Magia na Floresta escrita por Vlk Moura


Capítulo 30
Capítulo 30




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Os dias se passaram, as aulas voltaram. 

Draco era como uma sombra do Morfino, os outros nos ignoravam, mas durante a noite eu ouvia Draco comentar sobre o que estavam pesquisando. 

O espaço em que eu estava diminuia a cada dia. Eu conseguia ficar de pé e andar um pouco, mas eram necessários apenas cinco passos para eu chegar ao outro lado, antes eu precisava andar mais. 

Hermione nos liberou, Morfino pegou minha varinha, a colocou no bolso. Pegou a mochila, tomou a mão de Draco e entrou com ele no salão par ao café da manhã, falou para ele ficar com a gente. O loiro o ouvia e obedecia sem questionar nada. Quando Neville passava por nós Morfino começava a fazer caricias em Draco, no meu canto eu tentava impedi-lo de fazer isso, mas não conseguia fazer mais nada. Raramente Morfino vinha falar comigo e eu sentia estar ficando mais fraca a cada dia que passava. Meu corpo começou a dar beijos em Draco, fechei meus olhos para evitar encarar aquela cena. Neville subiu para  a mesa dos professores nos ignorando, aquilo me machucava e Morfino sabia e já tinha me dito que era isso que queria.

Fomos para  a aula, a primeira era Herbologia. Morfino fez Draco nos levar até a entrada da sala, começou a falar alto chamando a atenção de todos dentro da sala que nos olharam, com toda certeza aquela ali não era eu, eu nunca faria algo assim. Antes de entrar em uma encenação que me embrulhou o estomago, Morfino entrou e ainda mandou beijinho para Draco. O professor nos assistira, eu agora estava de pé e proxima a parede oposta para poder observar Neville de perto. Estou sentindo falta dele e de conversar com ele, preciso de uma companhia aqui e se fosse a do Longbottom eu não precisaria de mais nada. 

Neville começou a dar a aula, Morfino o interrompia várias vezes, vez e outra o professor brigava com ele, usando meu nome, claro, mas eu via que se ele pudesse socaria Morfino. Depois da aula Morfino fez questão de perturbar os outros professores. Durante o almoço ele comia e falava alto, apenas com Draco, era o único que se aproximava dele.

Depois do almoço foi par ao quarto e dormiu, tinha comentado sobre o plano das poções, depois do cochilo da tarde iria até a estufa, as poções eram para matar as plantas de Neville, desde as raras até as mais comuns. Enquanto ele dormia eu tentei me concentrar no meu corpo, eu preciso parar esse homem. Levantei um braço e percebi que o corpo adormecido se moveu, calma!

'É isso!' levantei o corpo, a cabeça não estava firme, forcei a abrir os olhos, ele abriu. Isso agora eu consigo ver para onde estou indo. Saí do quarto, caminhei pelos corredores, andei até a estufa, observei as plantas, eu precisava tirá-las dali. Comecei a mexê-las, mas era complicado, eu não conseguia dominar aquele corpo que dormia. Mas depois de muito tempo consegui. Saí da estufa, olhei a árvore ali perto e me surpreendi em ver Peru.

— Peru! - ele veio até mim, ele sabia quando eu era eu. Peguei um papel de dentro da estufa, escrevi algo - Entrega isso para o Neville. - ele passou o rostinho no meu e saiu voando.

Tentei voltar para o quarto. Assim que o deitei Morfino acordou, eu me deitei no meu espaço, eu precisava descansar um pouco, tinha ficado exausta. O corpo caminhou pelos corredores coma  mochila. Entrou na estufa, não tinha nada, ele procurou em volta e não encontrou nenhuma planta. Foi até Neville na sala dele.

— Algum problema? - Neville falou seco e encarou meu corpo.

— Eu fui até a estufa buscar umas plantas e não encontrei nada.

— Tive que trocá-las de lugar, o ambiente as estava matando. – Morfino pareceu irritado.

Ele recebera minha mensagem. E Peru estava ali, dormindo na mesa dele. 

— Se quiser algo você pode me pedir, eu posso conseguir para você - Neville falou.

— Certo... Quando as plantas voltam para a estufa?

— Não sei, terei de avaliar as condições e como elas estão, acho que vai demorar um pouco. Queria para alguma poção?

— Não, para nada - ele riu.

Morfino estava confuso e eu gostava disso, era bom saber que eu podia me controlar quando ele se desligava e eu começaria a usar isso com mais frequência.

‘Você está quieta hoje’ ele estava a minha frente.

‘Estou cansada’ foi o que falei ‘Do quê?’ o observei ‘De tentar sair daqui’ falei olhando em volta, ele riu, eu sabia que riria. ‘Não tem como sair, desista’ eu me levantei e senti o espaço encolher mais uma vez ‘Eu não vou desistir, assim como você não desistiu’ ele riu ‘Mas eu sabia o que fazer, você só está prolongando seu sofrimento’ ‘Não me importo, acho que ainda assim vou conseguir sair daqui’ ele riu e sumiu.

Foi se juntar a Draco na biblioteca, pegou alguns livros de maldições e outros da parte proibida, a bibliotecária não nos viu, eu estava com medo mesmo sabendo que quem sofreria com aquilo seria Morfino e não eu, mas a ficha suja teria meu nome. Draco estava de cabeça baixa a nossa frente, o meu assassino buscava por algo nos livros, eu não sabia o que era. ‘Sua dor logo acabará’ ele falou para mim. Observei as folhas do livro a frente. E ali estava a resposta para o que eu queria. Draco! Ei! Draco! Ele tem a resposta.

Para Morfino sumir de vez teriam que me matar enquanto ele estivesse no controle, assim seria a alma dele a ser eliminada e não a minha e eu tomaria o controle, mas teria de ser por um feitiço especifico.

‘Por que minha dor irá acabar?’ perguntei preocupada ‘Porque você irá morrer’ eu não entendia o que ele queria dizer ‘Vê?’ ele apontou para a página ‘Preciso que você fique no comando apenas por alguns segundos e pronto, você será morta’ ‘E quem vai me matar?’ ele riu e isso me causou um arrepio ‘Seu amado Neville’ ‘Morfino, eu vou acabar com você’ ‘Garanto que não vai’.

Eu precisava pensar em algo, preciso pensar em como avisar os outros, como contar o que tem de ser feito para Morfino morrer de vez. Uma mão tocou o ombro e foi como levar um choque. E alguém estava ali naquele espaço. ‘Nyack!’ eu bati contra a parede, ele olhava em volta confuso e me olhou surpreso ‘Nyack, não fala nada’ olhei em volta ‘Vocês precisam matar o Morfino’ respirei ‘Olha o livro na mesa...’ eu ia continuar, mas Nyack sumiu sem falar nada, ele tirara a mão do ombro. Morfino o olhou e sorriu falso.

— Algum problema, Nyack? – o menino olhou o livro.

— Por que você está lendo esse livro? – apontou para a página.

— Estava curiosa sobre o que o Morfino fazia com a gente – Morfino respondeu e continuou a encará-lo e tapar as páginas.

— Vim te chamar para assistir o jogo de amanhã.

— Jogo? – ele confirmou – Não gosto desse tal Quadribol.

— Sei que não, mas Vitor Krum vai vir e as meninas costumam gostar muito dele.

— Vitor Krum? – ele confirmou, Nyack pareceu se sair muito bem. – Ta, pode ser, vou pensar a respeito.

Nyack saiu, Draco sequer se mexera, ainda dormia ali na mesa. Morfino o cutucou.

— Preciso que faça algo para mim – Draco o fitou tentando entender – Vai dar um jeito em Neville, preciso que o tire do sério.

— Por quê? – Draco parecia confuso.

— Preciso que ele atire em mim.

— Atirar em você? Não sei se percebeu, Morfino, mas não temos armas de fogo aqui.

— Você sabe, com magia.

— E o que quer que eu faça?

— Precisamos de uma ceninha. Neville Longbottom irá matar Agnes Lima – Draco arregalou os olhos – Algum problema?

— Não sei se ele seria capaz de fazer isso.

— E não será, mas ele irá te atacar e nesse momento eu irei me pôr entre vocês. E pronto, precisarei trazer a consciência dela apenas nesse segundo e então será o fim.

— E o que fará depois? – Draco perguntou, eu i sua feição mudar.

— Agnes seguirá sua vidinha normal e quando esse corpo não me servir mais usarei outros para serem meu caçador e receptor e o ciclo voltará ao início. – Draco ficou em silêncio me encarando.

Agora eu andava impaciente, eu precisava pensar em algo rápido, eu não fazia ideia de quanto tempo Morfino queria para poder me matar e muito menos o quanto eu conseguiria resistir para que ele fosse o morto e não eu.

Preciso ser rápida e preciso confiar em Draco e Nyack, agora os dois têm uma noção do que Morfino planeja, eles precisam avisar os outros, precisam pesquisar mais do contrário “adeus, Agnes”, respirei fundo tentando afastar essa ideia da minha mente. Me joguei ao chão e tentei pensar em algo, preciso de alguma coisa na qual me apegar, preciso ficar forte, preciso lembrar de alguém muito especial...

Meu celular tocava, olhei a tela que apareceu reproduzida por todo o espaço. Jorge... Eu deveria conhecer esse nome e algo coçava minha consciência tentando me fazer lembrar. Jorge, Jorge, Jorge, Jorge. Comecei a repetir aquele nome na esperança de que me lembrasse de algo, qualquer coisa.

— Ei, Ag! – aquela voz, eu a conheço, é reconfortante. – Está tudo bem?

Silêncio, Morfino não disse nada.

— Ag? Você está me ouvindo? – aquela voz, eu sei que a conheço, sei que ela é importante.

‘Quem é ele?’ Morfino surgiu a minha frente, eu o encarei ‘Quem é ele?’ ele gritou e bateu contra a parede, a estrutura balançou, não sei ao certo quem ele é, mas sua voz está me deixando mais forte, sua voz está afetando Morfino, deve ser um bruxo muito poderoso para fazer isso apenas com a voz. O ambiente encolheu drasticamente, eu fiquei com as costas dobrada, encarei o homem a minha frente, ele tocou a pulseira, tentei segurar a tosse e o sangue, mas era impossível.

— Acho que o sinal da ligação está péssimo – a voz se propagava pelo espaço – Posso te ligar mais tarde? – Morfino desligou.

‘Quem era?’ eu o encarei novamente ‘Não sei’ ‘Você está mentindo!’ ele urrou e abalou a estrutura, olhei em volta casada e suja de sangue ‘Você apagou minha memória, não consigo me lembrar quem ele é.’ Falei tentando respirar em meio a crise. Morfino perdeu a paciência e sumiu. Draco a nossa frente nos olhava curioso, seus enormes olhos cinzas pareciam ter captado algo, algo que ele sabia o que era, mas não poderia demonstrar.

— Algo errado? – perguntou com seu tom gélido de costume, mesmo sendo frio não fora seco e egoísta, não podia sê-lo com Morfino.

— Não... Nada, só estou cansado.

— Quer que eu te leve ao quarto? – perguntou preocupado.

— Não, eu acho que só preciso de um pouco de ar. – Morfino pegou os livros e se retirou.

Sentei ao chão e respirei profundamente, fechei meus olhos e consegui imaginar algo, era um odor, era o cheiro de grama logo cedo. Eu novinha em uma fazendo e mais alguém, tentei me apegar a essa imagem, tentei me agarrar fortemente aquilo, mas fui arrancada, alguém me chamava, abri meus olhos assustada.

‘Nyack!’ ele me encarava ‘Só preciso saber se você está bem’ ele falou apressado ‘Estou sobrevivendo, mas não sei quanto tempo me resta’ ele olhou em volta, segui seu olhar, Morfino não tinha chego até nós, esse era nosso segredo dentro da minha cabeça ‘Avisei o professor’ ele falou e me observou ainda sentada e suja, era constrangedor ‘Ele pediu para eu te avisar que tudo ficará bem’ eu sorri sem ânimo. ‘Obrigada’ ele sumiu. Encostei minha cabeça na parede e tentei voltar para minha imaginação, mas eu não conseguia.

Senti meus olhos se encherem conforme uma nova crise voltava. Eu queria sair dali, mas eu não tinha certeza de que era possível. Sei que Neville fará o possível para me libertar disso e espero que ele consiga algo, porque eu não sei o que pode ser feito, não consigo pensar em nada no momento. Espero que Morfino demore bastante para colocar em prática sua ideia para dar tempo a pesquisa dos outros.


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