Olicity - Lies escrita por Buhh Smoak


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Comecei a escrever Stemily, mas não consegui seguir adiante porque Lies estava gritando em minha mente... precisei parar e colocar no papel o que tinha que ser colocado.
Estou muito emotiva esses dias, então se ficar muito meloso os capítulos, me perdoem. kkk

Boa leitura. =***



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~ Oliver Queen ~

 

Entrei na caverna depois de uma longa noite de vigília. Por Thea não estar com a gente eu e Laurel tivemos que nos desdobrar. Diggle estava analisando uma bomba que eu tinha desarmado com sua ajuda perto da Palmer e aquilo ainda me perturbava por pensar o que teria acontecido se eu não chegasse a tempo. 

— Essa bomba não afetaria o prédio da Palmer, mas causaria um bom estrago nas redondezas. 
— Mas é um bom modo de chamar atenção. – deixei meu arco na mesa e me aproximei dele. 
— Sim. Chamar atenção e disseminar o medo, afinal não é só a Palmer que está naquela região. 
— A Felicity me disse que eles estão recebendo muitos empresários interessados nos projetos da Palmer, e com toda certeza a movimentação de dinheiro deve ser grande. 
— Acha que estão querendo roubar algo de lá ou somente o dinheiro? 
— Ambos são bem atrativos, mas se souberem qual o tipo dos projetos que eles desenvolvem a vantagem maior é roubar a tecnologia. 
— A Laurel está fazendo a ronda por lá e eu vou ficar aqui o resto da madrugada. Você deveria ir descansar. 

A tentação de largar tudo e ir dormir era grande, mas eu estava muito preocupado para isso. 

— Prefiro esperar a Thea chegar. 
— Então vai comer alguma coisa. Eu trouxe café e algumas besteiras para comer. – apontando para os fundos. 
— Já volto. 

Todo investimento que a Felicity fez com a nova caverna tinha sido de extrema utilidade. Porque nos fundos ela tinha batido o pé que precisávamos de uma cozinha, afinal, passávamos muito tempo ali. Não era grande, mas tinha tudo que precisávamos para fazer uma refeição rápida e perto da mesa dobrável tinha um sofá, onde eu andava dormindo na última semana. 

Peguei uma xícara de café e um pedaço de pão. Enquanto comia a conversa que tive com a Felicity na noite anterior se repetia em minha mente. Jamais pensei que a magoaria tanto com minha atitude. Acho que o fato dela sempre me apoiar me deu segurança demais em achar que qualquer atitude que eu tomasse me isentaria de consequências. E para que eu chegasse a essa conclusão eu tive que quase perdê-la para ver o quanto eu estava colocando em risco com minha postura.  

— Cheguei. 

A voz de Thea chegou até mim e o alívio por ela ter voltado a falar comigo na casa do Curtis me permitiu relaxar ainda mais. Sentei no sofá e esperei ela aparecer, o que não demorou. 

— Porque não me ligaram quando acharam a bomba? – parando na entrada da cozinha de braços cruzados. 
— Não tive tempo de pensar em nada além de desarmar aquilo. Desculpa. 
— Tudo bem. Tem mais café ai? 
— Tem.  – apontei para a pia. – E ai? Como foi o jantar? – perguntei como quem não quer nada. 
— Maravilhoso. O marido do Curtis cozinha divinamente. 
— Posso imaginar. 
— A Felicity até comeu como antes. 

Ela se serviu de café e se virou para mim, apoiada na pia. A conversa que tivemos foi breve, mas suficiente para que minha irmã voltasse a me aceitar por perto. Coisa que há semanas ela não permitia. 

— A conversa que tivemos foi necessária para nós dois. 
— Tenho certeza que sim. Ela fez os exercícios com o Paul, comeu bem. Há muitos dias não a vejo tão disposta. 
— Eu quase fiz com que ela se perdesse, Thea. 
— Sim, mas esse quase ficou para trás. 
— Será? Tenho medo de ser prejudicial para ela. E se eu pisar na bola de novo e a magoar de uma forma que não tenha volta? 
— Ai você conserta tudo como sempre faz. Não acho que essa vai ser a última crise de vocês, e nem sempre o motivo vai partir de você. Se tem uma coisa que aprendi com nossa família é que nada é previsível ou definitivo. 
— Você tem razão. 
— Eu sempre tenho. – sorrindo, e como eu sentia saudade disso. 

Levantei e deixei a caneca na pia, envolvi Thea em meus braços e beijei sua cabeça. 

— Obrigado por nunca desistir de mim. 
— Irmão é para essas coisas. 
— Te amo. 
— Eu também te amo. Agora me diz, que história é essa de bomba? 

Contei a ela tudo que aconteceu naquela noite. Desde quando sai da casa do Curtis até encontrar Lance perto da Palmer com um batalhão de policiais por conta da bomba. 

— E porque você precisou desarmar a bomba? 
— Porque o esquadrão anti-bombas foi chamado para outra ocorrência do outro lado da cidade e o segundo carro que traria a equipe que os substituiria misteriosamente sumiu. 
— Tudo planejado para a bomba explodir. 
— Sim, precisamos ficar de olhos bem abertos de agora em diante. 
— E avisar a Felicity. 
— Sim. Teremos que avisá-la, mas só quando o dia amanhecer. Ela precisa descansar. 

Meu celular apitou e por um momento achei que poderia ser a Felicity, já que não tive tempo de ligar para ela por causa do problema com a bomba, mas para minha surpresa e choque foram ainda maiores ao me deparar um uma mensagem da Samanta. 

— O que foi? 
— A Samanta está vindo para Starling. – sem acreditar que ela tinha decidido isso sem falar comigo. 
— Como é que é? – pegando o celular da minha mão. – “Estamos a caminho, contei a seu filho que o pai dele mora em Starling City, mas não tive coragem de dizer que é você, por isso estamos indo para Starling. Chegamos pela manhã.”. Isso não é  bom, logo agora que você e a Felicity estão se entendendo. 
— Não vou deixar isso atrapalhar nada. Preciso ir para casa. – peguei meu celular e já fui saindo. 
— O que vai fazer? 
— Vou tomar um banho e me arrumar para ir até a casa de vocês. 
— Espera. – andando mais rápido e parando na minha frente. – Leve a minha chave. – pegando o chaveiro no bolso e me entregando.
— Obrigado. – a abracei e já sai em direção ao elevador. – me liguem caso tiver alguma novidade.
— Onde você vai Oliver? – Diggle levantou da cadeira vindo até a grade que rodeava a área dos computadores. 
— Falar com minha mulher antes que meu filho chegue em Starling. 
— Como é que é? 
— Eu te explico. – Thea se aproximou assim que a porta do elevador abriu. 
— Qualquer coisa me liguem. – falei de novo antes da porta se fechar. 

Tudo estava acontecendo muito rápido, mas a culpa não era minha da Samanta resolver mudar de ideia e vir para Starling, Eu tinha prometido nunca mais mentir ou esconder qualquer coisa da minha mulher, nem que para isso eu tivesse que entrar na casa dela no meio da madrugada.

—--

Tudo estava em pleno silêncio quando abri a porta da casa, assim com estava mergulhada na penumbra. A porta do quarto da Felicity estava fechada e não tinha um modo de me aproximar sem assustá-la, então resolvi esperar na sala enquanto ligava para seu celular. Não demorou nem dois toques para que ela atendesse com a voz arrastada que eu sentia falta todas as manhãs.

— Oliver?
— Sim. – falei, olhando para a porta de seu quarto, falando o mais baixo possível.
— Aconteceu alguma coisa?
— Não, quer dizer, ainda não.
— Um minuto.

Ouvi ela se mexer na cama e nem precisava me concentrar no barulho que vinha do telefone. Já tínhamos feito amor naquela cama e uma das suas maiores reclamações era o rangido constante que ela fazia. Aquele pensamento fez com que meu corpo reagisse como em todas as vezes que eu pensava em Felicity enquanto não conseguia dormir. Uma luz fraca refletiu por baixo da porta e em seguida a ouvi novamente no telefone.

— Pode falar.
— Me desculpa ligar a essa hora, mas tem duas coisas que preciso conversar com você.
— Não tem problema Oliver, já me acostumei com a sua irmã me acordando de madrugada enquanto entra em casa derrubando tudo o que vê pela frente.
— Sempre sutil.
— Não sei como ela consegue ser a Speed e surpreender os bandidos com tanta delicadeza.
— Pior que nem posso colocar a culpa no Poço de Lazaro, ela já era assim antes.

O riso que ouvi me encorajou em me aproximar da porta. Ouvi ela se mexer de novo e sabia que estava nervosa, assim como eu.

— Eu estou aqui.
— Aqui? Como assim?
— Na sua casa, eu estou aqui.
— Na porta da minha casa? – aumentando o tom de voz.
— Não, na porta do seu quarto.

O silêncio foi a resposta para sua surpresa, mas não sabia o que ela faria. Eu estava invadindo seu espaço por vezes seguidas e isso podia fazer com que ela quisesse se afastar ainda mais, mas era um risco que eu tinha que correr.

— Entre.

Demorei alguns segundos para levar a mão na maçaneta, a girando com cuidado. Afastei a porta e ainda quando minha visão era mínima pela fresta eu já vi seus olhos fixos em mim. Ambos ainda estávamos usando o celular e eu sorri em como aquilo era um tanto estranho.

— Acho que não precisamos mais disso. – afastei o aparelho do ouvido, o desligando.
— Ah é. – percebendo que ainda o pressionava contra o rosto. – Como entrou? – colocando o celular no criado-mudo e voltando a me encarar. – Thea devolveu sua chave? – mexendo na costura do edredom, como sempre fazia quando estávamos conversando na cama.
— Ela ainda é minha? – peguei a chave no bolso, mostrando a ela.
— Nunca deixou de ser.

O quarto continuava como eu me lembrava, só visitei a casa dela duas vezes e em ambas acabamos fazendo amor na mesma cama que agora ela estava deitada.

— Vem. – afastando o edredom e abrindo espaço para que eu sentasse ao seu lado.

Me aproximei, mas não sentei de imediato. Inclinei o corpo em sua direção e lhe dei um beijo, não o que eu queria, mas o que era possível naquele momento.

— Boa noite. – sentei de frente para ela, segurando sua mão.
— Acho que já está quase para bom dia. – sorrindo.
— Sim, está. Me perdoe por te acordar.
— Não me importo Oliver, só me preocupo pelo motivo dessa visita a essa hora.

Observei nossas mãos entrelaçadas e senti meu coração dar um salto quando vi o anel de volta em seu dedo. Quando meus olhos encontraram os seus estavam cheios de lágrimas.

— Eu queria lembrar como era quando ele estava em minha mão e acabei pegando no sono.
— Se eu tivesse a certeza que mudar o passado não traria consequências eu juro que voltava faria tudo diferente. – beijei sua mão, sobre o anel.
— Não quero falar sobre isso, não agora.
— Mas não temos como mudar de assunto, porque um dos motivos pelos quais preciso falar com você é exatamente por conta de nossa situação.
— Willian?
— Sim, a Samanta está vindo para Starling essa noite.
— Ela contou que você é pai do pequeno?
— Não, ela disse que estou vivo, mas não contou que sou eu.
— Ele é esperto, já deve imaginar quem é.
— Imaginando ou não, logo ele estará aqui.
— E ficará na nossa casa? Com a Samanta? - apertando o agarre de nossas mãos.
— Não, eles vão para um hotel. Só que tenho que buscá-los quando chegarem.
— Claro. É seu filho.
— E você minha mulher, por isso vim aqui. Não queria esperar estar com eles para que você soubesse.

Ela sorriu quando as lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto e eu sabia que tinha feito a coisa certa. Me aproximei e a envolvi em meus braços, sentindo seu rosto se aconchegar em meu pescoço.

— Aquela casa é nossa e somente quem é bem vindo por ambos tem direito de entrar.
— Ela é bem vinda, Oliver. Não tenho nada contra a mãe do seu filho. – me afastando com a mão espalmada em meu peito. – Não quero ser um empecilho para a convivência de vocês.
— Minha convivência com ela se limita ao nosso filho.
— Eu sei.
— E nunca mais se esqueça disso. – voltei a me aproximar e a beijei. – Te amo.
— Também te amo. – apertando meus braços e me mantendo por perto. – Queria pedir que você simplesmente se livrasse do uniforme e deitasse comigo, mas ainda temos o segundo assunto para tratar. – sorrindo quando voltei a me distanciar, segurando sua mão de novo.
— Esse assunto é um pouco mais complicado.
— Espere. – soltando nossas mãos. – Tenho que tomar meus remédios. – olhando para a tela do celular que estava prestes a tocar em aviso.

O copo de água já estava sobre o criado-mudo, o peguei juntamente com os remédios que estavam separados e entreguei a ela.

— Vai ficar sonolenta em poucos minutos, vamos deixar essa conversa para amanhã. – a observei bebendo mais um gole de água.
— Tem certeza? Acho que posso aguentar.
— Melhor, porque esse assunto é muito delicado.
— Estou ficando preocupada, eu não deveria ter tomado o calmante.
— Não fiquei, confie em mim. Por mais difícil que isso seja. – voltei a segurar sua mão.
— Eu confio em você, só estou magoada por você não confiar em mim.

Eu poderia argumentar, mas de nada adiantaria, beijei sua mão de novo e quando voltei focar em seu rosto, ela já estava com os olhos pesados.

— Vou ficar com você até a Samanta me ligar, posso?
— Pode. Deita comigo. – ajeitando o corpo para o outro lado, já sem precisar da minha ajuda, mesmo que fosse lentamente.

Levantei somente para me livrar dos sapatos e da jaqueta que tinha colocado sobre o uniforme de Arqueiro já que desisti de ir me trocar e vim direto da caverna. Me acomodei do seu lado e a trouxe para perto, deitada em meu peito.

— Preciso pedir um favor. – ajeitando o edredom sobre ela. – Um muito importante.
— Pode pedir. – levantando o rosto e isso fez com que eu demorasse para falar por querer registrar os traços de seu rosto, que mesmo na penumbra, eram os mais lindos que eu tinha lembrança. – Oliver?
— Desculpe, me distrai com a beleza da minha mulher.
— Seu tempo está acabando. – bocejando. – Logo não vou me lembrar de nada do que disser.
— Não vá para a Palmer amanhã e deixei os seguranças avisados para dispensar qualquer pessoa que não tiver as credenciais da empresa. Não permita visitantes e peça aos funcionários para não ficar perambulando pelas redondezas.
— Por que isso? – franzindo a testa.
— Amanhã te explico tudo, só faça isso e não saia de casa, ok?
— Esse pedido é feito pelo Oliver ou pelo Arqueiro?
— Por ambos. Porque os dois sabem o que podem perder se a mulher da vida deles não ter cautela a partir de hoje.

Eu sabia que ela queria saber mais, só que o sono não permitiu que ela questionasse mais. Se aconchegou contra meu peito e fechou os olhos.

— Vai confiar em mim e não ir amanhã?
— Vou. Sabe por quê?
— Por quê? – fiz carinho em seu cabelo, que cheirava a morango, o shampoo que eu mais gostava.
— Porque você me ama e isso é bom.
— E você, ainda me ama?
— Mais do que antes. – bocejando de novo. – Na verdade eu estou começando a me questionar porque você ainda não está dormindo do meu lado se eu estou a um passo de te perdoar.
— Ah é? – a incentivando por saber que ela estava falando movida pelo sono.
— Sim, atendi sua ligação rápido porque dormi com o telefone na mão decidindo se ligava para você e te convidava... – parando de falar.
— Me convidava?
— Sim, te convidava para dormir comigo. Sinto falta de fazer amor com você... e de todo resto que tínhamos.

Tudo o que ela disse foi em sua voz arrastada e isso deixava claro que ela não lembraria quando despertasse. Apertei seu corpo contra o eu e senti o choro na garganta. Eu tinha feito com que ela sofresse de um modo que não tinha como voltar atrás, mas que eu poderia fazer meu melhor para dar a Felicity o marido que ela merecia. Essa era a minha promessa silenciosa, a de me tornar a pessoa que ela merecia que eu fosse e que eu precisava me tornar para merecer a melhor mulher desse mundo.


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