aperto no coração. Eles são todos tão tristes. Por que ela não está cercada de atenção? Com brinquedos e riso, se estivem em minha casa papai e mamãe estariam babando sua beleza, cantando para ela. Como era comigo ou Ryan.

   Ela balança os bracinhos quando me vê. Sorri e meu coração se enche de carinho por ela. As roupinhas estão puídas, se tivesse dinheiro compraria umas roupinhas novas para ela. Bárbara ficaria linda de rosa. Com lacinhos no cabelo escuro.

   Ergo a pequena no colo. Beijo sua bochecha rosada. Está febril. Os olhos brilham e me preocupo.

   ─Pensei que telefonaria pela manhã. – Ele me cobra para minha surpresa.

   ─Eu queria Tyler, mas fiquei com vergonha por que era muito cedo e não queria incomodar. Perdeu a chance de um emprego?

   ─Sim. Não tem problema. Outra coisa aparece. É melhor ir logo estudar com a Dulce. – Não canso de tomar patadas.

   Levo Bárbara comigo. Enquanto estudamos ela fica no meu colo, quando o sol se põe eu e Dulce fechamos os livros. Entrego a garotinha quase adormecida para Tyler. Ela comeu no meu colo, depois eu mesma troquei as fraldas. Dei mamadeira e a cada pequena coisa que faço penso em não fazer e evitar a proximidade, não sei fazer isso.

   ─Vou te acompanhar até um taxi. – Ele me diz quando devolve Bárbara a cama. – As duas estão bem.

   ─Vou andando. – Aviso e ele ignora. Beijo dona Manoela.

   ─Pode leva-la Tyler, eu vou ficar aqui assistindo a novela com a dona Manoela. Minha mãe disse que vinha aqui dar uma olhada nelas depois do trabalho. – Dulce avisa.

   Aceno para ela que pisca pouco discreta. Dulce seria uma ótima amiga para Giovanna, as duas são muito distraídas.

   No começo caminhamos em silencio. Tyler não acende nenhum cigarro.

   ─Parou de fumar?

   ─Não. Já entendi que tem problemas com a fumaça. ─Diminuo meu passo no terceiro quarteirão. Ele sente a diferença. – Vem por aqui. É um bom atalho. – Tyler segura minha mão me puxando por um beco. Assim que seus dedos entrelaçam aos seus, minha mente fica vazia de qualquer outra coisa. Só tem o calor de sua mão e o que me provoca.

   Mesmo depois de mudarmos a direção ele ainda mantem meus dedos presos aos seus, nem sei se já se deu conta disso.

   É um beco um tanto sujo e vazio, depois dele uma rua tranquila e curta e mais outro beco. Então estamos numa viela onde dois caras dormem sobre caixas de papelão.

   Me aproximo mais dele. A mão livre segura em seu braço. A rua escura apesar de ainda cedo, me assusta, passamos por mais um homem bebendo direto do gargalo em frente a uma fogueira dentro de um tonel de ferro.

   ─Está com medo? – Ele me pergunta. Meu pai me mata se souber que estou andando a pé por esses buracos de Nova York.

   ─Sim. – Tyler me faz parar. Pega minha mochila e coloca nas costas. Depois volta a pegar minha mão. Será que ele sabe o que está fazendo com meu coração?  Alana bem que tem razão sobre ficar longe.

   ─Mais dois quarteirões e ganhamos metade do caminho. – Assim que atravessamos mais uma ruela. Dois homens viram uma esquina. Tyler me puxa. No movimento acabo encostada na porta de uma loja fechada enquanto ele está na minha frente. Tão perto que sinto sua respiração em meu rosto. – Juan está passando, não quero que nos veja juntos.

   Não sei bem o que pensar sobre isso. Só fico ali, imóvel com os olhos presos aos dele, a respiração dele acelerada como a minha. Quando menos espero sua mão vem para minha nuca. Sem pedido, sem autorização ou aviso ele junta seus lábios aos meus.

   Eu não esperava por aquilo. Não é o lugar certo, não é o cara certo, mesmo assim não tem nada que eu queira mais que aquele beijo. Abro um pouco os lábios e sua língua invade minha boca. Gosto da sensação, do carinho, de como tudo em mim reage aquele beijo.

   Correspondo como se soubesse por pura osmose o que fazer. Me entrego. A outra mão de Tyler vem para minha cintura e ele me puxa mais para ele. Meus braços o envolvem.

   Não quero mais parar, ele se afasta um segundo e apenas o bastante para respirar um pouco e logo voltamos a nos beijar. Sua boca é macia, quente. O perfume dele me deixa zonza.

   ─Isso... – Ele diz quando nos afastamos mais uma vez. Seu rosto colado no meu. As palavras saindo com dificuldade com sua boca quase colada a minha. – Isso não é certo.

   ─Eu sei. – Digo com o que resta de minha consciência.

   ─Não consigo me afastar. – É o bastante para eu simplesmente enfraquecer mais uma vez e de novo trocamos beijos intensos. O coração acelerado, batendo tão rápido que acho que ele pode ouvir.

   ─Tyler. – Toco seu rosto com carinho. Os lábios cobrem os meus e de novo nos beijamos. Então ele parece juntar forçar para finalmente desgrudar seu corpo do meu e ficamos longe.

   ─Vamos. Está ficando tarde. – Afirmo. Sua mão procura a minha e de novo caminhamos juntos como um casal. Logo deixamos os becos e ganhamos as ruas movimentadas, mesmo assim os dedos sempre entrelaçados.

   O que isso quer dizer? O que ele me acena? A verdade é que seja o que for eu não vou ser mais capaz de fugir.

   Tyler e eu ficamos calados sobre tudo. Apenas caminhando de mãos dadas pelas ruas de Nova York. Tenho dezessete anos, não sou uma criança, não preciso de autorização para viver um romance.

   ─Mamãe me disse que brincávamos juntos na infância.

   ─Me lembro.

   ─Lembra? – Sorrio para ele que apenas afirma me olhando. – Não me lembro de ninguém em especial. Só crianças brincando comigo.

   ─É diferente. Eu era só mais um dos garotos da associação. Você era a filha do senhor Stefanos, todo mundo sabia quem era você. Todo mundo queria entrar naquele carro elegante com ar condicionado para ir embora no fim do dia.

   ─Brincávamos muito?  

   ─Não. Eu brincava mais de futebol com os meninos. Eu te via sempre com seu irmãozinho, um bebê que adorava empurrar num carrinho pelos corredores. – Sorrio me lembrando de como eu era grudada em Ryan.

   ─A frustração da minha mãe é que nunca me apaixonei pelos Jets como todos eles, ela entende tudo de futebol.

   ─Eu jogava muito bem. Me ofereceram bolsa de estudos para universidade, mas não tinha como aceitar.

   ─Por que tem Bárbara e dona Manoela?

   ─Sim. – Paramos uma quadra do meu prédio. – Uma vez fomos todos ver um jogo dos Jets. Estava junto?

   ─Me lembro. Esperei muito por aquele dia, ia ter um micro-ônibus para levar todos. Tive um problema em casa e quando cheguei já tinham partido. – Ele faz parecer que não foi importante, mas sinto uma certa magoa em seu tom de voz. – Melhor você ir.

   Ele me entrega a mochila. Coloco nas costas enquanto continuamos ali, de frente um para o outro e não sei o que fazer. Ele me beijou, eu gostei e quero que aconteça mais uma vez.

   ─Me liga a noite? – Ele me olha de um jeito tão bonito. – Para falar da...

   ─Bárbara. Eu sei. Telefono. – Dou um passo em sua direção. Tem gente indo e vindo a nossa volta. Mesmo assim eu quero que ele me beije mais uma vez. Ele quer o mesmo, eu sei por que vem em minha direção. Sua mão repousa na minha cintura. Queria dizer que foi meu primeiro beijo, só consigo olhar para ele muda.

   De modo lento ele se aproxima. Primeiro toca meus lábios com os dele, depois sua boca se abre um pouco e mordisca a minha. Só então ele me beija. Se afasta de modo brusco.

   ─Vai para casa July. Isso não é certo. – Tyler me dá as costas e caminha por entre as pessoas mais uma vez. Ainda assisto quando mais uma vez acende um cigarro, nenhuma vez ele olha para trás.

   Quando não resta nem mesmo a fumaça de seu cigarro para dar a direção de seus passos eu caminho para casa.


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Notas finais do capítulo

BEIJOSSSSSSSSSSS
Já rolou beijo, agora vamos ver como Tyler sentiu isso.