Neville e Ruth passaram mais duas semanas com a gente. Meu professor temporário me deu dicas de como melhorar minhas aulas, meu professor atual me deu outras dicas, eu misturei as duas e criei o meu próprio método que misturava um pouco de cada. Enquanto um gostava dos livros o outro gostava do prático então eu dividi minhas aulas em dois turnos, um saiamos conhecendo plantas como Neville costumava fazer e no outro período respondiamos o que tinhamos aprendido. Foi estranho dar aula para a turma mais velha, não era como se eles me respeitassem, mas o professor Filipe ameaçou tirar nota deles caso não me ouvissem e logo se calaram, foi interessante.

Neville foi embora em uma quarta-feira de manhã, ele foi até a estufa. se despediu de nós junto da Ruth. Eu não gostei de vê-lo partir, novamente. O vi embarcar no ônibus e o motorista cego dirigir até a floresta, acessar uma das vias e então sumir. Meu coração se apertava novamente. 

Draco voltou com a Luna dois dias depois. Ele me deu um forte abraço e me entregou um bilhete que disse que Neville tinha deixado com ele para me entregar apenas quando ninguém fosse estar comigo, muito legal da parte dele, só que não. O loiro não pegou o ônibus, foi para um dos portais, ia sair numa cidade onde pegaria o transporte para sei lá onde que Luna estava. 

"Sinto muito por tudo, Ag. Queria que tivéssemos passado mais tempo juntos e quando digo juntos, quero realmente dizer apenas eu e você. Sei que eu falei que não deveria ter seguido em frente, mas eu estava errado, era necessário, se eu não o fizesse enlouqueceria com você em minha mente. Eu precisava me distrair e acabei encontrando isso na Ruth, ela estava começando pesquisas e pediu minha ajuda, assim nos conhecemos, logo nos envolvemos e bom, resultou em nosso namoro, que não o era até vermos os jornais insinuando isso, resolvemos assumir. 

Eu ai te contar depois da reunião, mas quando o professor Filipe me disse que você estava lá e tinha visto nossa apresentação percebi que já era tarde. Muito tarde.

Eu ainda gosto muito de você, Agnes e não foi pelo nosso momento na guerra. Eu faria tudo novamente hoje. Eu sairia correndo de Hogwarts e nadaria até o Brasil se fosse necessário para te salvar. 

Te ver novamente mexeu muito comigo e Ruth percebeu, ela ameaçou algumas vezes contar sobre nosso caso se eu não me controlasse ela iria acabar com nós dois. A Diretora foi muito boa para nós por não ter falado com ninguém sobre nossa relação e o pessoal, bom, somos amigos de longa data, eles nunca contariam, mas a Ruth é esperta, ela tiraria vantagem disso e poderia destruir minha carreira além de destruir a sua que nem começou ainda. Por essa razão estou partindo sem falar muito, sem ter a oportunidade de dizer olhando em seus olhos que eu ainda te amo, Agnes Lima. E que espero poder te ver dando palestras em breve.

                                                                         Com amor do seu Neville.

P.S.: A planta comedora de pássaros ainda está viva."

Meu coração acelerou lendo aquilo, minhas mãos suavam e umedeciam as beiradas da carta, eu estava lendo no meu quarto, Carla entrou enquanto eu me emocionava, ela tomou o pedaço de papel da minha mão e o leu, ela me olhou com os olhos maiores do que de um macaco noturno.

— Caramba, Ag -ela olhou pela porta do quarto e a fechou, me analisou - Como você está?

— Como eu estou? - eu perguntei de volta, mas era mais para mim mesma - Eu nem sei como deveria estar.

— Me lembra de socar a cara desse Longbottom quando me encontrar com ele novamente - eu ri.

— Enfim - balancei a cabeça - Não preciso ficar pensando nisso, não é? - ela confirmou.

— Se ele seguiu em frente, você pode fazer isso também - ela me mandou uma piscadela - Ainda mais que recebemos isso - ela me mostrou tickets, eu não sabia do que eram - Nyack nos mandou isso - ela sorriu - Para o jogo dele do próximo mês, o que me diz. 

— Eu não tenho nada planejado.

— É disso que eu estou falando - ela comemorou - Vou avisar o Leo que iremos com ele. - confirmei.

Depois de dar uma aula fui arrumar minha mochila, basicamente colocar comida e água para podermos ver o jogo do Nyack e por consequência reencontrar o Krum que eu não vira desde que Morfino o abordou usando meu corpo. Me senti desanimada de repente. Peguei tudo e encontrei Carla e Leo na sala, eles estavam com suas mochilas, já tinhamos falado com a Diretora, ela pediu para mandarmos lembranças suas para Nyack. Leo nos apressava, pegamos as vassouras e decolamos, os dois eram bons em cima daquelas coisas, eu batalhava um pouco com a minha para poder acompanhá-los, mas conseguimos chegar rápido ao estádio do jogo. Leo nos guiava até a entrada, entregamos os tickets, assim que entramos fomos guiados a área VIP, eu nem sabia que iamos ser VIPs nunca fui em alguma coisa.

Assim que chegamos aos nossos lugares ouvi alguém falar algo sobre os animais, no caso, Peru e Ogro, os dois estavam acordados, era a primeira vez que os via tão animados.  Carla olhou feio para a mulher que fez o comentario e foi suficiente para a mulher se calar. 

Começaram a anunciar os jogadores, quando Krum foi anunciado a arquibancada foi a loucura, quando Nyack foi anunciado, nós três devemos ter feito mais barulho do que todos os outros torcedores juntos. O jogo começou.

Como de costume eu não entendia direito as passagens, mas acompanhava o movimento de todos os jogadores e gritava quando nosso time pontuava. Horas se passaram e o jogo não acabava, eu estava com fome, peguei minha mochila, abri um pacotinho com insetos para Peru e um pacote de salgadinho para mim, comemos tentando entender o que se passava. Um grito e todos pararam. Nyack surgiu do meio das nuvens com o pomo nas mãos, agora eu entendia que era o final do jogo. Uma enorme comemoração em campo. Depois de longos minutos todos começaram a deixar o estádio.

Esperamos um pouco na saída.

— Que bom que vieram - Nyack falou nos cumprimentando.

— Não perderiamos por nada - Leo falou. Ninguém desconfiaria que os dois se odiavam.

— Mesmo você? - Nyack me olhou, ele estava meio pálido provavelmente a falta de sol da Europa, mas estava mais forte.

— Mesmo eu - eu sorri para ele - Aquele Castelo não é o mesmo sem você - ele sorriu.

— Ei, brasileiro! - olhamos quem chamava Nyack, Vitor Krum - Ah, oi - ele nos olhou - Vocês são os amigos dele da escola, não é?

— Isso mesmo - Carla quase babava no homem, eu e Nyack rimos.

— Eles vão com a gente na comemoração, tudo bem?

— Sem problemas - ele me encarou - Você... - eu corei - Você é a menina que acabou com o Morfino - ele sorriu - Que bom que você está bem.

— Obrigada e desculpa pelo... Você sabe.

— Não se preocupe. Vamos logo, o pessoal está faminto.

Nyack nos apresentou a todo o time, Carla e Leo babavam nos jogadores.

— Que casal - Nyack comentou quando chegamos ao restaurante, ele pediu as cervejas amanteigadas - São sempre assim?

— Só quando conhecem um dos times deles - eu ri dando um gole - E ai, como está sendo? 

— Normal - falei e observei o time todo comemorando, era divertido - o professor Filipe está me deixando dar aulas.

— Isso é ótimo - ele estava empolgado - Está gostando? - confirmei - Que bom que tudo está seguindo. 

— Sim... - eu rodei o caneco entre minhas mãos.

— O que foi? Tem algo te perturbando.

— Isso tem nome e sobrenome, Nyack - Carla se juntou a nós - Senhor Neville Longbottom.

— Nossa! - Nyack riu - Não pensei que ouviria esse nome fora da escola.

— Pois é, mesmo do outro lado do oceano ele ainda causa muitos problemas aqui - Carla riu - Mas você tinha me prometido que ia esquecer.

— Eu sei! - falei e olhei Leo conversando com o time - Só que é difícil quando em todo lugar que eu for ele estará lá. - abaixei a cabeça - Eu sou uma idiota.

— É mesmo - Carla falou rindo.

— É só se dar mais um tempo - Nyack falou - Vai por mim, depois de um tempo você supera ou acostuma.

— Espero que esteja certo - falei e virei o resto da cerveja - Os trouxas precisam aprender a fazer algo assim - Nyack concordou.

Ficamos um bom tempo com o time conversando e nos divertindo com as brincadeiras dele.

— Vem cá, tenho algo para você - Nyack me chamou par um quarto do lugar e descobri que o restaurante era como um hotel também e todos os andares superiores eram quartos e o time estava hospedado ali.

Nyack me levou até o terceiro andar, abriu um quarto e fechou a porta depois que entremos, duas camas de solteiro que ele juntou formando uma de casal, realmente era espaçoso, lembro de lido isso em algum jornal. Me sentei na beirada da cama e esperei por ele que mexia numa mala.

— Aqui! - ele me esticou um pacote - Sei que não gosta de Quadribol, mas achei que se fosse de coração não teria problema - eu abri a embalagem, uma enorme camiseta do time - É o meu número nas costas - eu olhei - Espero que não tenha problema de ter o autógrafo do Krum, ele disse que não te deixaria sem um autógrafo.

— Ahm... Nossa! Obrigada - falei rindo.

— Você não gostou né?

— Não, não. Só que eu não estava esperando algo assim - eu ri. - Vou vestir.

Ele me olhou surpreso. fui até o banheiro, tirei minha blusa e a camiseta, coloquei a de Quadribol, parecia que eu estava usando uma camiseta de Hóquei. Saí, ele riu.

— Muito ruim? - perguntei me olhando.

— Você vestiu ao contrário - ele riu e foi até mim - o número tem de ficar do outro lado - ele falou e olhou - Mas fora isso está tudo bem. - eu o olhei, ele não parecia tão feliz na época da escola. 

Eu o abracei, ele ficou sem saber o que fazer.

— Ag... - eu ri.

— Desculpa - eu me afastei rindo - É que eu nunca te vi tão bem - ele riu - Estou muito feliz por você.

— E por você? - eu não o entendi. - Você não está feliz por você?

— Eu estou é só que... É complicado - falei e fui até a cama dele, me sentei - Estou mega feliz com os últimos ocorrido, mas ainda não me conformo com... você sabe.

— Sei sim - ele riu e se sentou ao meu lado - É engraçado que seja eu a te dar essas dicas, mas escute a voz da experiência, não pense tanto nele, você vai vê-lo, mas não precisar pensar nele pelo que passaram, já foi, passou. Não sei se fizeram juras de amor um para o outro e nem quero saber se fizeram, mas você não pode se apegar a isso. Você está crescendo e conquistando suas coisas, não tem que se prender a ele, a ninguém na verdade.

Eu não pude conter um riso, ele me olhou e riu.

— Obrigada! - falei e me levantei - Acho que já está na hora de eu ir.

— Eu vou com você lá embaixo.

Coloquei minha blusa e camiseta dentro da bolsa, Peru no meu ombro. Nyack me contou sobre alguns jogos e eventos engraçados. No restaurante o time todo fazia muito barulho, Carla e Leo já estavam prontos para partir, me despedi de Nyack e de Krum, dos outros apenas mandei um aceno.

Saímos do restaurante e decolamos de volta para a escola. Tinha sido bom assistir ao jogo e interagir com o time e Nyack tinha me feito pensar um pouco mais.

Assim que chegamos no Castelo já fomos diretos informar a Diretora de nosso retorno e logo dormimos, chegamos e já estava quase anoitecendo.