Entrelinhas Ron e Hemione - Intuições escrita por Morgana Lisbeth


Capítulo 5
Tempo de descobertas


Notas iniciais do capítulo

“O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar pra ela,
Mas não lhe sabe falar”

(Fernando Pessoa)




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Grandes revelações, surpresas e perigos estavam reservados para Ron e Hermione naquele ano, fazendo crescer ainda mais a admiração que sentem um pelo outro. Teriam decepções, é claro, mas essas ficariam pequenas demais diante das tantas qualidades que Mione contemplava no ruivo e ele via na menina.

Isso acontece àquela noite diante da reação do amigo à carta de Percy, que rasga em oito pedaços antes de jogar no fogo. A atitude de Ron, mostrando sua clara discordância do irmão que pede o rompimento da amizade dele com Harry, fala ao coração da menina. Hermione vinha se recusando a ajudar os amigos nas lições por achar que estavam estudando pouco e, sensibilizada com o gesto do ruivo, se oferece para revisar as tarefas dos dois. Em troca, recebe uma verdadeira declaração de amor do amigo por quem é apaixonada.

— Hermione, você, honestamente, é a pessoa mais maravilhosa que eu já conheci - disse Ron fracamente - e se eu algum dia for rude com você novamente...

Ela fica muito tocada com as palavras, mas, logo pensando que o ruivo só fala aquilo da boca da fora, como forma de conquistar a ajuda dela, reage.

— Eu saberei que você voltou ao normal - rebateu sem encarar o amigo.

Ron olha para ela e sacode o rosto. "Não tem jeito. Mione nunca acredita que posso ser melhor", pensou. A menina não demora a ficar arrependida por ter sido dura com ele, justamente no momento que recebia um elogio tão especial. "Hermione, você, honestamente, é a pessoa mais maravilhosa que eu já conheci". Essas palavras ecoavam em sua cabeça e pareciam realmente sinceras.

Tudo estava acontecendo rápido demais naquele ano. Se fossem boas notícias, não haveria problema. Mas o fato é que os recentes acontecimentos eram desesperadores. Umbridge acabava de ser eleita a "alta inquisidora" de Hogwarts, com poder para assistir as aulas e expulsar professores que "não cumprissem as normas". E para piorar, Harry havia sido punido com uma segunda semana de detenção.

Para Ron e Hermione, a única consolação é que passam muito tempo juntos, apenas os dois. Eles estão chateados e preocupados com aquela situação e, de certa forma, sustentam um ao outro.

Foi numa das noites nas quais Harry cumpria detenção e os dois, sentados próximos à lareira, faziam uma tarefa de poções, que o ruivo foi surpreendido mais uma vez por Hermione. Os amigos estavam quietos e o silêncio só era quebrado pelo ronronar de Bichento, buscando afagos da dona, até que Mione falou:

— Eu estava pensando, Ron... Se depender de Umbridge, vamos desaprender o que sabemos sobre Defesa contra as Artes das Trevas. Precisamos de alguém que possa nos ensinar a fazer novos feitiços e...

— Feitiços de Defesa contra as Artes das Trevas?! Mas isso é algo impossível! Todos os professores dessa matéria que tivemos já não estão mais aqui. Aliás, o único que prestou foi mesmo Lupin... Dumbledore seria o melhor bruxo para isso, mas com a escola sob intervenção... - refletia Ron sem deixar a amiga concluir.

Um vulto irrompeu pelo Retrato da Mulher Gorda. Era Harry que acabara de voltar da detenção. O rapaz, como sempre acontecia depois de suportar os castigos de Umbridge, voltara sem energia. Hermione aproveitou a primeira oportunidade para falar de sua mais nova, brilhante e rebelde ideia: Potter dar aulas secretas de Defesa contra Artes das Trevas para alguns alunos de Hogwarts.

Foi uma difícil negociação. Ron a princípio não entendeu a revolucionário projeto da amiga que, definitivamente, estava enlouquecendo. Como aquela menina presa a regras, que não deixava de fazer um único dever e sempre se queixava quando os amigos eram indisciplinados, fazia uma proposta que mais parecia ter saído da cabeça de Sirius Black ou outro bruxo rebelde?

Ao compreender todo o brilhantismo e resistência implícita naquela proposta, Ron não apenas a apoiou como também se esforçou por convencer Harry a aceitar. Quando o ruivo e a menina voltaram a ficar sozinhos na sala comunal, puderam conversar sobre o assunto.

— O que você achou da ideia do Harry nos ensinar? - Mione mirava aqueles olhos azuis com especial interesse, tentando decifrá-los, já que suspeitava que o ruivo tinha certo ciúme do amigo.

— Acho fantástico. Mas a questão é conseguir um lugar para as aulas. A professora Umbridge vigia cada corredor! - o ruivo foi enfático e Bichento miou alto como sempre fazia quando achava que Mione estava sob ameaça.

— Ele sempre foi o melhor aluno dessa disciplina, o único que conseguiu conjurar um patrono até o momento. Encontraremos um lugar para as aulas. Seus irmãos conhecem cada passagem secreta deste castelo e vão poder ajudar - a inteligente bruxa argumentou.

— Bem, eu acho a ideia... maluca e genial, Mione! Realmente genial! Eu vou apoiar você, prometo - garantiu Ron, recebendo um lindo sorriso em troca.

O ruivo olha para a amiga que ainda traz a fisionomia sorridente enquanto afaga Bichento. "Como Hermione está diferente. Não parece mais com aquela sabe-tudo metida e autoritária que conheci no primeiro ano", refletiu. A inteligente bruxa já o surpreendera positivamente ao desafiar as imposições de Umbridge no primeiro dia de aula. Uma face rebelde e pouco conhecida dela se manifestava com força e o rapaz estava, no mínimo, assustado.

Ron só não imaginava o quanto a amiga ficava feliz quando era elogiada e incentivada por ele. O apoio e a valorização daquele ruivo de intensos olhos azuis eram muito mais importantes do que qualquer nota máxima em uma prova.

Hermione trocou um olhar cúmplice com Ron e sorriu levemente. O ruivo não sabia o porquê, mas sentiu o coração aquecer ao receber aquele sorriso.

 

* * * * * * * * * * * *

 

Apesar de sempre se irritar com o jeito autoritário e teimoso da amiga, Ron não conseguia imaginar a sua vida sem ela. Reconhecia o quanto Hermione o ajudava e estimulava a ser sempre melhor. Aprendia muito com menina, mas também sentia que tinha muito a ensinar àquela bruxa de origem trouxa. Mione levava tudo a sério demais. Ao lado dele, porém, parecia ficar mais descontraída e bem-humorada. Isso quando não brigavam, é claro.

Por tudo isso, Ron queria dar algo especial para ela no aniversário de 16 anos, que seria em cinco dias. Tinha decidido que não a presentearia mais com livros. Ela já possuía publicações demais para ler e, quanto mais se informava e aprendia, mais séria e compenetrada parecia ficar. Pensou em comprar um tabuleiro de xadrez bruxo, mas logo desistiu. Mione não curtia muito jogar.

A ideia para o presente chegou de forma inusitada. Colin Creevey subiu ao dormitório masculino na noite daquela quinta-feira com duas caixas cheias de fotografias dos alunos, tiradas desde que entrara em Hogwarts. Ron a princípio não se interessou. Outros estudantes, porém, logo se aglomeraram em volta do rapaz e começaram a comentar as fotos. Foi quando o ruivo ouviu Simas dizer "Hermione estava tão bonita no baile, nem parecia ser ela" que teve o seu interesse despertado.

Para conseguir algum dinheiro para comprar uma nova máquina, Colin estava vendendo as fotos. Ron em geral rejeitava tudo que o levasse a gastar os seus parcos galeões, mas resolveu dar uma olhada. Para sua surpresa, encontrou imagens muito boas. Uma dele e Harry jogando xadrez, sendo observados por Mione, e outra dos três juntos na loja Dedosdemel. Mas foi a de Hermione sozinha e sorridente, na noite do Baile de Inverno, que chamou mais a sua atenção.

Pediu um desconto e, depois de pechinchar muito, conseguiu reduzir o preço das três imagens a metade. Já sabia o que iria dar de presente a Mione. Colin logo aproveitou para mostrar mais duas fotografias, nas quais a menina aparecia ao lado de Vitor Krum no Baile de Inverno. Ron conteve o impulso de rasgar as fotos e se limitou a dizer. "Se eu fosse você, jogava essas aí fora". O menino respondeu: "Nada disso. Vou vender para Hermione. Aposto que ela vai adorar".

Ron, definitivamente, estava enlouquecendo. Se não fosse assim, o que explicaria o fato de ter escondido a foto de Hermione no livro de Poções. Sentado na cama, fingia estudar enquanto, na verdade, observava atentamente cada detalhe do rosto da amiga.

"Como Hermione estava linda naquela noite. Mas, pensando bem, ela está ainda mais bonita agora", refletia o rapaz olhando a imagem da menina que, seguindo a tradição das fotos bruxas, virava o rosto e abria um belo sorriso. Ron, porém, não conseguia contemplar muito tempo aquela fotografia sem lembrar-se da amiga nos braços de Krum. Uma revolta logo aquecia o peito do rapaz, que sentia o rosto queimar.

Mesmo se queria guardar a foto com ele, esses sentimentos contraditórios o levaram a decidir que a mesma seria incluída no pacote de presentes para a menina. Para completar a surpresa de aniversário, resolveu ir a Hogsmeade no sábado e comprar um álbum de fotografias.

Convidou Harry e Gina para acompanhá-lo à vila, mas como convencer Hermione a ficar em Hogwarts? Não foi preciso. Preocupada com as muitas tarefas passadas durante a semana, Mione disse, decidida como sempre, que ficaria todo o fim de semana estudando.

Harry comprou mais um livro para Hermione, enquanto Gina resolveu dar uma delicada pulseira para amiga. Ron olhou o presente escolhido pela irmã com desconfiança. "Toda menina gosta dessas coisas!", ela argumentou. "Gosta mesmo, Gina? Não vejo Mione com brincos, colares, pulseiras, muito menos com maquiagem. Acho que ela não curte essas coisas não"!

— Ela pode não ser muito vaidosa, mas um pouco vaidosa é sim! Talvez só precise de uma motivação para se produzir mais. Esqueceu como ela estava linda no Baile de Inverno? - Gina olhou com firmeza para o irmão.

Diante desse argumento, Ron engoliu seco e se calou. Como iria se esquecer de Hermione naquele baile? Nem que vivesse mil anos se esqueceria.

Na véspera do aniversário de Hermione, Gina decidiu falar com o irmão. Com seu agudo senso de observação, ela já tinha percebido há muito tempo que Ron gostava da amiga e era correspondido. Mas sabia também que os dois eram cabeças-duras o suficiente para jamais admitirem isso. Qualquer palavra a mais, portanto, ao invés de uni-los poderia afastá-los ainda mais. Com cautela, ela disse a Ron:

— Amanhã, quando você for entregar o presente da Hermione, não se esqueça de dar um abraço e um beijo no rosto dela. É o aniversário de Mione e o mínimo que você pode fazer é ser um pouco carinhoso.

Sentiu vontade de protestar, mas reconheceu que precisava dar esse passo, mesmo se era difícil. Gina manteve-se firme. No fundo, fazia isso mais pela menina do que pelo irmão. Testemunhara como Mione havia ficado decepcionada quando, ao reencontrá-la no Largo Grimmauld, ele apenas acenou de forma fria para a amiga, sem ao menos se aproximar.

— Ron parece não ter gostado muito de me ver - deixou escapar Hermione na ocasião.

— Gostou sim! Ele é desajeitado assim mesmo. Não sabe expressar afeto. Acho que o fato de ter cinco irmãos mais velhos o deixou seco desse jeito - contra-argumentou a ruiva.

O conselho de Gina surtiu efeito. Quando Hermione desceu para a sala comunal na manhã seguinte, quem primeiro a alcançou para um abraço foi Harry, como sempre. A menina agradeceu e segurou o presente que havia recebido. "Vou abrir daqui a pouco", anunciou. Ron, que havia refreado a vontade de correr até a amiga, estava a dois metros, observando.

Hermione olhou o ruivo com expectativa. Ron avançou decidido em direção à amiga. Envolveu-a com um dos braços e, reclinando a cabeça, beijou os cabelos da menina e ficou levemente inebriado como o perfume adocicado. Afastou-se um pouco, beijando a bochecha dela e se desprendeu do abraço. "Feliz aniversário, Mione. Aqui está o seu presente", disse com o rosto corado. Ela também estava levemente rosada, mas feliz.

— Obrigada a vocês dois - ela disse olhando para Harry, que sorriu. 

Hermione já havia se sentado para abrir os embrulhos quando Gina desceu as escadas correndo e logo deu um apertado abraço na amiga. Ela foi afetuosa e sentou-se para abrir os presentes. 

Era ainda em Ron que Hermione pensava. Não foi um cumprimento entusiasmado, mas muito menos frio e distante. A menina sentiu, pela primeira vez, que a barreira imposta entre eles pelo ruivo desde o terceiro ano estava se quebrando. Percebeu toda uma ternura naquele abraço e no beijo no cabelo e no rosto. Como queria que aquele momento tivesse durado mais. Porém intuiu que se prolongaria no tempo, com aquela sensação tão forte e boa - que ainda era apenas uma intuição - de ser amada pelo rapaz que amava.

"Adorei, Harry! Estava mesmo querendo este livro. Parece que você sempre adivinha", disse ao abrir o primeiro presente. O menino sorriu e ela começou a desembrulhar o pacotinho azul com laço de cetim branco que ganhara de Gina. "Que delicado! Amei!", falou, dando uma piscadela para a amiga. "Por que sempre tenho que ficar por último?", pensou Ron.

A menina, parecendo ler o pensamento do ruivo, olhou para ele: "Agora vou abrir o seu, Ron". Ele virou o rosto, mostrando indiferença. "Um álbum de fotografias?! Que legal. E já têm algumas fotos!", ela estava mesmo entusiasmada. Harry e Gina se aproximaram e sentaram ao lado da aniversariante para ver as imagens.

— Lembro desse dia como se fosse ontem! Perdi todas as partidas de xadrez para Ron. Você bem que tentava me ajudar, Mione, mas ele já era imbatível! - recordou Harry.

— E desse passeio nosso na Dedosdemel, lembram? Foi muito divertido! - Hermione abriu um suave sorriso.

— Eu lembro perfeitamente. No dia seguinte passei mal de tanto doce que comi - disse Ron.

— Novidade - zombou Gina e os quatro caíram na gargalhada.

— Hei, como você conseguiu esta foto?! - perguntou Hermione ao deparar com a própria imagem no Baile de Inverno.

— Colin andou vendendo algumas fotos que fez... Nem imaginava que ele tivesse fotografado esse baile... - explicou o menino de jeito displicente.

— Ele fotografa tudo que está ao seu alcance - contrapôs Hermione.

— Estranho... Só aparece você? Onde está o Krum? - Gina questionou sem rodeios.

Hermione corou na mesma hora. Por que Gina tinha que falar tudo o que passava pela cabeça? Agora que ela e Ron pareciam, finalmente, estar transpondo a montanha que os separava, a amiga lembrava do búlgaro. Era matemática pura: bastava o rapaz ouvir falar do famoso jogador de quadribol para fechar a cara.

— Gina! Para que eu ia querer uma foto com Krum? - Hermione tentou encerrar aquele assunto.

— Ué? Vocês não são amigos próximos? Você sempre escreve para ele - provocou Gina, olhando para o irmão para ver a reação dele.

O ruivo, que já estava com as orelhas escarlates, não conseguia suportar mais aquela conversa. "Estou morrendo de fome. Vou descer e tomar café", ele anunciou, virando-se para seguir até o refeitório.

"Ah, não! Não posso deixar Ron sair tão chateado assim", pensou Hermione. O gesto seguinte foi impulsivo, algo pouco comum para a sempre racional bruxa. Ela pegou rapidamente os presentes da mesa e, caminhando atrás do ruivo, falou em voz alta: "Ron! Espera! Eu vou com você"!

Gina e Harry olharam um para o outro, com o sentimento de que tinham sobrado. Observavam Hermione andar apressada em direção ao ruivo, que continuava caminhando a passos largos. "Vai sair briga, quer apostar?", disse Harry piscando para a ruiva. "Aposta perdida. Nem vou me arriscar", respondeu a jovem Weasley.

Quando já estava próxima a Ron é que Hermione se deu conta de sua atitude impulsiva. "Harry, Gina, vocês não vem?", ela convidou um pouco sem graça.

— Vamos daqui a pouco. Estou com menos fome que você e Ron - Harry falou com ironia.

Sem contestar o amigo, Hermione apressou-se ainda mais e alcançou finalmente o ruivo, que havia refreado os passos.

— Você nem esperou eu agradecer o presente - ela lamentou.

— A conversa sobre aquele baile e Vitinho não ia terminar tão cedo - Ron respondeu emburrado.

O amigo a provocara, mais uma vez. Por que precisava chamar Krum de Vitinho com tanto deboche? "Ron, você não pode falar de Vítor assim! O que ele fez para você?", questionou, tentando manter a calma.

Aqueles olhos azuis a miraram de forma gélida. Como ele poderia dizer que o "crime" do rapaz tinha sido ir ao Baile de Inverno com a amiga?

— Mione, eu não gosto da sua amizade com ele. Não acredito na sinceridade desse sentimento - foi a resposta seca.

— Ron, a gente sempre briga quando fala do Vítor e do baile. Que tal mudar de assunto? - ela sugeriu.

— Foi você que começou! - o ruivo já elevara a voz.

— Mas você esperava o quê me presenteando com uma fotografia do baile? - ela argumentou sem esconder certa irritação.

— Ah, não gostou da foto, não é? - as orelhas dele voltaram a ficar vermelhas.

— Não é isso... Aliás, eu amei o seu presente. Mas teve um motivo especial para você escolher aquela foto? - ela o olhou intensamente.

— Eu achei que você ficou... bem na foto. Por isso te dei de presente. Mas eu, particularmente, detestei tanto aquela noite que preferia que nunca tivesse acontecido! - ele voltou a se impacientar.

Como Ron falava assim? Aquela tinha sido uma noite tão importante para ela. Não por estar com Krum, mas por se sentir, pela primeira vez, admirada pelo amigo não pela inteligência, mas pela beleza. Como esquecer a expressão boquiaberta do ruivo, que não tirava os olhos dela durante o baile?

Ela não se achava bonita. Tudo bem que não era feia, tinha os traços delicados e harmoniosos - pelo menos era assim que a sua avó materna a descrevia. Mas nem de longe possuía a beleza de Gina, Lilá Brown, as irmãs Patil, Cho e outras tantas alunas que despertavam suspiros nos rapazes.

Passava despercebida por seus traços físicos, mas jamais deixaria de ser notada. Afinal, era considerada a melhor aluna do seu ano e uma das melhores que já passara pela escola, nas palavras da professora Minerva.

Ron vivia elogiando a inteligência da menina, mas também a criticava por ser "metida à sabe-tudo", pensar demais nos estudos, não saber se divertir e achar que nos livros encontraria todas as respostas.

O ruivo tinha alguma razão. Ela era tensa demais com o estudo, queria ser a primeira aluna em todas as matérias - afinal, era apenas assim que se destacava das outras meninas - e, definitivamente, não encontrara todas as respostas nos livros. A principal delas era saber que sentimento forte e confuso era aquele que tinha pelo amigo e, de modo particular, se era correspondida.

— Não concordo com você, Ron. Acho que aquele baile foi muito importante para nós dois e um dia você vai se dar conta disso - a menina falou e se surpreendeu com o olhar levemente perturbado do amigo.

Uma imagem formou-se como um relâmpago na mente de Ron. Com o rosto vermelho, os olhos brilhando como quem vai chorar, provavelmente de raiva, Hermione gritava com ele após ouvi-lo dizer que não gostava de ver uma amiga indo ao baile "com um completo estranho".

— Ora, se você não gosta, então sabe qual é a solução, não sabe? - gritava Hermione.

— Ah, é? Qual é? - vociferou sem imaginar o que ouviria em seguida.

— Da próxima vez que houver um baile, me convide antes que outro garoto faça isso, e não como último recurso! - as pesadas lágrimas que ela segurava finalmente escorreram pelo rosto corado e, sem esperar uma resposta, ela subiu apressadamente as escadarias do dormitório feminino.

Tantas vezes Ron pensou naquele diálogo travado aos berros. Será que de fato Hermione gostaria que ele a chamasse para ser seu par num baile? E se a houvesse convidado para o Baile de Inverno antes de Krum, a amiga teria aceitado? Ainda não conseguira reposta para esses questionamentos.

Os dois seguiram em silêncio até o refeitório. Mas sabiam que voltariam àquele assunto. Era tudo uma questão de tempo.

 

* * * * * * * * * * * *

 

Para ouvir antes, durante ou depois de ler o capítulo:

I Believe

http://bit.ly/1QaqkxV

I believe if I knew where I was going
I'd lose my way
I believe that the words that he told you
Are not your grave 
I Know that we are not the weight of all our memories 
I believe in the the things that I am afraid to say
Hold on, hold on
I believe in the lost possibilities you can't see
And I believe that the darkness reminds us
Where light can be 
I know that your heart is still beating beating darling
I believe that you fell 
So you would land next to me

(...)

 


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Notas finais do capítulo

Uma constatação: comentários incentivam atualizações : )



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