Desajustadas escrita por KitKatie


Capítulo 43
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Notas iniciais do capítulo

Olá! Eu demorei, desculpem, mas esse foi um capítulo dificil de escrever, foi complicado e necessário pesquisas e cuidado com as palavras, espero que entendam!

Cuidado com gatilhos!



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Thalia entrou como um furação na recepção do hospital central. Uma tempestade fervilhava dentro si, uma preocupação indescritível. Ao seu lado, Katie, tão nervosa quanto. Atrás delas, com expressões preocupadas, vinham os irmãos Travis e Luke.

Antes que a Punk pudesse gritar por informações viu Annabeth sentada numa cadeira da recepção e ao seu lado, parado de braços cruzados como um guarda-costas, Percy Jackson, com os cabelos molhados e uma cara séria.

—Annie. –Katie foi de encontro a amiga. A loira levantou-se e as meninas, ao notarem o olhar marejado da mesma, sentiram o corpo pesar.

—Katie, Thalia. –Annabeth puxou as amigas para um abraço forte, cheio de emoção.

—Mas que porra ‘tá acontecendo aqui? –Thalia não queria explodir mas tudo dentro de si revirava-se. –Cadê a Silena? –Olhou para Percy que apontou discretamente para a ala de internamentos.

—Você tem alguma notícia? –Katie delicadamente questionou Annie, que negou.

—Charles ligou-me tem alguns minutos, estávamos no ginásio da escola, chegamos alguns segundos antes de vocês. –Suspirou. –A recepcionista disse que ele está com Silena e ela está fazendo algum exame, em seguida será realocada num quarto e então teremos informações.

—O que nos resta é esperar, então? –Thalia sentiu o gosto amargo das palavras. –Agoniar sem notícias?

—Se ela está fazendo exames e logo irá para o quarto é porque está bem. –Luke puxou Thalia contra si. –Ela não está nem na UTI nem em cirurgia, respire, mulher. Tenha um pouco de paciência.

Thalia resmungou algum palavrão e permitiu-se ser consolada pelos afagos de Luke. Travis, aproveitando o momento, puxou Katie para sentar-se em um dos bancos, ao notar a palidez da menina, enlaçou sua mão com a dela e depositou um levar selar em cima de seus dedos. “Estou aqui, jardineira” foi o que sussurrou para ela, que sorriu da melhor maneira que pode.

Demorou quase uma hora para que uma médica viesse conversar com o grupo. Nesse tempo, Annabeth e Percy conversaram baixinho sobre algum assunto leve, Thalia e Luke apenas abraçaram-se em silêncio e Travis tentou de tudo para fazer Katie rir e distrair-se. O clima, que com a espera havia esfriado, ferveu com a figura de jaleco.

—Acompanhantes de Silena Beauregard? –Ela olhou em volta após ler o nome da menina em sua prancheta.

—Aqui. –Thalia falou em nome de todos. A médica os analisou por alguns segundos, com uma expressão pesarosa e suspirou antes de prosseguir.

—Bom, sou a Doutora Calipso, responsável pelo caso da jovem Silena. –Os cumprimentou com um aceno de cabeça. –O quadro dela é estável, os resultados dos exames confirmaram nossas suspeitas. Administramos as medicações necessárias e o tempo em observação foi suficiente para decidirmos o melhor tratamento. –Lia as informações e explicava a eles. –Ela já esta no quarto e em breve receberá visitas. Ela está acordada mas conversando com o namorado, quando ele sair, vocês poderão entrar, por favor, apenas um visitante por vez no quarto. Não a questionem, não a perturbem. A última coisa que aquela garota precisa é julgamentos. Sejam cordiais, amorosas e mostrem a ela que são amigas que estão aqui para o que ela precisa. Sejam o suporte que dela.

A cada palavra dita pela médica mais confuso o grupo ficava. Ainda não haviam entendido qual era, afinal, o caso de Silena.

—Não temos certeza de quanto tempo o internamento durará, o recuperar de seu corpo pode levar mais tempo que o normal, considerando seu estado. –A doutora lamentou-se. –Pobre menina. –Não gostava de mostrar seus sentimentos em meio aos casos mas era difícil não compadecer-se. –As visitas encerram ao cair da noite, nesse momento o psiquiatra designado estará lá para conversar com ela, deixem para ele o tratamento, nenhum de vocês precisa dizer nada a respeito do que ela está passando, apenas a confortem. Qualquer dúvida, peçam a atendente para que me chamem. Voltarei em poucas horas para administrar mais um medicamento e avaliar o avanço dela.

Ela despediu-se com um aceno e saiu apressada. Um silêncio desconfortável caiu sobre o grupo, era muita informação para acompanhar e digerir. O que mais martelava na cabeça das amigas era o “psiquiatra”, o que havia acontecido com ela para que esse médico fosse encaminhado para cuidar dela?

—Vocês acham que ela tentou .... suicídio? –Katie fez a pergunta que ninguém teve coragem de verbalizar.

Thalia e Annie trocaram olhares pesados. Não sabiam responder aquilo. Os meninos afastaram-se brevemente de suas companheiras, sentiram que aquele era um momento só delas e não deveriam atrapalhar. Ato esse que foi bem recebido pelas meninas que precisavam entender aquilo juntas, aquele era um momento onde apenas a amizade elas existia e cabia.

—Ela estava tão feliz essa semana, parecia tão feliz ao menos. –Katie já sentia lagrimas pesarem em seus olhos. –Ela tinha uma sessão de fotos hoje! Estava radiante! Poderia mesmo tentar tirar a própria vida?

—A gente não sabe o que um sorriso esconde. –Thalia sussurrou, sombriamente.

—As dores da alma não são aparentes. –Annie completou, com um suspiro sôfrego.

As três ficaram em silêncio, trocando olhares compadecidos. Não sabiam se quer o que pensar. Silena havia atentado contra si mesma? Ela estava psicologicamente bem? Como não haviam percebido? Como não haviam ajudado? Questionamentos martelavam, a culpa pesavam, a agonia das meias informações consumiam as meninas, que não sabiam que caminho tomar no labirinto de sentimentos nos qual perderam-se.

—Meninas... –A voz grossa de Charles interrompeu o frenesi de emoções.

As três saltaram e foram em direção ao garoto, que tinha uma expressão pesada. Pelos olhos fundos, sabiam, ele havia chorado. Ele parecia desolado.

—Como ela está? –Thalia afobou-se.

—O que ela tem? –Annie questionou quase ao mesmo tempo.

Charles mordeu os próprios lábios e abaixou o olhar, não sabia o que dizer. Katie notou a excitação nele e pegou a mão dele, fazendo-o olha-la.

—Está tudo bem, Charles, acredito que ninguém melhor do que Silena para esclarecer a situação para nós. Respire fundo, tome uma água e descanse, assumimos a partir de agora, você já fez mais do que o suficiente. –Sorriu para ele.

—Obrigada por ter nos chamado aqui. –Annie segurou a outra mão do homem e sorriu para ele da melhor maneira que pôde. –Agradecemos, de coração, tudo que fez por nossa amiga.

—É o mínimo que eu poderia fazer. –A voz dele não foi mais alta que um sussurro. –Pelos deuses, eu amo aquela garota, eu não posso nem me imaginar sem ela... –Ele sentiu os olhos marejarem de novo.

—Acha que é fácil livrar-se daquela patricinha? –Thalia soltou um riso sarcástico mas seus olhos também estavam marejados. –Ela é muito insistente.

—Ela é. –Charles concordou, soltando um riso.

—Vem, cara. –Luke aproximou-se e puxou Charles pelo ombro.

—Vamos lá pegar algo para você comer. –Travis disse, ao lado do irmão.

—Lá fora, para que você respire um ar fresco. –Percy completou.

Charles olhou para as meninas, relutante em deixar Silena ali mas sabia que ela precisava das amigas naquele momento. Vendo a determinação e o cuidado estampado na face delas, relaxou, elas cuidaram bem de sua menina. Voltou olhar para os meninos e agradeceu silenciosamente pelo que estavam fazendo, eles nem o conheciam direito mas estavam ali, o apoiando num dos piores momentos de sua vida, seria eternamente grato.

As garotas agradeceram também, Charles precisava de um descanso mental e os meninos fariam bem a ele nesse momento, elas se quer conseguiam imaginar pelo que ele havia passado.

—Vamos. –Thalia puxou Annabeth e Katie pelos braços e as arrastou, sorrateiramente, para a ala de internamentos, direto para o quarto onde Silena estava.

—A doutora disse apenas um por vez, Thalia. –Annie tentou protestar.

—Nem se o céu caíssem em minhas costas eu me separaria de vocês. –Ela disse, determinada. –Silena precisa de nós, juntas.

—Não me importo de burlar uma regra ou outra pela Si. –Katie concordou, com um sorrisinho.

Annie revirou os olhos mas não protestou. Thalia não mentira. Annabeth atravessaria o Tartáro se isso fosse para o bem suas amigas. Silena precisava delas e elas estariam ali, juntas, sendo o apoio dela.

Abriram a porta delicadamente e entraram na ponta dos pés, ao notarem que Silena cochilava na cama. Suspiram aliviadas ao notar que ela estava fisicamente bem. Nenhum machucado aparente.

Ficaram alguns segundos apenas contemplando ela ali, ressoando baixinho. Há poucos minutos não tinham nem certeza se ela estaria viva, precisavam apreciar cada detalhe dela. O desespero de não saber o estado dela as mostrava exatamente o quanto amavam a garota e precisavam dela.

Nenhuma delas teria coragem de acordar Silena, então restava a elas apenas aguardar. Já estavam boas em esperar. Pelo menos, naquele momento, estavam menos agoniadas por estarem de olho na amiga, confirmando que, de fato, ela estava bem. Ou ao menos aparentava estar.

Katie sentou-se numa poltrona ali perto e passou a balançar os pés, pensando em qual flor traria de presente para a amiga assim que saísse dali. Thalia foi até a janela e pode ver, abaixo dela no estacionamento, Travis, Luke e Percy ao redor de Charles, que bebia um refrigerante e parecia, pelo semblante triste, desabafar algo. Sorriu, pela primeira vez desde o começo daquela agonia, podia ver mais um grupo de amigos nascer ali. Dentro de um hospital, que coincidência nostálgica.

Annabeth, por sua vez, analisava Silena, os braços finos e pálidos, alguns hematomas roxos espalhados por eles. Aquilo era estranho. Passou a olhar melhor para a amigas e ligar os pontos em sua mente. Quando foi a ultima vez que virá Silena comendo em sua frente? Questionamentos rondavam sua memória, pensando em todos os momentos que vivera com a amiga.

Olhou para o soro ligado a veia dela. Suspirou abaixando o olhar. Não queria ter entendido o que estava acontecendo.

—Eu sei o que Silena tem. –Annie disse, a voz vacilante.

—O que disse? –Thalia andou ate a loira.

—Vocês lembram o que a Si almoçou ontem? –Annabeth apenas disse isso.

—Hm? –Katie fez uma cara pensativa. –Purê e carne, era o cardápio da escola.

—Ela não comeu isso. –Thalia fez uma careta. –Ela disse que estava de dieta e comeria uma maça entre a troca de aulas depois.

—Mas eu estive com ela entre a troca de aulas e ela não comeu nada. –Katie estranhou. –Fui com ela um pedaço do caminho de volta e ela também não comeu nada... –Sua voz ia morrendo aos poucos.

—Eu a chamei para jantar e ela disse que havia comido demais numa padaria antes de ir para casa. –Thalia franziu o cenho.

Annie suspirou. Agora estava tudo encaixado e claro. Não queria dizer aquilo em voz alta, seria como uma sentença, uma vez dita estaria ali, pesada e forte. Mas tinha de fazer, elas precisavam estar cientes.

—Liguem os pontos, por favor. –Annie sentia a voz embargar.

—Eu não lembrava dela ser tão magra assim... –A voz de Katie era baixa, ela circulou o pulso de Silena com os dedos com uma facilidade não natural.

—Eu não a vi comer a semana inteira. –Thalia disse com a voz dura.

Annabeth não precisou dizer nada. As três trocaram o olhar mais doído que poderia haver. A situação saiu sobre elas como fogo, queimando. Dor interna, culpa, revolta. Um mix de sentimentos que fervia e machucava.

Não houve frase em voz alta que sentenciasse mas, em seus corações, o martelo bateu e uma frase cintilou, cortante como adagas. Silena era anoréxica.


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Notas finais do capítulo

Perdão por eventuais erros!

Esse capítulo é pesado. Não tenho mais o que dizer.
Muitas coisas ainda acontecerão


Por favor, ajuda vem apenas de profissionais. Amigas são um apoio ótimo mas somente alguem especializado pode te ajudar a sair de uma situação dificil!