Desajustadas escrita por KitKatie


Capítulo 41
Subaquático


Notas iniciais do capítulo

Hey, pessoal!
Hoje vim animada, viram sobre a nova adaptação de PJO? Vamos reacender esse fandom!

Espero que gostem do capítulo, beijinhos ♥



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Annabeth parecia um zumbi. Arrastava-se, e fazia tudo no modo automático. Na cabeça, revivia várias e várias vezes o que Percy havia lhe dito na beira da piscina. Era impossível apagar de sua mente aqueles olhos verdes a encarando intensamente. Pelos deuses, Perseu Jackson não deveria ser capaz de um discurso tão meloso, dramático e tocante como aquele. Se a loira já não estivesse apaixonada por ele, com certeza teria caído por ele apenas pelas belas palavras ditas.

Durante a semana que passou não fez muito além de existir. Foi uma péssima amiga, tinha que admitir, não prestou atenção em nada que suas colegas falaram – com exceção dos grandes acontecimentos como o relacionamento de Thalia, a nova vida de Katie, sozinha sem o pai, e na oportunidade de modelar que Silena teria. Culpava-se por não ter dado a atenção devida e mostrada a empolgação que sentia com as boas novas na vida das meninas, mas por dentro estava tão bagunçada que mal conseguia pensar no exterior.

Não encontrou mais Ethan na cafeteria, o que era um alivio, uma parte de si sentia vontade de pedir desculpas pelo acontecido ao menino mas, a parte dominante e levemente maldosa, achava bem feito a surra. Naqueles dias também não viu o pai em casa, ele havia começado a dar aulas particulares todas as noites e chegava quando ela já estava dormindo. E mais importante: não viu Percy.

Sendo sincera, fugiu do menino. Não admitiria em voz alta mas se ele lhe lançasse o mínimo olhar ela correria até ele e o beijaria. Mas antes de deixar alguém entrar em seu coração precisava o arrumar. Contaria com a promessa de “ser paciente” que ele lhe fez. Ela precisava organizar os próprios pensamentos.

Não que duvidasse dos próprios sentimentos, sabia com uma certeza avassaladora que amava Percy, não era um simples gostar, era amor. Essa conclusão lhe custou uma madrugada em claro (e um teste de internet chamado “eu realmente amo ele?”, Annabeth tinha vergonha de admitir que desceu a isso). Mas duvidava da própria capacidade de ama-lo. Ela viu como o amor pode ser destruidor. Ela viu o próprio pai, um homem brilhante e alegre, murchar como uma flor sem agua por causa de Atena.

E, por mais que evitasse pensar nisso, Annabeth tinha medo de ser como a própria mãe. De ficar com Percy e um dia acordar e notar que não o amava mais, ir embora e deixar para trás um homem quebrado. Percy não merecia aquilo – ninguém merecia. Por isso, ela precisava de tempo, para convencer a si mesma que não era como Atena.

Aliás, essas reflexões aconteciam embaixo do chuveiro. Annabeth havia chegado em casa após um dia bem cheio, porém finalmente o ultimo da semana. Deu-se luxo de demorar mais tempo no banho e usou esse tempo para refletir.

Ao ouvir o som da porta destrancar, apressou-se em sair do banheiro. Meio tropeçante pela pressa chegou até a sala e viu o pai jogar-se no sofá, claramente cansado.

—Pai! –Sorriu para ele. Era cedo ainda e o homem já estava em casa, isso era ótimo, ele finalmente teria um pouco de descanso, tudo que a menina desejava.

—Beth, querida! –Ele sorriu e depositou um beijo na testa dela no momento em que ela sentou-se ao lado dele no sofá.

—Pegou uma folga? –Sorriu ao vê-lo concordar. –Finalmente, estava precisando!

—Um colega vai me cobrir hoje, já que eu o cobri tempos atrás. –Ele bocejou.

—Eu sei que está cansado... –Annie suspirou. –Mas estou esperando a semana toda por um momento com você. Preciso daqueles conselhos de pai.

O Sr.Chase abriu um sorriso genuíno. Beth cresceu sem uma presença materna então ele dava um jeito de ser o elo central da casa, era quem corrigia e afagava, aconselhava e repreendia. Os conselhos de pai era seus momentos favoritos, ambos sentados, abrindo os próprios corações, momentos de intimidade pura e genuína familiar.

—Eu estou apaixonada. –Annie disse rápido.

—Oh. –Frederick assustou-se com a confissão mas não estava surpreso. Não era difícil notar que um rapaz estava consumindo o coração dela nos últimos tempos.

—Ele é da minha escola... –Contou tudo que podia ao pai sobre Percy, como se conheceram, dos momentos juntos, de como ele era incrível.

—Uau, ele parece ser realmente um bom rapaz. –O pai segurava-se para não rir da filha. Ela mal respirava e a cada frase soltava algo do tipo “Ele é realmente lindo, sabe?”. –Vocês estão namorando? –Questionou com cautela.

—Não... –Annie suspirou. –Mas ele fez uma declaração.

—E você o rejeitou? –Ele arqueou as sobrancelhas.

—Ele meio que não me deixou responder. –Ela riu baixinho. –Eu não sei se consigo amar ele, pai. –Seus olhos cinzas estavam marejados.

—Do que você tem medo, querida?

—De ser como a mamãe. –Ela sussurrou.

Frederick Chase era um homem estudado, muito bem letrado e dominante nas áreas da retórica. E, pela primeira vez na vida, não soube o que dizer. Puxou a filha para um abraço apertado e, enquanto sentia as lagrimas dela molharem seu ombro, deixou que as suas corressem.

—O fato de você estar aqui, chorando só de pensar na possibilidade de magoa-lo já mostra que você não é como ela. –Ele respondeu-lhe firme.

Annabeth olhou para o pai e sorriu. Alivio a preencheu.

—Sua mãe se tornou um fantasma em sua vida, querida. Te assombrando e te fazendo pensar que relacionamentos são fadados ao fim e que o amor não existe. Ela esta errada, Beth. O amor é real.

—Pai, eu vi o amor te destruir. –Ela voltou a chorar. –Se eu não tivesse nascido você não teria que se matar trabalhando e...

—Nunca mais repita isso, Annabeth Chase! –Frederick foi incisivo, cortando-a. –Nunca pense que sem você minha vida seria melhor. Você é a minha vida, querida. Tudo que eu sou passei a ser por você. Meu amor por você me move. Sim, eu tenho que trabalhar mais pois são mais bocas para alimentar, mas acredite, nada me faz mais feliz do que isso. Eu trabalharia segurando o céu se fosse para o teu bem. Isso é amor, é mais do que um sentimento, é um desejo pelo bem da pessoa amada.

—Pai... –Annie sussurrou.

—Quando sua mãe engravidou, erámos dois jovens tentando descobrir o sentido da vida, não estávamos preparados para aquilo, sabe? –Ele sorriu, lembrando do passado. –Eu estava tão assustado e com medo do que minha vida se tornaria com um bebe ali. Eu quis fugir de tudo. Mas então, eu vi você, tão pequena e frágil, com um sorriso banguela e olhos cinzas e eu tive a certeza, nada poderia me assustar mais pois eu enfrentaria o mundo por você. Você acha que o amor me destruir, Beth, é o contrario, ele me construiu. Não posso negar que sua mãe me magoou muito mas toda e qualquer dor que eu sinto é substituída pela alegria de te ter. Acredite, existe mais bem do que mal em amar.

Annabeth já chorava a ponto de soluçar. Abraçou o pai com toda a força que sentia. Finalmente podia notar que o coração estava no lugar. Seu pai, a pessoa que ela mais achava que poderia odiar o amor, gostava dele. E se ele estava ali, afirmando que amar era algo bom – e que de fato, ela não era como sua mãe – então ela sentia que poderia finalmente amar livre.

—Eu tenho ouvido muitos discursos emocionantes nos últimos tempos. –Ela disse, depois de alguns minutos abraçados em silêncio, com uma risada. -Sabe que o Percy me disse que você falaria isso, que seu amor por mim era a coisa mais importante da sua vida.

—Ele parece ser um especialista no amor, então. –O sr.Chase riu junto.

—Acho que ele deve ser um galinha com muita experiência só. –Gargalhou. –Obrigada por me dizer o que eu precisava ouvir, pai. Não vou mais deixar Atena me assombrar, eu preciso viver minha vida e não o reflexo do que ela deixou.

—Então, minha menininha vai arrumar um namoradinho? –Ele riu.

—Pai. –Annabeth ficou vermelha.

—E o que esta esperando? –Ele a empurrou para fora do sofá.

—Como assim? –Ela fez uma careta confusa.

—Ah, fala sério, Beth. –Ele revirou os olhos. –O menino declarou-se e disse que ia esperar você ajeitar o próprio coração. E não foi isso que acabou de fazer? Percebeu que ama ele e quer amar ele. Perfeito. Agora vai atrás dele de uma vez.

—Você não deveria, sei lá, me proteger de meninos e dizer que não posso namorar até os 30? –Ela riu enquanto pegava seu boné azul e colocava na cabeça.

—Ah, fala sério, estou doido para ter um genro. Vai logo.

—Eu amo você. –Ela disse, encostada no batente da porta.

—Eu também amo você, muito. –Frederick sorriu. –Agora vai arrumar outra pessoa para amar.

Annabeth riu e saiu, apressada. Já tinha perdido tempo. Seu coração estava incrivelmente leve. Tudo que precisava era isso, ouvir de seu pai a confirmação. Sua mãe a fizera acreditar que o amor era ruim mas ela não daria ouvidos a isso.

“Sexta-Feira, ele treina hoje” Annie pensou e encaminhou-se ao ginásio da escola. Aquilo seria nostálgico, bonitinho até. Ela diria seus sentimentos no mesmo lugar que Percy disse os dele.

No caminho tentou pensar no que diria a ele, mas achou melhor deixar os sentimentos fluírem, estava cansada de ser a menina que pensava em tudo, só por uma vez não faria plano nenhum e agiria por puro impulso. Queria arriscar-se e ser emotiva ao invés de racional. Que Afrodite se compadecesse de si.

Penso nas amigas. Amava elas e foi algo espontâneo.

Se alguém dissesse a Annabeth de meses atrás que no futuro ela teria um grupo de amigas carinhosas e receberia uma declaração do atleta bonitinho da escola, ela riria da pessoa. E riria mais ainda se ouvisse que Annabeth tinha o coração cheio de amor. Pela primeira vez, sua mente era preenchida de corações e não números e letras.

Uma mudança necessária, diga-se de passagem.

O caminho até o ginásio passou rápido graças aos devaneios de Annabeth, que agora se encontrava frente a porta. Respirou fundo e sentiu o estomago revirar-se. Mas não era hora para ter medo. Era hora de ser corajosa. Se desse errado, pelo menos seria uma boa história para contar as amigas.

—Annabeth? –Percy a viu assim que ela abriu a porta do ginásio.

—Oi, cabeça de algas. –Ela sorriu e aproximou-se da beira da piscina. –Esse lugar é bem nostálgico. –Olhou em volta.

—É mesmo... –Percy coçou a nuca envergonhado. Agora era estranho olhar a menina, logo após ter declarado-se. Naquele dia foi movido pelo impulso, o sangue quente fez as palavras chegarem a boca antes que ele notasse o que estava dizendo.

—Precisamos conversar. –Ela disse séria.

—Oh... –Percy sentiu o sangue gelar. Não havia preparado-se psicologicamente para aquela conversa, não queria ouvir um fora em pleno naquele momento.

—Você é o garoto mais incrível que eu já conheci e pensei a semana toda no que me disse. –Ela disse antes que perdesse a coragem. Seu tom era firme e Percy preparou-se para o pior. –E eu preciso de dizer: eu amo você também.

—Tudo bem, eu entendo... –Percy já ia abaixando a cabeça mas então levantou o olhar rápido. –Espera ai, você o que?

Annabeth riu. Se era para ser impulsiva, que fosse. Levantou o braço enfaixo e jogou-se na piscina, nos braços de Percy.

—Eu amo você. –Sorriu.

—Você me ama. –Percy repetiu. Esticou os braços e os passou pela cintura da menina, certificando-se de que ela de fato estava ali e ele não estava sonhando mais uma vez.

—Eu te amo. –Ela repetiu e riu. Cruzou os próprios braços na nuca dele e juntou mais ainda os corpos, cuidando apenas para não molhar a mão machucada.

—Você me ama. –Ele sussurrou. –Caramba, por essa eu não esperava. –Ele assobiou.

—Não imaginou que eu pudesse retribuir seus sentimentos? –Ela arqueou a sobrancelha. –Qual é, seu ego não é tão pequeno.

—É claro que eu sou maravilhoso e é meio impossível alguém não gostar de mim... –Percy sorriu e Annabeth revirou os olhos, rindo também. –Mas você é meio esquisita. Imprevisível, eu acho. Achei que estava vindo aqui para me dar um fora e me afogar, sei lá.

—Uau, você tem uma ótima visão sobre mim. –Ela riu mas ficou séria. –Eu precisei de um tempo para me entender... Eu pensei muito. Eu não queria simplesmente dizer que gostava de você sem ter certeza que eu conseguira ser boa para você. Eu tinha medo de te amar porque não queria te quebrar. Pois isso era a única coisa para qual eu achava que o amor servia: quebrar as pessoas.

—Mas agora não acha mais isso, não é? –Ele encostou as testas.

—Não, dois caras que eu amo fizeram dois discursos incríveis sobre a importância do amor e mudaram meu pensamento.

—O que? Dois caras que você ama, Annabeth?

—Você e meu pai, cabeça de algas. –Riu da expressão dele. –Ele me mostrou que eu não sou como a minha mãe. E, hey, você estava certo, meu pai me disse que o amor dele por mim era a melhor coisa que já havia acontecido com ele.

—Posso entender, realmente, o que ele sente. –Piscou para ela. –Eu não estou sonhando, não é? Você está realmente aqui....

—Eu não posso prometer que não vou quebrar seu coração. Eu sou nova nisso, preciso aprender a amar. –Ela sorriu. –Mas vou fazer o possível para ser a melhor para você.

—Não precisa nem se esforçar. Você já é. Não se preocupe, o amor aprende-se na prática e, para sua sorte, eu sou um bom professor. –Ele piscou.

—É, mesmo? Então me ensine a amar, Percy. –Ela sorriu.

—Espero que lembre das outras coisas que te ensinei.

Percy puxou Annie para debaixo da água. E ali, na piscina onde brincaram, nadaram e declaram-se, deram seu primeiro beijo. E foi o melhor beijo subaquático de todos os tempos.


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Notas finais do capítulo

Quem pegou a referencia do final? hehe
A Annabeth finalmente entendeu que não é um reflexo da Atena!!

Gostaram? Até o próximo!